Violência
Delegado assassinado
Caminhar pelas ruas da cidade de São Paulo pode ser uma sentença de morte. Foi o que aconteceu no sábado com o delegado de polícia Mauro Guimarães Soares, que foi morto numa tentativa de assalto na Vila Romana, quando caminhava pela rua onde morava (Estadão, 22/9, A20). O que impressiona neste caso é que o assaltante, segundo consta, já foi preso em flagrante outras vezes pela prática de roubo patrimonial com uso de arma de fogo, mas estava solto cumprindo pena em regime domiciliar.
J. Francelino do Nascimento
São Paulo
*
PAD
Segundo reportagem do Estadão, o assassino do delegado Mauro Guimarães Soares foi sentenciado, em agosto de 2020, a 7 anos e 9 meses de prisão em regime fechado, mas ganhou da Justiça o direito à prisão albergue-domiciliar (PAD), um tipo de prisão domiciliar que, de acordo com a Lei de Execução Penal, não se aplicaria a ele, que tem 24 anos e é reincidente: já cometeu diversos crimes e foi preso em flagrante outras quatro vezes. Pergunto: como pode um juiz que honra sua posição olhar-se no espelho sabendo que sua decisão provocou a morte de um inocente?
Oscar Seckler Müller
São Paulo
*
Eleição municipal
Descompromisso partidário
A campanha eleitoral em curso deixa em evidência o domínio do fisiologismo no cenário político nacional. Indício marcante dessa avaliação é quando candidatos anunciam seu número na propaganda do horário eleitoral, mas sem mencionar a legenda partidária a que estão filiados. O descompromisso partidário parece um dos frutos da injustificável proliferação de agremiações sem definição e/ou divulgação de respectivo programa partidário. Enquanto isso, ideologias como a do “bandido bom é bandido morto” continuam sendo exploradas por oportunistas de plantão.
Antonio Francisco da Silva
Rio de Janeiro
*
Confusão
Eu me achava uma pessoa esclarecida, que conhecia todos os partidos políticos, mas descobri que sou totalmente ignorante. Ao consultar a lista dos candidatos a vereador da minha cidade, deparei-me com candidatos dos partidos Agir e DC. De onde surgiram esses partidos? Socorro, Google! O.k., o Partido da Juventude (PJ) foi renomeado Partido da Reconstrução Nacional (PRN), mudando novamente para Partido Trabalhista Cristão (PTC) e, atualmente, Agir. Como PRN, o partido elegeu Fernando Collor para presidente da República. Será esse o motivo para tantas alterações de nomenclatura? Já o partido Democracia Cristã (DC) nasceu do Partido Social Democrata Cristão. Por que os partidos trocam tanto de nome e o Tribunal Superior Eleitoral aceita isso? Talvez a resposta lembre o falecido Chacrinha: “Eu vim para confundir, e não para explicar”.
Maria Carmen Del Bel Tunes
Americana
*
Reforma tributária
‘Tributo à vida’
Excelente a reflexão da ministra da Saúde, Nísia Trindade, sobre a reforma tributária e seus efeitos na vida do povo brasileiro (Estadão, 23/9, A4). Sublinhar a relação entre gestão econômica e os impactos na saúde pública é fundamental para ampliarmos nosso campo de visão nos processos decisórios da esfera política. Governo e Congresso prestam serviços diferentes, mas convergentes. O interesse de ambos é o bem comum. O que se discute e é aprovado na Câmara e no Senado incide na execução das mais variadas políticas públicas sob responsabilidade dos ministérios. Quanto ao específico vínculo entre saúde e economia, ressalte-se ainda que a preocupação com o custo-benefício dos alimentos naturais e saudáveis é um modo muito eficaz de cultivar a cultura do bem-estar social no bolso e no corpo do cidadão.
Luís Fabiano dos S. Barbosa
Bauru
*
PIB e inflação
Dieta oficial
Enquanto eu lia sobre o PIB e a inflação no artigo de Rolf Kuntz (Estadão, 22/9, A6), lembrei-me de algo curioso que passei a notar durante minhas compras no mercado: muitos produtos estão reduzindo seu peso ou volume (com aumento do consumo de embalagens), mas os preços seguem iguais. Essa prática não entra nos cálculos da inflação, criando a ilusão de controle de preços. Quem sabe o governo não cria o PEB, Programa de Emagrecimento do Brasileiro, para justificar essa tática peculiar?
Fábio Soares
São Paulo
*
Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
BETS
Para que servem 513 deputados federais e 81 senadores da República, que descobriram agora que entre todos os males as bets servem também para lavar o dinheiro do crime organizado? Só falta legalizarem o jogo do bicho. Juntos, com esse governo que só pensa em dinheiro, nosso país está sendo governado por um desCongresso e um desGoverno.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
*
NOVA PANDEMIA
O que o governo (os Três Poderes) está fazendo com o povo brasileiro, relativo às bets, é o mesmo que um pai cafetão faz com as próprias filhas. É uma vergonha, os jogos sempre foram a desgraça das famílias, social, moral, econômica e psicologicamente falando. Vocês não ouvem quem tem conhecimento no assunto. Meus pêsames.
Armando Gradella
São Paulo
*
AÇÃO IMEDIATA
Urge uma providência que minimize os danos das bets em nossa população, principalmente nos jovens que se iludem perdendo saúde mental e financeira. Mas, e quanto à maior bet do País: a Bet BR, que patrocina dezenas de apostas legalizadas com probabilidade de ganhos muito pequenas? Demagogia, né?
Luiz Antonio Amaro da Silva
Guarulhos
*
PAÍS SÉRIO, UM SONHO DISTANTE
A implicância de Lula contra a iniciativa privada (Estadão, 22/9, A3); mais a garantia de impunidade oferecida por Dias Toffoli e seus pares no Supremo Tribunal Federal a criminosos confessos em âmbito de estatais no passado petista; mais a desqualificação da Lei das Estatais e das Agências Reguladoras oferecida pelo STF, abrindo as portas das instituições federais a desqualificados e corruptos e ainda contando com a desonrada omissão do Senado aos processos de impeachment que evidenciariam a desonestidade e a parcialidade de ministros da Suprema Corte, só se pode concluir que, para Lula da Silva, imbecis não são os que desejam a privatização e sim todo um povo que sonha com um país sério, digno de atingir o status de grau de investimento, Um sonho distante (Estadão, 22/9, B5) conforme o editorial do Estadão.
Nilson Otávio de Oliveira
São Paulo
*
LULA EM NOVA IORQUE
Não enxergo, nem com lupa da Nasa, autoridade nem moral para Lula abrir o verbo em Nova York, contra a ONU e chefes de várias nações. Sem noção. Ano de eleições, o desastrado presidente brasileiro tenta mostrar força ao mundo. Coitado. Abissal patetice. Logo ele, que não tem coragem nem de falar grosso nem retrucar vizinhos infames e ditadores, como Nicolás Maduro, que mandou ele calar a bola e tomar chá de camomila. É o fim da picada.
Vicente Limongi Netto
Brasília
*
HORÁRIO DE VERÃO
O horário de verão, com o fito de economizar energia, provoca danos paralelos, pessoais e econômicos que não são levados em conta. O relógio biológico da população fica alterado, causa desconforto vários, tais como insegurança psicológica e física (sair no escuro facilita o trabalho dos criminosos), desatenção/acidentes e diminui a produtividade em geral dos trabalhadores, alunos, etc. Há diversos estudos disponíveis sobre isso e depois, quando as pessoas estiverem mais ou menos adaptadas ao horário de verão, irão sentir os mesmos transtornos ao retornar ao horário anterior, causando, novamente, os mesmos problemas. Pergunto: essa economia é tecnicamente representativa, considerando o acima exposto e ainda a comparar com a atual gastança desenfreada, mal dirigida e a sempre impune corrupção que ora assistimos?
José Augusto Baldassari
Franca
*
PROTEÇÃO AMBIENTAL
O princípio da insignificância, embora tenha assento na teoria penal contemporânea, revela-se inaplicável quando confrontado com a gravidade dos crimes ambientais. As queimadas, que se alastram pelo País com voracidade alarmante, expõem não apenas a fragilidade do ecossistema, mas também a iminente ameaça à saúde pública e ao patrimônio natural. A irrelevância penal atribuída a condutas lesivas ao meio ambiente resulta em um perigoso incentivo à impunidade, minando esforços de preservação e comprometendo o futuro das gerações vindouras. Ao desconsiderar a magnitude das consequências das ações humanas na natureza, a aplicação desse princípio torna-se não apenas inadequada, mas também irresponsável. Assim, urge a necessidade de um rigoroso enfrentamento jurídico que reafirme a importância da proteção ambiental, em nome da justiça e da sustentabilidade.
Luciano de Oliveira e Silva
São Paulo
*
EDUCAÇÃO PÚBLICA
A prefeitura de São Paulo, por questões políticas, está adotando o tempo integral nas escolas municipais sem efetivar a educação integral, ou seja, não é tempo maior na escola que trará benefícios às aprendizagens, mas a qualidade. E a qualidade requer planejamento, primeiramente estrutural. Na capital, estudam nas mesmas escolas estudantes do primeiro ao quinto ano num período, e do sexto ao nono em outro período, tornando os prédios impossíveis de serem escolas em tempo integral. O que existe são salas lotadas e filas de estudantes à espera de vagas. Em primeiro lugar, a prefeitura deveria construir novas escolas e separar o fundamental I do fundamental II, tornando as escolhas preparadas para acolher os estudantes por mais horas e não fazer de qualquer jeito. O que vemos são crianças pequenas por longas horas na escola extremamente cansadas e sonolentas, principalmente as com deficiências. Nem livros para todos os estudantes e para os professores a prefeitura não envia no início do ano letivo. Estudantes e professores não merecem pagar pela ineficiência dos gestores públicos.
Eliel Queiroz Barros
Santo André
*
CANDIDATOS
Em quem devo votar? Bora lá consultar a lista dos candidatos à vereador da minha cidade: jardineiro, da padaria, do brinquedo, do povo, mineiro, Arriba, das locações, big diu (???), motoboy, da autoescola, dos condutores, cowboy do Uber, Cris da ONG ou da Unegro, da byke, dr. ou dra., prof. ou Profa., enfermeira, engenheiro, da farmácia, do lanche, do cartório, tamo junto ou das ungidas, cabelereira, quiosque ou informática. Aff, cansei. Essa lista é de candidatos ou indicação de profissionais prestadores de serviços?
Maria Carmen Del Bel Tunes
Americana
*
URNAS ELETRÔNICAS
A polêmica questão da confiabilidade das urnas eletrônicas decorre do fato de que o processo de apuração se desenvolve através de sistema sigiloso operado por poucos, modelo aceitável em ambientes envolvendo operações militares, por exemplo, mas inadequado num regime democrático, no qual atributos como transparência e auditabilidade são indispensáveis. Hoje, sem o voto impresso, não há possibilidade de recontagem e o eleitor, após sua digitação na urna, é obrigado a acreditar incondicionalmente no pequeno grupo coordenador aninhado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Decididamente, não se trata de um sistema tranquilizador.
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro
*
ATENTADO À SAÚDE
São Paulo é a terra do arranha-céu? Nem tanto (Estadão, 22/9, C6 e C7). O título da reportagem dos prédios altos em São Paulo não está errado, mas o atual prefeito vem tentando mudar essa realidade, alterando o zoneamento e a legislação para permitir espigões, em uma cidade que já não atende às disposições da OMS da ONU, que determina uma vegetação arbórea de no mínimo 12m²/hab. A política do atual prefeito está totalmente errada e só serve para atender os interesses das imobiliárias. São Paulo já apresenta um déficit em relação ao estabelecido pela ONU, constatada em 2011, com a pesquisa realizada sob a direção do médico Paulo Saldiva, que constatou que 4.000 paulistanos morriam por ano apenas pela poluição dos veículos, e, com certeza, hoje a situação piorou. Na época em que morava na Vila Olímpia, à medida que foram construídos os prédios, minha saúde foi piorando, indo parar em prontos socorros e internações em hospitais. Em 2013, fui obrigado a mudar. Ao vir para o Butantã, minhas crises pararam. O prefeito, até agora, não percebeu que os veículos de transporte coletivo estão bem mais velozes e pior, que o governador de São Paulo já vem providenciando projetos para rápida implantação de trens e metrôs para ligar a capital às cidades próximas, onde as pessoas poderão morar com mais conforto e sossego e chegar antes em seus empregos na capital, permitindo que São Paulo atenda à OMS. Portanto, a sua política de adensamento é um atentado à saúde da população.
Gilberto Pacini
São Paulo
*
NAÇÕES UNIDAS
O presidente Lula deve continuar insistindo na reforma das Nações Unidas, especialmente do Conselho de Segurança (CS), cuja composição reflete o resultado da 2.ª Guerra Mundial. Não é possível que a Europa tenha três representantes (a França, o Reino Unido e a Rússia) enquanto que continente inteiros (África e América de Sul) não tenham uma cadeira permanente no CS. O poder de veto deve ser abolido, ou seu uso bastante disciplinado e reduzido. Assim, evitaremos a perpetuação de tragédias humanas, como a que está acontecendo em Gaza, pois os Estados Unidos aplicaram o veto, ainda em 18 de outubro de 2023, contra a proposta do Brasil de cessar-fogo. Assim, poderíamos ter evitado a morte de 41.431 pessoas (entre os quais 10.490 alunos) e os ferimentos de outras 95.818 (entre os quais 16.700 alunos), além da destruição de 64% das escolas e 58% dos centros da saúde (dados da Unrwa e Ocha das Nações Unidas). Não podemos deixar truculentos, desequilibrados, ou fugitivos da justiça internacional como Benjamin Netanyahu tomar conta da nossa vida!
Omar El Seoud
São Paulo
*
TRISTE EQUÍVOCO
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, esperava-se que aquela fora a última guerra. “Nunca mais guerras”, é o que todo o mundo imaginava. Logo teve início a Guerra Fria, uma disputa ideológica de domínio geopolítico ente os Estados Unidos e a Rússia, que patrocinava guerras e golpes de Estado em países satélites. Guerras terríveis como as das Coreias e do Vietnã e na Palestina, acabaram com nossas ilusões de paz mundial. Nada mudou neste mundo de conflitos entre povos da espécie humana. Em pleno século de avanços tecnológicos fantásticos, continuamos fazendo guerras e nos matando. Somos um triste equívoco da natureza.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
*
CALDEIRÃO POLÍTICO
Em 2021, o ex-presidente Evo Morales liderou uma marcha em direção à capital da Bolívia para apoiar o atual presidente Luis Arce. Agora, três anos depois, o ex-mandatário apoia uma nova marcha contra seu sucessor. A interpretação da Suprema Corte impedindo a postulação para um novo mandato do ex-chefe de Estado, nas eleições presidenciais de 2025, tornou-se o pomo da discórdia no país andino entre as duas lideranças políticas. Tanto a crise política, econômica e social como a possibilidade de retorno ao poder transformaram-se num explosivo caldeirão político, no curto prazo, para o país vizinho na América do Sul.
Luiz Roberto da Costa Jr.
Campinas
*
CULTURA BRASILEIRA
Clarice Lispector, citada e incorporada pela atriz Cate Blanchett, conforme matéria Cate Blanchett recebe prêmio e cita Clarice (Estadão, 23/9, C8), e Machado de Assis revigorado pela Academia Brasileira de Letras, na reportagem ABL inaugura mural em homenagem aos 185 anos de Machado de Assis (Estadão, 23/9, C5). E ainda dizem que não temos literatura de qualidade. Talvez não tenhamos capacidade de reconhecer nossos escritores de ontem e de hoje, exacerbando o rodriguiano complexo de vira-latas.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas