Infraestrutura
A ponte do Estreito
Lendo na imprensa artigos tratando da queda da ponte do Estreito, constato que o desconhecimento da importância dela ainda continua. A obra, em que trafeguei pela primeira vez em 1968, foi inaugurada em 1961, e era a travessia da Belém-Brasília no Rio Tocantins, uma rodovia conhecida na época e na região como BR-153. Esta foi asfaltada só nos anos 1970 e, inadmissivelmente, já deveria ter sido duplicada há décadas, bem como merecido atenção especial do governo federal em sua manutenção, em razão do seu intenso tráfego de veículos pesados. Agora, vejo que nos mapas uma parte da rodovia mudou de nome, para uma semiconstruída BR-226, ligando Natal (RN) a Wanderlândia (TO) – cidadezinha pequena, antigo distrito de Babaçulândia, nascida justamente do movimento da rodovia, razão pela qual fico me perguntando o que ela tem que ver com Natal. A verdade é que aquela ponte faz (fazia) a ligação rodoviária mais curta entre o Sul, o Norte e parte do Nordeste do Brasil, com um tráfego intenso de cargas entre essas regiões, e fará uma falta enorme, já que as alternativas envolvem aumento de distância e uso de balsas. E é criminoso que, mesmo sabendo da urgente necessidade de repará-la, nada se fez, com o argumento ignóbil de não ter havido sucesso numa licitação. Obviamente, o ministro dos Transportes, seus antecessores, os dirigentes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e os técnicos envolvidos devem ser responsabilizados na forma da lei.
Helio Divino de Carvalho
São Paulo
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Relatório do Dnit
É uma vergonha para o País que um relatório concluído em 2020 indicava nota 2 (categoria amarela) para a conservação da ponte que caiu no Tocantins, e nada ter sido feito, desde então, pelo Dnit. Obviamente, a situação da ponte que desabou já deveria ter tido uma nova avaliação com nota 1 (categoria vermelha), obrigando o governo federal a realizar reparos emergenciais, o que poderia ter evitado a tragédia ocorrida, com dezenas de desaparecidos.
Luiz Roberto da Costa Jr.
Campinas
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Negligência
Dados do Dnit informam que o Brasil tem 727 pontes em estado igual ou pior que o da ponte que caiu entre Tocantins e Maranhão. O ministro dos Transportes, Renan Filho, ao ser informado da situação, disse que haverá sindicância. Vê-se que o ministro desconhece os problemas de sua pasta. O grande problema do Brasil é a fiscalização que peca em todos os setores. Ela não existe e, quando existe, muitas vezes as multas se transformam em propinas ou os problemas são empurrados com a barriga – assim se chega ao caos, fazendo inocentes pagarem pela ineficiência daqueles que são colocados no Dnit para cuidar da infraestrutura e dos transportes deste país. O que funciona mesmo no Dnit é a disputa por cargos. Muitos acidentes acontecerão, mas eles serão substituídos por outros e mais outros, como vimos na ocasião das queimadas. Nada foi feito, e o fogaréu só foi contido quando choveu. Idem com as estradas, perigosas, sem fiscalização. Quantas vidas mais serão ceifadas até que os responsáveis cumpram seus deveres e respondam pela negligência?
Izabel Avallone
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São Paulo
Grande desastre
A ponte sobre o Rio Tocantins em Estreito é uma mostra do Brasil: construído por JK, desabou com Lula.
Alfredo M. Savelli
São Paulo
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Judiciário
Vale-ceia natalina
Tribunal de MT contraria ordem do CNJ e deposita ‘vale-ceia’ de R$ 10 mil para desembargadores (Estadão, 24/12). Isso é uma afronta a todos os cidadãos brasileiros e pagadores de impostos, em especial aos milhões que recebem salário, aposentadoria ou pensão na faixa do atual salário mínimo. O Conselho Nacional de Justiça suspendeu a medida, mas o valor foi pago. Urgem mais medidas para acabar com este tipo de coisa, do próprio CNJ, além da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal.
Heitor Vianna P. Filho
Araruama (RJ)
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Boas-festas
O Estadão agradece e retribui os votos de boas-festas e feliz e próspero ano novo de Belas Artes (Paulo Cardim); Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri); João Pedro da Fonseca; Lincoln Global Partners; Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva; Luiz Roberto da Costa Jr.; Mario Ernesto Humberg; e Virgílio Melhado Passoni.
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
(IN)SEGURANÇA PÚBLICA
Jovem é baleada na cabeça durante abordagem da PRF no RJ na véspera do Natal; agentes são afastados (Estadão, 25/12). Como comemorar o Natal, enquanto inocentes são baleados por policiais? A culpa é dos policiais ou do Estado? Policiais incompetentes ou mal preparados para o cargo? Os policiais envolvidos nessa ocorrência entraram na força por competência ou com alguma “ajuda do crime organizado”? Muitos erros, e os erros só serão combatidos quando a verdadeira causa for combatida.
Maria Carmen Del Bel Tunes
Americana
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DECRETO DO USO DE ARMAS
A notícia está no Estadão: Governo Lula publica regras para disciplinar uso da força policial com armas como último recurso. O conjunto de regras elaborado pelo ministro Ricardo Lewandowski causa espanto, porque é de perguntar se já não é assim desde sempre. O texto também proíbe o uso de armas contra pessoas desarmadas em fuga ou contra veículos que desrespeitem bloqueios policiais. Outra medida inócua. Quer dizer que, antes desse decreto, isso tudo podia? Ora, pois, como dizem os portugueses. Lula da Silva e Ricardo Lewandowski estão mesmo precisando de uma assessoria, mas não de um marqueteiro, apenas alguém com bom senso.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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DECRETO QUE NÃO RESOLVE
Simplesmente ridículo o decreto presidencial sobre o uso da força policial (Estadão, 24/12). Como bem o disse o governador de Goiás, o decreto federal enfraquece os mecanismos de defesa da sociedade. Não que a polícia tenha de sair atirando a torto e a direito. Não é isso, mas o decreto é uma brincadeira, uma piada. Difícil de acreditar que isso tenha saído de alguém que tem massa encefálica. Será que tem mesmo?
Panayotis Poulis
Rio de Janeiro
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PONTE SOBRE RIO TOCANTINS
Quantas pontes deverão ainda cair até que o governo libere verbas para implantar um programa de manutenção dessas estruturas?
Robert Haller
São Paulo
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CONTRATO PELA METADE
Sou engenheiro industrial e sei muito bem como a nossa engenharia é competente. É, portanto, um absurdo a reportagem narrar que a estrutura da ponte sobre o Rio Tocantins na divisão do Estado do Maranhão com o Estado do Tocantins tinha um contrato de manutenção do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) até julho, mas não se conseguiu contratar uma empresa para fazer obras na estrutura. Afinal, havia um contrato ou não? Agora, após o colapso, conseguiram contratar uma empresa. Eu trabalhei um tempo no serviço público e, se havia um contrato de manutenção, fora elaborado dentro das regras da lei que rege as licitações públicas, com um vencedor que se obrigava a executar todas as instruções necessárias, com os respectivos valores e, se para o caso, com a devida correção monetária. Não dá para entender que se faz um contrato de manutenção pela metade. Parece-me mais um edital de licitação incompleto, o que, num equipamento de tal responsabilidade, é injustificável, ou, pior, uma negligência injustificável, que custou a vida de várias pessoas.
Gilberto Pacini
São Paulo
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TRAGÉDIA EM TOCANTINS
Com a palavra, os deputados federais da região, para informar para onde foram as verbas de suas emendas parlamentares que não foram destinadas para a restauração da referida ponte de 533 metros sobre o Rio Tocantins.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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CONSERTO
Pelo andar da carruagem, me respondam: Alexandre de Moraes já não deveria ter mandado consertar a ponte?
Marco Antônio Santos de Morais Leme
Ângulo (PR)
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O VÍDEO AOS BRASILEIROS
Depois de passar dois anos acusando Roberto Campos Neto de ser o único responsável pela alta taxa de juros, o presidente Lula da Silva publicou um vídeo ao lado do futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, dizendo a ele: “Eu quero que você saiba que jamais, jamais haverá da parte da presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central”. O que motivou Lula a açoitar impiedosamente Campos Neto não foi bem a taxa básica de juros, mas o fato de o presidente do BC ter sido indicado por Jair Bolsonaro e de ter, lamentavelmente, usado uma camiseta da Seleção Brasileira nas eleições de 2022, em alusão ao movimento bolsonarista, pelo que ele declaradamente se arrependeu. Ou seja, Lula sobrepôs um ranço pessoal (o popular “não fui com a cara”) menosprezando os fundamentos da economia e o interesse publico. Galípolo de bobo não tem nada, haja vista que já sinalizou os dois próximos aumentos da taxa antes mesmo de assumir o posto, legitimando assim sua independência. De qualquer forma, seria bom ele tomar cuidado com as camisetas que usará futuramente em público, pelo menos até o fim do seu mandato.
Luciano Harary
São Paulo
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TEATRO
Após atacar a autonomia do Banco Central nos primeiros dois anos de mandato, elegendo Roberto Campos Neto como inimigo número um do governo, Lula faz um cínico teatro dizendo que Gabriel Galípolo terá “a maior autonomia”. Exatamente por isso o vilão da vez, o tal “mercado”, será o culpado do desastre na economia que está por vir. Alguém ainda acredita da credibilidade deste (des)governo?
Alfredo Tucunduva
São Paulo
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TROFÉU
Alguma coisa não confere: a política do Banco Central foi sistematicamente atacada pelo presidente Lula na presidência de Roberto Campos Neto, e agora apresenta o futuro presidente Gabriel Galípolo, por ele indicado, como um troféu de conquista, mas diz ele ter total autonomia. Galípolo olha para Lula como um ídolo. O que será que vem por aí? Oremos.
Luiz Frid
São Paulo
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A AULA DE GALÍPOLO
A leitura do editorial A aula do professor Galípolo (Estadão, 21/12, A3) me deu a impressão de que Lula e o pessoal do PT deram um tiro de bazuca nos próprios pés com a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do BC, esta aprovada após a sabatina do Senado Federal. Como para bom entendedor meia palavra basta, há que presumir que o futuro presidente do BC não se deixará levar pela influência do Planalto no que toca à condução correta das estratégias de combate à inflação. O pior de tudo isso é que, diante de uma eventual insatisfação contra a atuação do seu indicado, Lula não terá o poder de exonerá-lo do cargo ao seu bel prazer. Já antevejo o desenrolar desta novela, que pode redundar em uma desagradável comédia. Triste Brasil!
Emmanoel Agostinho de Oliveira
Vitória da Conquista (BA)
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ESPERANÇA JUDAICO-CRISTÃ
Luzes de esperança judaica e cristã (Estadão, 25/12, A4). No dia da celebração do Natal ver um judeu (rabino) e um cristão (bispo católico) dando as mãos para oferecer ao mundo uma mensagem de esperança, cuja fonte são tradições religiosas diferentes, é um excelente testemunho de fé. Além disso, revela-se também expressão de que é possível a fraternidade universal. Quando nos unimos num esforço comum de transformação da realidade, sem precisar renunciar ao que somos e acreditamos, isso se transforma em luz de esperança para o mundo. É, inclusive, um anúncio claro de que, se Deus existe, ele não quer que nossas diferentes crenças sejam anuladas, nem mesmo por causa do seu santo nome. Em tempos marcados por polarizações e extremismos, o diálogo interreligioso se torna um eloquente sinal de esperança. Todos (religiosos ou não) precisamos acreditar nisso.
Luís Fabiano dos Santos Barbosa
Bauru