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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
9 min de leitura

Plano golpista

Contragolpe

O relatório da Polícia Federal no âmbito da Operação Contragolpe revela informações preocupantes sobre uma rede de militares articulados para fazer acontecer um golpe de Estado no Brasil. Contudo, é importante ressaltar que tal despautério não deve ser imputado ao inteiro corpo das Forças Armadas. Segundo a Polícia Federal, a rede era composta por cerca de 35 oficiais. O autêntico espírito democrático – que busca fôlego para sobreviver em nosso país – não deve admitir nem sugerir guerra entre os Três Poderes e as Forças Armadas brasileiras. O mais justo, mesmo, é o Estado Democrático de Direito permanecer impávido e ativo para desferir um contragolpe à infeliz e retrógrada ideia de que “democracia é o c...” (fala de um coronel envolvido). Para tanto, a Justiça deveria sentenciar, com as devidas provas e direito à plena defesa, que jamais nossa democracia voltará a ser violentada com o cassetete que estabelece a “ordem” ditatorial.

Luís Fabiano dos S. Barbosa

Bauru

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Ditadura

A pergunta que não pode deixar de ser feita: quem é que pretendia transformar o Brasil numa Venezuela mesmo?

Francisco Eduardo Britto

São Paulo

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Sem limites

Após a divulgação do relatório da Polícia Federal, com 884 páginas, em que se evidenciam a tentativa de golpe de Estado e o planejamento de assassinato do presidente Lula, do vice Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, causa indignação a permanência do apoio de tantos brasileiros ao chamado bolsonarismo. A soma dos absurdos cometidos não constrange boa parte da população brasileira, que continua a apoiar um projeto que não respeita os limites da lei, da democracia e do bom senso. O Brasil espera pela punição exemplar de todos os golpistas, dos bagrinhos até o tubarão líder.

Célio Cruz

Recife

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Bolsonaro ‘na roça’

Aprendi desde cedo na faculdade que no Direito Penal não há crime sem lei anterior que o defina. Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é passível de punição, pois não se consubstancia o tipo penal. À luz do artigo 359-L do Código Penal, configura crime de golpe de Estado “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”. Portanto, está claro e evidente que, de acordo com a lei, golpe de Estado pressupõe emprego de violência e da força, o que não se concretizou no caso de Jair Bolsonaro. Não há dúvida de que o ex-presidente flertou com o golpe de Estado e que a intentona só não se consumou porque a alta patente do Exército não embarcou na aventura. O plano de subverter a ordem institucional pensado por Bolsonaro e seu entorno, portanto, existiu. Só não foi posto em prática, não foi executado. Ocorre que o grande inimigo de Jair Bolsonaro se chama Supremo Tribunal Federal, cujas decisões em muitos casos recentes têm sido eminentemente políticas. Em se tratando de alguém que já chamou um dos ministros da Corte de “canalha”, alguém em sã consciência acredita em decisão técnica do ministro Alexandre de Moraes? Difícil. Tudo indica que o capitão está na roça.

Deri Lemos Maia

Araçatuba

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Crime organizado

Duas semanas depois

Ontem, sexta-feira, duas semanas depois do assassinato do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC, no Aeroporto de Guarulhos, uma força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) saiu às ruas para cumprir mandados de busca e apreensão na casa de nove policiais militares suspeitos de participarem da execução do delator. Tamanha rapidez demonstra o interesse que as autoridades têm no esclarecimento deste crime. Parece mesmo que quem realmente manda no Brasil é o crime organizado.

Aldo Bertolucci

São Paulo

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Sitiados

A imprensa brasileira nos informa que, contando com o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital, a criminalidade tem cerca de 80 organizações pelo País. A gravidade da situação aumenta, pois há muitas milícias coligadas e algumas poderosas, que contam com autoridades, de mamando a caducando e dos Três Poderes. Conclusão: estamos sitiados por bandidos e pela pobreza.

Sérgio Barbosa

Batatais

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

ELEIÇÕES DE 2022

A respeito da revelação da tentativa de golpe de Estado por parte dos assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro, concordo com o leitor Eugênio José Alati (Fórum dos Leitores, 22/11). Enquanto o atual escândalo revela um plano tramado ou engendrado, mas não executado, o verdadeiro golpe, esse sim, de fato executado, foi a anulação dos processos contra o atual presidente, que permitiu que ele concorresse às eleições de 2022. O resultado daquelas eleições, com o atual presidente vencendo o pior presidente que o País já teve, por uma minguada margem de 1,5%, demonstra que metade do País não desejava seu retorno, ainda mais por meio de um golpe.

José Roberto dos Santos Vieira

São Paulo

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ATROPELADOS

Apesar de fugir para Miami e se negar a entregar a faixa ao ex-presidiário corrupto, Jair Bolsonaro sublinhou em negrito seu nome, sobrenome, digital e foto na intenção de praticar o famigerado golpe de Estado. Mesmo contando com o apoio dos generais Braga Netto e Augusto Heleno, do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto – aquele que respondeu processo por feminicídio e foi condenado na Operação Lava Jato – dentre outros, todos acabaram sendo atropelados pelo próprio paroxismo. Na verdade, os brasileiros de bem devem comemorar a abertura da porta para entrada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas na corrida às próximas eleições presidenciais. Afinal, a olhos vistos, Tarcísio está se descolando do inelegível Jair Bolsonaro. Ora, é o Brasil se livrando definitivamente de um ex-presidiário corrupto e de um futuro presidiário golpista. Quem viver verá.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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EM APUROS

Diz o ditado popular que “cão que ladra não morde”. Bolsonaro sempre ameaçou, direta ou indiretamente, seus adversários, e agora está em apuros com a Justiça e, pior ainda, com os seus eleitores. O resumo da ópera é que ele, com suas ações e visão limitada, provou ser incompetente.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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APRESENTAÇÃO EM POWERPOINT

Os senhores listados a seguir, foram indiciados pelos crimes de abolição violente do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Ailton Barros, Alexandre Silva, Alexandre Ramagem, Almir Santos, Amauri Saad, Anderson Torres, Anderson Moura, Angelo Denicoli, Augusto Heleno, Bernardo Netto, Carlos Rocha, Carlos Pasini, Cleverson Magalhães, Estevam Oliveira, Fabrício Bastos, Filipe Martins, Fernando Cerimedo, Giancarlo Rodrigues, Guilherme Almeida, Hélio Lima, Jair Bolsonaro, José Silva, Laercio Vergilio, Marcelo Bormevet, Marcelo Câmara, Mario Fernandes, Mauro Cid, Nilton Rodrigues, Paulo Filho, Paulo Oliveira, Rafael Oliveira, Ronald Junior, Sergio Medeiros, Tércio Tomaz, Valdemar Neto, Braga Netto e Wladimir Matos Soares. Deltan Dallagnol poderia ajudar a elaborar uma apresentação de PowerPoint da suposta organização capitaneada por Bolsonaro.

José Carlos Saraiva da Costa

Belo Horizonte

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SLOGAN

Deus, Pátria e Família. O slogan que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro sempre usou em suas campanhas políticas só faltava acrescentar o Punhal Verde e Amarelo.

Virgílio Melhado Passoni

Jandaia do Sul

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UMA VEZ GOLPISTA...

Eliane Cantanhêde, nossa colunista politica maior, se superou e pintou, em uma única coluna intitulada Uma vez golpista (Estadão, 22/11, A11), o “retrato de Dorian Grey” de corpo e alma de Jair Bolsonaro, com seus ressentimentos e recalques não resolvidos, que moldaram o tenente insubordinado e o golpista anti-democrático, que quase levou o Brasil a uma insurreição armada.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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AUTOCRACIA DE PRIVILÉGIOS

A despeito de ser condenável a ideia de um golpe (arquitetado, mas não realizado) é igualmente execrável impor à sociedade uma autocracia cheia de privilégios, sem nenhum escrúpulo de fomentar desigualdade com recursos públicos, com o potencial condão de destruir a incipiente oposição à ideia majoritária formada. Penso que o cidadão não existe apenas para ficar recebendo ordens a esmo e pagando o salário de gente notoriamente despreparada para exercer uma função pública, no mínimo sem empatia social, diante de tamanha indiferença para as desigualdades que estão visíveis nas ruas. Lembrando que a falta de esperança em uma sociedade que contemple o dinamismo também gera desalento e desespero. Quem exerce uma função pública serve a priori, não manda a priori. O que mais temos visto é autoridade se esbaldando no pote do autoritarismo. Onde há disputa pelo poder pela via democrática há lutas e baixas, observem a quantidade de presidentes dos Estados Unidos assassinados. É triste, mas faz parte do jogo, e é por esse motivo que há caras instituições destinadas à proteção das autoridades. Mas parece que quem se propõe à vida pública no Brasil só quer o bônus e mais privilégios (além do teto), sem nenhum ônus. Por aqui não houve só ditadura militar, de 1964/1985, mas também o Estado Novo (Era Vargas), de 1937/1945. É preciso um plano político que caiba em um mandato e esse parece ser o nosso real problema. No entanto, quem se propõe a fazer política quer só ir ficando, ficando, exercendo o poder sem nenhum projeto a realizar, além de reproduzir velhos bordões descabidos no mundo complexo em que vivemos no século 21, incapazes de solucionar o iminente colapso ambiental e testando a resiliência do planeta.

Airton Reis Júnior

São Paulo

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MOMENTO HISTÓRICO

Vivemos um momento histórico, onde o nosso país, finalmente, tem a oportunidade de acertar contas com a história. O golpe de 1964 nunca puniu os responsáveis por mortes, desaparecimentos e torturas. Agora, foi a Polícia Federal, a Justiça, que vem apontar e indiciar pessoas que planejaram uma sórdida e extremista tentativa de golpe. Espera-se que se apure e que se puna. Não é apenas uma narrativa, obviamente. E é interessante também ver o sucesso do filme Ainda Estou Aqui neste momento, que narra uma história sobre uma vítima da ditadura. Ditadura nunca mais.

Elisabeth Migliavacca

São Paulo

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PLANO DIABÓLICO

Depois da bombástica notícia veiculada pela imprensa no exato Dia da Bandeira, 19 de novembro, que um grupo formado por verdadeiros terroristas tramaram durante o governo Bolsonaro um plano dentro do Planalto para ser executado em dezembro de 2022, após a eleição presidencial, no qual iriam, como tentaram, e, felizmente, não conseguiram, envenenar Lula e matá-lo num hospital, fuzilar o vice Geraldo Alckmin e sequestrar e explodir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais, a Polícia Federal, nesta quinta-feira, 21/11, depois de um trabalho exaustivo de quase dois anos de investigações, acaba de indiciar 37 personagens traidores desta República, entre eles o mentor do golpe de Estado, ex-presidente Jair Bolsonaro. Grupo esse formado por ex-ministros, militares da banda podre das Forças Armadas, de ex-assessores do ex-presidente, e três membros da Polícia Federal (Alexandre Ramagem, Anderson Torres e Wladimir Matos Soares, que atuava como segurança de Lula em dezembro de 2022), e o presidente do PL, literal partido do golpe, Valdemar da Costa Neto. E por esse diabólico plano contra as nossas instituições (é o que se espera), podem se condenados e pegar penas de até 30 anos. De preferência em presídios de segurança máxima.

Paulo Panossian

São Carlos

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PASSADO QUE SE REPETE

Nós em 2024: É sujeira para todo lado. Que país é esse? Legião Urbana em 1987.

Carlos Gaspar

São Paulo

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CAPRICHOS ALHEIOS

Quando alguém resolve contratar um faxineiro é praxe solicitar as referências do candidato, os antigos empregadores descrevem as qualidades e defeitos da pessoa. O Brasil inteiro sabia que Jair Bolsonaro havia saído chutado de seu emprego no exército. Na ocasião, ele estava descontente com o soldo e teve a brilhante ideia de explodir bombas nos quartéis imaginando que isso iria lhe trazer algum aumento. Como o ataque não se concretizou, Bolsonaro seguiu a vida e conseguiu se eleger deputado, passou 28 extorquindo boa parte do salário dos funcionários de seu gabinete parlamentar, esquema conhecido como rachadinha, jamais realizou qualquer coisa relevante nesses anos todos. Bolsonaro se candidatou à presidência da República e venceu a disputa contra o preposto de Lula, que estava preso, motivo que levou muitas pessoas a não votarem na chapa do PT. A catastrófica gestão de Jair Bolsonaro poderia ter sido evitada, o País poderia ter sido poupado de tudo de ruim que ele fez em absolutamente todas as áreas de seu tenebroso desgoverno. Na falsa democracia brasileira os partidos políticos escolhem os governantes sem qualquer participação da população nesse processo, depois recebem bilhões de reais a título de fundo eleitoral, fazem propaganda das nulidades escolhidas e o povo poderá então escolher o mal menor. Em algum momento o País precisará rever seu sistema político partidário, não é possível continuar refém dos caprichos dos partidos políticos que só se interessam em escolher candidatos que joguem o jogo da corrupção generalizada no governo.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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CONVULSÃO SOCIAL

País não é um barril de pólvora (Estadão, 21/11, A10). O risco existe, e não é pequeno. Não se pode esquecer que aproximadamente metade da população brasileira não aceita que Lula, condenado, ficha suja, retirado da cadeia e irregularmente anistiado, continue sendo presidente do País. Se houver decência e justiça, para que Bolsonaro seja preso, Luiz Inácio e todos seus supostos cúmplices que também foram vergonhosamente perdoados devem voltar imediatamente para a prisão.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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AGRADECER

“Tenho que agradecer porque estou vivo”, diz Lula (Estadão, 22/11, A14). Luiz Inácio Lula Soltinho da Silva tem mesmo muito que agradecer.

Arcangelo Sforcin Filho

São Paulo

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NARRATIVA

Lula declara que deve agradecer por estar vivo. A narrativa da Polícia Federal, se corresponder a verdade, leva a crer que foi graças a Bolsonaro que a suposta tentativa de golpe não prosperou. Assim, Lula, agradeça a quem de direito por lhe ter salvado a vida. Talvez também condecorando-o por defender a Constituição e a democracia.

Jorge Alberto Nurkin

São Paulo

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DEMOCRACIA DOENTE

Acredito que está mais do que na hora de ser criado o Dia da Consciência Democrática. As últimas e estarrecedoras revelações são apenas a gota que faltava. Digo isso porque falta democracia em muita gente graúda: em Bolsonaro nem se fala, mas falta democracia também em Lula e no seu partido (não é o único), o STF não fica atrás, assim como em ovelhas negras no Exército, Aeronáutica, Marinha e em uma penca de deputados, senadores, ministros de governo, governadores e prefeitos. A democracia brasileira está doente, pode não estar na UTI, mas merece cuidados intensivos. Nunca, após a nefasta ditadura nunca mais estivemos tão próximos de uma ruptura. Não é esse o país que a esmagadora maioria dos brasileiros quer.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador