Novo governo
Referência em vacinação
Li a matéria que diz que o governo Lula da Silva vetou o nome da pediatra Ana Goretti Kalume Maranhão para o Departamento de Imunizações, do Ministério da Saúde, por postagem pró-Lava Jato. Não conheço essa senhora, mas onde está a coerência do partido quando aceitou como vice um candidato que disse que Lula voltaria à cena do crime? E mais: se este governo se propõe a ser de união, não seria a hora de deixar para trás opiniões que não interferem na competência pessoal? Pelo visto, vamos esperar sentados o discurso virar prática.
Izabel Avallone
São Paulo
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Restrição partidária
O veto à pediatra Ana Goretti comprova que simplesmente vamos ter a troca dos militares pelos sindicalistas.
Vital Romaneli Penha
Jacareí
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Estado de SP
Indicação política
Em campanha para o governo do Estado de São Paulo, o candidato bolsonarista, Tarcísio de Freitas, se comprometeu a nomear pessoas de perfil técnico gabaritado para o preenchimento de cargos, rechaçando indicações políticas da famiglia Bolsonaro. Conforme noticiado, o governador nomeou seu cunhado, Maurício Pozzobon Martins, e Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, para cargos de confiança em sua assessoria especial, com salário líquido de R$ 21,5 mil. Um dia depois do anúncio, anulou a nomeação do cunhado. A escolha do irmão de Michelle, no entanto, está mantida. Começou mal.
J. S. Decol
São Paulo
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Ataque à democracia
O flautista de Hamelin
Eugênio Bucci, no artigo Máscara mortuária (12/1, A5), tem sucesso na análise do que aconteceu desde 2019. Lembrou-me de O Flautista de Hamelin, dos Irmãos Grimm. Levado à cidade para remover os ratos, o flautista o faz e, ao não receber o soldo, leva com o mesmo método, soprando a flauta, 130 crianças. Há mudanças para melhor se responsabilizarmos quem cometeu delitos. Não existe resolução de problema enquanto não tomarmos decisões sensatas. Se apenas seguimos o flautista, sabendo que ele está cobrando alto preço, talvez fiquemos sem algumas pragas, mas também sem cidadania.
Carlos Ritter
Caxias do Sul (RS)
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Transporte rodoviário
Empresas de fretamento
No artigo Assimetria regulatória no transporte rodoviário (10/1, A4), o professor Gesner Oliveira aborda o tema do transporte rodoviário de pessoas no Brasil com o foco na diferença de regulação que incide sobre as viações, sob responsabilidade da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e como isso impacta nos serviços prestados aos usuários. Considero-me um viajante rodoviário e admirador da beleza caótica e da efervescência cultural que caracterizam as rodoviárias brasileiras e de outros países. Por isso, ao ler o artigo de Oliveira, chamou a minha atenção uma questão de suma importância: o descaso das empresas com os passageiros nas rodoviárias brasileiras. Antes de mais nada, que fique claro que costumo viajar com empresas legalizadas pela ANTT. Caso haja algum problema, terei um suporte; afinal, viajo para descansar, e não para me estressar. No entanto, compreendo perfeitamente as pessoas que decidem se transportar por empresas de fretamento. Há, nessas empresas, um tratamento melhor para com os clientes, algo que não há com as “viações oficiais de rodoviárias”, desde o fechamento da compra até o destino final, passando pelo preço ofertado. Outro motivo é, sem dúvida, as condições precárias de muitas rodoviárias brasileiras. Darei o exemplo da maior do País, a Rodoviária do Tietê, em São Paulo. Quem a frequenta sabe o cheiro de urina constante em vários locais e o descaso e, muitas vezes, conflitos de informações entre os funcionários das viações. Por fim, há a questão dos preços. É falsa a ideia de que há concorrência com as “viações oficiais”. Muitas empresas pertencem a grupos que, no final das contas, são a mesma empresa, controlando rotas, destinos e preços altos, caracterizando, na prática, um monopólio.
Kassiano César de S. Baptista
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
CARTÃO CORPORATIVO DE BOLSONARO
R$ 1,46 milhão gastos em apenas um hotel e R$ 362 mil numa mesma padaria foram pagos com o cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não bastassem todos os crimes cometidos contra a democracia, a corrupção também já fazia parte de seu governo.
Marcos Barbosa
Casa Branca
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POSSE DE GUAJAJARA E ANIELLE
A posse de Sônia Guajajara, como ministra dos Povos Indígenas, e Anielle Franco, como ministra da Igualdade Racial, encerrou a montagem do novo governo. É hora de começar a jogar o jogo, e o jogo precisa ser bem jogado por várias e exaustivamente conhecidas razões: reconstruir os malfeitos do governo anterior, colocar o País na trilha do desenvolvimento econômico, social, sanitário, cultural, ambiental, etc. Mas não só por isso. O bolsonarismo é uma força definitivamente presente e concreta na sociedade, de cunho fortemente reacionário, que não desapareceu com a derrota de Bolsonaro nas eleições, nem desaparecerá tão logo. Além disso, o sentimento antipetista, mesmo dentre os não bolsonaristas, segue intenso e longe de arrefecer. A forma mais eficaz do governo enfrentar essas forças é desempenhar bem, ganhar a confiança da população e assim, apaziguar os ânimos. O presidente Lula da Silva aferiu popularidade após os ataques em Brasília. Que faça bom uso dela no governo que se inicia.
Luciano Harary
São Paulo
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GOVERNO LULA BARRA NOMEAÇÃO
Será que o atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, acha que o Lula foi eleito só com os votos de quem era contra a Lava Jato? Ledo engano, pois muitos, para não permitir a volta de Bolsonaro, fizeram um esforço e votaram em Lula. Não nomear a pediatra Ana Goretti Kalume Maranhão, especialista em vacinação, para o Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde, é puro revanchismo barato. Não esqueça que a diferença entre Lula e Bolsonaro foi de apenas 1,8%.
Tania Tavares
São Paulo
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CRITÉRIO PARA NOMEAÇÕES
O critério adotado pelo atual governo para nomeações é baseado em amizade e apoio. Competência é um critério que passa longe.
Renato Maia
Prados (MG)
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COMBATE AO MOVIMENTO ANTIDEMOCRÁTICO
O combate aos movimentos antidemocráticos requer ações também no campo social, para que o sistema democrático passe a ser visto como um valor a ser preservado e defendido pela população em geral. Em especial, junto aos segmentos precarizados, não raro expostos a arbitrariedades de agentes da lei. Precisa se materializar em benefícios tangíveis, por meio do acesso democrático aos serviços de educação, trabalho, saúde, transporte, moradia, etc. A democracia precisa se afirmar na prática.
Patricia Porto da Silva
Rio de Janeiro
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NÃO HÁ RAZÃO NA BARBÁRIE
Os atos de violência e vandalismo ocorridos em Brasília evidenciam o grau de extremismo de determinada parcela, ainda que minoritária, da população brasileira. O respeito à democracia e às instituições da República são princípios básicos de qualquer sociedade minimamente civilizada. A discordância deve ganhar espaço no campo das ideias e do diálogo. Não vivemos, de fato, num sistema político e representativo perfeito. Mas é na democracia e através dela que conseguimos fazer ajustes, encontrar o meio-termo e, às vezes, chegar ao “denominador comum.” Agradar a todos é uma tarefa difícil, quase impossível. Porém, quando partimos para a barbárie não há razão. Não há justificativa, nem civilidade. A direita ou qualquer outro segmento da sociedade que discorde das políticas públicas, econômicas e sociais do governo Lula tem todo o direito de se manifestar publicamente. Podem, inclusive, atuar no Congresso Nacional para impedir medidas ou, então, fiscalizar cada vírgula dos decretos, das Medidas Provisórias e de outras ações que, no detalhe, possam ser considerados crimes de responsabilidade. Tudo isso é admissível e faz parte do jogo democrático. Mas depredar patrimônio público, ofender pessoas, atacar famílias e ameaçar todo aquele que pensa ou representa o antagonismo, não está protegido pela Constituição. A lei deve ser rigorosa na punição dos envolvidos.
Willian Martins
Guararema
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DEMOCRACIA SAI FORTALECIDA
A democracia brasileira, após os episódios de arruaças de um bando de criminosos disfarçados de manifestantes, sai fortalecida. A série de barbáries que pseudo patriotas aprontaram nos poderes constituídos foi uma prova de fogo para mostrar que a luta pelo Estado de Direito, liberdade e democracia não foram em vão. Os atos de selvageria só provaram a nós cidadãos de bem e aos nossos governantes legitimamente eleitos, que nossa democracia está mais sólida do que nunca.
Célio Borba
Curitiba
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CONTRA O NEGACIONISMO HISTÓRICO-EPISTÊMICO-CULTURAL
Em adendo à matéria O que disseram e fizeram os extremistas na invasão das sedes dos 3 Poderes (Estado, 11/1, A8) e, em análise dos comentários e condutas dos extremistas, considerando, além disso, todo o ocorrido até agora, é seguro concluir que os manifestantes se amoldam ao que eu gosto de enquadrar como “negacionismo epistêmico-histórico-cultural.” Negacionismo histórico porque as palavras “democracia” e “patriotismo” possuem um sentido advindo de uma construção histórica, vivenciado por uma dada comunidade. Negacionismo epistêmico porque, inobstante haja uma polissemia no conceito político de “democracia”, em geral, lhe é atribuído um valor positivo, que assume uma pretensão consensual, na esteira do entendimento de Norberto Bobbio, sendo que democracia e autocracia constituiriam concepções antípodas. Por fim, o negacionismo cultural, fica evidente quando alhures entoaram a música de Geraldo Vandré –'Para não dizer que não falei das Flores’–, (canção cujo objetivo era criticar o regime militar e a busca pela efetiva democracia, e não o contrário), e, ademais, a própria vandalização do Palácio do Planalto (ele mesmo, uma expressão cultural) com a destruição de diversas obras de arte. “Democratas” em “manifestações” antidemocráticas, “patriotas” que destroem o patrimônio público e cultural. Eis um manifesto contra um negacionismo histórico-epistêmico-cultural.
Andeirson da Matta Barbosa
Pouso Alegre (MG)
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GOVERNO LULA 3
Neste início do governo Lula 3 é preciso estabelecer uma premissa básica das democracias: oposição construtiva, sim; destrutiva, não. O Brasil precisa de paz, ordem e progresso.
J. S. Decol
São Paulo
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HARMONIZAR DESORDEM POLÍTICA
Vai dar trabalho harmonizar a desordem política no Brasil. Se todos nós não ajudarmos com um pouco de reflexão, não sairemos deste imbróglio.
Luiz Frid
São Paulo
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SOCIEDADE E A REVOLTA COM OS TRÊS PODERES
O jornalista Eugênio Bucci, em seu artigo Máscara mortuária (Estado, 12/1, A5) expõe com riqueza de detalhes a origem da revolta da sociedade com os poderes da República, especialmente com o Supremo Tribunal Federal (STF), que deveria ser o exemplo de obediência à Constituição. Afinal, desde o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, a figura de um ser superior chamado juiz natural vem sendo evocado para ignorar o texto constitucional. Ainda é tempo do STF corrigir essas leituras equivocadas.
José Elias Laier
São Carlos
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ESTADO DE VIGILÂNCIA PERMANENTE
Em comentários ao artigo escrito por Eugênio Bucci (Máscara mortuária, 12/1, A5), de fato, no último domingo, 8/1, tivemos a realização de fatos que refletiram tudo aquilo que aconteceu durante o desgoverno Bolsonaro, posto que durante todo o seu mandato ele apenas se ocupou com sua reeleição e “trabalhou” no sentido de destruir as instituições brasileiras, notadamente aquelas que representavam o Estado de Direito e a democracia. Ao insistir na “ruptura da ordem democrática” e na instalação de um “estado de exceção”, o ex-presidente buscou, em quatro anos de desgoverno, desmontar a democracia que, como todos sabemos, foi duramente conquistada pelos brasileiros. Felizmente as principais instituições brasileiras, e em especial cito o STF, e a sociedade civil, em sua imensa maioria, resistiram e fizeram prevalecer o que todo o brasileiro deseja: a manutenção do regime democrático e o fiel e completo respeito à Constituição. Mas é necessário que todos nós mantenhamos o estado de vigilância permanente, pois como escreveu Bucci, “o nível de alucinação não tem precedentes”, a democracia, como se reconhece, precisa ser defendida diariamente e “não temos mais o direito de fingir que não vimos.”
Paulo Roberto Guedes
São Paulo
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O MERCADO NÃO TEM CORAÇÃO
Com o estilo que lhe é peculiar, o presidente Lula disse que o “mercado não tem coração”, e ele está correto. O mercado, termo que indica o conjunto de pessoas físicas e jurídicas com capacidade de investir na economia de um país ajudando a crescer, não tem e não pode ter coração. Isso nada mais significa que para tomar a decisão de abrir ou não uma nova fábrica, de gerar ou não empregos, o mercado não segue o coração, sentimentos, sequer ideologias. Ele quer saber se o investimento estará seguro, se terá retorno, se criará frutos. Por isso, não adianta esbravejar contra o mercado. O que cabe ao presidente Lula fazer é criar as condições para que o mercado possa investir. Dentre estas condições estão a previsibilidade, estabilidade, corte de gastos públicos, responsabilidade fiscal e o combate à corrupção. Não se pode descuidar do social, dos milhões de pobres abandonados pelo Estado dirigido pelos governos pregressos, mas para que isso possa ser feito é preciso reconhecer que o mercado “não tem coração”, então, responsabilidade temos que ter.
Luciano de Oliveira e Silva
São Paulo
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TRANSPORTE RODOVIÁRIO
O Brasil, infelizmente, desativou muitas das linhas intermunicipais e aboliu as linhas interestaduais de trens de passageiros. De forma equivocada, privilegiou o transporte rodoviário. Os números da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) indicam que neste modelo, incluindo o urbano, transporta por ano 50 milhões de passageiros, conforme consta no artigo de Gesner Oliveira (Assimetria regulatória no transporte rodoviário, 10/1, A4). E conta para atender essa demanda com 2.800 linhas regulares de ônibus e 230 permissionárias. Outro dado importante é que mais de 3 milhões de passageiros de grupos prioritários são transportados gratuitamente e mais de 1,5 milhão utiliza esse transporte pagando somente a metade do preço. Porém, devido à grande demanda, o número de acidentes preocupa já que as taxas são altas pelo País, como de 80 acidentes com vítimas para cada 100 km de rodovia em 2021, resultando em 5.391 mortes. Apesar da grande preocupação das autoridades com a segurança neste modelo de transporte, as empresas de fretados são as que apresentam mais riscos para os passageiros, porque são privilegiadas de regras de segurança menos rigorosas do que as empresas de transportes regulares, como os urbanos e interestaduais. Se as linhas de metrô pelo País, ainda são insuficientes para atender a população, urge investimentos em trens interestaduais e intermunicipais para maior conforto e segurança dos passageiros.
Paulo Panossian
São Carlos
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VACINA ANTIGOLPISMO
Assim como os brasileiros foram vacinados contra o coronavírus, toda a população do Brasil deve ser vacinada com muitas doses de vacinas antigolpismo, antifascismo, antibolsonarismo, estes odiosos vírus que matam a democracia, a liberdade, a verdade e a vida.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre