Planos de saúde
Lucro das operadoras
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou em 18 de março um balanço demonstrando que as operadoras de planos de saúde tiveram lucro líquido de R$ 11,1 bilhões em 2024 – boa parte decorrente de remuneração de aplicações financeiras –, um saldo positivo de R$ 4 bilhões na diferença entre as receitas e despesas diretamente relacionadas às operações de assistência à saúde e redução da sinistralidade (porcentual das mensalidades dos planos utilizado para pagar despesas assistenciais). Resultado espetacular, sem dúvida, mas totalmente contrastante com as queixas recorrentes das operadoras sobre os custos elevadíssimos da saúde e o aumento significativo das despesas, que seriam responsáveis pela dificuldade de gestão e a redução do lucro. Se a situação melhorou rapidamente do lado das operadoras, não se pode dizer o mesmo em relação aos beneficiários, já que o ano de 2024 foi recorde em judicializações, a maioria por falta de cobertura de procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Lucro à parte, a paz entre as operadoras e os usuários ainda está longe de ser alcançada.
Luciano Harary
São Paulo
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Indústria
Sonho manufatureiro
O artigo Sonho manufatureiro de Trump é uma miragem, de Fareed Zakaria (Estadão , 22/3, A18), cai como uma luva para descrever o que também acontece com o setor industrial brasileiro, que há décadas é beneficiado com isenções, subsídios, protecionismo, crédito facilitado e reservas de mercado. Ao menos lá, nos EUA, há um enorme superávit nas transações internacionais de serviços, exatamente o oposto do que ocorre no Brasil. Para usar um termo industrial, não adianta nosso governo tentar “malhar em ferro frio” – como o ilustra magistralmente a política obsoleta e frustrada de tentar a ressuscitação do setor naval brasileiro –, se nossa indústria em geral é pouco inovadora, pouco produtiva e pouco competitiva internacionalmente. Infelizmente, os consumidores e contribuintes brasileiros, que são obrigados a pagar a salgada conta do nosso atraso industrial, são reféns dessas políticas inadequadas. Isolado e protegido em Brasília de nossa lamentável realidade cotidiana, o governo parece ter escolhido apenas empurrar com a barriga a administração do Brasil, em vez de tentar mudar minimamente nossa decadência industrial, eis que parece visar apenas a medidas populistas que o auxiliem a uma cada vez mais improvável reeleição.
Fernando T. H. F. Machado
São Paulo
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8 de Janeiro do STF
‘Isso não é justiça’
Li com interesse e inconformismo o oportuno e irretocável editorial Isso não é justiça (Estadão, 22/3, A3), que trata da desmedida condenação de 14 anos de prisão imposta pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moares à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, por ter pichado de batom a estátua da Justiça em frente ao STF com a frase “Perdeu, mané!”, de autoria do presidente da Corte. Com escusas pelo raciocínio raso, pergunto: se Débora pegar 14 anos, a quantos anos o sr. Moraes condenaria os bandidos que assassinaram o ciclista Vitor Medrado com um tiro na nuca para lhe roubar o celular?
Joaquim Quintino Filho
Pirassununga
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A quem recorrer?
Com assombro e estarrecimento li o editorial Isso não é justiça (Estadão, 22/3, A3), e esses sentimentos certamente perdurarão. Até um dos jornais de maior credibilidade do País, senão o maior, corre o risco de ter suas palavras lançadas ao vento (assim como estas aqui). Pergunto: a quem recorrer diante de tamanho descalabro? A sra. Débora Rodrigues dos Santos, por sua ignorância – e aqui falo não em tom de ofensa, mas como constatação pessoal –, tocou simultaneamente em dois vespeiros: o governo da situação e o Olimpo judicial. Por isso, recebe uma pena duplamente qualificada de fato e quintuplamente qualificada nos autos. Para fechar, é importante tirar das entrelinhas e colocar nas linhas: a pena exagerada tem como pano de fundo um país e um povo que costumam dar de ombros para seu patrimônio histórico. Conclamemos a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para que dê seu parecer.
Renan Pinto
São Paulo
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Pena justa
Uma pena justa à pichadora Débora seria condená-la a, por um ano, lavar monumentos públicos semanalmente, em Brasília ou em sua cidade de residência.
Roberto Szabunia
Joinville (SC)
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
NOMEAÇÃO DE MINISTROS
Este caso abordado pelo Estadão, intitulado CVM investiga nomeação de ministros de Lula para conselho de multinacional (Estadão, 18/3, A6), não se trata da primeira vez e não será a última. As nomeações dos ministros Carlos Lupi (Previdência – INSS), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Vinicius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União – CGU) para ocupar cargos no Conselho de Administração da Tupy, uma metalúrgica multinacional com ações negociadas na Bolsa de Valores, se não irregular, é dispensável a escolha dos ministros pelo presidente Lula que poderia optar por profissionais graduados em Administração, Ciências Contábeis, Economia, Direito e Engenharia, mais capacitados para serem membro de Conselhos. Se ao presidente interessa tê-los no Conselho de Administração da Tupy, então melhor seria que eles sejam substituídos de seus ministérios e não nesta situação de acumulação de cargos e funções remuneradas duplamente, que nada impede o recebimento de valores. Na verdade, esses ministros sem formação e experiência para exercer o cargo, aceitam o convite por puro interesse do dinheiro: R$83 mil mensais, e que se dane o mundo. Lamenta-se apenas que, todas as instâncias de órgãos do governo ouvidas para opinarem a respeito das nomeações, nada encontraram de irregularidades ou ilegalidades, sendo favorável a aprovação das nomeações. Isso se não for lamentável e desrespeitoso aos leitores do Estadão e a toda a Nação, é, no mínimo, ridículo, grotesco e estapafúrdio. Mas vale aqui dizer que o grande responsável por absurdos como esse e outros equivalentes, como demonstrado na reportagem de sábado, 15/3 com o título Previ Afrouxa Regras para Indicações (Estadão, 15/3, B1 e B2), não é outro, mas os membros do Congresso Nacional que pouco se lixam para essas situações, para procederem da mesma forma com suas indicações políticas.
Jorge Atique Cury
Barretos
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DESCRÉDITO
A escalada de ameaças perpetradas contra ministros do Supremo Tribunal Federal por seguidores do conservadorismo de direita não se resume a agressões individuais, mas representa, em sua essência, um atentado frontal às garantias fundamentais insculpidas na Constituição da República. A independência do Poder Judiciário constitui um pilar inegociável do Estado Democrático de Direito, e qualquer tentativa de intimidação dirigida a seus integrantes traduz uma investida autoritária contra a ordem constitucional. A liberdade de expressão, direito inalienável em uma sociedade democrática, não alberga a violência, o discurso de ódio ou a supressão das instituições republicanas. Quando magistrados são alvejados por ameaças em razão do fiel cumprimento de sua missão constitucional, não se ataca apenas a jurisdição, mas também a própria cidadania, pois o Supremo Tribunal Federal é o guardião último dos direitos e liberdades de todos. A erosão da democracia começa pelo descrédito de suas instituições.
Luciano de Oliveira e Silva
São Paulo
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FERNANDO HADDAD
O ministro Haddad quer ser o novo Robin Hood e tirar dos ricos para dar aos pobres, com uma única intenção: colher votos para a reeleição do Lula. Faltou combinar com os ricos, que, espertamente, vão tirar o dinheiro do País.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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CRÍTICA
Haddad critica pesquisa que mostra aprovação em queda e compara com levantamento em ‘mesa de bar’ (Estadão, 20/3). O sofrível ministro da Fazenda, ao que tudo indica, está sendo pago para também blindar Lula da Silva, sugerindo que a sociedade não tenha acesso aos números negativos de sua gestão, criticando institutos de pesquisa e a imprensa que publica os resultados. Esquece ainda que seu patrão propôs resolver a guerra entre Rússia e Ucrânia, tomando umas geladas na mesa de um bar. Passou da hora de Haddad pegar seu banquinho e sair de fininho.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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CRÍTICAS AO BC
Lula da Silva, o ser mais honesto que já pisou na face da terra, o melhor presidente que o Brasil já teve e que nunca terá outro igual, atacava diariamente o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem chamava de anti-Brasil. Agora, indicado por Lula da Silva, lá está Gabriel Galípolo à frente do Banco Central. Nas duas reuniões do Copom deste ano, Galípolo continuou com a mesma orientação que vinha sendo dada por seu antecessor, ou seja, aumentar a Selic em função da inflação que não para de subir e das incertezas causadas pelo governo de plantão. Chega-se à conclusão de que o anti-Brasil não era bem Roberto Campos Neto, muito menos Gabriel Galípolo. Alguém se arrisca a dizer o nome?
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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SELIC
Subiu para 14,25% ao ano, dado ao aumento de mais 1%, e o presidente Lula não reclamou, ou mesmo condenou o atual presidente do Banco Central a estar contra o Brasil, como fazia anteriormente com Roberto Campos Neto. Por que será? Me permito admitir que o rancor do Lula era contra o avô do ex-presidente. Rancor este típico dos petistas, normalmente contra todos aqueles que fizeram algo de bom ao País, como as ações do finado avô, entre outras junto ao mercado financeiro, quando exerceu o Ministério do Planejamento no governo militar.
Mario Cobucci Junior
São Paulo
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REPÚBLICA
Lula diz que não permitirá que o Brasil seja uma República de ladrões de celular. Já como República de ladrões de dinheiro público...
Luiz Frid
São Paulo
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CÂMERAS POLICIAIS
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, parece que está atento à criminalidade que tomou conta desse país, e por meio das câmeras Smart Sampa, tem colhido bons frutos, identificando ladrões e assassinos. Agora, tomou uma medida bastante inovadora: colocar câmeras nas motos da polícia da Guarda Metropolitana. Sem dúvida, elas ajudarão a identificar os que estão fora da lei, inclusive, motoqueiros que não andam nas faixas e trafegam sem respeitar os sinais de trânsito. Aproveitando esse espaço, gostaria de relatar que essa semana, um idoso ao descer de um ônibus ficou com uma perna para fora enquanto o corpo ficou para dentro. O motorista só parou quando o idoso gritou, mas esse motorista sequer foi perguntar se estava tudo bem com aquele senhor. O prefeito deveria intensificar a fiscalização nos ônibus a fim de multar esses maus profissionais.
Izabel Avallone
São Paulo
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LADRÕES DE CELULARES
O Brasil virou uma República de ladrões de celulares. Enquanto os receptadores não forem presos e condenados, esse mercado vai continuar sendo forte. Os bandidos estão tão tranquilos, que, primeiro atiram no cidadão, e depois roubam o celular. O ministro de Justiça acha que a polícia prende mal, porém, se o governo quisesse resolver parte do problema, deveria acabar com as saidinhas. Como é possível aceitar o diagnóstico do Ministério da Justiça quando diz que a polícia prende mal e se sabe que um ladrão é preso 98 vezes? Comenta-se que a PEC da segurança vem sendo engavetada por Rui Costa. Sabendo que seu Estado, a Bahia, é considerado o mais violento do Brasil, qual interesse tem o ministro da Casa Civil de não deixar a PEC avançar?
Luciana Lins
Campinas
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FALA DO MINISTRO
O senhor ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, voltou a dizer que a Justiça solta porque a polícia prende mal, repetindo o que dissera em meados de fevereiro, o que me motivara a escrever um comentário, publicado entre as cartas selecionadas. Como sua excelência repete o que disse, repito eu também a dizer que: “certamente, o ministro desconhece a opinião dos brasileiros vítimas diárias dos criminosos. A lei, senhor ministro, que protege o crime, torna fácil liberar os criminosos, sem falar que, segundo notícias, o governo pretende esvaziar as cadeias.”
Paulo T Juvenal Santos
São Paulo
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OFUSCADOS
O sucesso da volta dos astronautas é ofuscado pelo uso político de Donald Trump e Elon Musk ao criarem narrativas sobre a situação que levou a missão a durar meses em vez de dias. Nada muito diferente do que estão fazendo em outras áreas das ciências, colocando um antivacina na administração da saúde e propalando a divulgação de documentos históricos sobre a morte de JFK, que, aparentemente, pouco ou nada acrescentam ao que já se conhece. Apenas alimentam teorias de conspiração, uma vez que a extrema direita vive de mentiras, quaisquer que sejam.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas
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NETANYAHU
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, já condenado por corrupção e crime de guerra pelo Tribunal de Haia, pelo jeito não está preocupado com a volta dos 55 últimos sequestrados (boa parte já sem vida) em poder do Hamas. E menos ainda de um cessar-fogo definitivo na Faixa de Gaza. Se estivesse preocupado, não teria voltado a atacar de forma brutal com seu exército a Faixa de Gaza, que no primeiro ataque pós acordo de cessar-fogo, somente num dia matou mais de 400 palestinos, e um gato pingado de líderes do Hamas. Sem falar que nesta guerra insana, além dos 1.200 israelenses brutalmente assassinados pelo Hamas, o exército de Netanyahu, impiedosamente, deixa um rastro de milhares mortos no Líbano, incluindo mais de 55 mil palestinos, a maioria inocentes. Além do triste saldo de milhares de feridos, mutilados e sem eira nem beira. E agora que tem ao seu lado um incendiário e grande aliado como o presidente do EUA, Donald Trump, esse primeiro ministro de Israel, certamente, menos ainda ouvirá os clamores do povo pelo fim dessa guerra e volta dos últimos sequestrados.
Paulo Panossian
São Carlos
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PENDURICALHOS
Penduricalhos são parte da desigualdade do País (Estadão, 17/3, B5). Excelente artigo do economista Pedro Fernando Nery, que volta a ser colunista do Estadão.
Cleo Aidar
São Paulo
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ELIS REGINA
Na semana em que a pimentinha Elis Regina comemoraria 80 anos de vida (17 de março), cabe dizer da saudade e da falta que faz a maior cantora do Brasil e uma das melhores intérpretes mundiais, do mesmo quilate de Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Aretha Franklin, entre poucas outras. Como dizia a baixinha e gauchinha invocada: ”Quando sou doce, sou doce. Senão, sou mais ardida que pimenta”. Viva Elis Regina (Rainha).
J. S. Vogel Decol
São Paulo