O governo e a Vale
Renúncia no Conselho
Desanimador ler a carta de renúncia do conselheiro José Luciano Duarte Penido, em que ele relata que o processo de escolha de CEO da Vale, privatizada desde 1997, estaria sendo conduzido de forma manipulada, sem atender aos interesses da empresa. Infelizmente, é o que ocorre na maioria das corporações e no sistema político do País. Desde quando o que pesa é uma gestão séria, eficaz e que atenda aos interesses da empresa? O que importa são o fisiologismo, o corporativismo, a militância e o beija-mão. O fato de o governo interferir na sucessão na Vale, provocando um racha entre os conselheiros, dá o tom de como as coisas caminham no País. Basta dar uma olhada nas agências reguladoras que parecem nada regular, mas trabalhar para as empresas que deveriam fiscalizar. Que país é este?
Izabel Avallone
São Paulo
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Eleição em São Paulo
Disputas mesquinhas
Os três cargos públicos de maior dimensão no Brasil são a Presidência da República, o governo de São Paulo e a Prefeitura da cidade São Paulo. Na capital paulista, um dos candidatos foi criado pela incompetência do PSDB e, agora, se transforma em marionete do PT. O outro, segundo colocado nas pesquisas, nunca foi político de projeção, mas tem na bagagem a experiência de ter sido vice-prefeito e, em seguida, assumido o comando da Prefeitura. Sem grandes obras, mas sem dar vexames, salvo melhor juízo. Caberá aos paulistanos isolar-se das disputas mesquinhas e escolher o que poderá fazer uma melhor administração naquela que é uma das maiores cidades do planeta. Isso é o que interessa.
João Israel Neiva
Cabo Frio (RJ)
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Não é destino
Na guerra (e nas campanhas eleitorais), a primeira vítima é a verdade. Que o autor da frase me desculpe a adaptação, mas ela se encaixa plenamente por aqui, por isso me surpreendo ao ver a imprensa corroborar desde já a ideia de que a eleição para a Prefeitura de São Paulo só tem dois candidatos. A malfadada pesquisa que apontou Guilherme Boulos e Ricardo Nunes à frente dos outros candidatos já é vista como destino. Não vejo maiores menções aos outros candidatos (se é que já são oficiais) e desde já parece definido que nossa sina é votar num destes dois que não fazem outra coisa senão viver desta epidemia nacional que é a tal polarização. Se entrarmos no período de campanha oficial assim, podem dar adeus a qualquer possibilidade de alternativa. O momento de discutir os problemas, estudar os planos e, principalmente, o passado de cada candidato, para verificar sua factibilidade, é agora. Depois de iniciada a campanha, tudo vira lama.
Humberto Cordioli
São Paulo
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Redes sociais
Alienação cívica coletiva
Non ducor, duco, lema manifesto na bandeira e no brasão paulistanos, é título do artigo publicado no Estadão de 13/3 (A4), de autoria de Nicolau da Rocha Cavalcanti. Concordo com ele e resumo em uma frase o sentimento que me acometeu ao lê-lo, o de evitarmos a alienação cívica coletiva. O título “não sou conduzido, conduzo”, em latim, restringe minha percepção nos âmbitos municipal e estadual. Nesse sentido, comprometido com nossas origens, evoco paulistanos e paulistas pelos valores de nossa gente, nossos costumes e nossa representação perante o Brasil que tanto amamos. Que São Paulo, de paulistanos, paulistas e brasileiros, mantenha suas virtudes históricas e culturais, contribuindo com o País e absorvendo apenas e tão só aquilo de bom que o Brasil oferece.
Paulo Schmidt Goffi Junior
São Paulo
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Antissemitismo
Discriminação em escola
Nós, do movimento #PinForPeace – pela paz, contra o terrorismo e o antissemitismo –, nos solidarizamos com o aluno vítima de antissemitismo numa escola de elite na capital paulista (Estadão, 13/3, A17). É lamentável que ainda nos deparemos com manifestações de antissemitismo e com discursos de ódio que visam a dividir e semear a discórdia. Devemos rejeitar veementemente tais atitudes, pois elas não apenas ferem indivíduos e comunidades, mas também minam os alicerces da paz e da harmonia que tanto almejamos. Vivemos num mundo onde diferentes crenças e tradições enriquecem o tecido da sociedade e precisamos reafirmar os valores fundamentais da tolerância e da convivência pacífica entre todas as religiões e culturas.
Alan Strozenberg
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
FATOS DE 8 DE JANEIRO
O morador de rua Geraldo Filipe da Silva, serralheiro, sem-teto, habitava vias públicas em Brasília quando ocorreram os desagradáveis fatos de 8 de janeiro de 2023. Foi preso e passou quase um ano na cadeia, cumprindo uma pena dolorosa por cometimento delituoso não cometido. Injusta punição e arbitrariedade que merece ser reparada pelo Estado, via ação indenizatória pertinente. Eis que o cidadão sem-teto foi preso e processado pela Procuradoria-Geral da República pelos delitos de associação criminosa armada (?), abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio público tombado. Ao infelicitado pela pobreza cruel, mais crueldade injustificada, aplicada com o intuito de fazer valer aleatoriamente uma punição por atos nunca praticados pelo cidadão. Certamente, como ele, muitos outros sofreram coação e constrangimento ilegal para demonstração pública do poder de um Poder que não deveria extrapolar na aplicação da lei.
José Carlos de Carvalho Carneiro
Rio Claro
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ARQUITETOS DA TENTATIVA DE GOLPE
A demora em mostrar ao Brasil os arquitetos da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 já está gerando dúvidas nas pessoas que desejam que todos paguem pelos crimes cometidos. Já ouvi gente querendo apostar que os peixes graúdos não serão apanhados. Caso isso aconteça, cai por terra o ditado “pau que dá em Chico dá em Francisco”. Tomara que aquele que apostar que a justiça será feita não venha a se decepcionar. Não dá para refrescar.
Jeovah Ferreira
Brasília
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TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Governo e empresas prometem R$ 21,2 bi para Porto de Santos até 2028 (Estado, 11/3). Justo e necessário. No entanto, não se investe nada em transporte ferroviário. Se tivéssemos o essencial, ao menos os produtos e gêneros alimentícios teriam seus custos menores, certo como é que uma composição ferroviária, a par de transportar quantidade muitíssimo maior do que é transportado por meio rodoviário, faria com que os preços dos gêneros alimentícios fossem bem menores face ao dispêndio menor. A guisa de exemplo, um dos maiores produtores de petróleo dos Estados Unidos é o Estado do Alasca, e os equipamentos necessários à prospecção e extração do “ouro negro” são produzidos, em sua imensa maioria, no Estado do Texas. Todavia, são desse Estado levados ao Alasca por meio de imensos trens, ato/fato que barateia o transporte. Assim sendo, entendemos que o governo e as empresas deveriam, também, investir no transporte ferroviário, mormente considerando as distâncias entre os Estados produtores e nossos principais portos (Santos, Rio de Janeiro, Paranaguá-PR), além de que já o tivemos, embora não na “escala” devida e, pior, basicamente acabamos com ele.
Fernando de Oliveira Geribello
São Paulo
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QUALIDADE DO INVESTIMENTO
Não se trata apenas da quantidade de investimento realizado, mas sim de sua qualidade. Por exemplo, passar décadas a fio “investindo” bilhões em uma usina nuclear que não gera nenhuma energia, ou em inúmeras outras obras e projetos que ficam inacabados e não trazem benefícios concretos, também são contabilizados como “investimentos” na conta do PIB anual. E cada governo, ao invés de finalizar as obras já iniciadas, geralmente as ignora e tenta reinventar a roda com novas obras e projetos com sua marca, num claro sinal de falta de coerência e puro e simples desperdício dos escassos recursos públicos, com prejuízo evidente para toda a sociedade que o custeia. Enquanto o Brasil não tiver leis e rigorosas punições que garantam concretamente que os investimentos iniciados tenham absoluta prioridade em relação a novos investimentos, independentemente do governo de plantão, infelizmente continuaremos nesta calamitosa situação de subdesenvolvimento econômico e social. Tristes trópicos.
Fernando T. H. F. Machado
São Paulo
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RAZÃO DOS JUROS
Alunos no início do estudo de Ciências Econômicas também ficaram bestializados com as afirmações do presidente Lula sobre a culpabilidade do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que o desenvolvimento do País tem o freio do banco por culpa dos juros. Mesmo no terceiro mandato, Lula não se interessou em aprender a razão dos juros e suas causas. Continua com a visão rasteira do petista que culpa sempre os outros pelas suas mazelas. A propósito, foi um economista, Paul Krugman, que disse algo que cabe bem a Lula e seus fanáticos apoiadores: “É preciso ignorar deliberadamente o passado para não saber aonde isso vai dar”.
Mario Cobucci Junior
São Paulo
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CENÁRIO INCERTO PERSISTE
Lendo a notícia do Estadão Investimento deve crescer, mas cenário incerto persiste (11/3), na qual o FMI diz que o nosso país poderá sair dos medíocres 16,5% de 2023 para pífios 17,6% de investimentos neste ano, esse quadro desolador me leva a cravar que esse trapalhão e soberbo governo Lula é o maior inimigo do mercado e da economia. Desde que assumiu a gestão, entre aberrações até diplomáticas, não para de amaçar interferir nas duas empresas que mais recolhem impostos no País, e até tenta revogar a privatização da Eletrobras. Pior ainda ocorreu na nossa estatal de petróleo, em que o governo se achou no direito de exigir que a direção da Petrobras cortasse de forma insana os dividendos extraordinários que os acionistas teriam direito, sendo a maioria destes formada por trabalhadores. Não por outra razão que para a economia do País, como diz a manchete do jornal, “cenário incerto persiste”. Lula está brincando com fogo num quadro de Congresso hostil ao seu governo.
Paulo Panossian
São Carlos
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POLÍTICA DESTRUTIVA
O governo Lula quer destruir a economia de mercado no Brasil; só está tentando escolher a melhor maneira. Socorro!
Luiz Frid
São Paulo
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EQUALIZAÇÃO DAS APOSENTADORIAS
O editorial A necessária reforma do Orçamento (11/3, A3) aborda questões técnicas de difícil entendimento para o leitor: restos a pagar, emendas do relator, e sobre como tudo isso interfere de forma negativa na tentativa de gestão fiscal. São problemas sérios, mas nem sequer arranham o problema maior, que tornou os governos em todos os níveis, na maioria dos casos, meros gestores de aposentadorias. Se ainda não foi feito, é urgente que se faça a equalização do pagamento das aposentadorias, equiparando os benefícios do serviço público aos da iniciativa privada, ou seja, ao RGPS, eliminando de uma vez por todas os regimes próprios, em geral fonte dos maiores déficits. Além disso, já passou da hora de fazer valer o teto salarial; e teto é teto, considerando tudo, inclusive os penduricalhos e outras vantagens criadas espertamente para burlar esse dispositivo constitucional. Não obstante, o Judiciário não pode ver e rever a todo momento decisões que afetam o erário, gerando precatórios. Essas medidas desafiam a responsabilidade fiscal dos mandatários e, se implementadas, podem representar um fôlego para que hajam os investimentos tão cruciais para o desenvolvimento do Brasil.
Airton Reis Jr.
São Paulo
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SEGURO-DESEMPREGO
Os itens da herança maldita deixada pelo desgoverno Jair Bolsonaro continuam a surgir para pagamento pelo atual governo. Agora, são mais de R$ 6 bilhões do seguro-desemprego.
Sylvio Belém
Recife
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EXTREMA DIREITA PORTUGUESA
Parece improvável a Aliança Democrática (AD), de direita, se unir ao Partido Socialista, de esquerda, em Portugal. Porém, se o discurso de ambos contrário ao extremismo for real, poderiam experimentar o que fez a Alemanha em tempos passados com coligação semelhante que durou por um tempo e ajudou a aplacar os ânimos da extrema direita. Se a AD se curvar à sanha do poder unindo-se ao Chega!, será mais um país rumo à ruína democrática.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
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CRUCIFIXOS EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS
A respeito do artigo Estado laico, amém (10/3, A5), que trata com propriedade da separação da religião e do Estado, conforme promulgado na primeira Constituição da República, de 1891, cabe, por oportuno, sem querer polemizar nem comprar briga com a Igreja, tratar da questão dos crucifixos afixados em repartições públicas País afora. De duas uma: ou bem se retiram os símbolos cristãos desses locais, ou se colocam outros referenciais simbólicos do judaísmo, do islamismo, das religiões de matrizes africanas, entre outras com inúmeros seguidores e fiéis no Brasil. Por mais que o cristianismo católico e evangélico seja a religião predominante, a determinação constitucional deve ser respeitada e acatada. Que o Brasil continue a merecer “a proteção de Deus”, frase do preâmbulo de sua Carta Magna. Amém.
J. S. Decol
São Paulo
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ESTADO TEOCRÁTICO
Não podemos continuar assistindo passivamente ao Brasil se tornar um “Estado teocrático”, como muitos estudiosos estão advertindo sobre essa possibilidade em um curto espaço de tempo. A população, em sua totalidade, precisa ser orientada sobre os riscos e como se prevenir para não alcançar esse estágio. Cabe à imprensa livre e descompromissada o engajamento desse trabalho.
Jorge de Jesus Longato
Mogi Mirim
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OSCAR
A premiação do Oscar é uma forma que a arte cinematográfica tem de dar ao mundo um alívio, face as mazelas que vivenciamos em todo o planeta. Neste ano premiou o filme Oppenheimer, que conta a história do físico americano que criou a bomba atômica no fim da 2.ª Guerra Mundial. Essa premiação mostra como a história da humanidade é impressionantemente assustadora, servindo para que nós lutemos no futuro que está a nossa frente para influenciar nossas lideranças no sentido de pacificar os destinos que viveremos a seguir.
José de Anchieta Nobre de Almeida
Rio de Janeiro
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‘OPPENHEIMER’
Num momento como o que vivemos, de guerras e violência extrema, a decisão de premiar o filme sobre uma pessoa que usou sua cultura e conhecimentos para criar um artefato que sabidamente iria causar danos e mortes e até alterações genéticas a milhões de seres inocentes me parece de péssimo gosto e totalmente inoportuna.
Vera Bertolucci
São Paulo
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‘20 DIAS EM MARIUPOL’
Mariupol é uma cidade ucraniana a 50 quilômetros do território russo, portanto foi a primeira a ser atacada e destroçada na chamada guerra da Ucrânia. Mstyslav Chernov, diretor do documentário vencedor do Oscar 20 dias em Mariupol, disse ao receber o prêmio: “Queria nunca ter feito este filme”. E eu queria nunca ter assistido. É duro ver, sem cortes, ao vivo e en cores, bebês tentando ser reanimados, grávidas perdendo suas vidas e levando consigo o filho morto no útero, civis massacrados, hospitais bombardeados. E faço aqui uma sugestão para que uma pessoa em especial assista a 20 dias em Mariupol: o nosso irresponsável presidente da República. Lula da Silva condenou e continua condenando o que acontece na Faixa de Gaza, chegou a comparar ao Holocausto. Por que Lula da Silva escolheu a Faixa de Gaza e não a Ucrânia para expor o seu humanismo? Por que Israel é um país inimigo do atual governo brasileiro e a Rússia é comandada pelo amigo Vladimir Putin. Quem sabe ao assistir 20 dias em Mariupol o sr. Lula da Silva possa entender o seu irresponsável e perverso silêncio seletivo.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador