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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Eleições em São Paulo

Compromisso democrático

A menos de uma semana da eleição municipal, sinto um frio na barriga quando penso a que ponto chegamos na cidade de São Paulo. Com sua enorme complexidade, composta de grandes potencialidades e problemas, imensas grandezas e não menores misérias, a megalópole assiste atordoada a uma competição selvagem em que vimos acontecer até cadeirada e soco. Na reta final da campanha eleitoral, parece-me que uma pergunta essencial a ser feita aos candidatos é sobre seus compromissos com a democracia e com o Estado Democrático de Direito. O momento que vivemos exige uma reflexão séria sobre o posicionamento de nossos governantes e postulantes a cargos públicos a esse respeito. O texto Democracia aqui, e também acolá (27/9, A6) traz uma contribuição para o debate ao focar o perigo da relativização do valor da democracia a que estamos assistindo. Mais que oportuno, principalmente para os cidadãos eleitores paulistanos nesta semana, o texto Como se reconhece um democrata? (28/9, A6), de Marco Aurélio Nogueira, ajuda a identificar os falsos democratas com suas barbaridades inomináveis. Em tempos de teologia do domínio e de economia da atenção, vamos precisar de cidadãos à altura do desafio de escolher entre Golias e Davi, de exercer o voto consciente com autonomia de pensamento, discernimento, cabeça bem-feita e não cabeça bem cheia.

João Pedro da Fonseca

São Paulo

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Saneamento básico

O artigo Eu voto pelo acesso básico (29/9, A4), de Luana Pretto, é importantíssimo, pois em pleno século 21 temos 25% do País sem saneamento básico, ou 49 milhões de pessoas. Perguntar aos políticos o que eles farão sobre o assunto, como sugere a articulista, é chover no molhado, pois depois de eleitos, mesmo com numerosos assessores, não nos respondem e deixamos de existir.

Tania Tavares

São Paulo

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Apostas online

A sangria das ‘bets’

Um caso típico de ferrolho colocado depois da porta arrombada. Vai ser dificílimo, se não impossível, estancar a sangria das apostas online. Soam até como hipocrisia manifestações recentes do Legislativo, que ignorou a expansão da publicidade aliciante e os clubes disputando partidas com os nomes de bets estampados nas camisas. O Ministério do Esporte nada fez. O Ministério da Justiça idem. Deixaram o hábito grassar, a corroer o lado saudável do próprio esporte, além de destroçar patrimônios. Se vierem a ser proibidas, vão formar uma máfia análoga à dos entorpecentes, porque o vício se cristalizou.

Patricia Porto da Silva

Rio de Janeiro

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Reforma da Previdência

‘Revisão da vida toda’

Muitos aposentados vão se decepcionar com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de rejeitar a volta da chamada “revisão da vida toda”, que, caso fosse acatada, proporcionaria aumento substancial no valor de algumas aposentadorias, onerando, em contrapartida, as contas públicas em bilhões de reais. Previdência Social é um calcanhar de aquiles que afeta diversos países, ricos e pobres, de governos de direita ou de esquerda, na medida em que a longevidade aumenta. A reforma realizada no governo de Michel Temer foi muito bem-vinda, mas outras são necessárias e certamente virão. De nada adianta olhar para o próprio umbigo e ignorar o umbigo dos outros. Previdência é daquelas situações em que o sacrifício de alguns se faz necessário para o benefício de todos.

Luciano Harary

São Paulo

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Henrique Meirelles

Contribuições ao País

O Brasil deve muito ao ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pela atuação competente e efetiva nos cargos públicos que ocupou (Calma sob pressão, 30/9, B5). Graças a ele o País cresceu sem inflação. Com habilidade conseguiu controlar até mesmo os “adoradores” do gasto público do PT, que querem gastar como ferramenta de crescimento econômico e distribuição de renda. No governo Dilma, sem controle, a crise foi profunda. Já no governo Temer, um período reformista, conseguiu implementar e liderar as reformas que tantos benefícios trouxeram. Só não conseguiu emplacar a reforma da Previdência por questões políticas. Tudo isso com habilidade e sem causar grandes polêmicas na mídia.

Ivan Pupo Lauandos

Campinas

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

‘VERGONHA SEM CONSEQUÊNCIAS’

William Shakespeare: “Que época terrível é esta, onde idiotas dirigem cegos”. Não é possível que, com a incompetência sem limites, com o aparelhamento de estatais e agências reguladoras e todas as suas nefastas consequências incluindo a impossibilidade do País em atingir o grau de investimento, absolutamente indispensável ao seu desenvolvimento, o Poder Legislativo ainda titubeie em aplicar a ferramenta que a democracia e a Constituição lhe oferecem: iniciar – pela perda da autoridade moral – o devido impeachment do presidente Lula da Silva. O Brasil não pode ser mais tratado com chacotas e de forma tão irrelevante como foi tratado na Assembleia Geral da ONU e que o Estadão tão bem sintetizou no editorial O umbigo de Lula (Estadão, 27/9, A5). Às expressões idiota útil, supostamente usada por China e Rússia e bobão inútil, pelo mundo ocidental acrescentaria a máxima acima dita por William Shakespeare.

Nilson Otávio de Oliveira

São Paulo

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SEGURANÇA PÚBLICA

Segundo a ideologia do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, bandidos são vítimas da nossa sociedade e a polícia deve se desarmar. À população nem o conhecido “salve-se quem puder” vai sobrar.

Luiz Frid

São Paulo

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LAVA JATO

O artigo da comentarista Eliane Cantanhêde Aos amigos, tudo! (Estadão, 29/9, A7) mostra que o bombardeio à Lava Jato feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) vai chegar ao absurdo de resultar no fato de não ter havido o desvio de uma montanha de dinheiro público, ninguém cometeu crime, tudo foi uma ilusão. O STF, ao que tudo indica, acha que a sociedade vai aceitar isso, numa boa?

José Elias Laier

São Paulo

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CONGRESSO NACIONAL

Na próxima vez em que você for apresentado a dados acachapantes relativos, por exemplo, aos salários e penduricalhos dos 513 deputados e 81 senadores que pululam no Congresso, protagonistas da indústria da suplência, embandeirados por incríveis 31 siglas partidárias, com direito a gorda aposentadoria após oito anos de serviço, além de plano de saúde vitalício, e acrescentar a tudo isso a enorme soma desviada por corrupção visando mantê-los no poder e aumentar o respectivo patrimônio, lembre-se da frequentemente citada Margaret Thatcher, quando afirmava a inexistência do chamado dinheiro público, e esclarecia que os recursos que fazem um país funcionar provêm exclusivamente dos impostos pagos pelo cidadão. Tenha tal fato em mente e comece a se apresentar, enquanto sociedade, como parte integrante dos destinos do Brasil e não como mero espectador que só serve para votar.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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VIOLÊNCIA POLÍTICA

O preocupante aumento da violência política (Estadão, 30/9, A3) é um alerta fundamental do momento político, mas parte dessa violência teve guarida em nossa conivência social. Começou com o jogo do bicho, considerado contravenção e não crime, que financiava deste carnavais até a corrupção política, descambando para as atuais milícias e tráfico. Agora, as “bets” combinadas com plataformas digitais parecem ser a nova face da criminalidade que não será regulada, tanto pelos lobbies, como mostra a reportagem de Gustavo Côrtes, André Shalders e Vinícius Valfré, intitulada Bancada das ‘bets’ no Congresso já atua para legalizar cassinos e bingos (Estadão, 30/9, A7), quanto pela confusão entre regulação e censura, falso discurso usado pela extrema direita, com Pablo Marçal sendo o principal exemplo, como bem avalia Marcelo de Azevedo Granato Marçal é sintoma de uma sociedade sem esperança (Estadão, 30/9, A4). Ou seja, estamos normalizando as cadeiradas como violência pontual, o que não é.

Adilson Roberto Gonçalves

Campinas

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BRASIL E CHINA

Ao ler o artigo China esconde o real estado de sua economia (Estadão, 8/9) fiquei com a impressão de que aqui no Brasil há alguma semelhança com aquele país. Há censura nos artigos que são escritos, prisão e silêncio aos insistentes. Igual nas universidades, a militância é quem manda. Xi Jinping, o deus deles, dita as ordens e quem não cumpre é silenciado. Números estatísticos são divulgados para contentar o deus Xi. Nesse particular Brasil há um especialista em maquiar números, para agradar o Xi Lula. Quem questiona não é tão silenciado como na China, mas torna-se persona non grata. Na China, o jornalista sofre porque se não agrada o chefe, é silenciado. E aqui? Perde espaço, cai em desgraça e perde sua verba. Uma outra forma de silenciar, mas que acaba destruindo a reputação de quem quer ter independência para escrever. Na China não pode, aqui parece que vai pelo mesmo caminho.

Izabel Avallone

São Paulo

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SENADO FEDERAL

A candidatura do pernicioso Davi Alcolumbre para a presidência do Senado não engrandece a Câmara Alta. O Senado não pode se apequenar, aceitando sem reagir a candidatura do espaçoso senador pelo Amapá. Grupos de senadores contrário a Alcolumbre conversam, em busca de acordo, para lançar o nome do respeitado senador Otto Alencar (PSD-BA) para o lugar de Rodrigo Pacheco.

Vicente Limongi Netto

Brasília

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PABLO MARÇAL

Marçal é sintoma de uma sociedade sem esperança (Estadão, 30/9, A4). Sob o título acima, o Estadão, publica artigo do dr. em Direito pela USP, Marcelo de Azevedo Granato. Eu já me manifestei neste espaço sobre o absurdo da legislação eleitoral permitir que um cidadão como Pablo Marçal, que se apresenta como influencer, nas redes sociais, possa ser candidato a prefeito de São Paulo, sem nunca ter sido prefeito de qualquer cidade do País? Afinal, a palavra político vem do grego politikós, que, segundo Sócrates, quer dizer um homem público que lida com a chamada coisa pública. Simplesmente não entendo como isso é possível, em um cargo público de tamanha responsabilidade. Governar a cidade de São Paulo, a maior do País e uma das maiores do planeta? A meu ver, é pior, como se uma pessoa tivesse um problema de saúde grave e fosse consultar um médico recém-formado. A rigor, sem nunca ter sido político antes. Se lembrarmos também, que na Grécia antiga, cada cidade era independente, então, podemos afirmar, em princípio, que o prefeito é realmente o político original, ou aquele que se encarrega dos problemas e necessidades de uma cidade. Eis a realidade de Marçal. Pretende ser, sem ter nenhuma prática a respeito, o prefeito de São Paulo. Se eleito ele teria grandes responsabilidades e teria capacidade intelectual e estudos para planejar o futuro da cidade? E não adianta alegar que contraria os melhores em cada área, pois a decisão final seria dele, apesar de não entender bulhufas de gerenciamento de uma metrópole. Então, cabe perguntar aos eleitores que o apoiam se, por exemplo, tivessem que contratar uma pessoa para tratar da sua única casa, que está para desmoronar, contrariam um influencer ou alguém sem capacidade nenhuma? Pois é isso que estão fazendo.

Gilberto Pacini

São Paulo

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ELEIÇÕES MUNICIPAIS

A uma semana das eleições municipais, temos a pior campanha de todos os tempos. É impressionante no que se transformaram as nossas campanhas eleitorais no Brasil. Não há qualidade na escolha dos candidatos por parte dos partidos políticos que se contentam apenas com a nababesca soma do fundo eleitoral. Não há debates de ideias, projetos e soluções para os muitos problemas das cidades. Sobram agressões verbais, físicas, palavras ofensivas e muito ódio sendo disseminado ao longo do período eleitoral. Candidatos a vereadores tão sem noção que prometem fazer aquilo que é competência do Poder Executivo. Prefeitos prometendo fazer coisas que todos sabem ser impossíveis. Raros prometem corrupção zero.

Rafael Moia Filho

Bauru

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ISRAEL

Há dois séculos, o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, após percorrer o País por seis anos, cunhou a célebre frase: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. Depois da leitura no Estadão do artigo do The Washington Post, chamado Guerra total é outro atoleiro para Israel (Estadão, 29/9, A14), do historiador e analista de política externa Max Boot, e o do colunista do The New York Times, Thomas Friedman, intitulado Israel sob ameaça do Irã e de seu governo radical (Estadão, 27/9, A16), cabe dizer que ou Israel acaba com os terroristas do Hamas e do Hezbollah financiados pelo Irã – inimigo inclusive dos países árabes – ou eles acabarão com Israel. Por oportuno, cabe citar duas frases da célebre ex-primeira-ministra de Israel, Golda Meir (1969-1974), sendo a primeira: “Se os palestinos baixarem as armas, haverá paz. Se os israelenses baixarem as armas, não haverá mais Israel”. E a segunda: “Se tivermos que escolher entre estar mortos e dignos de pena ou estarmos vivos com uma imagem ruim, preferimos estar vivos”.

J. S. Decol

São Paulo

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DISCURSOS NA ASSEMBLEIA

Os discursos dos líderes das nações na Assembleia Geral da ONU mostrou que é cada uma por si e só Deus por todos. Infelizmente. Pobres povos.

Carlos Gaspar

São Paulo

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‘CAMINHO ABERTO’

Com o sucesso ainda parcial, mas bem definido de Israel contra o Hamas e o Hezbolhah, seria muito oportuno que, neste momento, os Estados Unidos entrassem nessa guerra para vencer o mal maior que é o Irã, país que financia todas essas forças terroristas e o principal culpado de uma não solução pacífica para essa região. Infelizmente, não é a hora de se falar em cessar essa guerra, pois caso isso ocorra os resultados até agora bem positivos seriam praticamente anulados, o que daria tempo para esses grupos se reorganizarem. Acredito ainda que agora não seria nem um pouco interessante para o Irã entrar nessa briga. É o momento certo para os EUA pressionarem para conseguir uma paz mais duradoura. O caminho está aberto.

Nelson Falseti

São Paulo

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‘DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS’

Oriente Médio: Dois pesos e duas medidas. Os governos condenaram em termos claros e duros o ataque dO Hamas contra os civis israelenses em 7 de outubro de 2023. A mesma reação não aconteceu, entretanto, perante os ataques do exército israelense contra os civis palestinos e libaneses, que não são membros de Hamas, ou de Hezbollah. As reações oficiais, especialmente dos Estados Unidos, variam entre lamentar as perdas (são cerca de 41.431 palestinos e mais de mil palestinos e libaneses, respectivamente), e citar o direto de Israel de se defender. Ou seja, a reação depende de quem está cometendo as atrocidades?

Omar El Seoud

São Paulo

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MORTE DE LÍDER NO LÍBANO

As Nações Unidas lamentam que Fateh Al Sharif, funcionário da ONU, tenha sido morto em um ataque israelense no Líbano. O Hezbollah também o fez, identificando Sharif como um de seus combatentes. Já se sabe que a ONU e as organizações terroristas compartilham diversos membros, mas deveriam se combinar melhor para saber do que se acusa Israel quando um de seus membros falecer: de matar um funcionário da ONU que trabalhava pela paz mundial ou um heroico mártir de uma organização terrorista. Para os jornalistas militantes, sua morte deveria ser contabilizada no mínimo por duas vezes. Por falar em contabilidade, o número de mortos em Gaza voltou atrás dos 40 mil oficialmente anunciados para 35 mil, apesar de também não se terem encontrado cadáveres em quantidade suficiente para validar nem essa cifra. As narrativas continuam.

Jorge Alberto Nurkin

São Paulo

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‘CONTRASTE’

“A política divorciou-se inteiramente da moral. Governadores e Congresso firmaram entre si pactos reprováveis, esquecidos e desprezados os deveres constitucionais, para se entregarem à gatunagem e à licença, enchendo as algibeiras com o produto dos impostos e afastando os honestos, com a perseguição política. Contristador é o espetáculo que, sob o ponto de vista moral e político, nos oferecem o Congresso Federal. Não há mais um vislumbre de dignidade e independência naquela grande corporação. Agachada e humilde como os miseráveis cortesãos do Oriente, rastejando aos pés do governo, cujos intuitos procura adivinhar, com medo de desagradar, é o símbolo mais perfeito de nossa ruína. Afirma-se a todo momento que vivemos no mais puro regime democrático, e que é o regime presidencial, único capaz de fazer nossa prosperidade e nossa grandeza, garantindo a ordem e fomentando o progresso. Nós, porém, o que vemos e sentimos com mágoa é que o presidencialismo não é mais que uma etiqueta, um rótulo falso, com que se procura impingir ao povo simplista a mais baixa, a mais passiva ditadura política”. E acrescento ditadura judicial. O texto acima parece bem atual, mas foi escrito na primeira página do jornal Estadão, em 18 de julho de 1901, quando presidente era Campos Salles, terceiro presidente no regime democrático. Todo esse contraste se tornava mais forte para os leitores quando, ao final do artigo, liam o nome do autor: o jornalista Alberto Salles, irmão do presidente.

Gilberto Ruas

Santos