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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
9 min de leitura

‘Era do Clima’

Desafio urbano em SP

A respeito da matéria SP e região estão entre ‘áreas mais críticas’ para desastres climáticos (Estadão, 10/6, A13), “piratininga” significa, literalmente, peixe seco, embora possa ser entendido como um local onde se acumulam peixes secos, quando as lagoas secam, depois de enchentes, como devia ser comum nas várzeas que beiravam o Tamanduateí e o Tietê. Isso ainda acontece em algumas regiões da Amazônia, onde a biodiversidade, funcionando como uma esponja, faz parte intrínseca deste ciclo de cheias e vazantes há centenas de anos. Claro que, com a remoção das matas ciliares nas cabeceiras dos rios, isso vem sendo alterado, e as barragens para usinas hidrelétricas são o tiro de misericórdia nessa biodiversidade. Em São Paulo, o destino do que sobrou da natureza vem sendo concretado. Exemplo disso é o bairro do Butantã, onde estavam previstos há décadas 22 parques lineares nas áreas de proteção permanente às margens dos córregos, segundo a legislação, mas sobrou só o Córrego da Água Podre – porque a população vizinha conseguiu mantê-lo. Os demais viraram galerias concretadas, e o Butantã, que poderia ser um dos bairros mais arborizados, é o oposto disso. E não para por aí. Esta verba emergencial de R$ 5 bilhões vem sendo usada pela fúria devastadora da impermeabilização avançando sobre a zona sul, já chegando a Parelheiros. Como as margens ciliares dos córregos na região de Colônia já estão sendo roçadas, para breve não teremos outra alternativa senão a construção dos temíveis piscinões.

Caio Quintela Fortes

São Paulo

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Em Porto Alegre

Reforma anticheia em Porto Alegre teria custado 5% do prejuízo (Estadão, 9/6, A18). Excelente a reportagem sobre os erros e omissões em relação à catástrofe climática no Rio Grande do Sul. Em 1971, o prefeito Telmo Thompson Flores, que era engenheiro, construiu o muro da Avenida Mauá. Novas obras complementares, como bombas e diques, foram acrescentadas, mas faltaram manutenção e atualização dos equipamentos contra inundação, numa cidade estuário de muitos rios e com um grande lago em seu entorno. Uma grande enchente anunciada desde sempre.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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A reconstrução do RS

Dinheiro esquecido

Segundo informe do Banco Central de sexta-feira (7/6), mais de R$ 8 bilhões de “dinheiro esquecido” ainda estavam disponíveis para saque. A maior parte é de valores insignificantes, formada por depósitos esquecidos, tarifas cobradas indevidamente e contas encerradas com saldo disponível. Enquanto não forem resgatados, esses recursos poderiam ter destinação útil para a sociedade, em especial para a reconstrução do RS, preservando o direito de seus donos e herdeiros. Essa providência pode vir por meio de medida provisória, pois atende aos pressupostos de urgência e relevância (artigo 62 da Constituição), não violando o § 1º, II (detenção ou sequestro de bens ou ativos financeiros), pois seus titulares poderão fazer o saque a qualquer tempo.

Milton Cordova Junior

Vicente Pires (DF)

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Eleição na Europa

O dilema francês

A impopularidade de Emmanuel Macron em seu segundo mandato, após a aprovação da reforma da Previdência que aumentou a idade mínima para a aposentadoria, provocou sua enorme derrota nas eleições europeias. Tanto as críticas da oposição sobre a condução na economia como em relação à questão dos imigrantes na França contribuíram para a dissolução do Parlamento francês e a consequente convocação de eleições parlamentares antecipadas. Isso coloca a França diante do dilema da possibilidade de uma coabitação de governo, o que não ocorre desde 1997, quando houve a última dissolução da Assembleia Nacional.

Luiz Roberto da Costa Jr.

Campinas

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Educação e sociedade

‘Dá pra encurtar?’

Como sempre, Leandro Karnal é admirável. Seu artigo de domingo (Dá pra encurtar?, 9/6, C8) mostra a triste realidade vivida por professores em muitas escolas. Para ensinar bem, o professor precisa ter liberdade. É hora de o Congresso Nacional propor uma emenda à Constituição que garanta aos professores esta liberdade para ministrar o conteúdo da sua disciplina, sem sofrer sanções. E mais: que o responsável, na escola, que vier a cercear essa liberdade do docente seja responsabilizado civil e criminalmente, na forma da lei.

Anderson Fazoli

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

PREVIDÊNCIA

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, manifestou-se favorável à ideia de desvincular a indexação dos benefícios previdenciários ao salário mínimo, apoiando-se em estudos que, segundo ele, mostram que a indexação provocaria aumento da desigualdade. É uma teoria curiosa e interessante. Por isso mesmo deveria ser bem embasada e demonstrada por meio de dados concretos e não simplesmente jogada ao vento, causando preocupação aos milhares de aposentados e pensionistas que dependem da previdência. A valorização do salário mínimo, bandeira da campanha de Lula, é legítima sim, pois ao menos mantém o poder de compra. Entretanto, não existe mágica matemática. Para compensar os previstos R$ 13 bilhões destinados ao pagamento de aposentadorias, pensões e outros benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o governo tem de cortar na própria carne, ou seja, frear a gastança em outros setores enquanto não vem o tão necessário crescimento econômico sustentável. Gasto, ao contrário do que dizia Dilma Rousseff, não é vida. É tragédia anunciada.

Luciano Harary

São Paulo

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NARRATIVAS DE LULA

A matéria intitulada Amizade com Toffoli pesa contra desembargador em disputa por vaga no STJ (Estadão, 11/6, A2) dá conta de que o presidente Lula não deverá nomear para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) o desembargador ligado a Dias Toffoli por supostamente ainda guardar mágoas por este não haver autorizado sua saída da prisão para que fosse ao enterro do irmão por parte de pai, Germano Inácio da Silva, o Vavá, mesmo após o ministro haver aviltado ignobilmente o judiciário do País no afã de ser perdoado, anulando as provas da corrupção na Petrobras que envolviam o petista. É só balela e nada mais, pois recordo que em 2008, o mesmo Lula, em férias na praia no Forte dos Andradas, no Guarujá, bateu o portão na cara desse mesmo querido irmão que queria fazer-lhe uma visitinha. Os sentimentos e atitudes de Lula são só narrativas, e cabe-nos apenas rir para não chorar de desgosto.

Helio Divino de Carvalho

São Paulo

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PETRÓLEO

No editorial Cheiro de Naftalina (Estadão 11/6, A3) este jornal critica duramente a proposta de tornar lei a política de obrigatoriedade de conteúdo local em projetos de exploração e produção de petróleo e gás. Sempre que se ousa tocar neste assunto a gritaria é tão estridente e encurralou seus defensores de tal modo que eventuais iniciativas de debater o assunto parecem surgir do éter, envergonhados que estão seus proponentes. O tema, porém, mereceria uma discussão mais séria, calcada em fatos e envolvendo entidades como a Abimaq (associação que reúne fabricantes de máquinas e equipamentos) e o (instituição que representa os estaleiros brasileiros), além do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), que por ser reunir operadoras de plataformas de petróleo, tem como interesse principal a facilidade de contratar bens e serviços de seus fornecedores tradicionais e já estabelecidos. A política de conteúdo local no setor é praticada em países como Estados Unidos, Noruega, Reino Unido e Arábia Saudita. Transformá-la em lei e aplicá-la com rigor apenas ajudaria a nivelar as condições competitivas entre fornecedores locais e estrangeiros, usando a extração de petróleo, que ao que tudo indica estaria entrando em sua fase final para gerar empregos e tecnologia no País. A flexibilização ocorrida no governo Michel Temer tornou-a inócua, e sua continuidade na forma em que está sinaliza que devemos nos conformar com nossa sina de país exportador de commodities. Dessa forma, assistiremos o petróleo se juntar ao açúcar, ouro e café como protagonista de mais um ciclo de bonança efêmera.

Eric Tedesco

Americana

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‘GABINETE DA OUSADIA’

Em 2022 o Brasil substituiu o governo direitista e negacionista verde-oliva de Jair Bolsonaro e seu condenável gabinete do ódio coordenado por seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), pelo governo esquerdista e estatista vermelho desbotado de Lula da Silva e seu gabinete da ousadia, liderado pelo youtuber e influenciador Thiago dos Reis. Como se vê, os dois governos foram pródigos falseadores da verdade dos fatos, como criadores e emissores das odiendas, condenáveis e abjetas fake news. Depois de 16 meses do início do governo Lula 3, o País se dá conta de que não fez mais do que trocar seis por meia dúzia. Pobre Brasil.

J. S. Decol

São Paulo

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‘GABINETE DO RETROCESSO’

Jair Bolsonaro tinha seu gabinete do ódio para divulgar fake news contra seus opositores. E esse governo Lula, sem tração e ações que transmita confiança a sociedade, delira, como foca a matéria do Estadão com o título Planalto despacha com versão petista do “gabinete do ódio” para pautar redes (Estadão, 10/6, A6), que deveria se chamar gabinete do retrocesso. Mesmo porque, governo bom é aquele que sabe dialogar com a Nação, toma ações em consonância com os clamores da população, da iniciativa privada e com respeito às contas públicas. Tudo o que não ocorre nesta gestão Lula 3, mais parecida com o de Dilma. E achar que Lula vai recuperar popularidade por meio das redes sociais depois de 18 meses de governo vacilante, ou ruim, é o mesmo que confessar fracasso. Resultado esse em função de um presidente surdo, prepotente, que escolhe os piores caminhos para o País, como de insistir num Estado forte, de ações diplomáticas desastrosas que não se coadunam com a vertente democrática do povo brasileiro. Ou governo de gabinete, que não entende as ruas, regras de mercado, equilíbrio fiscal, desenvolvimento econômico e social, etc. E que mais age como dono da Nação.

Paulo Panossian

São Carlos

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‘CONSÓRCIO’

O gabinete do ódio dos petistas está funcionando a todo vapor e, o todo poderoso ministro Alexandre de Moraes, só enxerga as fake news dos bolsonaristas. Isso é mais uma prova do consórcio Lula 3 e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Jose Alcides Muller

Avaré

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IMPORTAÇÃO DE ARROZ

Lula, mal informado, em dissonância com a solidariedade brasileira e a nossa combalida economia, fez gol contra com os nossos irmãos gaúchos e nos causou despesas. Antes das enchentes, 80% da safra de arroz nos pampas estava colhida e a área cultivada, seriamente prejudicada, exigirá tempo e vultosos recursos na reparação. Com o mercado interno quase 100% abastecido, era desnecessária a importação de arroz e pernicioso aos rizicultores brasileiros. Ainda bem que temos o jogador Endrick para fazer gols a favor e nos alegrar.

Humberto Schuwartz Soares

Vila Velha (ES)

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‘ARROZ DE FESTA’

Panelaço de Lularroz. Finalmente poderemos comprar arroz na sorveteria, em mercearia de queijos e até em concessionária de carros. É o verdadeiro arroz de festa de Lula, marca red PT. Como o panelaço azedou, teremos um novo leilão demagógico.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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ARROZ IMPORTADO

Dizem as más línguas que o governo só embarcou na furada do arroz importado, mesmo com os argumentos contrários da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e dos produtores de arroz do Rio Grande do Sul, em homenagem a uma senhora que virou arroz de festa e que no governo aparece mais do que papagaio de pirata.

Paulo Tarso J Santos

São Paulo

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GREVE DOS PROFESSORES

Lula esperou 60 dias para, num quase pedido de desculpas, dizer que “não há muita razão“ para a greve dos professores. Com essa afirmação, o presidente fica sem moral para agir. O que não há razão é essa paralisação que já dura dois meses, trazendo prejuízos aos alunos e ao País. Tivessem esses professores os dias descontados e a obrigação de repor as aulas, a conduta seria outra. Como se pode ver, onde os sindicatos atuam, o País anda para trás. Lula que já esteve ao lado dos grevistas, hoje sente na pele não poder radicalizar como fazia com os patrões. Hoje Lula é vidraça, por isso esse jeitinho manso de condenar a greve.

Izabel Avallone

São Paulo

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CARDÁPIO DE OPÇÕES

Em relação à matéria Dólar pesa, e Haddad vai levar a Lula cardápio de corte de gastos (Estadão, 11/6, B1), gostaria de tecer os seguintes comentários: infelizmente, sem um projeto de país concreto e crível, navegamos praticamente ao sabor das ondas, sempre a reboque de acontecimentos que estão além do nosso controle. Esse (des)governo inacreditavelmente continua a insistir nas políticas do atraso, representadas pelos subsídios, proteção e crédito fácil a setores pouco inovadores, pouco produtivos e pouco competitivos internacionalmente. E ainda compromete a boa imagem internacional do Brasil ao elogiar e até defender abertamente tiranos e governos não democráticos. Com ou sem esse chamado cardápio, os resultados esperados provavelmente serão, portanto, os de sempre. A boa notícia é que, cada dia que passa, falta menos tempo para que essa administração federal seja substituída democraticamente por uma mais competente e benéfica para o real desenvolvimento econômico e social do País. Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

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‘NOVA ORDEM’

Frases, metáforas e a realidade. Lula prometeu uma nova ordem e acaba de cumprir essa promessa: o dólar de R$ 3,50 vai a R$ 5,30 acelerando. Os mesmos algarismos, mas em uma nova ordem. Como diz Dilma: atingida a meta, cria-se uma nova meta. E agora que o País, sem teto de gastos, acaba de cruzar o teto da cotação do dólar? Nem adianta pensar em se segurar num arcabouço no qual Lula nunca acreditou. As pressões inflacionárias ardem tal como nossas florestas. A única coisa que ainda se suspeita sobre o que está por vir é que possa ser a tão temida bala de prata planejada com tanto carinho pela ministra Simone Tebet. Mudem a bandeira, essa nova ordem não combina com o progresso.

Jorge Alberto Nurkin

São Paulo

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EXTREMA-DIREITA

A ascensão da extrema-direita no mundo é cíclica, parecendo que uma nova corrida pelo espaço vital se aproxima. O Brasil poderia ser um polo de resistência a essa ordem, mas o extremismo está consolidado aqui, apesar de derrotado por margem mínima nas urnas em 2022. Se Donald Trump realmente triunfar nos Estados Unidos, teremos um cenário nunca antes visto, mesmo no entreguerras, em que será a Ásia o contraponto político.

Adilson Roberto Gonçalves

Campina

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VINI JR.

A condenação de racistas de Valência pela justiça espanhola é, para Vini Jr., um troféu tão ou mais valioso do que a conquista da Champions League. Agredido e insultado por racistas, ele não se acovardou e os enfrentou com coragem e muita dignidade. Daí, sua afirmação: “não sou vítima de racismo, sou algoz de racistas“. Vini Jr. nos enche de orgulho e admiração não só como futebolista, mas também como grande figura humana.

Sylvio Belém

Recife

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CONDENAÇÃO DE ATOS RACISTAS

A condenação dos atos racistas contra Vini Jr. na Espanha tem um significado inédito na história milenar do preconceito racial que vivenciamos desde os primórdios da humanidade. A emblemática frase “não sou vítima de racismo, sou algoz de racistas”, revela a contundente postura do futebolistas no combate ao preconceito racial.

José de Anchieta Nobre de Almeida

Rio de Janeiro