Saneamento básico
2033 é logo ali
Iniciamos mais um ano com o mesmo desafio de tempos atrás: a universalização do saneamento. Uma parte significativa da população brasileira não possui coleta e tratamento de esgoto ou mesmo acesso à água potável. Temos estruturas de saneamento inadequadas que, todos os dias, perdem, em média nacional, 40% da água que é tratada. Faltam bons projetos, vontade política e, principalmente, recursos para financiar os projetos existentes. São problemas proporcionais ao tamanho continental do nosso país. As novas gestões à frente dos municípios brasileiros iniciarão 2025 com esse grande desafio, já que, segundo a Lei do Saneamento Básico, as metas de atendimento à população devem ser atingidas até o ano de 2033. Isso significa levar água potável para 99% e coleta e tratamento de esgoto a 90% da população. É uma tarefa que fica mais difícil a cada dia que passa, pela complexidade que é fazer os investimentos necessários. O ano de 2033 está muito mais perto do que pode parecer. E, infelizmente, o Brasil, no geral, já está atrasado.
Fábio Borges
Tubarão (SC)
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Governo Lula
Janja sem pasta
Não há, segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom), qualquer irregularidade de ordem legal na estrutura de 25 metros quadrados montada por Janja da Silva no terceiro andar do Palácio do Planalto e que inclui 12 pessoas à sua disposição. A questão fundamental que não está clara é: a que projeto se destina esse aparato? Está escrito em algum lugar? Tem nome? É subordinado a alguém? Não há nada que impeça, nem seria possível, um mandatário de dividir informações e ideias políticas e administrativas com seu cônjuge e até mesmo se aconselhar com ele. É normal e pode gerar bons frutos. Mas, mobilizar assessor de imprensa, fotógrafo, especialistas em redes sociais, etc., ao custo de R$ 160 mil mensais em salários e viagens que já custaram R$ 1,2 milhão ao erário, sem um fim declarado, transparente e justificado, não é normal. Há dois anos que a opinião pública e integrantes do próprio PT alertam o presidente Lula da Silva sobre essa situação inusitada. Há dois anos Lula se faz de surdo para o assunto.
Luciano Harary
São Paulo
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STF
Emendas parlamentares
A notícia Dino rejeita alegações da Câmara sobre emendas e mantém impasse institucional (Estadão, 28/12, A6) mostra que, finalmente, uma decisão “monocrática” do Supremo Tribunal Federal (STF) demonstra zelo pela Constituição. Afinal, a farra com dinheiro público que as tais emendas parlamentares sem transparência proporcionam não pode prosperar. Além de dificultar a rastreabilidade, algo bem ao feitio dos corruptos, constitui um privilégio de uma minoria quebrando o equilíbrio institucional da Casa Legislativa.
José Elias Laier
São Carlos
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Queda de ponte
Operação pós-tragédia
Suas Excelências dos vários Poderes deveriam no mínimo saber ler a Constituição, em especial a parte que fala sobre obrigações antes dos direitos (próprios). Deixaram um local sem acesso (construído com o dinheiro dos impostos), sem manutenção (que deveria ter sido feita com o dinheiro dos impostos), com mortos e feridos e enormes recursos aplicados na operação pós-tragédia (com dinheiro dos impostos), e agora com custo privado da população para fazer a travessia. Quem me dera um país com mais servidores gerando orgulho do que indignação.
Mônica Baumer
São Paulo
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Jimmy Carter
Política como vocação
Creio que o 39º presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, é um excelente exemplo de “política como vocação” (tal qual pensava Max Weber). Mesmo com um único mandato (1977-1981) para governar os EUA, conseguiu – a posteriori – o melhor reconhecimento que um estadista democrata pode receber: um operador da paz e dos direitos humanos. Se não foi o melhor presidente da história norte-americana, com certeza marcou o mundo globalizado por não reproduzir o pior do estadismo nesse contexto, isto é, demasiado nacionalista, incapaz de enxergar as necessidades além-fronteiras.
Luís Fabiano dos Santos Barbosa
Bauru
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
VERGONHA
A presidente do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul havia aprovado um módico pagamento de R$ 10 mil a todos os juízes e servidores do referido tribunal. Já não bastam todos os penduricalhos que todos recebem de forma injusta, a considerar as mínimas necessidades que passam mais de 90% da população brasileira. Isso não foi um deslize, como julgam seus pares. Para mim, isso é corrupção na sua forma mais vil. A roubalheira foi banalizada por quem deveria dar exemplo. E essa atitude não foi pontual. É mais comum do que imaginamos. Vergonha nacional.
Paulo Henrique Coimbra de Oliveira
Rio de Janeiro
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LIBERDADE
A nossa liberdade aos poucos estará sumindo? Todos os dias somos surpreendidos com notícias extremamente conspícuas que nos deixam não só assustados, pois a fonte de onde tais ordens partem são de pessoas que jamais poderiam estar desempenhando tais papéis em seus encargos para os quais foram designados, principalmente partindo dos princípios da nossa Constituição. Hoje, espantados, vemos que um determinado senhor, que parece munido de poderes imensuráveis, determinou zerar o contador do Google que mostra o valor do dólar no mundo e assim torna a moeda inelegível pelo período de oito anos. Se essa piada não for mais uma fake news, realmente a nossa liberdade estará desvanecendo. Triste será o fim de um país que estava vislumbrando uma verdadeira democracia.
Leila Elston
São Paulo
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TEATRO CONSTITUCIONAL
Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) libera parte do pagamento de emendas de comissão já empenhadas em 2024. Movimentação de emendas destinadas à saúde. Será que está começando um grande teatro constitucional?
Luiz Frid
São Paulo
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NAVIO AFUNDANDO
O País empobrece claramente. Muito triste uma nação como o Brasil não conseguir prosperar. Pra mim não importa a, b ou c. Correntes políticas. Direita ou esquerda. Como cidadão brasileiro me envergonho da incapacidade geral de um povo em crescer e prosperar. É aquela casa que não tem comida e todo mundo briga e ninguém tem razão. Doutores, pós graduados, e o navio afundando com todos nós embarcados.
Márcio Mourão
Rio de Janeiro
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MENTIRAS
Vivemos no país das mentiras. Os políticos mentem com promessas que sabem que jamais serão cumpridas. E também mentem quando afirmam que trabalham pelo povo pelos mais pobres no combate à corrupção, a desigualdade social e pelo justiça social. Os corruptos mentem sempre quando são pegos, afirmando tratar-se de perseguição politica, mas que confiam na Justiça e que provarão suas inocências. Os integrantes do nosso Judiciário mentem ao afirmar que todos são iguais perante a lei e que ninguém está acima dela, mas frequentemente seus membros atuam descaradamente a favor dos poderosos, e algumas vezes até rasgam a Constituição. E mais duas grandes mentiras: o Brasil é o país do futuro e Deus é brasileiro.
Mario Miguel
Jundiaí
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DUPLA CLAUDICANTE
O teratológico decreto do governo federal sobre como e quando fazer uso da força policial deixa claro que o presidente Lula da Silva e seu ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pretendem, atrás de suas escrivaninhas, corrigir o mau policial por decreto, como esclarece o editorial do Estadão Não se corrige mau policial por decreto (Estadão, 28/12, A3). Na verdade, se fosse tão fácil assim, como pensam seus idealizadores populistas, não haveria necessidade de haver no Código Penal o artigo 121, que penaliza aquele que matar alguém, sob pena de reclusão de seis a vinte anos. Ora, se nem o caput desse artigo consegue inibir a matança no País – que mata por um simples celular furtado do idoso – o que se pode dizer do malsinado decreto onde “o governo acha que pode, por decreto, reduzir o mau uso da força por policiais, fingindo que está fazendo alguma coisa”, como esclarece o Estadão? Afinal, deparando com uma situação de conflito, de vida ou morte, primeiramente o policial deve se identificar, logo após verificar se o meliante está armado e quais são suas sinceras intenções e, após avaliação, tomar as medidas necessárias. Pensando bem, e atendendo apelo da dupla atrapalhada, seria uma boa ideia trocar a munição das armas dos policiais por balas de festim. Já para o cidadão de bem, resta rezar pela sua própria sobrevivência. Fora dupla claudicante.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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MAIS BRASIL
A cultura do jeitinho, do todo mundo faz, do levar vantagem em tudo que se transformou em uma praga nacional, bem apontada na crônica de Eliane Cantanhêde Coragem é dizer ‘não’ (Estadão, 29/12, A7), infelizmente é incentivada pelo governo. E dou como exemplo o Refis oferecido às empresas que não pagam em dia os impostos devidos. Estas são premiadas com parcelamentos e descontos de seus débitos. E as que estão em dia, como devem se sentir? Trouxas! Assim, como as que levam vantagem, elas têm toda justificativa para ficarem inadimplente e esperar um novo Refis. Qual seria uma solução? Baixar a carga tributária a níveis suportáveis, com multas razoáveis aos que não recolhem em dia. E deixar bem claro que não haveria mais o jeitinho de um novo Refis. Mas para isso o governo tem que abaixar seus gastos. E também se conscientizar que a fórmula para o progresso e riqueza nacional está em manter um governo visando Mais Brasil e Menos Brasília.
Silvano Corrêa
São Paulo
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INFRAESTRUTURA
Peço que o governo vá para a ponte que partiu e faça seu dever de casa consertando as outras que ainda resistem, heroicamente, de pé.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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ESPERANÇA
Sinceramente dá desespero ler o que acontecerá em 2025. Todos os economistas dizem a mesma coisa, uma crise fiscal se anuncia. O cenário é de imensa dificuldade política para por em prática um pacote fiscal. O Brasil andará para trás segundo outros especialistas. Tudo o que se lê é desanimador em se tratando de economia. Outra preocupação, governo está sob crise de confiança quanto às intenções fiscais. O governo não para de driblar os limites que ele criou. Fica difícil recuperar a credibilidade. Mercado e analistas não contavam com o tamanho do desarranjo das contas públicas e com o forte crescimento da dívida. Toda essa incerteza e desconfiança do mercado tem uma razão: o governo gastou demais e os cortes quando vieram não foram suficientes. Acreditou-se no arcabouço fiscal, mas Fernando Haddad não foi capaz de colocá-lo de pé. A Selic que deveria terminar o ano em 9%, chegou a 12,25% em dezembro, prometendo subir até 14,25%, e não deve parar. Com isso, o dólar disparou, mas o presidente procurou culpados e os citou. Roberto Campos Neto e a turma da Faria Lima. Assim, dúvidas e falta de confiança avançam para 2025. Para quem sonhou com um 2025 melhor, já pode ficar sabendo que diante de tantas dificuldades, o governo Lula caminha para uma recessão, porém, ninguém ainda quer assumir. Queda da produção, desemprego e finalmente crise. Deus nos salve. Diante de tanto cenários negativos ainda resta a esperança, aquela última a morrer.
Izabel Avallone
São Paulo
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ANO NOVO
Ainda estou aqui é o filme brasileiro cotado para ser indicado ao Oscar. O filme fala sobre os anos terríveis da ditadura militar, mas poderia ser também sobre Lula da Silva. Lula ainda está aqui, desde 1980, portanto, há longínquos 44 anos. Fundou o PT e começou sua saga à presidência eterna da República. Já estamos em 2025 e eu também estou aqui, em um novo Ano Novo, que ultimamente de novo nunca tem nada desde que Lula está aqui. Faltam dois anos até que as nuvens se dissipem e o sol volte a brilhar. Na medida do possível, feliz Ano Novo a todos.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador