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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
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Tragédia no RS

Todos serão importantes

A catástrofe climática no Rio Grande do Sul foi agravada por ações e omissões de agentes públicos e privados, portanto é ótimo que seja dada ênfase à solidariedade entre brasileiros, porém também é fundamental que sejam apuradas as devidas responsabilidades e, em caso de culpabilidade, as punições legais sejam executadas. É público que o governador Eduardo Leite derrubou normas ambientais e que o atual prefeito de Porto Alegre e seus dois antecessores negligenciaram a simples manutenção de comportas e bombas d’água, proteções que teriam minimizado os efeitos das cheias na capital e na região metropolitana. O setor privado também contribuiu com um processo agressivo de desmatamento urbano e rural, incentivando edificações residenciais e comerciais em Área de Preservação Permanente (APP) – o que também acontece em níveis nacional e global. Outra questão em destaque é sobre a ação do Estado em contraposição ao que tem feito a sociedade civil, o que, além de ser contraproducente, é inverídico, pois ambos estão sendo fundamentais e não são excludentes em momentos de catástrofes dessa dimensão em qualquer país do mundo. Ou alguém acredita que a população ficaria inerte, esperando de braços cruzados o Estado socorrer sozinho quase 400 municípios e mais de 1 milhão de pessoas impactadas? E vice-versa, ou seja, seria impensável o Estado delegar à população tamanho trabalho de socorro e reconstrução. O Brasil deve valorizar tanto a ação do Estado quanto a da população civil. A direita demoniza até a ação de militares, por motivos outros, enquanto a esquerda condena o setor privado, mas todos serão importantes para reerguer este Estado devastado pelas chuvas, pela ganância e pela negligência.

Sandro Ferreira

Ponta Grossa (PR)

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Reconstrução racional

Após este primeiro momento de socorro e ajuda, é indispensável uma reflexão, em todos os níveis de gestão, sobre os efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul. Para uma reconstrução racional, serão imprescindíveis os procedimentos técnicos de engenheiros, arquitetos, urbanistas, geólogos, geógrafos, climatologistas, ecologistas e outros técnicos afins. Aplicação do conhecimento certo e do modo certo para um resultado certo. Além da locução, atitude e ação. É impossível evitar eventuais tragédias naturais, mas é possível minimizá-las. Precisamos seguir, brava gente, para um progresso inteligente.

Paulo Cesar Bastos,

engenheiro civil

Salvador

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Ideias para o RS

Como projetista industrial, sugiro algumas ideias para começar a reconstruir o RS. Com as verbas disponíveis, construir de imediato fábricas de pré-moldados de concreto em terras firmes ou em Estado próximo não afetado pelas chuvas e inundações. As fôrmas modelares podem vir inicialmente de madeira apreendida na Amazônia. Depois, as definitivas seriam de chapas de aço. Projetar plantas de casas populares, escolas, hospitais, creches, prontos-socorros, centros médicos, subestações, galpões de estocagem de matéria-prima e iniciar a fabricação das peças moldadas imediatamente. Além das pré-moldadas de concreto, construir prédios pré-fabricados de perfis laminados de aço e outros pré-fabricados de perfis laminados aço com alvenaria (misto). Casas de madeira pré-fabricadas também são uma ideia. É fazer agora, não esperar as águas baixarem.

José Penteado Neto

Araraquara

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Perspectiva futura

Vamos direto ao assunto: não adianta o mundo todo doar bilhões em ajuda ao RS e os beneficiados usarem esse dinheiro para voltar para os mesmos locais e reconstruírem as mesmas edificações, nos mesmos lugares. É claro que a ajuda emergencial em termos de alimentação, produtos de higiene e alojamento é imprescindível. Mas é necessária, ainda que em termos emergenciais, a realização de um projeto, envolvendo geólogos, engenheiros, biólogos e urbanistas, para determinar a locação mais adequada do assentamento urbano, obedecendo, primeiro, à dinâmica ambiental em suas várias facetas; e, segundo, à viabilidade técnica de implantação de ocupação urbana. Sim, acho que é o homem que tem de se adaptar à natureza e regular sua ocupação antrópica. Não é a natureza que tem de se adequar à ocupação humana. Não se pode ignorar essas condições do ambiente, olhando apenas interesses econômicos imediatos e perdendo a perspectiva futura. Já ouvi falar de prefeitos recomendando dar nova localização a alguns bairros. Estes, sim, estão na perspectiva correta do amanhã.

Sueli C. V. Machado

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

SUBSERVIENTES

A votação unânime a favor da queda de 0,5 p.p. dos quatro membros nomeados por Lula na diretoria do Comitê de Politica Monetária (Copom), divergindo dos demais membros indicados por Jair Bolsonaro, que votaram pela redução de 0,25 p.p., sugere que os indicados do atual presidente foram subservientes aos seus interesses. Lula não cansa de criticar Campos Netos na gestão da política monetário do BC, e todo mundo sabe que interferências políticas e falta de seriedade fiscal são marcas registradas dos governos petistas. A partir de 2025, com a saída de Campos Neto, o governo Lula passará a ter maioria no Copom. Certamente os juros irão baixar, mas não pelo caráter técnico das decisões, e sim para satisfazer a vontade do chefão petista. O que de fato colocará em risco a credibilidade do Banco Central.

Deri Lemos Maia

Araçatuba

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MISSÃO DO BC

A missão do Banco Central é a estabilidade econômica para que haja crescimento gerando emprego e renda. Meu medo é quando dezembro chegar e ser o PT quem vai indicar o novo presidente do BC. Óh!

Tania Tavares

São Paulo

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TRAGÉDIA NO RS

Na posse do novo ministro para a recuperação do Rio Grande do Sul vimos um governador de Estado triste e abatido; ao mesmo tempo, um presidente da República alegre e sorridente. Estamos no meio de uma grande tragédia, quem está feliz merece nosso respeito?

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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CARAVANAS

As caravanas de Lula pelo País e agora pelo Rio Grande do Sul não tem tido bons resultados porque simplesmente suas falas são cheias de vingança, racismo, inverdades e o mais grave: estimula luta de raças, de classes sociais, entre outras, como quando se vangloriar de que é comunista, fora suas impróprias lisonjas. Tudo isso e mais um pouco nos leva a imaginar que ele e sua mulher estão muito mal assessorados. Imaginemos se um outro presidente da República repetisse essas sandices, já teria no mínimo sofrido um impedimento.

Leila Elston

São Paulo

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DUPLA ATRAPALHADA

Mesmo atrasando ajuda ao RS – só porque não votaram nele nas últimas eleições – Lula se explicou dizendo que tinha coisas mais importantes para fazer – mas, ao perceber o clamor negativo do seu descaso, resolveu agir tardiamente. Na verdade, há muita semelhança entre Lula e o negacionista raiz, Jair Bolsonaro. Afinal, a dupla atrapalhada tem pensamentos e atitudes idênticas, que só visam seus próprios interesses. A única diferença é que um comemorava junto ao povo com motociata e o outro faz do palanque de crise seu verdadeiro comício aos gaúchos. E, infelizmente, continua o povo brasileiro refém dessa dupla maluca e contrária ao País. Lamentável!

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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NUNCA MAIS

Não foram poucas as falas e ações equivocadas de Lula desde que ele assumiu a presidência. Não surpreende, portanto, a mais recente pesquisa Genial/Quaest que mostra que 55% dos entrevistados acham que ele não deveria se candidatar nas próximas eleições e 47% desaprova o governo. A turba bolsonarista, entre fanáticos e simpatizantes, eivada do ódio que lhe é característico, aproveitando desses dados, segue propagando a ideia de que quem votou em Lula em 2022 deveria se arrepender. Errado. Lula foi eleito pelo voto consciente dos que viram e viveram o estrago que foi o governo Bolsonaro na condução medíocre e imoral da pandemia, no manejo estapafúrdio da política externa, no seu desprezo pela cultura e pelos povos originários, a lista é interminável. O governo Lula pode até se configurar uma grande decepção, não sabemos ainda. Entretanto, Luis Inácio era a única opção no segundo turno de 2022 para defenestrar Bolsonaro. Não há arrependimento algum. E se a história se repetir: Bolsonaro ou similar, nunca mais.

Luciano Harary

São Paulo

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EXPLORAR A INFELICIDADE

Por mais que se queira ou deseje negar a ética na política, existem determinados comportamentos que esbarram no mínimo ético e assumem uma posição até de imoralidade. São, por exemplo, as ações últimas de Lula 3 com relação à grandiosa catástrofe do Rio Grande do Sul. Plantar lá no Estado a figura de Paulo Pimenta, que poderá ser candidato ao governo do Estado, e sempre falar de si quando toma as providências de socorro aos gaúchos, sem dúvida é explorar a infelicidade como palanque político. Com efeito, como cita o editorial A indecente exploração política da tragédia no RS (Estadão, 17/5, A3), é incompatível com o sofrimento dos gaúchos, merecendo o repúdio de todos eles, inclusive para a votação que seja a próxima. Ressalta-se que o fato de ser gaúcho não outorga ao sr. Paulo Pimenta direitos de manipulação da tragédia em benefício de eventual captação de votos. É mais uma no currículo de besteiras de Lula da Silva 3.

José Carlos de Carvalho Carneiro

Rio Claro

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NEGÓCIOS AFETADOS

Além de todas as tragédias que as enchentes estão provocando no Rio Grande do Sul, dois fatores da economia gaúcha estão sendo igualmente muito afetados, como são os casos do turismo e da indústria de peças de veículos, onde a região é uma importante área de produção de tais peças. Por isso, urge uma extrema atenção de todas as nossas lideranças governamentais e empresariais, no sentido de dar solução a tais dificuldades, não só para a recuperação da região, mas também para todo o País que tanto necessita dessa urgente recuperação.

José de Anchieta Nobre de Almeida

Rio de Janeiro

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SOCIEDADE ALERTA

Eliane Cantanhêde acerta ao afirmar em seu artigo que a mão pesada de Lula na Petrobras traz de volta fantasmas do PT: Abreu e Lima, Sete Brasil, Venezuela (Estadão, 17/5, A9). Faltou a articulista declinar que podemos ter também a volta do fantasma do petrolão. À época, Lula recebeu a mão pesada da Justiça, que o condenou à prisão. Atualmente, conta com o salvo conduto e demais benevolências dos anistiadores do Supremo. A sociedade civil precisa ficar alerta, uma vez que o fétido cheiro da corrupção e da impunidade volta a assombrar.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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MUDANÇA DE NOME

Depois de mudar o comando da Petrobras, pode ser que o presidente queira mudar o nome para Lulabras.

Carlos Gaspar

São Paulo

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DESONERAÇÃO DA FOLHA

O empregador daqueles 17 setores que mais geram empregos no País vive hoje – mercê de estranha decisão do governo – uma de suas maiores incertezas. Não sabe se na próxima segunda-feira, 20/5, terá de recolher a contribuição previdenciária desonerada (de 1 a 4,5% do movimento bruto de seu negócio) ou a contribuição onerada (20% dos salários pagos a seus colaboradores). Tudo porque o Congresso Nacional aprovou a prorrogação do favor fiscal – que é praticado desde 2011 – até o final de 2027, e o governo faz de tudo para derrogar a lei. Primeiro vetou a lei e teve o veto rejeitado; em seguida, editou uma Medida Provisória que o Parlamento recusou-se a tramitar porque modificava matéria já discutida, votada e aprovada. O recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), que emitiu liminar suspendendo a desoneração é o motivo da incerteza do presente. A Receita Federal já avisou esperar o recolhimento da contribuição cheia, mas um acordo Executivo-Legislativo, consturado e firmado nos últimos dias, prevê a manutenção da contribuição desonerada até o final do ano e a sua flexibilização nos próximos quatro anos, até a eliminação dos descontos ao final de 2028. O senador Efraim Filho (União/PB), já apresentou projeto nessa direção e o Parlamento deverá se mobilizar para construção dos pormenores do acordo. No entanto, para atender aos termos do acordo, a Advocacia Geral da União (AGU), autora da petição que conseguiu a liminar no STF, pediu a suspensão dos seus efeitos por 60 dias, prazo supostamente suficiente para a nova lei passar pelo Senado Federal e Câmara dos Deputados. A decisão da Corte é que deverá determinar o nível dos recolhimentos neste dia 20 e nos próximos meses, até a sanção da nova lei. A desoneração foi criada com o objetivo de proteger a economia nacional dos efeitos da crise econômica mundial de 2008, quando a bolha imobiliária explodiu nos Estados Unidos e levou problemas a toda a economia ocidental. No Brasil, a troca do regime de contribuição previdenciária é citada como geradora de mais de nove milhões de postos de trabalho que até hoje se mantém. A lei aprovada no ano passado prorrogava o benefício até o final de 2027. E o novo projeto estende os descontos até 2028, mas os torna menores a partir de 2025. A questão da desoneração previdenciária é apenas mais um dos itens em que o atual governo busca o aumento da arrecadação e tem provocado a divergência entre Executivo e Legislativo. Uma série de propostas oneradoras em diferentes tributos já foram barradas no Congresso e o governo insiste em emplacá-las ainda que parcialmente, como ocorre agora na contribuição previdenciária. Aumentar ou não os impostos é uma questão política. Quem está no governo normalmente defende o aumento das alíquotas e argumenta com o combate ao déficit publico e a necessidade de manter serviços à população. No Legislativo, a visão geral é oposta. Senadores e deputados pregam que, em vez de aumentar impostos, o que penaliza o contribuinte, o governo deveria reduzir os gastos, o que não ocorre na administração petista, que tem fama de gastadora. O que não deveria acontecer é a insegurança hoje vivida pelo contribuinte que, faltando três dias para o pagamento, ainda não sabe em que bases terá de pagar. Ainda mais. A lei de desoneração, agora em reforma, também contempla as prefeituras de menor porte, colocadas no texto como um jabuti (termo empregado em Brasília para definir a inclusão de matérias estranhas ao original). É um problema que também precisará ser resolvido.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

São Paulo

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ANALFABETISMO NO BRASIL

O IBGE divulgou os números do analfabetismo no Brasil. O que se deveria perguntar é qual é o índice de alfabetizados que realmente sabem ler e escrever, que conseguem ler uma notícia e fazer juízo dela. Ou, quantos são os analfabetos funcionais. Vou mais além, quantos são os alfabetizados funcionais que não são tão funcionais assim. Quantos brasileiros são capazes de operar máquinas automatizadas, para começar a história? Muitos dos ditos alfabetizados funcionais que trabalham na construção civil, o emprego com menor nível de exigência do mercado, executam seus trabalhos com um índice de erros que é inaceitável em qualquer país dito civilizado. A prestação de serviços, no geral, qualquer que seja, é de baixa qualidade, como o atendimento ao público e por aí vai. Este custo ao Brasil é um absurdo e, neste sentido, os números sobre analfabetismo no Brasil divulgados pelo instituto pouco ou nada significam. Vou mais longe ainda, os ditos alfabetizados e instruídos tem um grave problema de formação. A prova está no altíssimo grau de aceitar quaisquer absurdos como verdadeiros. Redes sociais que o digam.

Arturo Alcorta

São Paulo

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PREGUIÇA INTELECTUAL

Muito precisa e necessária a análise que Antonio Sampaio Dória faz no artigo intitulado Lobato: Decifra-me ou te devoro (Estadão, 17/5, A6) a qual completo com uma comparação. Monteiro Lobato era racista e Lima Barreto, misógino. A grita faz cancelar o primeiro e enaltecer o segundo, expondo a parte podre de um e escondendo a do outro. Li e leio constantemente ambos, imergi no mundo imaginário de Lobato para daí seguir para a literatura mais densa e continuo a decifrar inéditos de Lima Barreto em crônicas escondidas nas hemerotecas digitais. Ambos falam do Brasil que viram e que vivenciaram, e criar obstáculos para o completo entendimento - e deleite - de suas obras é pura preguiça intelectual. Não esconderemos suas naturezas, apenas as coloquemos no devido tempo e espaço.

Adilson Roberto Gonçalves

Campinas

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VISÃO DE LONGO PRAZO

Digam o que disserem, a Rússia de Vladimir Putin está dando um banho de resiliência e capacidade de gestão de crise. Após o chocolate da reeleição, recentes mudanças evidenciam que o chefe de governo está cercado de políticos e profissionais de alta competência, dotados de visão de longuíssimo prazo, além de inquebrantável fidelidade a seu país. São conclusões que emergem das entrelinhas do editorial A longa guerra de Putin (Estadão, 17/5, A13). Quem dera termos algo parecido por aqui. A inundação do Estado que ocupa o quinto lugar na participação no PIB brasileiro é fichinha em cotejo com os desafios enfrentados há mais de um ano pela Rússia como um Davi contra vários Golias. Enquanto as autoridades daqui batem cabeça, sobem e descem de palanques, o povo, como diria o personagem professor Raimundo, criação do brilhante humorista Chico Anísio, o povo, ó! O Rio Grande do Sul há de vencer essa batalha com a força de sua gente, o orgulho e a determinação inspiradora da saga O Tempo e o Vento.

Patricia Porto da Silva

Rio de Janeiro

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LUTO NO ESPORTE

Antero Grego e Paulo Soares, o amigão, nos proporcionaram momentos históricos no SportsCenter, na ESPN. Faziam uma dupla de apresentadores/comentaristas que nos brindaram por longos anos com muita opinião sensata e um humor inigualável. Quantas gargalhadas cheguei a dar com os dois, nos seus momentos mais icônicos, como quando o amigão falou o nome de um jogador do Tijuana, time mexicano, e pretendido pelo São Paulo: Milton Caraglio. E Antero Greco brincou: “não precisava encher a boca para falar dele”. Pois bem, hoje Antero nos deixou. O jornalismo esportivo perde um dos grandes e o amigão perde o seu contraponto.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador (BA)