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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Tensão em Brasília

Enfermidade ideológica

O Brasil não é um circo e Tiririca sempre esteve errado: pior do que está fica, sim. Não bastasse o vandalismo antidemocrático de 8 de Janeiro de 2023, agora a história nacional é marcada por um ataque terrorista sem precedentes, que beira a uma espécie de patologia ideológica que relativiza tudo, até a própria vida e a de outros, em força de uma causa. Mais do que ativismo, a atrocidade revela-se imaturidade política e enfermidade ideológica. Não basta, mas é lamentável.

Luís Fabiano dos S. Barbosa

Bauru

Ódio e violência

Na quarta-feira, um “patriota” explodiu um carro e se explodiu em frente ao Supremo Tribunal Federal. Terceiro ataque violento à democracia no Distrito Federal desde dezembro de 2022. Violência, mentiras, ódio. O tempo todo. Será mais difícil defenestrar o capitão ou desarmar o manicômio do Bolsonaristão?

Carlos A. Idoeta

São Paulo

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O falso patriota

O patriota não é aquele que canta o Hino Nacional contando o dinheiro da rachadinha nem aquele que planeja jogar bombas contra seu próprio país. O atentado fracassado em Brasília deve servir de alerta para o fato de que o perigo do extremismo político continua vivo e com potencial para causar estragos e vítimas. O problema deve ser tratado com firmeza e seriedade.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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Anistia?

Se a anistia aos atos do 8 de Janeiro for aprovada por nossos congressistas, quantos serão os terroristas livres e soltos para explodir bombas nas nossas instituições e ferir até a morte a nossa tão sofrida democracia?

Fernando Pirró

São Paulo

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Reflexão

Quando alguém se mata em forma de protesto político, os Três Poderes constituídos deveriam ao menos parar para repensar sobre os seus atos.

Darci Trabachin de Barros

Limeira

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Emendas parlamentares

Um escândalo

Auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou falhas devastadoras no uso de recursos públicos provenientes de emendas parlamentares: superfaturamento, desvios de finalidade e uma completa falta de estrutura de algumas ONGs para executar os projetos (Estadão, 13/11, A8). Esses problemas vão além de falhas técnicas – são um escândalo ético que expõe uma gestão pública totalmente desvirtuada. O orçamento público, que deveria ser um catalisador de transformação social e redução das desigualdades, está sendo sistematicamente desperdiçado e desviado. A CGU trouxe números alarmantes em relação aos municípios que mais receberam emendas parlamentares: 39% das obras financiadas por emendas parlamentares nem sequer começaram! Além disso, 13 projetos estão paralisados, 75 estão em execução e apenas 69 foram concluídos. Como é possível aceitar tal descaso num país com tantas necessidades urgentes? Isso não é apenas ineficiência; é uma traição ao povo brasileiro. Em vez de cumprir sua função de promover o bem comum, as emendas parlamentares se transformaram em moeda de troca política, um instrumento para atender a acordos partidários e compromissos eleitorais. O dinheiro que deveria ser investido em saúde, educação e infraestrutura está sendo usado para fortalecer bases políticas, enquanto os brasileiros continuam à margem do desenvolvimento. Agora, mais do que nunca, o Congresso Nacional precisa agir. Recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a execução das emendas até que regras claras de transparência e rastreabilidade sejam estabelecidas. Este é o momento de retomar o comando, de devolver à sociedade o que é seu por direito e garantir que o Orçamento seja um verdadeiro motor de justiça social. O futuro do Brasil não espera – a hora de agir é agora.

Thiago Chiavegatto Iaderoza

Campinas

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Estados Unidos

O segundo governo Trump

Os nomes já anunciados para o primeiro escalão do governo de Donald Trump são muito mais reacionários e extremistas de direita do que o próprio Trump. Os EUA se encaminham para um brutal isolacionismo internacional, taxação alucinada para importações e total desdém para com relações exteriores. A China assumirá a liderança mundial por total desistência dos EUA. O Brasil deve se preparar para esta nova realidade global.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

ATENTADO EM BRASÍLIA

O suicídio de Francisco Wanderley Luiz não teve motivação política tampouco ideológica, pelo menos é o que apontam as investigações até o momento. Dar cabo da própria vida por razões pessoais é fenômeno bem conhecido que acontece todos os dias no mundo todo e é uma discussão complexa. O que é preocupante é a forma espetaculosa com que Francisco planejou sua própria morte e que, felizmente, não feriu mais ninguém. Desde 8 de janeiro de 2023 Brasília não foi nem nunca mais será a mesma. A Praça dos Três Poderes agora é um grande palco, um verdadeiro teatro a céu aberto, em que indivíduos e grupos que queiram chamar a atenção do Brasil e do mundo, o fazem sem impedimento. E não são grades de proteção ou seguranças esparsos que vão resolver o problema. As autoridades precisam repensar o acesso do público às sedes e reavaliar a própria estrutura arquitetônica dos locais. Pois não há dúvida alguma que cenas como essas vão se repetir pelos mais diversos motivos, com grande chance, infelizmente, de ferir ou matar inocentes.

Luciano Harary

São Paulo

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CLIMA DE ÓDIO

Após atentado, STF ataca proposta de anistia; PF vê grupos extremistas ativos (Estadão, 15/11, A8-A10). Espero que os lamentáveis incidentes ocorridos na Praça dos Três Poderes em Brasília sejam amplamente investigados, e que os mandantes, se existirem, sejam exemplarmente punidos. Por outro lado, é preciso que fique muito evidente que Alexandre de Moraes e companheiros de Supremo também são fomentadores do ódio político que se instalou no País nos últimos anos ao anistiar o atual presidente, condenado em três instâncias a 12 anos de prisão, e todos seus cúmplices, que poderão voltar à vida política. Espero que o ministro tenha bom senso, faça o mea culpa e assuma que tem também ampla responsabilidade pelo clima de ódio instalado no País.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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‘CRIMINOSOS NO PALANQUE’

Mais uma vez os extremistas que desejam substituir a democracia por uma ditadura no Brasil perderam. O que aconteceu no dia 13 de novembro na Praça dos Três Poderes reforça a ideia de que não se pode anistiar criminosos que atentam contra o que de mais sagrado temos: o direito de escolher os nossos governantes pelo voto. Anistiar aqueles que desejavam permanecer no Poder a qualquer custo, e que arquitetaram e fizeram de tudo para que acontecessem as barbáries do dia 8 de janeiro de 2023, é autorizar que coisas piores venham acontecer. As nossas autoridades precisam agir mais rápido. Condenem logo esses criminosos que continuam subindo em palanque semeando o ódio entre adultos e até adolescentes. Por favor, alcancem logo essa gente. Fortaleçamos mais e mais a nossa democracia. Anistia não.

Jeovah Ferreira

Taquari (DF)

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‘RADICALIZAÇÃO POLÍTICA’

Quando se chega à radicalização política de alguém cometer suicídio com um atentado terrorista por motivos políticos, essa sociedade está doente. Agora vão aparecer os salvadores da democracia radicalizando ainda mais. Para onde caminhamos?

Luiz Frid

São Paulo

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DECISÕES MONOCRÁTICAS

O Supremo Tribunal Federal (STF) precisa repensar as decisões monocráticas que devolvem às pessoas e instituições o dinheiro que elas admitiram ter obtido de forma irregular e ofendem nossa inteligência e os cofres públicos.

Tania Tavares

São Paulo

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CENÁRIO EM BRASÍLIA

Muito triste e lamentável o que está se passando no Brasil. Às vésperas da badalada COP 20, duas insanas explosões na capital federal. Haveriam outras, brilhantemente desativadas pelos especializados órgãos de segurança. Em conexão, próximo ao STF, no entorno da estátua Têmis, deusa da Justiça, um desequlibrado cidadão (lobo solitário?) atentou contra a própria vida, acionando artefatos explosivos presos ao corpo. Investigações/perícias e oportunas narrativas estão em curso, até de bem-mandadas instituições governamentais, outrora bem na fita com a sociedade. O que estão a narrar aqueles/as que vestiram a carapuça como supostos alvos? A prova está declarada no batom das cuecas usadas no dia a dia pelos supremos iluministros e demais inquilinos da Praça dos Três Poderes. Que o tamanho delas é infinitamente proporcional à soberba e à ousadia dos supremos ministros, que vestem números de manequins inadequados à nossa República, é fato. De qualquer forma, naquela volumosa roupa íntima, sempre cabe mais um (o quê?), diria algum laranja do gabinete de um parlamentar do nosso sangrento e sofrido Nordeste. A mídia internacional séria, isenta, imparcial e antenada no nosso dia a dia, está a noticiar o verdadeiro motivo dos atos do inconformado e desequlibrado camicase, carimbando seus alvos, por unanimidade. Em sintonia, os números das eleições de outubro passado atestam que o povo está careca de saber que tiro foi esse. Em terras brasilis, em que até o passado é incerto, segundo Pedro Malan, dizem, está provado para os insensíveis/parciais iluministros et caterva, que a solução não será retirar o sofá da sala. Para o bem da democracia insculpida na nossa desrespeitada Lei Maior, deixa quieto o sofá. Urge, entretanto, que se limite o uso desse assento aos inquilinos em dia com o condomínio, respeitosos à convenção que rege o seu comportamento institucional, ético, social e moral. Faxina encerrada, seguramente, a partir dali, os artefatos a serem espocados naquele logradouro serão em comemoração à vitória da democracia e, verdadeiramente, à volta da Ordem e Progresso, mandamentos do Pavilhão nacional, igualmente desrespeitados pelos excelsos inquilinos togados e por muitos detentores de mandatos a eles submissos, todos inadimplentes com os direitos e com as liberdades do povo.

Celso David de Oliveira

Rio de Janeiro

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CORTE DE GASTOS

Lula, cadê o pacote de cortes de gastos? Explosões na Praça dos Três Poderes e discussão sobre o fim da escala 6x1 não serão suficientes para tapar o sol com a peneira dos brasileiros que aguardam a publicação do pacote de cortes de gastos do governo. Explosões e/ou fim da escala 6x1 não reduzem a inflação e muito menos a taxa Selic. Para preservarmos nosso poder de compra precisamos que o governo federal faça sua lição de casa: não gaste mais do que arrecada. Talvez o governo federal não precisasse cortar seus gastos se aumentasse a arrecadação, cobrando impostos das igrejas. Fica a dica: além de aumentar a arrecadação, também pode combater a lavagem de dinheiro do tráfico e da corrupção. Aliás, por que será que nossos nobres políticos são favoráveis à isenção de impostos das igrejas? Gostaria que a Polícia Federal respondesse essa questão.

Maria Carmen Del Bel Tunes

Americana

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‘FANÁTICOS’

A extrema direita, assim como a extrema esquerda e extremas religiosas, são polos de atração de gente louca, como registra a história mundial. Os assassinos de políticos famosos são sempre fanáticos que se acham em missão divina e histórica. Esse maluco que se explodiu junto à estátua da Justiça na frente do Palácio do STF em Brasilia é um exemplo que felizmente não deu certo em sua missão de atacar membros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Era um bolsonarista avulso de Santa Catarina, um reduto da extrema direita tupiniquim, remanescente tardio do 8 de janeiro de 2021.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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ATOS DA HISTÓRIA

Esse atentado em Brasília me fez lembrar de outros ocorridos. No Rio Centro em 1980 a bomba explodiu no colo dos militares envolvidos. Entre 1986/1987, um certo capitão do exército planejava explodir bombas no reservatório Guandu e em quartéis do exército. Esse mesmo capitão entre 2019 e 2023, diariamente, ameaçava explodir o País, utilizando até a tropa da fumaça num determinado desfile. Por covarde que é terceirizou os atos. Todos esses atos têm em comum a incompetência e a covardia.

Carlos Alberto Roxo

São Paulo

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ESCALA 6x1

E um absurdo semana de quatro dias de trabalho. O Brasil é um país pobre e só crescerá com trabalho. Os custos trabalhistas são enormes, em alguns casos chega a 100% do salário. Por outro lado, o país tem melhorado muito no que diz respeito a benefícios para os trabalhadores. Uma conta simples indica que isso ocasiona para o empregador um aumento de custo de aproximadamente de 20% que terá que ser necessariamente passado para o consumidor gerando mais inflação.

Marco Antonio Martignoni

São Paulo

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JANJAPALOOZA

O Janjapalooza vai custar R$ 33 milhões das empresas estatais para o engajamento contra a fome, e não tem nem um ponto de doação de alimentos não perecíveis, dá pra entender?

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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135 ANOS DE REPÚBLICA

A República brasileira, proclamada de maneira tumultuada, abriu caminho para grupos que almejavam o poder a todo custo. Foi o desfecho de um processo que se desenvolveu mediante respaldo de parte significativa das Forças Armadas, mas com pouquíssima participação popular na então capital, o Rio de Janeiro, cujos habitantes, como todos os brasileiros, sem saber o que estava realmente acontecendo, despertaram repentinamente sob outro regime de governo e assistiram à fuga apressada para o exílio do imperador e sua família, tangidos pela nova elite. Ela lançou, assim, a semente de uma classe política que nunca contou com a confiança da população, por sua vez sempre mantida numa espécie de obscurantismo decorrente do descaso pela educação, até hoje relegada. Tal quadro propiciou, ao longo do tempo, a eclosão periódica de graves crises e a frequente necessidade de um paizão autoritário que fosse capaz de resolvê-las e promover o crescimento ocasional do País, como voo de galinha, o que, em alguns casos, ocorreu. Ao celebrar ontem seu 135.º aniversário, espera-se que a República se firme como um sistema genuinamente democrático que estimule o desenvolvimento nacional e ofereça uma vida melhor ao povo.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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SEM LUZ E ÁGUA

Recebemos a notícia de que a UFRJ teve a energia cortada por falta de pagamento desde março passado e que está prestes a ter também a água desligada pelo mesmo motivo. Logo em seguida vem a notícia de que, há dez anos, seu orçamento era superior a R$ 700 milhões, e este ano é de R$ 300 milhões, sem considerar a inflação desse período. Com a palavra, nossos governantes, por que não cortam as centenas de pessoas que participam das viagens de nosso presidente da República e não recompõem essas verbas da UFRJ?

Aldo Bertolucci

São Paulo

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UM TRUMP IMPREVISÍVEL

Conforme noticiado, o Partido Republicano dos EUA assegurou a trinca máxima no poder ao obter a maioria na Câmara dos Deputados, garantindo assim o controle da Casa Branca, do Senado e o domínio da Suprema Corte, como base para a implementação do movimento de Donald Trump Make America Great Again (MAGA). Diante do fato consumado, cabe, por oportuno, reproduzir os parágrafos finais do editorial Geopolítica na montanha-russa (Estadão, 14/11, A3): “Seu interesse por política externa e seus instintos diplomáticos são voláteis. O Trump “isolacionista” é refratário às ambições “neocons” de imiscuir o país em todo tipo de conflito em lugares distantes, mas o Trump “unilateralista” gosta de se exibir como uma figura poderosa capaz de intervir em grandes questões globais. Ele não só tem uma personalidade errática, cuja disciplina e foco estão sendo visivelmente erodidos pela idade, mas vê a imprevisibilidade como um ativo estratégico. No primeiro mandato, era mais fácil entregar essa imprevisibilidade à retórica e travesti-la de “doutrina”. Agora, ele pode ser forçado a reagir no improviso aos eventos de um mundo muito mais instável. Ninguém pode saber se suas promessas e ameaças são blefes ou convicções até o jogo começar. Mas agora o jogo é outro. Trump segue instável como sempre, mas o mundo está instável como nunca desde o pós-guerra”. Make America Trump Again. God bless America and the whole world.

J. S. Decol

São Paulo

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PERIGOS DA IA

Muito interessante e explicativo o artigo Perigos da ‘inteligência’ artificial (Estadão, 13/11, A4) de Valdemar Setzer. O ser humano gosta de exagerar sem medir bem o que diz. Sente-se inteligentíssimo ao declinar da própria inteligência e sugerir que existe uma outra superior à sua a tal ponto que vai deixar o ser humano no chinelo. Só que não. Não existe inteligência artificial, mas o termo pegou de tal forma que criou mundialmente uma forma curta de a ela referir-se: IA ou AI, dependendo do idioma. A velocidade com que a chamada IA generativa escreve textos e monta imagens a partir de milhões de dados pré-existentes e organizados, segundo dados estatísticos concatenados por excelentes algoritmos, moderníssimos e velocíssimos processadores eletrônicos, gerando coisas aparentemente, apenas aparentemente, novas, confunde-se facilmente com magia e daí para a confusão com inteligência autônoma leva milionésimas frações de segundos. Experimente pedir para um desses sistemas objetivamente descrever como se cura uma doença incurável qualquer, ou como se faz para se viver até os 200 anos de idade, e você vai se decepcionar. Certamente vai obter mais desculpas que avanços reais.

Ademir Valezi

São Paulo