Guerra Hamas-Israel
A incursão terrestre
Os duvidosos efeitos estratégicos da incursão do Exército israelense na Faixa de Gaza, um terreno minado, começam a dar seus sinais concretos. Grande perda de vidas aconteceu na terça-feira, quando morreram 11 soldados israelenses, atingidos por um míssil teleguiado antitanque, e outros, quando seu tanque atingiu uma mina (Estadão, 2/11, A10). O que se vê nesta invasão terrestre pode ser a reiteração do fracasso de grandes potências quando seus Exércitos, ainda que em número superior ao do inimigo e munidos de melhores equipamentos, se defrontam com adversários tidos como fracos. A triste história bélica aí está para confirmar. A rubra guerra prolongada, como prevê o governo de Israel, se não imediatamente obstada por um cessar-fogo, que os beligerantes repelem, veria o fim do túnel com a troca de todos os reféns nas mãos do Hamas por prisioneiros palestinos e uma evolução, ainda que tíbia, dos esforços diplomáticos já intensos das nações civilizadas.
Amadeu R. Garrido de Paula
São Paulo
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Juscelino Filho
O ministro que não cai
Este jornal publicou, desde o início do ano, uma série de reportagens sobre o comportamento desastroso do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no exercício de suas funções públicas. Juscelino está envolvido em diversos casos concretos de irregularidades, passíveis de imediato afastamento do cargo. Mas o presidente Lula, pressionado logo no início das acusações contra o ministro, alegou que aguardaria um parecer da Comissão de Ética da Presidência da República para se decidir sobre o caso. O tempo passou, mas nada de Juscelino cair. Pergunto: este jornal ou alguém dos milhares de leitores têm conhecimento do tal parecer da Comissão de Ética? Deu em nada. O negócio é manter o ministro suspeito de tantas falcatruas e gozar do apoio de seu partido, o União Brasil. Este caso é como um esgoto a céu aberto, uma vergonha nacional que mais ninguém decente neste país pode suportar. E nossos representantes no Congresso Nacional, onde estão que não se manifestam sobre isso?
Jorge A. Cury
Barretos
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Lula 3 e a Economia
Política na veia
Há no ar o sentimento de que Lula está lentamente carregando o leme do País para o oceano da política na veia, em detrimento da consolidação de uma promissora política econômica especializada. Tal cenário começa a se delinear quando ele, com só dez meses de terceiro mandato, abruptamente começa a esvaziar os parâmetros da Economia já estabelecidos pelo ministro Fernando Haddad, deixado, como se diz no mote popular, com a brocha na mão. Ora, nada de surpreendente, uma vez que temas que impliquem algum conhecimento específico nunca foram carimbados com a grife preferida do camaleão político que hoje preside o País, na medida em que sempre manifestou o ponto de vista de consolidação do poder por meio das conversas e bravatas, atitude que o marca desde os tempos de panfletagem sindical. Tudo leva a crer que o Brasil continuará privilegiando a intriga, os posicionamentos ambíguos e as justificativas carregadas de argumentos visando, sempre que necessário, a apontar culpados por eventuais fracassos.
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro
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Eleição de 2022
Vale-tudo e retrocesso
A edição de 2/11 do Estadão publicou dois ótimos editoriais em sua página A3. O primeiro, Eleição não é vale-tudo, aborda a condenação de Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto por abuso de poder político e econômico na campanha presidencial de 2022. A meu ver, só faltou lembrar que Lula e Alckmin também mereceriam ser condenados, se fossem considerados abusos semelhantes cometidos por eles durante a campanha. O segundo editorial, O custo Brasil e o custo PT, lembra as importantes propostas do governo para reduzir disfunções estruturais que travam os negócios no País – esforços que frequentemente são minados por alas retrógradas do próprio governo, que insistem em rever modernizações trabalhistas ou ameaçar sua própria meta fiscal. No entanto, apesar de serem bem conhecidas essas características retrógradas, estatizantes e revanchistas do PT, isso tudo foi obliterado durante a campanha de 2022, sob o ingênuo pretexto de “salvar a democracia” (sic) no Brasil.
José Claudio Marmo Rizzo
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
MELHOR DOS DOIS MUNDOS
Lula da Silva está no melhor dos mundos A inelegibilidade de Jair Bolsonaro e Braga Netto aliada à cooptação dos principais partidos ao seu governo lhe dão suficiente dianteira em qualquer pesquisa que se faça para as próximas eleições à presidência. A certeza deste prognóstico lhe garante a segurança do propósito. Seus oponentes de direita parecem lutar na guerra da Ucrânia e Rússia. Uma fogueira de vaidades fratricida prepondera sobre a coragem de ousar a se opor a Lula. Um cenário pró-Lula e tao promissor que exime a necessidade do presidente em se tornar refém de uma economia combalida e de orçamentos restritivos. O negócio é gastar e apresentar obras aos eleitores. Isso sim garantirá a falta de nuvens no horizonte. Para isso, é preciso reforçar o caixa com impostos. Simples assim. Fernando Haddad e Rui Costa são peças de um xadrez que Lula joga com maestria. Caso contrário, não teria sido eleito três vezes. Devemos lembrar que Haddad perdeu a eleição a que se candidatou para governar São Paulo e Rui Costa governou a Bahia, deixando um legado de insegurança que não o levam a ser referência no quesito. Contudo, a vida às vezes nos prega peças. Se não fosse assim, Tancredo Neves não teria ganho a disputa da presidência contra Paulo Maluf, nem Orestes Quércia teria ganho o Senado de Carvalho Pinto. Todos raposas políticas. Continuemos nosso cotidiano de análise de ocorrências, já que o único plano garantido é o de poder.
Sergio Holl Lara
Indaiatuba
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LULA X BOLSONARO
Hoje, é muito comum ouvirmos pessoas criticando Luiz Inácio Lula da Silva pela forma que ele conduz nossa Nação. A mim me causa muita indignação, até porque, durante quatro anos do governo Bolsonaro – que gastou uma fortuna para fazer motociatas – as filas nos açougues para ganhar um quilo de osso e pé de frango aumentaram. As mesmas pessoas que hoje criticam Lula não falavam uma palavra para criticar o governo do Messias. Por que será?
Virgílio Melhado Passoni
Jandaia do Sul (PR)
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GASTO PÚBLICO
O discurso da oposição e de alguns setores da mídia de que o governo Lula só quer gastar não condiz com a verdade. O gasto defendido pelo governo vai trazer menos desemprego e mais crescimento, metas prometidas na campanha eleitoral. Tratar os investimentos públicos como gastos irresponsáveis é saudosismo da desastrada política de Paulo Guedes e Bolsonaro, que quase destruiu o Brasil .
Sylvio Belém
Recife
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GOVERNO LULA
O Brasil de Lula, que ainda não completou um ano de governo, vai de mal a pior. O próprio presidente desacreditou o déficit zero do Fernando Haddad, criou um atrito entre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal (PF) e se curvou vergonhosamente ao Centrão. Com essas e outras, Lula pretende tentar a reeleição. Dessa forma, o gigante adormecido vai continuar no berço esplendido.
J. A. Muller
São Paulo
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DÉFICIT ZERO
O ministro da Economia, Fernando Haddad, não tem motivos para ficar irritado com a imprensa. Ele sabe muito bem como pensa a maioria dos seus companheiros do governo Lula: “Já que o déficit zero é inalcançável, podemos admitir uma queda de 0,25% a 0,5%, mas se passar um pouco não é tão ruim assim, pois como gasto é vida, qualquer número é admissível, serve”.
Abel Pires Rodrigues
Rio de Janeiro
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INVESTIMENTOS ESTATAIS
A declaração do presidente Lula de que ele quer que sejam realizadas obras desperta preocupação. Inicialmente, porque temos atualmente um déficit que nosso ministro da Fazenda Fernando Haddad pretendia zerar em 2024 com muitas dúvidas pelo mercado, porque seria uma tarefa difícil. Além disso, porque os políticos têm o costume de investir onde receberão votos futuros mesmo que o País não tenha benefícios desses investimentos. E, finalmente, porque irá aumentar o déficit e, como consequência, o endividamento público e os juros pagos pelo governo. É um círculo vicioso que não nos beneficia. Muito melhor se os ministérios da Saúde e Educação puderem melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS) para que a população receba melhor atendimento médico e que nossas crianças possam receber o preparo necessário para esse futuro complicado que vem aí.
Aldo Bertolucci
São Paulo
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META FISCAL E FUTEBOL
Nada melhor que o exemplo de um esporte coletivo para entender a importância de um time unido que joga sem vaidade improdutiva com o objetivo de vencer, e até se superar quando está perdendo. Se Lula entendesse, ou não desprezasse esse lema citado acima, certamente não teria pela sua soberba cometido o grave erro de desmoralizar seu ministro Fernando Haddad, tirando seu apoio de perseverar, mesmo que difícil, uma “meta fiscal zero” para 2024, o que abalou a confiança dos investidores e certamente também vai prejudicar a atividade econômica, criação de empregos, diminuição da pobreza, etc. Ou seja, Lula, para ser considerado um estadista, teria que frequentar um curso maternal de política. Aliás, como corintiano que é, deveria fazer um curso de liderança com o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, que na última quarta-feira (01), em memorável partida contra o Botafogo, perdendo de 3x0 no primeiro tempo, preferiu não fazer substituições, mas apoiar seus jogadores dando-lhes uma injeção de ânimo no vestiário, já que seria possível, embora difícil (como a meta fiscal zero) vencer o jogo. E em jornada épica, encantando sua torcida, o Verdão venceu por 4x3. Se perdesse, por exemplo, por 3x2, certamente sua torcida iria aplaudir os jogadores pela garra e perseverança sem que tivessem jogado a toalha antes do final da partida. Mas Lula, que na acepção da palavra jamais foi um líder e nem sabe governar, infeliz e irresponsavelmente, retirou seu apoio a Haddad em prejuízo ao País. Esse é o perfil de um presidente retrógrado.
Paulo Panossian
São Carlos
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NOVA GLO DO GOVERNO LULA
A conclusão que cheguei com a implantação da GLO é que ela servirá para dar proteção aos bandidos. Se não for atacar frontalmente o crime organizado, para que serve? E o cerne da questão não foi atacado. Pegar milicianos e traficantes é parte do problema. O problema maior é ignorado. Os olhos devem ser voltados para os comandantes dos esquemas do crime organizado. A começar pelo Judiciário, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Ministério Público, que são omissos e/ou coniventes com o crime, além de se policiar também os executivos nas suas fracassadas políticas de segurança que fazem vista grossa aos problemas e aos reais comandantes do crime.
Paulo Henrique Coimbra de Oliveira
Rio de Janeiro
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JOGO DO MICO
Política internacional, Economia e segurança pública são assuntos complexos como jogos de xadrez. Nosso iluminado presidente quer dar aulas e diretrizes nessas matérias com base em sua extraordinária experiência no jogo do mico.
César F. M. Garcia
São Paulo
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BRASIL E GAZA
Os brasileiros ficaram fora da terceira lista de estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza. Até os cidadãos da Macedônia do Norte já conseguiram sair. Não acredito que falte empenho do governo brasileiro, o que falta mesmo é representatividade. Força política. Coisa que o governo Lula não tem. Nem aqui e muito menos no exterior.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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SAÍDA DE GAZA
Quais as prioridades e critérios da saída de estrangeiros da Faixa de Gaza? Ninguém me contou, apenas o bom senso. Primeiramente, pacientes que demandam cuidados especiais. Na sequência, deve-se ter certeza de que reféns não estejam sendo levados, e nem terroristas estejam saindo, podendo multiplicar atentados internacionalmente. Em seguida, deve-se priorizar as nacionalidades que não têm boas relações com o Hamas, por motivos óbvios. Em seguida, os demais. O Brasil tem excelentes relações com o Hamas e por isso não precisamos ser os primeiros a sair. A nossa vez chegará em breve. Espero que até lá, Lula consiga que os terroristas libertem os reféns brasileiros.
Jorge Alberto Nurkin
São Paulo
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O PADRINHO
Biden pede ‘pausa’ na guerra entre Israel e Hamas para libertação de ‘prisioneiros’. O padrinho rico faz um pedido para não ser chamado de criminoso de guerra, mirando sua reputação nas próximas eleições: o jogo político é mais importante que a paz. E, assim, continuam morrendo inocentes, sem padrinho para levá-los pra fora da Faixa de Gaza.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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PAZ
Atualmente, o mundo vive momentos de acirradas violências, como comprovam as guerras da Ucrânia e do Oriente Médio. Esse sentimento belicoso se constata também em acontecimentos sociais menores, como a briga das torcidas do Fluminense e do Boca Juniors, em Copacabana, fato que devemos evitar, no sentido de termos uma convivência harmoniosa em nossas sociedades, para que tenhamos, no futuro próximo que está a nossa frente, essa harmonização tão necessária em todos os grupos em que tivermos inseridos, para a felicidade de todos. Rumo à utopia cristã do Reino.
José de Anchieta Nobre de Almeida
Rio de Janeiro
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ISRAEL NA ONU
Na última quinta-feira (02), o Irã assumiu a presidência do Fórum Social dos Direitos Humanos da ONU. Não conheço nada mais ridículo. Como um ato desse não envergonha o mundo civilizado? Caminhamos para a autodestruição?
Luiz Frid
São Paulo
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PARTIDOS POLÍTICOS
A menos de um ano dos pleitos municipais em todo o Brasil, constata-se que o sistema eleitoral avançou muito pouco na direção de uma real reforma que, entre outras ações, reduza objetivamente a quantidade irracional de partidos – meras siglas – e não de uma que contemple iniciativas meramente paliativas, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) promulgada em 2017, que condiciona ao “desempenho” o acesso ao fundo partidário, não passando ela, na verdade, de tentativa de pouco alcance para uma autêntica redução do desconfortável número de agremiações. Diante de tal perspectiva, é quase certo voltar a ser exibido o preocupante índice de abstenções, votos nulos e em branco que vem sendo observado ultimamente em todos os níveis. Trata-se de um cenário que pontifica, além do desinteresse e descrédito da população nas forças que se apresentam para governar, o que constitui um mal sintoma para um regime que pretende se caracterizar como realmente democrático. Isso prenuncia uma crise de representatividade que a classe política não deveria mais ignorar.
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro