Segurança pública
A PEC do governo
O atual presidente de El Salvador, Nayib Bukele, tomou posse em junho deste ano, após ser reeleito com 85% dos votos e ganhar quase todo o Congresso. Isso depois de ter construído, no primeiro mandato, uma megaprisão e declarado guerra às gangues criminosas instituindo um regime de exceção que deteve 80 mil pessoas sem ordem judicial. A sensação de segurança foi bem aprovada pela população, mas não faltaram denúncias de mortes, tortura e prisão de inocentes. Será esse o segredo para erradicar a criminalidade? Não, pois não se combate o crime à custa da democracia e dos direitos humanos. Por outro lado, a reunião do presidente Lula com governadores para discutir a PEC da segurança pública não passou de um catado de sugestões que não têm, por ora, consistência alguma. A complexidade da criminalidade no Brasil exige soluções igualmente complexas, de curto e longo prazos e, principalmente, pragmáticas. Bukelizar a questão está fora de cogitação, assim como conversar sobre o assunto e não fazer nada também está.
Luciano Harary
São Paulo
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Estrovenga
O Plano de Segurança Pública lançado pelo presidente Lula da Silva mais parece justificativa para o cargo dado ao ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que parece sonhar com um país de penitenciárias vazias. Imaginem se é viável a segurança pública, hoje atribuição de todos os Estados, à mercê do governo federal, que não consegue impedir o contrabando de drogas e armas, que passam diariamente pelas nossas fronteiras, cada dia mais abertas? Espero que o Congresso Nacional barre esta estrovenga sonhadora, para o bem da população nacional.
Beatriz Campos
São Paulo
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Caso Marielle
Assassinos condenados
Júri condena assassinos de Marielle; penas somam 137 anos (Estadão, 1º/11). Marielle Franco era uma síntese do Brasil: mulher da periferia, negra, ativista social, política e gay. Sua morte violenta e a de seu motorista marcaram o País, portanto a condenação dos assassinos representa a esperança na Justiça, que ora se fez parcialmente. Faltam os mandantes. As famílias das vítimas lutaram e continuarão em sua saga. Ponto, também, para a Polícia Federal, que atuou magistralmente e chegou a um desfecho até aqui esperado deste caso.
Elisabeth Migliavacca
São Paulo
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Ambiente
Túnel em São Paulo
O prefeito Ricardo Nunes, reeleito em São Paulo, de imediato nos apresenta um absurdo: vai reiniciar a construção do túnel que ligará a Rua Sena Madureira à Avenida Ricardo Jafet, para aliviar o congestionamento de quem vai ao litoral do Estado. Para tanto, serão abatidas 172 árvores originais da Mata Atlântica e removida uma comunidade com 150 famílias. Para abrir caminho para os carros, 78 árvores nativas devem desaparecer, além de outros 94 espécimes exóticas. Os cortes foram autorizados, mediante compensação ambiental, pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Ora, eu gostaria de saber à qual compensação se referem os técnicos dessa secretaria. Os cientistas já têm comprovado que estamos atrasados em relação ao acordo ambiental estabelecido em Paris em 2015, que prevê metas para 2030. Se a ideia é retirar uma árvore adulta de um local e levá-la para mais próximo do local de uma derrubada, não se trata de compensação nenhuma, pois evidentemente continuaremos com o mesmo número de árvores – e, se plantarmos uma nova, é claro que em 2030 ela não será igual àquela que foi abatida, em termos de contribuição na produção de oxigênio. E tudo isso para facilitar para alguns, em prejuízo da humanidade, a viagem para tomar um banho de mar?
Gilberto Pacini
São Paulo
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Sociedade
Suicídio assistido
Muito oportuna a opinião de Eugênio Bucci no Estadão de 31/10 (A5), a começar pelo título. Dignidade é o mais importante princípio constitucional, a razão de ser do Estado. Basta somar a dignidade com a consciência da finitude da vida que se alcança, de forma patente e óbvia, a legitimidade do suicídio assistido. O obstáculo é o paternalismo do Estado, no bom e no mau sentido. A proteção da vida, filosoficamente sagrada, em contraposição à tutela infantilizadora do cidadão.
Fábio Amaral de França Pereira
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
PROVOCAÇÃO
Lewandowski provoca governador do Rio sobre caso Marielle: ‘PF desvendou com sete homens’ (Estadão, 31/10). Ao meu ver, Cláudio Castro, governador do Rio, deveria também provocar Ricardo Lewandowski, perguntando por que ele próprio, ministro da Justiça, sua Polícia Federal, o Supremo e o atual governo como um todo, não conseguem também desmantelar as facções criminosas que, indiscutivelmente, são um poder paralelo que afronta o Estado Democrático de Direito. Como podemos constatar, Ricardo Lewandowski e sua trupe governamental não conseguem acabar com o crime organizado no País, e qualquer crítica irônica a Cláudio Castro, não se justifica.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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‘BURRICE NÃO COMBINA COM JUSTIÇA’
“A justiça é lenta, cega, burra, mas chega”, disse a juíza Lúcia Glioche ao proferir a sentença dos assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Desculpe discordar em parte, mas já tem muita burrice neste país, e se a Justiça também é burra, como ela diz, quem vai acreditar na Justiça brasileira? Burrice não combina com nada, muito menos com justiça.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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QUEM PRECISA?
Com a recente decisão do ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o processo do sr. José Dirceu, cabe a pergunta: “Quem precisa de um STF como esse?”
Panayotis Poulis
Rio de Janeiro
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MEIOS QUESTIONÁVEIS
Após o fracasso da esquerda nas eleições municipais, é natural que Lula da Silva comece a pensar em reorganizar o PT visando o pleito de 2026. Como parte desse processo, eis que ele faz ressurgir do ostracismo o ex-ministro José Dirceu que, fosse o Brasil um país sério, deveria estar cumprindo pena por crimes de corrupção em vez de ter tido suas condenações anuladas por uma Suprema Corte que não vê a hora de apagar a Lava Jato da história. Lula quer que Dirceu seja um intermediador político na relação do Congresso com o governo. Bem, o passado do ex-ministro não o qualifica exatamente para esta empreitada. Para começar, é difícil acreditar que ele tenha abandonado sua visão ideológica, marxista, estatizante e anti-liberal para se tornar um esquerdista mais pragmático. Além disso, e mais importante, os métodos que ele usou para articular com o Congresso no primeiro governo Lula não são nada recomendáveis. Em verdade, o Orçamento secreto, versão moderna do mensalão, precisa mesmo é ser combatido, e não reforçado em nome da articulação. A intenção de Lula é boa. Os meios é que são questionáveis.
Luciano Harary
São Paulo
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ANISTIA
Muito cuidado com a pressa em aprovar a anistia dos presos injustiçados em 8 de janeiro. Se aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) agora periga de partir para o Senado e não ser aprovada por Rodrigo Pacheco que está sempre a fim de agradar o presidente da República, mostrando ser contra a anistia dos inocentes, por motivos de obter benefícios particulares. Melhor será aguardar a eleição do próximo presidente do Senado. Com calma poderemos assistir às pessoas que serão chamadas a depor a favor dos presidiários, mostrando tudo o que foi ignorado pelo método dos que os prenderam injustamente, sem provas e sem direitos de se defender. Esperemos que a justiça prevaleça.
Leila Elston
São Paulo
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TENSÃO
Já não era sem tempo: depois de quase dois anos da trama do fracassado golpe de Estado, cresce a tensão entre auxiliares de Jair Bolsonaro e a cúpula das Forças Armadas com o indiciamento pela Polícia Federal do ex-presidente e militares no inquérito policial do golpe, previsto para a próxima semana.
Jorge de Jesus Longato
Mogi Mirim
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APOIO
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou seu apoio ao deputado federal Hugo Motta, Republicanos (PB), para a presidência da Casa nos próximos dois anos (2025/2027). A escolha desgostou outros candidatos que esperavam a indicação. Antônio Brito (União Brasil) e Elmar Nascimento (PSD), ambos da Bahia, protestaram. Como se nota, parlamentares paulistas, como de praxe, não aparecem nem na foto. O último eleito para esse cobiçado posto foi Michel Temer (2009/2010), portanto, lá se foram 14 longos anos, com mais os dois já definidos. Gostem ou não, serão 16 anos sem um comando Paulista. É muito? Nada; fichinha diante do Senado Federal que já comemorou Bodas de Diamante, 60 anos, sem nenhum representante do Estado de São Paulo na cadeira principal. O último paulista a presidir a Casa (1964/1968) foi o senador Auro de Moura Andrade, no início do Regime Militar. São Paulo não merece esse ostracismo.
Sergio Dafré
Jundiaí
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CREDIBILIDADE
O mercado, depois da enésima promessa do ministro Fernando Haddad em apresentar cortes de gastos e sempre adiar, não demonstra manter credibilidade nas afirmações do ministro.
Vital Romaneli Penha
Jacareí
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APAGAR O FOGO
Apavorado com o violento aumento do dólar, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu com extintores para apagar o fogo causado pelas falas negativas do ajuste fiscal e, consequente, sobre o aumento da gastança do governo. Enfático, disse que entende os muitos ruídos causados pelo descontrole do governo. Afinal, quase metade do mandato de Lula e continuam as mesmas cenas problemáticas no País. Na verdade, Lula ainda não está convencido de que a gastança tem suas digitais e, assim, se torna difícil encontrar investidores externos, sem falar na tal da (in)segurança jurídica, onde corruptos de plantão estão voltando à cena do crime. Chega de colocar band-aid para tapar buracos demiurguenses.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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APOSTAS ONLINE
O Brasil nunca fez nada para acabar com o jogo do bicho, atividade ilegal ligada ao tráfico de drogas e outros crimes, nunca houve nem um fiapo de vontade política para erradicar essa jogatina. Não haverá de ser diferente com as apostas online, as “bets” vieram para ficar, já movimentam bilhões de reais, serão largamente usadas para lavagem de dinheiro, vão molhar a mão de todos em Brasília, logo mais as “bets” serão controladas pelo crime organizado, trazendo grande prosperidade para todas as quadrilhas criminosas. Aqueles que perderem tudo nos jogos serão alvo fácil para ingressar nas colunas do crime organizado, refém das dívidas impagáveis. O Brasil afunda no pântano das nações criminosas. Meus cumprimentos aos envolvidos.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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MARCOLA
Sinceramente, não consigo entender por que até agora só o Marcola continua preso?
Mario Miguel
Jundiaí
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FRACASSO DA DIPLOMACIA
Como estará se sentindo o mensageiro do imperialismo americano, nome dado a Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais para a presidência da República, por Nicolás Maduro? Para os brasileiros fica clara a perda de tempo e dinheiro que o país investiu na tentativa de demover Maduro da presidência da Venezuela. Se sabia de antemão que de nada adiantaria tal missão, visto que ditadores não aceitam conselhos daqueles que o reconhecem como presidente, mas precisam fingir que são contra os atos de Maduro, inclusive estendendo tapete vermelho para o déspota. Um claro fracasso da diplomacia.
Izabel Avallone
São Paulo
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ELEIÇÕES AMERICANAS
Estamos todos acompanhando a eleição americana, pois o país líder mundial pode afetar o mundo inteiro e uma presidência desastrosa nos fará sofrer todos. O que é estranho é que os candidatos estão empatados nas pesquisas mas um dos candidatos já foi condenado por usar dinheiro público para comprar o silêncio de uma prostituta, fraudou os seus impostos de renda, declarou que a mudança climática era lenda de alguns cientistas, insuflou a invasão de janeiro de 2022 e levou para sua casa documentos secretos que não poderia ter levado. Como é possível que metade dos americanos estejam dispostos a votar nessa pessoa?
Aldo Bertolucci
São Paulo
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ENCHENTE EM VALÊNCIA
Nada mais emblemático dos tempos atuais do que a foto de capa do Estadão desta quinta-feira, 31/10. Uma rua entupida de carros empilhados por uma avalanche na tempestade do século, em Valência, na Espanha. Um retrato do mundo do século 21 em crise climática.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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INCOERÊNCIA
Não devemos ser bons e nem maus, mas coerentes e justos. No Rio de Janeiro não há plantação de coca, e nem a fabricação de fuzis de últimas gerações, capazes de abater até helicópteros. As drogas e as armas entram diariamente pelas nossas extensas fronteiras. Querer culpar o governador Castro e o seu secretariado responsável pela Segurança Pública é realmente uma incoerência e injustiça jamais vistas.
Luiz Felipe Schittini
Rio de Janeiro