Plano golpista
Normalidade institucional
Considero o governo Lula da Silva muito, mas muito ruim. A incompetência a meu ver se destaca principalmente na segurança pública e na economia, mas está em quase todos os setores, como saúde, educação e meio ambiente. No entanto, em um aspecto importante o governo atual é infinitamente superior ao anterior: ao acordarmos, sabemos que hoje será parecido com ontem, algo que parece pequeno, mas que só valorizamos quando estamos perto de perder – e, como a Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal, demonstrou, chegamos a correr este risco. Quem poderia imaginar que, no fim das contas, a esquerda brasileira, no geral, prezaria mais pela normalidade institucional do que boa parte dos conservadores, que escolheram o caminho da ruptura e da revolução?
André Zille
Belo Horizonte
*
Sem tergiversar
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que tenho a honra de presidir, cumprimenta este jornal pelo firme editorial Traidores da Pátria (20/11, A3), em que repudia a tentativa de golpe e de assassinato revelada nesta semana pela Polícia Federal. Nestas horas, não se pode tergiversar na defesa do Estado de Direito e no repúdio à ideia mesma de assassinar quem quer que seja. Crimes devem ser punidos com rigor.
Renato Janine Ribeiro
São Paulo
*
Muito além de uma ideia
“Pensar em matar alguém não é crime”, diz o senador da República Flávio Bolsonaro, querendo defender os amigos de seu pai que planejavam se livrar de adversários políticos: o presidente e o vice-presidente eleitos e um ministro do STF. Talvez o senador quisesse dizer que os amigos do pai nunca pensariam em executar algo absurdo assim. Mas, depois de divulgado cada detalhe do plano – os tipos de armas, as trocas de mensagem, etc. –, é impossível acreditar que tudo tenha sido apenas uma ideia. Não, era um plano de assassinato de verdade. E é claro que, no fim, todos os amigos que participaram do esquema seriam beneficiados, talvez com cargos no governo, já que, executado o plano, Bolsonaro pai poderia ter assumido a Presidência do Brasil.
Tomomasa Yano
Campinas
*
Golpe militar
A democracia verde-amarela sendo apunhalada por golpistas travestidos de verde-oliva, mancomunados com o ex-presidente. Sem anistia!
Geraldo Tadeu Santos Almeida
Itapeva
*
Bolsonaristas à espreita
Com a Polícia Federal desvendando macabro plano arquitetado por membros da alta hierarquia militar, todo cuidado é pouco para defender nossa democracia. A prisão do general Mário Fernandes e de seus asseclas, além do recente suicídio do terrorista Tiu França, é um alento, mas deve haver muitos outros bolsonaristas à espreita.
Jose Wilson Gambier Costa
Lençóis Paulista
*
Cúpula do G-20 no Rio
O papel da Igreja Católica
Acompanhei o noticiário sobre a cúpula do G-20 no Rio de Janeiro e, como cristão e franciscano secular, interessei-me especialmente pela participação da Igreja Católica no evento. Convidado pelo presidente Lula e sem poder comparecer, o papa Francisco enviou o secretário de Estado cardeal Pietro Parolin como seu representante. O cardeal leu a mensagem do papa, que dizia: “Espero que a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza possa ter um impacto significativo nos esforços globais de combate a estes males”. Em entrevista concedida a uma TV católica, o cardeal Parolin esclareceu que a função da Igreja é defender o homem em sua dignidade, os direitos mais básicos e os princípios éticos que deveriam estar na base das relações e atividades internacionais. Disse que, “se queremos ter um dever, esse é oferecer a todos um desenvolvimento justo e solidário, e assim prevenir injustiças e guerras”. Ressaltou a importância do encontro e do diálogo na construção de um mundo melhor. Mas o que mais me chamou a atenção na entrevista foram sua sinceridade e sua coragem ao fazer uma constatação crítica e dolorosa: “É o mesmo problema de sempre, as grandes declarações, os grandes documentos e, depois, as pequenas realizações”. Ao falar em nome do papa, o cardeal ressaltou a urgência de ações concretas no combate à fome, à pobreza e à desigualdade no mundo, com solidariedade global e coordenação entre as nações. Concluiu que espera incentivar quem se compromete a cumprir o que foi prometido e “nunca perder a esperança”.
João Pedro da Fonseca
São Paulo
*
Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
CHINA E BRASIL
A aproximação com a China, como preparação para o impacto das políticas de Donald Trump, poderia abrir uma oportunidade para o Brasil: já que temos grandes reservas de lítio, deveríamos parar de exportar o metal e passar a produzir baterias aqui usando know-how chinês e exportá-las para a China, que tem que incorporá-las aos veículos que produz. Seria um acordo vantajoso para ambos os países.
Aldo Bertolucci
São Paulo
*
MAIOR EXPORTADOR DE ALIMENTOS
O Brasil é o maior exportador de alimentos para a China. Nada contra produzir alimentos e exportá-los para a China e outros países, conquanto o Brasil, com o dinheiro que ganha com estas exportações e com o excesso de alimentos que produz, alimente os 8,4 a 14,8 milhões que passam fome no Brasil, segundo fontes distintas de avaliação. É um absurdo que o maior exportador de alimentos do mundo tenha milhões de seus habitantes passando fome e vivendo na miséria.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
*
REUNIÃO COM LÍDER CHINÊS
O presidente Xi Jinping se reuniu com o Lula lá e cá, vamos ver no que vai dar.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
*
TENTANDO SOBREVIVER
Com tantas divergência, ambições e ameaças na política, a grande maioria dos brasileiros não está à direita, esquerda ou centro, está tentando sobreviver no seu canto, perdido e mal pago.
Carlos Gaspar
São Paulo
*
INTENÇÃO X AÇÃO
Os que iam matar Lula ficaram na intenção. Os que deram a facada em Jair Bolsonaro praticaram a ação. Golpistas e traidores são os que roubam a Nação, os corruptos do petrolão e do mensalão.
Eugênio José Alati
Campinas
*
OPERAÇÃO CONTRAGOLPE
Os delegados da Polícia Federal estão fechando um rol de mais de 40 nomes enrolados no falido golpe de Estado, bem como ligados a premeditada matança de líderes do Executivo e do Judiciário. Segundo consta, na lista de indiciamentos se encontram os generais Braga Netto e Augusto Heleno, o ex-Abin Alexandre Ramagem, o presidente do partido PL e ex-presidiário Valdemar da Costa Neto e, sem dúvida, o ex-presidente, golpista e fujão Jair Bolsonaro, entre outros figurões. Os brasileiros boquiabertos têm certeza que essa corja de canalhas ficará de genuflexão para dizer que nada sabiam e que são inocentes. Só se espera que os ministros plantonistas de sempre, Gilmar’es, Toffoli’s e Fachin’s não estraguem a Operação Contragolpe, como fizeram – sem dó – com a exitosa Operação Lava Jato. Quem viver verá.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
*
JULGADOS E PUNIDOS
Além do nível baixíssimo das mensagens trocadas entre generais e majores golpistas e os tais kids pretos, mais essa excrescência que revela o quão equivocada é a linha de formação dos militares brasileiros, cuja desculpa para sua existência é a defesa da pátria, ficamos estarrecidos com a revelação da trama Punhal Verde Amarelo, que acaba de vir à tona graças ao trabalho da Polícia Federal. Que todos os envolvidos sejam exemplarmente punidos, e o mentor que alimentou essa e outras tramas contra o País e suas instituições desde sua chegada à presidência seja finalmente julgado e punido como já deveria ter sido feito.
Jane Araújo
Brasília
*
‘FILOSOFADA’
Luiz Roberto Barroso, autor da célebre frase “perdeu mané, não amola”, que certamente passará para a antologia literária brasileira, foi autor agora de mais uma pérola ao afirmar que as notícias sobre o suposto plano de golpe e assassinato de autoridades são “estarrecedoras e perto do inimaginável”. Rebato sua mais recente filosofada, afirmando que estarrecedora e inimaginável foi a anistia concedida por ele e seus pares de Supremo a Luiz Inácio Lula da Silva, permitindo que um condenado ficha suja não apenas participasse do pleito eleitoral para presidente, como também assumisse o cargo. Luiz Roberto Barroso, por incrível que pareça, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), continua, juntamente com alguns de seus companheiros, dando “bom dia a cavalo”.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
*
OPERAÇÃO CONTRAGOLPE
A respeito do noticiário sobre a deflagração da Operação Contragolpe da Polícia Federal (PF), que estreita o cerco jurídico em torno da efetiva participação do ex-presidente Jair Bolsonaro na fracassada tentativa de golpe de Estado em 2022, envolvendo generais da alta cúpula do Exército num macabro plano homicida de assassinato do presidente Lula da Silva, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do miniStro do STF Alexandre de Moraes, denominada Plano Punhal Verde e Amarelo, cabe dizer que as evidências enfraquecem sobremaneira a construção jurídica de defesa do capitão Bolsonaro ao consolidar o nexo de causalidade entre os fatos investigados e os atos antidemocráticos da invasão e quebra-quebra das sedes dos Três Poderes em Brasília, no fatídico 8 de janeiro de 2023. Como disse o criminalista Marcelo Crespo, da ESPM, ”as descobertas evidenciam que a invasão às sedes dos Três Poderes foi o desdobramento de uma série de ações individuais no governo Bolsonaro. Está tudo conectado e isso agrava ainda mais a situação jurídica dele. É importante lembrar que o golpe de Estado é punido pela legislação brasileira mesmo em sua forma tentada, ou seja, pelos atos preparatórios, já que, uma vez consumado, não há mais como se falar em punição. É o que ocorre nesse caso”. Justiça, sim. anistia,não.
J. S. Decol
São Paulo
*
EVITA BRASILEIRA
Janja da Silva, ao que se sabe, não tem outra atribuição oficial além de esposa do presidente Lula. No entanto, tem participado de todos atos formais da presidência, ocupando posição privilegiada, preterindo ministros de Estado, como se viu nas reuniões do G-20 no Rio de Janeiro. Como Lula tem precedentes, pois escalou Dilma Rousseff como sucessora, não seria surpresa se seu plano B para 2026 fosse a ambiciosa Janja, que no caso estaria sendo preparada para ser uma espécie de Evita brasileira.
Alberto Mac Dowell Figueiredo
São Carlos
*
LIGAÇÕES INDESEJADAS
Até quando os brasileiros vão conviver com a inconveniência de receber dezenas de ligações telefônicas indesejadas todos os dias? O mais novo golpe é o da carteira de habilitação suspensa, mas continuam as ligações de banco que não é banco nenhum, a encomenda que ficou presa nos Correios, golpes de todos os tipos, além das ligações de operadoras, empresas de crédito, disso e daquilo. Será que em outros países isso também acontece ou essa é mais uma jabuticaba, uma criação com a qualidade made in Brazil?
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
*
ESTUDANTE DE MEDICINA
Chorei aos ouvir as palavras da mãe do universitário Marco Aurélio Costa, assassinado pela Polícia Militar de São Paulo, que disse: “que atirassem nas pernas e não no peito para matar”. Socorro, se o treinamento da polícia de SP é atirar para matar estamos perdidos. Ainda bem que estavam com câmeras. Minha solidariedade aos pais.
Tania Tavares
São Paulo
*
RUAS ASFALTADAS
Moro no bairro de Moema há décadas e queria cumprimentar o prefeito Ricardo Nunes pelo recapeamento das vias, coisa que não vemos há décadas, inclusive por esse bairro ter sido um charco, o que contribui para formação de buracos e aquelas emendas horrorosas. Mas basta sair para bairros no entorno e constatar que continuam aquele rally. Fica evidente como o fluxo do trânsito corre melhor quando o asfalto é novo, sem emendas. Partindo dessa observação, sr. prefeito, como pode a cidade mais desenvolvida e rica do País continuar eternamente com essas vias absurdamente mal asfaltadas? Isso não depõe contra nós? A conferir.
Beatriz Campos
São Paulo
*
NOVA REITORA DA UNESP
Meus cumprimentos à professora Maysa Furlan pela eleição, nomeação e entrevista intitulada Nova reitora da Unesp quer mais cotas e plano contra evasão (Estadão, 27/11, A18). A primeira reitora da Unesp terá o desafio de consolidar a administração de uma estrutura multicampi que, muitas vezes, cria assimetrias entre as unidades. Os Institutos de Pesquisa e unidades complementares da universidade têm muito a contribuir, desde que sejam consolidados e atendidas suas necessidades particulares, especialmente as administrativas. Apenas não compartilho da serenidade quanto ao Orçamento, uma vez que é política explícita do atual governo o desmonte das estruturas estatais e das políticas públicas, haja vista a redução de recursos para a educação.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
*
INSEGURANÇA PÚBLICA
Insegurança faz com que 97% das mulheres temam se deslocar a pé (Estadão, 20/11, D3) Pura verdade. A violência no Brasil perdeu as regras e limites que toda criminalidade normalmente se impõe. Assaltar mulheres de baixa renda que saem para o trabalho de um ponto de ônibus de periferia, sendo que os assaltantes são vizinhos, filhos de vizinhos conhecidos, como já ouvi mais de uma vez, ultrapassa e muito o que se pode chamar de absurdo. E ninguém faz absolutamente nada, nem as autoridades, nem a própria comunidade onde vivem assaltadas e assaltantes. O medo impera. Ninguém sabe, ninguém vê, ninguém ouviu. Ontem, na porta de uma academia de bairro rico, perguntei a uma jovem onde morava para pegar um Uber. Seis quarteirões dali, respondeu ela, e não ia a pé por medo. Respostas como esta são regra. Medo. Equilíbrio e justiça social de um país só são viáveis quando a cidade oferece condições para isso. Um é reflexo e produto do outro. “São Paulo não pode parar”, velho lema dos paulistanos, da forma como vem acontecendo é bem mais que um tiro no pé. A idiotice do desenvolvimento urbano desenfreado que se vem praticando por aqui vem há muito causando distorções sociais que nos recusamos a ver. O mundo inteiro tem provas cabais que o modelo não é esse, e não é de hoje. Mas quem se interessa? Acham lindo, um progresso. Sim, continuamos progredindo para uma cidade de cada vez mais guetos, ricos, médios e pobres, onde cada um cuida do seu. Medo. O primeiro passo para qualquer futuro digno é vender a ideia que somos todos paulistanos, sem selfies. Paulistanos, não indivíduos que usurpam para si a mesma cidade, ou melhor, o mesmo espaço urbano, o seu espaço urbano. São Paulo deixou há muito de ser uma cidade. Nos recusamos ver, tudo em nome de nossa ilusória segurança individual. Deprimente e burro.
Arturo Alcorta
São Paulo