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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
9 min de leitura

Política monetária

Juros mais altos

Por unanimidade, já precificada, o Comitê de Política Monetária, do Banco Central (BC), elevou a taxa Selic para 14,25% ao ano, lembrando o desgoverno Dilma Rousseff nos seus estertores. Detalhe para não passar desapercebido: o ministro Haddad minimizou a altura, mostrando que não sofre de acrofobia; já a ministra Hoffmann não desancou ninguém do Banco Central...

A.Fernandes

São Paulo

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Sufoco

Aqui estamos, diante da sinalização do BC de que teremos a taxa de juros mais alta dos últimos 20 anos. E agora, que Roberto Campos Neto não é mais o seu presidente, onde estão as línguas de aluguel do governo para criticar a política do BC? A população brasileira está sufocada com juros altos, inflação alta e péssimos serviços públicos nas áreas da saúde, da educação e da segurança. Eis o diagnóstico que explica a queda da popularidade do presidente Lula. Por que tanto gasto com publicidade para melhorar a imagem do presidente, quando os motivos da baixa aprovação do governo são conhecidos de toda a população? Ou o marqueteiro já está de fato em campanha pela reeleição?

Izabel Avallone

São Paulo

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Imposto de Renda

O projeto do governo

O PT sempre adotando medidas no melhor estilo Robin Hood, tirar dos ricos e dar aos pobres. Só que essa política não funciona, não adianta, porque a questão é que a goela do governo é um poço sem fundo.

Panayotis Poulis

Rio de Janeiro

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Crime organizado

Estado em crise

A recente proibição da entrada de carros de aplicativos em favelas no Rio de Janeiro, imposta por uma facção criminosa, expõe de maneira incontestável a falência do Estado e de suas forças diante do crime organizado. O fato evidencia a incapacidade do poder público de garantir a ordem e a segurança em áreas sob domínio de facções, onde a autoridade estatal é desafiada e humilhada. O Estado, que deveria assegurar os direitos fundamentais da população, vê-se acuado e submisso às imposições das organizações criminosas. A atuação das forças de segurança e a presença do poder público nas comunidades precisam ser urgentemente revistas, para restaurar a confiança da população nas instituições democráticas e no cumprimento da lei. O Estado está em crise.

Luciano de Oliveira e Silva

São Paulo

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Guarda armada

O Rio de Janeiro passa por momentos difíceis diante do avanço do poder dos bandidos – em muitas áreas, a única autoridade presente. Traficantes e milicianos, emoldurados por facções criminosas, disputam territórios com tiroteios que ameaçam a vida das pessoas, expostas ao fogo cruzado, e as intimidam sob a forma de restrição da mobilidade e ocupação de espaços, além de as obrigarem ao pagamento de serviços essenciais como internet e energia elétrica. É evidente a vulnerabilidade das forças de segurança constituídas, representadas pelas polícias militar e civil, para enfrentar a questão com razoável dose de êxito. Diante de tal cenário, surge a proposta do prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, impregnada de objetivos políticos ligados à próxima eleição para o governo estadual, à qual ele já se lançou informalmente como candidato: a criação de mais um grupo com poder de polícia, a Guarda Municipal armada, sobreposta à já existente, que é dotada só com cassetete. Ora, caro alcaide, o senhor realmente considera tal sugestão um instrumento eficaz para reduzir o evidente crescimento de um mal cujos tentáculos já estão na maioria dos Estados da União e ameaça o próprio País como entidade organizada?

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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Cláudio Lembo

1934-2025

Tive a honra de trabalhar com o professor Cláudio Lembo na condução das difíceis questões jurídicas da municipalidade de São Paulo. Intelectual, embora modesto, era dedicado à advocacia e à academia, culto e dotado de um fino senso de humor, conservador convicto e profundo conhecedor da história brasileira e das qualidades e dos defeitos da nossa sociedade. Um exemplo a ser lembrado como antítese da polarização e da vulgaridade política que nos atormentam. Fica a homenagem ao valoroso e já saudoso amigo e cidadão.

Celso A. Coccaro Filho

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

ALERTA AO ELEITOR

A espalhafatosa fuga do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os EUA, num movimento articulado para tentar engajar o governo americano em sanções ao País e ao Judiciário brasileiro para livrar o pai da cadeia, deveria servir de alerta ao eleitor paulista. O que figuras como Eduardo Bolsonaro e Rosângela Moro (União-SP) fizeram por São Paulo como representantes do Estado no Congresso Nacional? Quem votou neles devia cobrar um balanço da atividade parlamentar em favor do Estado que os elegeu. Cadê?

José Tadeu Gobbi

São Paulo

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EDUARDO BOLSONARO

O que devem estar pensando as pessoas que foram usadas como massa de manobra em 8 de janeiro, justamente condenadas, ao saber da fuga de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos?

Sylvio Belém

Recife

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NÃO SOMOS IDIOTAS

Eles são exímios fabricantes de fake news. Repetem uma lorota incansavelmente até transformá-la numa “verdade”, mas somente para seus seguidores. A Justiça brasileira precisa convocar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para que ele fale sobre o regime de exceção que diz ter sido implantado no Brasil pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e relatar também sobre a perseguição judicial que ele vem sofrendo. Ele está maculando a imagem do nosso país lá nos Estados Unidos. É preciso encerrar essa novela. O povo brasileiro é muito mais esclarecido do que ele pensa. Não somos idiotas. Nem perseguição judicial, nem regime de exceção. A nossa democracia está funcionando bem.

Jeovah Ferreira

Brasília

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EDUARDO NOS EUA

O deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), está morando nos EUA, pois solicitou licença não remunerada. Eduardo foi eleito no Brasil para legislar e fiscalizar, ou seja, trabalhar para o seu povo, em seu País. Defender os interesses dos seus eleitores é um compromisso de qualquer deputado, mais do que isso, é uma obrigação. Eduardo não pode trabalhar legalmente nos EUA. Qual é a origem do dinheiro que está pagando as despesas de Eduardo e de sua família nos EUA? Muito provavelmente, as autoridades americanas não têm interesse de se envolver em problemas internos do Brasil. Eduardo pretende pedir ajuda para Jair, mas vai ser rejeitado. Pelo jeito que a coisa vai, Jair Bolsonaro será encarcerado no segundo semestre deste ano, e nenhum estrangeiro poderá interferir nas decisões internas da nossa Suprema Corte.

José Carlos Saraiva da Costa

Belo Horizonte

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VARA CURTA

Acredito que o governo está cutucando o leão com vara curta, com projeto que cria IR mínimo para alta renda e taxa dividendos (Estadão, 19/3, A1). É claro que os tubarões vão chiar e, como de costume, vai sobrar para os mais fracos. A esquecida classe média levará mais uma bordoada.

Sérgio Dafré

Jundiaí

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A PRAGA

Professor Eugênio Bucci é didático em mostrar a relação da propaganda na criação do horror nazista (Estadão, 20/3, A6). Li o livro quando adolescente e colou boa parte dele nos meus anos de rebeldia, junto com Guevara e outros menos votados. Li mais tarde, já adulto e escolado, Mein Kampf: A história do Livro, de Antoine Vitkine. Este livro corrobora o que o professor escreve, como o livro foi reeditado, retirando trechos sensíveis que atrapalhariam sua divulgação em outros países, inclusive nos EUA, mas sempre mantendo suas ideias totalitárias de forma sútil. Seduzindo e encarcerando aos poucos, aproveitando brechas das crises econômicas e culminando com um surto maníaco de soluções inquestionáveis. Ao colocar sementes em qualquer solo, e preparando o terreno com adubos sedutores, a chance de sucesso é grande, já que a cultura, o entusiasmo e a espiritualidade foram minguando até sumir.

Carlos Ritter

Caxias do Sul (RS)

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DE MAL A PIOR

Nosso dia a dia está resumido a notícias de Donald Trump, Lula da Silva, Alexandre de Moraes, Bolsonaros, impostos, inflação, juros, preços de alimentos e, para piorar, eleições de 2026. De bom, só nossa capacidade de continuar lutando e achando que dias – e políticos – melhores virão.

Carlos Gaspar

São Paulo

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MISSÃO DIFÍCIL

Como noticiou o Estadão (19/03, A3), lá atrás, Leonel Brizola já dizia: “a política e o poder amam a traição”. Agora, demonstrando seu posicionamento, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas – que nega interesse no Palácio do Planalto em 2026 – pretende arrecadar os votos de Jair Bolsonaro após ouvir que seu criador só indicaria seu sucessor após a sua morte. Na verdade, todos sabem – e até Tarcísio – que Bolsonaro está inelegível e a caminho da prisão. Então, por que não aproveitar dessa situação? Para acalmar seu criador, a criatura pede perdão aos golpistas, mas, na verdade, faz figas com os dedos, em sinal de repúdio, para não ser taxado como teórico da conspiração. Afinal, todo esse jogo de cena remete, sem dúvidas, a galgar a cadeira presidencial, pois todos são iguais, como aconteceu ao demiurgo.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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GOVERNO LULA

Os juros continuam subindo, a inflação vai resistindo, a insegurança persiste aumentando e, enfim, pra resolver todos os problemas do País, escalou-se o ministro Sidônio Palmeira. Afinal, até ele sabe que “a propaganda é a alma do negócio”. Mas é aí que reside o problema do governo: o dilema informativo entre ações, fatos, e narrativas. Uma sociedade atordoada, onde o cidadão não sabe se o País vai de mal a pior ou se a mídia tradicional e as redes sociais informam cada vez melhor, definitivamente, não chegará a lugar algum.

A. Fernandes

São Paulo

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GUSTTAVO LIMA

A desistência de Gustavo Lima em concorrer a cargos eletivos em 2026 revela um fenômeno preocupante, digno de reflexão acerca das práticas políticas no Brasil. A decisão do cantor demonstra de maneira clara como a direita conservadora, em suas distintas formas, tem tentado sufocar o aparecimento de novas lideranças. Ao tentar controlar o espaço político, muitas vezes se recorre a estratégias que impedem o florescimento de alternativas autênticas e inovadoras no cenário nacional. A política, como instrumento de representação da vontade popular, deve ser aberta e plural, sem que se restrinja às velhas estruturas ou à preservação de privilégios de grupos dominantes. A candidatura de novos nomes, com discursos e propostas diferentes, é um reflexo da maturação democrática. A obstinação pela manutenção de um status quo, ao inibir essa renovação, empobrece o debate público e enfraquece a dinâmica política do País, que deve ser inclusiva e plural.

Luciano de Oliveira e Silva

São Paulo

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APARELHAMENTO

Os aparelhamentos em órgãos públicos só diferem nas frases. Uns roubam e fazem. Outros roubam e deixam roubar. É o Brasil. Temos de aprender a votar.

Tania Tavares

São Paulo

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MUDANÇA DE ENTENDIMENTO

Agora, a moda é mudar o entendimento. Antigamente, o sujeito roubava, era indiciado, julgado, condenado (às vezes até confessava o crime) e ia para a prisão. Agora, mudou o entendimento. Antigamente, era no mínimo antiético colocar esposas em Tribunais de Contas de Municípios. Agora, mudou o entendimento. Antigamente, autoridades só podiam viajar em avião da FAB à trabalho. Agora, mudou o entendimento. Antigamente, juízes e desembargadores não podiam ganhar mais do que o teto da categoria e não existiam penduricalhos. Agora, mudou o entendimento. Antigamente, quando alguém sofria um impeachment ficava inelegível por 8 anos. Agora (já faz tempo), mudou o entendimento. Antigamente, juízes só se manifestavam nos autos. Agora, mudou o entendimento. Antigamente, eu tinha respeito pela Justiça brasileira. Agora, mudei meu entendimento.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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ENXUGAR GELO

Lewandowski diz que a polícia ‘prende mal’ e o Judiciário é ‘obrigado a soltar’ os presos (Estadão, 19/3). Lewandowski, da mesma forma que seu chefe, Luiz Inácio, deu para falar abobrinhas. Se a polícia prende várias vezes um marginal por reincidência do ilícito praticado, situação que vem de longa data, a falha não é da polícia que, certamente, faz o seu trabalho baseado na legislação vigente. Todos sabem que as leis devem sofrer mudanças urgentes, propostas e implantadas pelo Judiciário, para que o jargão “a polícia prende e Judiciário solta” seja definitivamente extinto, e a polícia deixe de enxugar gelo.

Maurilio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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CONMEBOL

O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, sabia muito bem o que estava fazendo ao dizer que a eventual ausência de brasileiros na Libertadores seria algo impossível, como “Tarzan sem Chita”. Não foi ato falho, tampouco desconhecimento do significado de racismo. Foi nitidamente um ato de provocação desafiadora. Pois apesar dos protestos de vários clubes contra o racismo, desencadeados pelo evento do jogador do Palmeiras, nenhum deles sequer cogitou retirar-se da competição, o que seria a retaliação ideal pelo menosprezo da entidade pelo tema, a começar pelo seu presidente, cujas desculpas e palavras posteriores não convenceram ninguém. Combater o racismo no futebol requer atitudes, não retórica.

Luciano Harary

São Paulo

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RACIONAIS MC’S

A notícia de que o grupo Racionais MC’s recebeu da Unicamp o título Doutor Honoris Causa revela um importante ato de compromisso social e de ensino para o Brasil. Reconhecer a contribuição dos Racionais no despertar das consciências, especialmente, em vista do combate ao racismo no Brasil é mais do que justo, é premente. Introjetado na cultura brasileira, o racismo está na origem e acentua as desigualdades sociais no País. Pululam no cotidiano, nos noticiários das várias mídias, flagrantes atos racistas ou de injúria racial. Sobre igualdade de direitos, ainda temos muito que aprender. Nos Racionais, é possível observar a consciência e o engajamento do pobre preto das periferias na transformação da sua realidade social. Os rappers cantam a desigualdade e o desrespeito aos direitos humanos, a partir dentro. São eles as vítimas e seus próprios embaixadores. Em seu convincente lugar de fala, eles cantam, denunciam e anunciam a esperança a quem o sistema social chancela como perdidos. Com Racionais MC’s, a poesia, a arte e o rap assumiram, mais do que muitos, um caráter sociopolítico. A causa de honra destes rappers está, inclusive, em não desesperar diante de tanta desesperança. O Brasil tem nos Racionais mais uma cátedra onde se aprende a lutar pela justiça. Que a inconsciente branquitude, no alto da injusta pirâmide social, não renuncie a frequentar a magna aula (isto é, o legado) desses ilustres doutores.

Luís Fabiano dos Santos Barbosa

Bauru