Governo Lula
Acordo com a Venezuela
Lula da Silva entrou definitivamente no modo desespero para tentar recuperar a aprovação popular perdida. Às vésperas do abril vermelho, mês em que tradicionalmente movimentos de sem-terra desembestam a invadir propriedades alheias no Brasil, o ditador venezuelano e usurpador de poder Nicolás Maduro anunciou a entrega, ao Movimento dos Sem Terra (MST), de cerca de 180 mil hectares de terras agrícolas expropriadas naquele país, como consequência da retomada do contato entre os dois países, após o fiasco das eleições na Venezuela, e a assinatura de um acordo bilateral de cooperação técnica em agricultura (Estadão, 15/3, A16). Não se trata de julgar o mérito do acordo em si, que pode até ser procedente, mas a eleição descaradamente fraudada provocou a revolta de diversos países, inclusive do Brasil, muitos dos quais não reconhecem o governo de Maduro, muito menos estabeleceram acordos com ele. Só que, para Lula, tudo é válido em nome de um projeto maior: o de auferir votos. Vale até vender a alma ao diabo.
Luciano Harary
São Paulo
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Atacadão de medidas
Manchete de primeira página do Estadão de 15/3: Sob Lula, Previ dá preferência a sindicalistas em indicações para empresas onde figura como sócia. Até 2023, a entidade dava maior peso a pessoas com formação em áreas como economia, administração e direito, e exigia experiência profissional em cargos de direção e de conselhos da própria Previ ou de empresas. Mas tudo mudou: desde o ano passado a empresa afrouxou os parâmetros. Passou a dar o mesmo peso a qualquer especialização e graduação e equiparou as passagens pela direção de sindicatos a experiências executivas. Em outra frente, Lula “acena à esquerda raiz e anima MST que reinicia invasões do ‘Abril Vermelho’” (Coluna do Estadão, 15/3, A2). Em Sorocaba, dividindo palanque com prefeito oposicionista, Lula entregou 789 ambulâncias e aproveitou o oba-oba para anunciar os “puxadinhos” (crédito para aumento de cômodos em casas populares) e voltar à carga com a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Não é necessário ter QI-100 para detectar qual é a verdadeira intenção desse atacadão de medidas: recuperar a popularidade. Assim, daqui até 2026, a cada enxadada virão à tona quatro ou cinco minhocas. Já aconteceu no Amapá, com os ovos exóticos, em Angra dos Reis, com o preço da gasolina e derivados, e agora no pacotão de Sorocaba. O pescador de ilusões seguirá a bater tarrafas por aí.
Sérgio Dafré
Jundiaí
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Bolsonarismo
Ato em Copacabana
Bolsonaro e Tarcísio defendem anistia em ato esvaziado e com ataques ao STF (Estadão, 17/3, A7). Para quem dizia que iria colocar 1 milhão de pessoas nas ruas de Copacabana, a presença de apenas 2% do prometido é um autêntico fracasso. Este é o apoio popular que Bolsonaro diz ter para querer se beneficiar com a anistia antes mesmo de ser condenado.
Sylvio Belém
Recife
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O discurso de Tarcísio
Triste ver um governador de São Paulo se humilhar, num evento esvaziado no Rio de Janeiro, pregando anistia aos condenados do 8 de Janeiro e apoiando um ex-presidente que tramou um golpe de Estado. Governador, tenha paciência e vergonha.
Roberto Sigaud
São Paulo
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Política
Paulo Hartung
Enfim, uma luz no fim do túnel: Paulo Hartung volta à política (Coluna do Estadão, 16/3, A2). Já pode se candidatar a presidente.
Geraldo José de Paiva
São Paulo
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‘Estadão Especial’
‘República viva’
O caderno especial do Estadão de 16/3 é um vigoroso memorial que deve ser lido por todos os brasileiros de bem e, especialmente, pelos radicais de plantão. O jornal retrata fidedignamente a evolução da República, os problemas enfrentados, as soluções adequadas e a posição do Estadão sempre em prol do Brasil nestes 150 anos. Muitos fatos guardados em nossa longeva memória vieram à tona. Foram anos difíceis e, olhando em retrospecto para tudo o que já passamos, fico com a certeza de que, apesar das dificuldades, conseguiremos vencer com galhardia e coragem os radicais irresponsáveis da atualidade. Ao fim, o especial do jornal nos fornece um alicerce para um Brasil mais próspero e com um futuro abençoado.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
ATO POR ANISTIA
Noticiados, e abalizados por especialistas, atos públicos tem sempre mais gente ou menos gente. Tudo depende dos interesses postos em jogo. Dos promotores, dos contadores e dos noticiadores. Em Copacabana, no ato pela anistia, mais uma vez, não foi diferente.
Ademir Fernandes
São Paulo
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PRESTÍGIO EM QUEDA
Esta desesperada tendência de políticos irem as ruas para trazerem grande público, nessa espécie de comício, e, assim, darem provas de prestígio, está cada vez mais complicada. Exemplo disso foi este último ato do ex-presidente Bolsonaro em Copacabana, onde pregou anistia e levou um público menor que o esperado, cerca de 18 mil pessoas, o que de certa forma mostra que seu desprestígio está aumentando.
José de Anchieta Nobre de Almeida
Rio de Janeiro
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O GUARDIÃO
A nefasta hipertrofia do STF (Estadão, 17/3, A6). Brilhante texto que questiona: para que serve o artigo 5º da Constituição Federal? Por que Lula, ex-presidente, foi corretamente julgado em primeira instância, e Bolsonaro, também ex-presidente e sem foro privilegiado, será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF)? Por que o Brasil antes exportava corrupção, e agora exporta impunidade também? Com a palavra, o STF – o guardião da Constituição Federal.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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‘INQUÉRITO DAS FAKE NEWS’
Diante do triste e lamentável aniversário de seis longos e intermináveis anos do Inquérito 4.781 – o “inquérito das fake news” – instaurado em 14 de março de 2019 pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, transformado pelo atual ministro Alexandre de Moraes num antidemocrático e condenável órgão de censura, cabe, por oportuno, reproduzir os dois últimos parágrafos do editorial O sexto aniversário do inquérito sem fim (Estadão, 17/3, A3): “Mas não demorou para que o STF enxergasse no Inquérito 4.781 um meio de controlar, de forma inconstitucional, o que pode ou não ser publicado na imprensa profissional e nas redes sociais sobre os ministros ou a própria Corte. Em português cristalino: por meio do Inquérito 4.781, o STF, garantidor maior das liberdades constitucionais, tornou-se um órgão de censura. Um mês depois da abertura do inquérito, o ministro relator já impunha censura ao site O Antagonista e à revista Crusoé porque os veículos publicaram uma reportagem, intitulada O amigo do amigo de meu pai, que implicava Dias Toffoli no acordo de colaboração premiada firmado pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht. Para lhe fazer justiça, Moraes logo reconheceu seu erro e revogou a censura aos veículos, mas o gênio já havia saído da garrafa. E assim, de abuso em abuso, de censura em censura, chega-se a quase 2,2 mil dias de uma investigação que, a despeito de sua legitimidade inicial, há muito já deveria ter sido encerrada com o indiciamento de suspeitos sobre os quais recaiam indícios de autoria e materialidade de crimes ou o arquivamento. É inaceitável, a menos que não estejamos mais sob a égide da ordem constitucional democrática, que um inquérito perdure indefinidamente – seja por sua inconsistência material, seja pela conveniência de seu relator". No lugar do tradicional e festivo Parabéns a Você, só cabe lamentar perguntar: até quando? Já basta.
J. S. Vogel Decol
São Paulo
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INFINDÁVEL INQUÉRITO
O maior exemplo de que não vivemos em um País em um Estado Democrático de Direito é o infindável inquérito, aberto de ofício, das “Fake News”. Este País, onde o arbítrio viro regra, onde a censura prévia agora é permitida, desrespeita os direitos básicos dos cidadãos. Os mesmos que bradavam sobre os métodos da Operação Lava Jato, agora aplaudem as flagrantes ilicitudes, pois, neste momento, são usadas para perseguir seus adversários políticos. Este País tem chance de dar certo?
Alfredo Papirio Cardoso de Mello Tucunduva Gomes
São Paulo
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OPERAÇÃO LAVA JATO
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, em consonância com as criaturas do bem, entra em ação para desfazer a inocência de Antonio Palocci, envolvido na Operação Lava Jato, o maior caso de corrupção brasileiro. Há um adágio popular: antes tarde do que mais tarde. Esperamos que a providência de Rodrigo Janot prospere e, com segurança jurídica, as punições da Lava Jato sejam restabelecidas, para que o Brasil deixe de ser o País onde o crime compensa. Quando esperávamos que o Brasil se tornasse o dos nossos sonhos, aconteceu o desmonte da Lava Jato devido a uma vírgula (CEP) – foi uma ducha de água fria.
Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)
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INDÚSTRIA DEFASADA
‘O mundo está em guerra. E Brasil tem indústria de ponta‘ (Estadão, 17/3, A8). Bastante equivocado (e até ingênuo) o entendimento do senador carioca, tendo em vista que o Brasil gasta muito mal o pouco que despende na área militar, a exemplo de enormes despesas com pessoal que exerce funções do século XX, que seriam inúteis para enfrentar as crescentes ameaças do século XXI. Lamentavelmente, também vemos nossas Forças Armadas aparentemente preocupadas em destinar seus preciosos e escassos recursos humanos em objetivos pouco produtivos e eficazes, a exemplo da até agora frustrada tentativa de construção de um submarino nuclear (que se arrasta desde 1978), os ainda não devidamente punidos complôs associados aos tristes acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, ou até mesmo à produção de um vídeo ridículo como o que a Marinha fez em dezembro passado. Por fim, nossa indústria em geral, e a de Defesa em particular, está bastante defasada tecnologicamente e há décadas é pouco produtiva, pouco inovadora e pouco competitiva internacionalmente. A criação de mais uma reserva de mercado para supostamente atender ao setor de Defesa seria, portanto, para usar o jargão militar, mais um tiro na água. Conclui-se que destinar mais dinheiro a uma estrutura militar defasada e obsoleta, sem uma prévia de reforma visando adequá-la minimamente aos gigantescos desafios do século XXI, somente resultará em mais desperdício de preciosos recursos e não atenderá aos reais interesses de Defesa do nosso querido Brasil. Até quando? Tristes trópicos.
Fernando T. H. F. Machado
São Paulo
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VALORES HUMANITÁRIOS
Fica cada vez mais claro perceber porque cidadãos honestos não querem adentrar na política. Eles são totalmente cooptados pela maioria dos membros nos atuais poderes, que estão tomados por gerações de políticos que estão apenas interessados em seu bem estar, família e amigos ao redor, não dando a menor chance de mudar algo. Os servidores públicos criaram uma casta de privilegiados que vivem em outro Brasil. Se começarmos hoje a mudar alguma coisa, será necessário algumas gerações para que tenhamos um País com valores humanitários que devem valer muito mais que dinheiro e poder.
Luiz Frid
São Paulo
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OVOS DE PÁSCOA
A notícia é a seguinte: preço do cacau vai lá para cima e encarece ovos de Páscoa. Agora, como é que fica o presidente da República, que vai ter de ir atrás do pilantra que está roubando os ovinhos das crianças?
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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APELAÇÃO
Com a desculpa de que a popularidade está em baixa, Lula está em plena campanha eleitoral, mas ninguém diz nada. Pelo menos, José Dirceu é mais cuidadoso ao não se declarar candidato, mesmo estando explícito. Com a popularidade em baixa, vemos um presidente fazendo de tudo para se tornar o candidato mais honesto e mais competente do País, gastando, para isso, rios de dinheiro público. Simplesmente é revoltante. Tivesse cuidado com a economia, fazendo os cortes necessários, não estaria nessa situação embaraçosa, implorando aos eleitores para que acreditem nele, cometendo gafes e mostrando o quanto ele é desrespeitoso, pra dizer o mínimo. De nada adianta falar, pois além de não entregar o que prometeu, ele sabe que o povo está sofrendo. Dor no bolso não se alivia com discurso populista. É o Brasil dando a volta por baixo.
Izabel Avallone
São Paulo
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TAXA SELIC
As bravatas de Donald Trump e sua desconsideração com a Organização Mundial do Comércio provam e expõem a mão invisível do mercado – que equilibraria eficientemente oferta, demanda e preços através da livre concorrência – impondo pela força seus interesses. Assim é o mercado brasileiro defendendo seu interesse sobre a taxa de juros. Enquanto isso, o Banco Central (BC) chancela oficialmente os vaticínios especulativos do mercado. Se não baixar abruptamente a meta da Selic, o BC poderá domar a inflação, porém colocará a economia em coma.
Fabio Gino Francescutti
Rio de Janeiro
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DONALD TRUMP
Mundo se arma contra política externa espalhafatosa e belicosa de Trump. E os EUA? (Estadão, 15/3). Donald Trump é um fanfarrão? Verdade. Pode estar dando tiros no próprio pé e trazendo consequências negativas para seu país? Provavelmente. Cabe, portanto, a todos os outros países do mundo buscarem novas alternativas no sentido de se livrarem, na medida do possível, da dependência estadunidense. É preciso, neste momento, que a imprensa foque mais na política brasileira, que está no fundo do poço, fruto de uma gestão desastrosa que nada tem a ver, por enquanto, com a “política espalhafatosa e belicosa” de Donald Trump.
Maurilio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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‘TRUMPUTIN’
Donald Trump e Vladimir Putin conseguem a proeza de formar a dupla mais odiosa do mundo. Estados Unidos e Rússia nunca tiveram dois líderes tão parecidos e tão detestados pela comunidade de nações do planeta. Ambos são nacionalistas, autoritários, imperialistas e belicistas. Ambos ambicionam invadir territórios de nações limítrofes, como nos tempos do colonialismo mais violento da história. Voltamos aos tempos de ideologias que precederam a Segunda Guerra Mundial.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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PETRÓLEO
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) contabilizou 731 acidentes com a exploração de petróleo no litoral brasileiro em 2024 – dois acidentes todo santo dia. Antes de começar a emporcalhar a Amazônia com vazamentos diários de petróleo, a Petrobras deveria apresentar um plano de ação para reduzir muito o número de acidentes, pois a empresa não pode se conformar em operar com tantos acidentes. A ideia de explorar petróleo perto do arquipélago de Fernando de Noronha deve ser vetada pelo potencial de danos ambientais irreparáveis ao ecossistema marinho mais rico e sensível do País.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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ELIS REGINA
A nossa pimentinha faria 80 anos. Elis Regina deu outro sabor à música brasileira. Com repertório amplo e capacidade ímpar de interpretação, carimbou para a eternidade o seu nome, em especial na emoção que passava cantando Belchior. Incomparável sensação, insuperável voz. Ouçam sempre, pois ela é um patrimônio nacional. Inesquecível.
Roberto Solano
Rio de Janeiro