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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
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Indústria

O bebê e a água do banho

Entristeço-me muito ao ler comentários como o de Celso Ming em Defunto sem atestado de óbito (Estado, 14/7, B2) sobre o “esburacado sistema de construção naval”, porque são verdadeiros. Pouco ou nada sobrou dos grandes estaleiros de construção naval onde eu trabalhei durante 35 anos da minha carreira, participando desde 1978 do estupendo esforço de levantar praticamente do zero a capacitação brasileira para projetar e construir plataformas de petróleo, com padrão de qualidade internacional. Mas, infelizmente, foi também com alto custo e baixa eficiência. Salvo uma ou outra, as plataformas projetadas e construídas aqui custaram mais caro que as feitas no exterior e demoraram muito mais para entrar em operação, o que acabou levando as petroleiras atuando aqui a levar esses empreendimentos para o Oriente. Um desastre para milhares de trabalhadores brasileiros altamente qualificados e uma enorme perda, para o País, da custosa qualificação técnica deles. Na minha opinião, jogamos fora o bebê com a água do banho. E atrevo-me a dizer, com a autoridade de quem viu e participou de muitos desses projetos de grande porte, que quem matou a nascente indústria naval brasileira foram a nossa pesada burocracia estatal e o sindicalismo pelego, ambos causando demoras e altos custos. Se outros quiserem comentar sobre esse desastre, que não se esqueçam também de apontar as causas. Ou, então, como diria Plínio, o Velho: “Ne supra crepidam sutor iudicaret” (Sapateiro, não vá além do sapato).

Alfredo Franz Keppler Neto

alfredo.keppler@yahoo.com.br

Santos

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Incentivos estapafúrdios

Em relação à matéria Depois dos carros, os eletrodomésticos (Estado, 14/7, B1), pergunto: até quando setores não inovadores ou não competitivos internacionalmente continuarão a ser beneficiados com nosso suado e cada vez mais escasso dinheiro? Se as decisões importantes da área econômica são tomadas assim, por que o governo ainda perde tempo prometendo, a uma população cada vez mais desesperançada, que a reforma tributária realmente poderá mudar o País para melhor? Infelizmente, este é o governo que temos hoje, em que incentivos estapafúrdios a carros populares, a eletrodomésticos (e sabe-se lá mais o que no futuro) correm o risco de encontrar cada vez menos consumidores com renda para adquiri-los, ou até para fazê-los funcionar. Quanto à indústria brasileira, aparentemente continua em marcha resoluta rumo ao inevitável declínio. Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

fthfmachado@hotmail.com

São Paulo

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Avisem-me, por favor

Primeiro, foi o incentivo para a compra de carros; agora, Lula da Silva quer a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos eletrodomésticos. A seguir virão os incentivos para eletroportáteis, eletroeletrônicos, vestiário infantil, artigos esportivos e fraldas descartáveis. Quando Lula da Silva sugerir à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que reveja e controle o aumento abusivo dos planos de saúde, avisem-me, por favor.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

lgtsaraiva@gmail.com

Salvador

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Dinheiro público

Salários acima do teto

Há poucos meses divulgou-se que desembargadores do Tocantins receberam rendimentos mensais entre R$ 200 mil a R$ 1 milhão. Procuradores federais, entre R$ 100 mil a R$ 400 mil. Um procurador de Justiça de Minas Gerais divulgou publicamente que era um “miserê” seu salário de R$ 24 mil. Agora, o Estadão publica as absurdas remunerações do Tribunal de Justiça de Goiás, de até R$ 170 mil, e, em alguns casos, de até R$ 400 mil. E o presidente daquele tribunal, com veemência, defendeu a permanência daqueles valores. Os Tribunais de Contas fingem que não sabem de nada e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não usa de suas prerrogativas para sustar esses absurdos. Parafraseando conhecido sociólogo, ou o Brasil acaba com as regalias do funcionalismo ou elas acabam com o Brasil!

Elias Nogueira Saade

elias.saade@yahoo.com.br

São Paulo

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CNJ

Luís Roberto Barroso

Estou tomando água benta depois de saber que a partir de outubro o mais recente mau exemplo de juiz, o ministro Luís Roberto Barroso, vai comandar o Conselho Nacional de Justiça, cuja função é punir maus juízes. Pasmem!

Walter Rosa de Oliveira

walterrosaoliveira@gmail.com

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

PEDIDO DE IMPEACHMENT DE BARROSO

A fala do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso evidencia falta de inteligência ou de caráter (’Derrotamos o bolsonarismo’, diz Barroso; Pacheco cobra retratação, 14/7, A10). Combater o bolsonarismo e lutar pela volta do condenado em três instâncias a 12 anos de prisão por crimes inquestionáveis contra a Pátria demonstra claramente o perfil tendencioso, não apenas do ministro Barroso, mas também de seus pares. Como de costume, o pedido de impeachment contra ele terminará em “pizza”.

Maurílio Polizello Junior

polinet@fcfrp.usp.br

Ribeirão Preto

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PARCIALIDADE

Luís Roberto Barroso‚ ministro do STF, famoso pelo “perdeu, Mané”, foi vaiado no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília, e mostrou sua parcialidade criticando o governo Bolsonaro. Lula da Silva e Bolsonaro são farinha do mesmo saco, e não cabe a um ministro da Suprema Corte demonstrar publicamente apreço por um e defenestrar o outro.

J. A. Muller

josealcidesmuller@hotmail.com

Avaré

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AÇÕES NECESSÁRIAS

Parabenizo o ministro Barroso, o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por terem contido o avanço de Jair Bolsonaro sobre as instituições brasileiras. Foram necessárias ações fortes e corajosas para sustar o golpe contra a democracia e a liberdade. O ex-presidente Bolsonaro deveria ter sido exonerado do cargo no primeiro dia em que ele começou a atrapalhar o combate à pandemia de covid-19. Deveria ter tido o mesmo destino do secretário de Mudanças Climáticas de São Paulo, exonerado do cargo depois de apresentar um discurso ignorante e negacionista.

Mário Barilá Filho

mariobarila@yahoo.com.br

São Paulo

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EXEMPLAR DA CONSTITUIÇÃO

A nobre ministra Rosa Weber, após as infelizes palavras de Barroso, deveria lhe dar aquele exemplar da Constituição que deu a Bolsonaro. Afinal, dizem que somos uma democracia quando interessa aos ministros do STF, cheios de mordomias e de poder.

Zureia Baruch Jr.

zureiabaruchjr@bol.com.br

São Paulo

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FALA DE BARROSO

Ou Barroso precisa de um psiquiatra ou de um bom professor de Português! A pior coisa que tem é menosprezar a inteligência alheia.

Ary Braga Pacheco Filho

ary.pacheco.filho@gmail.com

Brasília

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MOTIVAÇÕES PROTECIONISTAS

Estamos tentando negociar um acordo comercial com a União Europeia há cerca de duas décadas. Acordos comerciais são essenciais para, essencialmente, reduzir o custo de vida do cidadão. Esqueçam todo o resto. Todo liberal vai lhe dizer que motivações protecionistas raramente se justificam dentro de uma racionalidade econômica moderna. Pois bem. Nosso digníssimo presidente da República afirmou que não abre mão de manter as compras governamentais restritas a empresas brasileiras. Ora, evidentemente, do ponto de vista do contribuinte, a única coisa que interessa é reduzir o gasto do governo. Mas, para o nosso presidente da República, interessa mais manter os mercados dos cartéis dos amigos entre os amigos do que melhorar as contas do governo. Por que será?

Oscar Thompson

oscarthompson@hotmail.com

São Paulo

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SINA RETRÓGRADA

Lula, para se gabar, precisa de uma marca para seu governo. E a oportunidade está em suas mãos de liderar apoio dos países-membros do Mercosul e fechar o já engatilhado acordo com a União Europeia, bloco esse de países ricos e com quase 500 milhões de consumidores. Como divulga a imprensa, esta não é a hora de essa renegociação do acordo gerar impasse negativo entre membros do governo. Chega dessa sina retrógrada do PT de fazer o País perder o bonde da História. Portanto, longe de criar obstáculos e lero-lero, Lula precisa priorizar o Brasil, fazendo o possível para materializar o acordo comercial com a União Europeia.

Paulo Panossian

paulopanossian@hotmail.com

São Carlos

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REDUÇÃO DO PESO TRIBUTÁRIO

Chama a atenção que há manifestações que desejam a redução da tributação, mas se vê que as pessoas não entendem que só uma reforma administrativa pode levar à redução do peso tributário. Pouco depois do início de nossa Constituição, uma manobra “esperta” fez com que os 1 mil e poucos municípios se tornassem cerca de 6 mil, muitos deles com menos de 10 mil habitantes. Cada um deles implantou seu orçamento, elegeu prefeito e vereadores, contratou funcionários para as funções burocráticas, o prefeito comprou o carro do ano e os secretários da Educação e de Saúde tiveram que organizar atividades que antes eram geridas pelos municípios vizinhos, muito maiores. Essa criação de municípios custa muito caro e é praticamente impossível de ser consertada, continuaremos a pagar muitos tributos. Podemos esquecer a redução do ônus tributário.

Aldo Bertolucci

aldobertolucci@gmail.com

São Paulo

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‘SONHO DE FICAR RICO’

Passada a elação inicial pela aprovação da reforma tributária na Câmara é preciso encarar a dura realidade que está por vir. A quantidade de exceções, do jeito que está no texto, praticamente inviabiliza o referendo no Senado pois implicará numa perigosa alíquota sobre bens e serviços de 30% – acima, portanto, dos estimados 25% –, considerada inaceitável pelos senadores. Além disso, e pior, o projeto da reforma sobre a renda vai gerar uma briga de foice pois está para nascer quem queira pagar taxas sobre lucros e dividendos sem reclamar. Fato é que, sem uma boa dose de sacrifício por parte dos setores que querem sair “ilesos” da reforma, mirando apenas o próprio umbigo, não haverá como o Brasil realizar o “sonho de ficar rico” como bem afirmou o ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega (Estado, 11/7, B4).

Luciano Harary

lharary@hotmail.com

São Paulo

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REFORMA BENDITA OU DESDITA

Substituindo as bazófias bolsonaristas e o irrealismo nada mágico de Lula da Silva em tentar se projetar mundialmente, à parte a fome e a desesperança aqui reinantes, a efusividade do momento é a reforma tributária, considerada por experts como irreal e fantasiosa. No artigo Fantasias de uma reforma tributária, (13/7, A4), o economista José Serra, com sua vasta experiência de homem público, explica didaticamente, ponto a ponto, as prováveis consequências com a aprovação dessa pretensa reforma. Ao contrário do discurso otimista – e ofuscante – reinante, tanto do Executivo como no Legislativo, tudo indica que o manicômio tributário continuará a reinar por estas bandas, tendo em vista que a dita reforma permitirá que o Distrito Federal, Estados e municípios definam as respectivas alíquotas, resultando em quase 6 mil delas. No mesmo caminho, há também a previsão da formação de um Conselho Federativo composto por 54 conselheiros oriundos dos Estados e municípios, que irá operacionalizar a distribuição dessa receita tributária, e cuja metodologia será ainda definida em lei complementar. De certo e concreto, até o presente, temos definidos os privilégios tributários de determinados setores, com a redução de 60% de uma alíquota que sequer sabemos qual será. A confirmar tais previsões do articulista, a bendita reforma não passará de mais uma desdita para todos nós.

Honyldo Roberto Pereira Pinto

honyldo@gmail.com

Ribeirão Preto

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DEFORMAÇÃO TRIBUTÁRIA

Querendo agradar a todos, o relator da deformação tributária acabou dando luz a um Frankenstein, híbrido das PECs 45 e 110 que dificilmente poderá ser reformado no Senado. Dar liberdade aos Estados de estabelecer sua própria alíquota e pior ainda de instituir um novo imposto sobre commodities é inconcebível. Colocar os direitos de 5.590 municípios, 88% dos quais têm menos de 50 mil habitantes, no mesmo nível dos Estados, beira o absurdo mesmo se os 5.590 fossem consolidados administrativamente nas 555 microrregiões socioeconômicas definidas pelo IBGE.

Elie R. Levy

elierlevy@gmail.com

São Paulo

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PUBLICIDADE BRASILEIRA

A respeito da grande polêmica gerada pelo comercial da Volkswagen em comemoração aos 70 anos da montadora no Brasil, que se valeu de recursos da inteligência artificial (IA) para fazer a cantora Elis Regina, morta há 41 anos, contracenar com a sua filha Maria Rita num filme em que ambas dirigem Kombis ao som da canção Como Nossos Pais, de Belchior, cabem algumas observações. Tudo indica que houve aprovação dos filhos da cantora e de quem responde pelos direitos autorais da canção do compositor falecido, o que elimina qualquer infração na área de direitos autorais e conexos. O que causa a discussão, com destaque para o artigo A profanação da Kombi (13/7, A6), do jornalista e professor de comunicação da USP Eugênio Bucci, é o choque provocado pela nova tecnologia capaz de “ressuscitar” num passe mágico pessoas falecidas, trazendo-as “revividas” para os nossos dias, bem como as acusações que pesam sobre a atuação da Volkswagen de apoio à ditadura militar, num gritante contraste com o posicionamento contrário ao regime de exceção manifestado por Elis Regina e Belchior. O fato é que o filme em exibição nas mídias provocou grande repercussão, com lovers e haters se manifestando cada qual com a suas argumentações e razões. Faz muito tempo que a renomada publicidade brasileira, uma das mais premiadas e respeitadas nos festivais internacionais da área, não gera tamanha celeuma. Que o caso sirva para jogar mais luz sobre a revolução disruptiva que o mundo vive atualmente na nova era digital. A humanidade tem de seguir adiante em direção ao futuro, embalada pelas novas tecnologias, preservando o que as gerações passadas deixaram de melhor. Viva a tecnologia! Viva Elis e Belchior! Viva a publicidade brasileira!

J. S. Decol

decoljs@gmail.com

São Paulo

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OUSADIA CRIATIVA

Fico pasmo com a quantidade de críticas por conta de uma peça publicitária que, sejamos justos, recebeu muitos (e merecidos) elogios. Não entendo o motivo de tanta reclamação sendo que a filha da cantora participou da peça e não demonstrou qualquer incômodo. Aliás, é importante destacar, a publicidade brasileira e mundial tem em sua essência a criatividade. Não houve, por parte dos criadores e da marca anunciante, qualquer infração ética ou legal. O fato de não gostar é um direito legítimo de qualquer pessoa. Agora acusar, de forma irresponsável, uma ousadia criativa é, no mínimo, exagero. Parabéns, Volks!

Willian Martins

martins.willian@yahoo.com.br

Guararema

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HOMENAGEM AOS ARTISTAS

Amei o comercial da Volkswagen. Emocionei-me com Elis, Belchior e a música tão linda. Na minha opinião, eles gostaram de ser lembrados. Parabéns a quem criou essa homenagem à velha Kombi e aos artistas. Elis cantando com a filha foi o máximo. Quanto mau humor!

Elizabeth Pinto

bethpin52@yahoo.com

Rio de Janeiro

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CASAMENTO NÃO MONOGÂMICO

Lendo a coluna Casamento não monogâmico é solução? (14/7, C3) de Marcelo Rubens Paiva, eu me lembrei do meu pai e da minha mãe, já ambos falecidos. E fico muito feliz, e grato a eles, por terem sido fiéis um ao outro até o final de suas vidas. Um casal abençoado por Deus? Sim, com certeza, como também são abençoados todos os casais que se abrem a essa benção de Deus, a qual é sempre oferecida por Ele. Nós somos seres humanos e, diferentemente dos outros animais, temos a liberdade que nos permite ir contra os nossos instintos quando há um bem maior que nos é oferecido, no caso, o amor fiel entre um homem e uma mulher no casamento. Esse amor faz com que eles possam preterir os instintos quando estes estão em desacordo com o bem maior do amor que gera os filhos e forma uma família. E todo amor realmente verdadeiro supõe sacrifícios, os quais são necessários para vencer os instintos em prol de um bem maior.

Rogério Ribeiro

rogerio.ribeiro@daad-alumni.de

São Paulo