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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
9 min de leitura

Temporais em São Paulo

No limite

Infelizmente, o drama de todo verão se repete em São Paulo. E, como sempre, há muita remediação e pouca ação. É verdade que os níveis pluviométricos têm aumentado nos últimos anos, mas é verdade também que a cidade vem sofrendo com o descaso e o abandono das autoridades. A vida do paulistano se transformou num caos em razão de fatores que, somados – com o perdão do trocadilho –, geraram uma tempestade perfeita: inexistência de fiscalização e zeladoria; autorizações duvidosas à construção de empreendimentos imobiliários, impermeabilizando ainda mais a cidade; inúmeros canteiros de obras paralisados há anos, contribuindo para o acúmulo de lixo e entulho; empresas inescrupulosas que fazem descarte de entulho e até concreto nas vias públicas, bocas de lobo, bueiros, córregos e rios; e a própria população que, por ignorância ou pouco-caso com o próximo, contribui com o descarte irregular de lixo na cidade. Infelizmente, na semana passada assistimos atônitos à morte de uma idosa dentro de seu carro, submerso na rua alagada em região nobre da cidade. No dia seguinte, o prefeito esteve no local e disse que vai investigar por que ali foram construídas obras sem licença. O fato é que São Paulo chegou ao seu limite há muito tempo, com uma expansão populacional desorganizada e desenfreada, aliada ao abandono do poder público e ao desrespeito da população. Solução para isso? Só vejo uma: acessar uma das avenidas marginais que levam às estradas rumo ao interior do Estado, para morar em alguma cidade mais amigável e civilizada.

Mauricio Adriano Niel

mauricio.carilha@gmail.com

São Paulo

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Governo Lula

Os conselhos das estatais

O presidente Lula começa a garantir a picanha e a cerveja para aliados seus indicados para ocupar os conselhos das empresas estatais, cargos que rendem até R$ 40 mil por reuniões mensais ou bimestrais (Estado, 12/3, A8). Foi isso o que ele prometeu em campanha, só esqueceu de dizer que era para aqueles que já estavam acostumados com a iguaria.

Lourdes Migliavacca

São Paulo

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Reforma administrativa

A estabilidade do servidor

A honrosa atitude dos funcionários da Receita Federal no episódio das joias da Arábia Saudita apreendidas no aeroporto de Guarulhos traz uma reflexão importante sobre a ampliação de mecanismos que assegurem uma carreira digna a pessoas que se dedicam ao serviço público. Há algum tempo se discutia a reforma administrativa com o objetivo de atacar a estabilidade do servidor. No exemplo atual, vimos na prática o quanto ela é valiosa a qualquer ente da Federação. Que venham as discussões sobre a real valorização do funcionalismo – e não a prevalência de ideias do senso comum a respeito do funcionalismo público de carreira –, por uma reforma administrativa que valorize ainda mais estes grandes profissionais.

Rodolfo Severiano Coelho

rodolfocoelho.3800@aluno.saojudas.br

Taboão da Serra

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Agronegócio

Agrishow

Em relação ao artigo Passado e presente, do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues (Estado, 12/3, B5), cumpre-me complementar que a Agrishow foi concebida e criada pelo Departamento Nacional de Máquinas Agrícolas (DNMA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em 1994, numa reunião realizada na Carborundum. As feiras dinâmicas dos Estados Unidos foram a inspiração da Agrishow. A Abimaq, na época, convocou as demais entidades do setor, tais como Anfavea, Anda, Andef, etc., para participar da realização do evento. Eu, como presidente do DNMA da Abimaq, sugeri na época chamar a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), do saudoso Ney Bittencourt, para coordenar o evento, por ser uma entidade que representava todo o agronegócio. Em seguida, solicitamos o apoio da Secretaria de Agricultura de São Paulo, que nos cedeu a Estação Experimental do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). O sucesso do evento todos conhecem.

Ivan Pupo Lauandos

ivanlauandos@gmail.com

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Campinas

Correção

No editorial Pacificar não é contemporizar (13/3, A3), o valor correto das importações brasileiras da Venezuela é de US$ 500 milhões.

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

CRIANÇAS INVISÍVEIS

O Estadão nos brinda com duas excelentes colunas no campo da educação. Refiro-me ao texto de Leonardo Karnal Estudar o quê? Para quê? (12/3, C12), no qual discute a falta de relevância nos conteúdos curriculares quando assinala que falta considerar nas reformas educacionais o protagonismo do estudante, e afasta algumas falácias em relação ao currículo atual da educação básica: teórico demais. A questão não é essa, claro que o currículo necessário para os dias atuais deve conter disciplinas teóricas e práticas. Nesse sentido, destaca que é fundamental que os estudantes estudem Filosofia e Arte. O exemplo que dá, a reforma do ensino médio, é muito esclarecedor, e toca num ponto que é essencial para que se entenda a necessidade da articulação da teoria com a prática e o significado que tem para a vida. Já a jornalista Renata Cafardo, como de costume, toca em questões centrais em relação à educação com o texto Crianças invisíveis (12/3, A20). Não há nada que justifique o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) não considerar nas avaliações de larga escala as denominadas classes multisseriadas, que faz com que não haja incentivos para melhorar o aprendizado dessas crianças, geralmente pretas, pardas e indígenas.

João Cardoso Palma Filho

jcpalmafilho@uol.com.br

São Paulo

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DIREITOS DAS CRIANÇAS

Não é somente na Região Norte do País que as crianças são invisíveis, na cidade de São Paulo, onde eu trabalho na educação há 10 anos, é rotina misturar as crianças em outra sala de aula por falta de professores. A sala de alfabetização tem na média 30 crianças, e quando recebemos crianças de outras salas esse número aumenta ainda mais. Sem contar com as crianças com deficiência e com a falta de livros didáticos para todos. Na cidade de São Paulo faltam creches e escolas pois existem filas gigantescas à espera de vagas, faltam professores e faltam livros didáticos. Em 2022, os livros chegaram no meio do ano. Em 2023, os livros do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNDL) chegaram no início do ano letivo, porém faltando. Os professores são proibidos de exercerem sua cidadania e cumprirem a lei, que é exigir os direitos das crianças. Professores precisam formar cidadãos, mas eles não podem exercer sua cidadania que são punidos. Na falta de professores, a direção escolar divide as crianças em outras salas porque não pode dispensar. Dispensando, a família fica sabendo da falta e isso prejudica a vida política do prefeito. A direção faz solicitação do que precisa nas escolas e as diretorias de ensino nunca resolvem, negam o problema e culpam gestão e professores.

Eliel Queiroz Barros,

professor de educação básica

monoblocosantoandre@hotmail.com

Santo André

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VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

A constatação recorrente da importância da educação (Educação ruim faz mal ao PIB, 13/3, A3) aponta para a qualidade do ensino. Esta depende de uma série de fatores, mas, à base de tudo, está a valorização do conhecimento, tanto o domínio do repertório cultural e científico, como do incentivo à criatividade. Isso tudo depende da atração de profissionais qualificados e em perene qualificação para a docência, e isso depende de uma remuneração atraente e correspondente à formação de futuros cidadãos bem-formados. Sem remuneração adequada, nada disso é possível.

Pedro Paulo A. Funari,

professor titular do Departamento de História da Unicamp

ppfunari@uol.com.br

Campinas

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TODOS PELA EDUCAÇÃO

O Brasil somente será economicamente viável e próspero se todos ajudarem a educação a melhorar ininterruptamente. Governos e empresas devem se unir por essa questão vital. A organização Todos pela Educação nasceu com esse compromisso. E somente assim teremos qualquer chance de um futuro saudável em todos aspectos.

Luis Norberto Pascoal

lnpascoal@aim.com

São Paulo

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DE MÃOS ATADAS

O advogado e professor da Uerj Davi Tangerino, em seu artigo O papel do Congresso na defesa da democracia (Espaço Aberto exclusivo online, 11/3), tocou numa questão que muito aflige todos que se preocupam verdadeiramente com o País. O que fazer diante dos parlamentares que temos, cuja maioria demonstra pouco ou nenhum interesse em trabalhar para que o Brasil saia do atraso em que se encontra? Os conchavos, as boquinhas, o corporativismo legislativo, enfim, tudo isso a que assistimos de mãos atadas é desanimador. Esperar que os brasileiros aprendam a escolher melhor seus representantes sem educação de qualidade é uma quimera. Não há freios quando os que precisam ser contidos são os que fazem as leis.

Jane Araújo

janeandrade48@gmail.com

Brasília

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MARÇO AZUL

Cumprimento os médicos Pedro Averbach e Marcelo Aberbach pelo excelente e orientador artigo Março Azul (10/3, A6). Saúde é prevenção.

Almir Pazzianotto Pinto

pazzianottopinto@hotmail.com

São Paulo

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FALAS DE BOLSONARO

O jornal O Estado de São Paulo deve aos seus leitores um bestiário das frases de Jair Bolsonaro tipo “e daí? Não sou coveiro”, entremeadas de risadas, motociatas, lanchaceatas, cavalgadas, comícios e condenação da vacina enquanto milhares de brasileiros morriam de covid.

Etelvino José Henriques Bechara

ejhbechara@gmail.com

São Paulo

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IGUAIS PERANTE A RECEITA

A retenção na alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, das milionárias joias de ouro cravejadas de diamantes dadas ao ex-casal presidencial Bolsonaro pelo governo ditatorial da Arábia Saudita, em razão da criminosa tentativa de enganar o Fisco sem a necessária declaração de bens, é prova de que todos são iguais perante a Receita Federal no País em que nem todos são iguais perante a lei. Ao contrário do habitual, em que costuma-se obedecer às ordens superiores, ainda que em práticas irregulares, desta vez a Receita Federal não obedeceu a quem mandou. Exemplo a ser seguido ao pé da letra. Muda, Brasil!

J. S. Decol

decoljs@gmail.com

São Paulo

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DENÚNCIAS DO JORNALISMO

Empresas devedoras pagando eventos de juízes, joias ocultas dos Bolsonaros, aparelhamento da Petrobras, entre outras denúncias reportadas, confirmam que Estadão me representa e solta minha voz. Obrigado.

Carlos Gaspar

carlos-gaspar@uol.com.br

São Paulo

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J. R. GUZZO

“Quando o cidadão encher o tanque, não vai se lembrar das joias”, diz a coluna Prendam o morto (12/3, A13). Com 70 milhões de brasileiros inadimplentes e salário médio em R$ 1.625 (2022), decerto não serão muitos os que pretendem encher o tanque.

Maria Lucia Ruhnke Jorge

mlucia.rjorge@gmail.com

Piracicaba

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EQUIPARAÇÃO SALARIAL

No tocante às multas impostas pela não equiparação salarial entre homens e mulheres, com mesmo cargo e função em uma mesma empresa, proposto pelo presidente Lula da Silva em projeto de lei, cabe uma observação importante: por força do artigo 461 da CLT, é preciso que o trabalho seja de igual valor, o que compreende mesma produtividade e mesma perfeição técnica, sob pena de tal medida constituir-se em desestímulo àquele trabalhador que se sobressair dentre os demais.

Deri Lemos Maia

derimaia@yahoo.com.br

Araçatuba

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DESEMPREGO E CHATGPT

O problema do desemprego pode ir além do que sonha nossa vã filosofia. Não mais uma questão de retomada do desenvolvimento, da atividade produtiva, etc. A automação dos meios de produção tem efeito corrosivo. Vai das cancelas de estacionamento às bancas de advocacia, “vis-à-vis” à emergência do ChatGPT e similares (É o ChatGPT ameaçando empregos, 12/3, B2). Enquanto se adora o bezerro de ouro, o desemprego só tende a aumentar. Até por conta da relativa indiferença ou inércia dos legisladores para com adoção de tecnologias que têm colocado milhares no olho da rua de uma só vez – como foi o caso de cobradores de ônibus e agora cresce feito tsunami na direção dos frentistas. Um passo na direção da fome. Que tipo de distopia surgirá no vazio do trabalho? Quando uma população bem maior do que os 30 milhões atuais não tiver nem o que fazer nem o que comer? Com certeza não será aquele ócio criativo em que um dia candidamente se acreditou que iria desabrochar o capitalismo.

Patricia Porto da Silva

portodasilva@terra.com.br

Rio de Janeiro

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‘COACHES’ DE MASCULINIDADE

“A internet deu voz aos idiotas”, afirmou Umberto Eco, e a maior prova são os “coaches” e “influencers” que infestam as redes antissociais. Um retrato do mundo tolo e fútil, dominante nestes tempos da sociedade do consumo de obsolescência programada. A mediocridade como filosofia dominante de pessoas vazias. Coaches de masculinidade (Estado, 12/3, A19) são um exemplo da nova onda machofascista na internet.

Paulo Sergio Arisi

paulo.arisi@gmail.com

Porto Alegre

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A VIDA COMEÇA AOS 40

Recentemente tivemos um caso absurdo na Grande São Paulo: alunas de uma universidade debocharam de uma colega simplesmente pelo fato de a mesma ter 40 anos. Infelizmente nossa juventude não entende sobre recomeçar, perseverar e, o principal, ter sonhos. A mulher de 40 anos tinha um sonho que era fazer um curso superior. E suas colegas, que poderiam acolhê-la e buscar aprender com ela sobre quais foram seus gatilhos motivadores para não desistir e sim persistir, foram pelo caminho contrário, o da galhofa. Essa gozação nos apresenta mais que um ato abjeto, ele nos mostra que nossa nova geração perdeu sua crença, seus valores e exemplos a seguir. Por exemplo, Coronel Sanders, fundador do KFC, passou por inúmeras adversidades na vida até que aos 62 anos criou uma das maiores redes de fast-food do planeta. No mundo dos negócios existem inúmeros casos em que os empreendedores começaram a dar certo após os 40 anos. É uma pena ver que algumas pessoas acreditam que aos 40 já é tempo de se aposentar. Vida longa à nossa estudante quarentona!

Josué Ferreira

josuejfs@yahoo.com

São Paulo

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INDICADOS AO OSCAR

O Oscar deste ano foi também marcado pelas inúmeras homenagens e citações às mães nos discursos dos vencedores (Estado, 13/3, A13). O prêmio mostrou que um ator de papéis menores e medíocres pode vencer quando bem direcionado, como foi Brendan Fraser, de A Baleia. Mas, diferentemente do Brasil, que somente valoriza o campeão, para mim os indicados também são vencedores e aí incluo com distinção a onipresença de Steven Spielberg e o histórico e necessário Argentina, 1985.

Adilson Roberto Gonçalves

prodomoarg@gmail.com

Campinas