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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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8 min de leitura

2025

Duras previsões

Dólar acima de R$ 6 mesmo depois de o Banco Central queimar cerca de US$ 28 bilhões das reservas do País em dez dias; previsão de inflação para 2025 de 4,84%; taxa Selic a 14,25% em março de 2025; e previsão de crescimento do setor de serviços em 2025 de 1,90%. Feliz e próspero ano novo, Brasil...

J. S. Decol

São Paulo

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Apreensão

Há no ar a sensação de que 2025 reserva surpresas desagradáveis, acompanhadas por apreensões nervosas. Tudo parece indicar que despontam no horizonte nuvens escuras, tanto no plano nacional como no internacional. Neste último não há como negar a quase certeza de que as guerras e os conflitos que aconteceram ao longo de 2024 mundo afora estão longe do desfecho e, pior, que outros eventos belicistas foram acrescentados no período, como a recente convulsão na Síria. Tal ambiente, portanto, sinaliza prospecto sombrio para os próximos 12 meses. O panorama doméstico é também inquietante, na medida em que o ano se encerra com a promessa de confronto entre os Poderes – inédito pela ferocidade –, com anúncios de retaliações do Legislativo contra o Judiciário e a ausência de liderança do Executivo, carente de flexibilidade e de sabedoria política, parecendo deixar-se levar por uma correnteza que lhe tira a orientação. Enfim, é com preocupação, salpicada por pingos de esperança no aparecimento de líderes e caminhos mais sensatos, que o próximo ano bate à porta.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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Um mundo menos ruim

Como ter um ano novo feliz, se tudo vai continuar igual ao ano que está terminando? As guerras continuarão com sua matança por ambição e ódio. As injustiças serão as mesmas. As pessoas continuarão as mesmas, cometendo os mesmos erros e eventuais acertos. Os ricos vão ficar muito mais ricos e os pobres, conformados com sua vida miserável. Como desejar feliz 2025, se no dia 20 de janeiro Donald Trump volta à Casa Branca como o exterminador do futuro de quem não é “America first”? Sinceramente, só podemos desejar continuar vivos e menos infelizes num mundo menos ruim.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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Três Poderes

Para onde vamos?

Indivíduos que nos iludiram nas campanhas eleitorais afirmando que nos representariam com honestidade agora afrontam as normas constitucionais de legalidade, moralidade e publicidade, buscando se apossar de parte significativa do Orçamento público para iludir seus redutos, afetar a renovação democrática e promover ilícitos, como o desvio recentemente denunciado na Bahia, avaliado em R$ 1,4 bilhão. Não bastasse isso, também perdoam e flexibilizam o pagamento de dívidas de Estados habitualmente perdulários. No compasso dessa desafinação, os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) abandonam a judicação decisória e se arvoram em coadjuvantes de uma nova visão nacional, que está afetando profundamente a credibilidade da instituição. Já o presidente Lula da Silva continua palancando e ignorando a fragilidade de sua gestão, exposta na queda da ponte sobre o Rio Tocantins, assim como na sua popularidade. Nesta jornada populista, oposta ao republicanismo, e acompanhado por alguns de seus ministros, Lula segue perseguindo seu projeto de poder, jamais o interesse coletivo. Com nossos representantes, julgadores e gestores seguindo esta toada desmotivadora, cabe a pergunta: para onde vamos?

Honyldo Roberto Pereira Pinto

Ribeirão Preto

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Emendas parlamentares

Basta de sigilo

O STF, agora com a ajuda da Polícia Federal, precisa dar um basta aos articuladores das emendas obscuras, especialmente Arthur Lira e David Alcolumbre. Chega da falta de transparência e de rastreabilidade no pagamento desses valores, e da tentativa do Congresso de aumentar a seu bel-prazer e injustificadamente o valor total das emendas a cada ano. O Brasil não aguenta mais tanta corrupção e suspeita de corrupção com o dinheiro público.

Adel Feres

Goiânia (GO)

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Investigação da PF

Independentemente do desfecho deste caso das emendas sem transparência, espero que a Polícia Federal faça, sim, o seu trabalho sem qualquer contemporização. Não é possível retroceder neste assunto.

Carlos Ayrton Biasetto

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

OS MALFEITOS DO JUDICIÁRIO

A propósito do artigo de Eliane Cantanhêde de 27/12 (A impunidade de quem pune, página A9), ultimamente apenas se indignar com o Judiciário tem sido pouco para nós, brasileiros. A pergunta que não quer calar: quem pode parar os abusos e os desvios do Poder Judiciário? Onde o Brasil vai parar?

Eliana Serdeira Arena

São Paulo

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VIAGEM A LILLIPUT

Relendo Viagens de Gulliver, romance célebre de Jonathan Swift, reencontrei a passagem que trata de critérios de escolha para a ocupação de cargos da administração pública na imaginária ilha de Lilliput. Ali se julgava que a deficiência de virtudes morais jamais poderia ser compensada por faculdades mentais superiores, e não haveria perigo maior do que dar cargos a pessoas assim, pois erros cometidos pela ignorância com intenção virtuosa não teriam consequências tão fatais para o bem público quanto as práticas de um homem cujas inclinações fossem corruptas, porém fosse dotado de grandes capacidades de administrar, e multiplicar, e defender suas corrupções. Qualquer semelhança com pessoas ou fatos atuais não é mera coincidência.

Patricia Porto da Silva

Rio de Janeiro

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UMA EQUIPE PARA JANJA

Como é possível um país com tantos problemas sociais ter uma primeira-dama tão deslumbrada? Segundo o Estadão aponta, são 12 auxiliares no entorno de Janja. Esse time custa cerca de R$ 162 mil mensais em salários, e até agora essa equipe já gastou R$ 1,2 milhão em viagens acompanhando a primeira-dama. Rosângela da Silva levou oito policiais federais ao Qatar e a Paris. Alguém sabe o objetivo de tais viagens e o que elas renderam ao País? Fotógrafos são dois, sendo que um deles já consumiu R$ 182,3 mil, sem incluir gastos com voos da FAB, que estão sob sigilo. E por que sigilo? Cadê a transparência? Pobre Brasil, pobre povo que nem ao menos tem o que comer nem onde dormir. Jamais saberá o porquê de tanto deslumbramento. São a ganância, o fascínio e a sede pelo poder.

Izabel Avallone

São Paulo

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‘UMA CHANCE PARA O BRASIL’

Sob o título acima, o Estadão de 27/12 (A3) trata da investigação da Polícia Federal (PF) sobre a burla de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) pela cúpula do Congresso para dispor de emendas sem transparência, o que pode livrar o País de uma degeneração institucional. Faz tempo que o Congresso vem se apoderando das verbas do Orçamento da União para desperdiçá-las em compras com preços aviltados, como um caminhão de lixo com carroceria compactadora para cidades com mil ou 2 mil habitantes, como nos informavam reportagens publicadas pelo Estadão durante o governo Bolsonaro. Isso, além do início de obras jamais terminadas, para outras serem iniciadas com o mesmo fim. São recursos públicos, provenientes dos impostos que pagamos, desperdiçados apenas para alavancar as reeleições de políticos desonestos. Já estava mais do que na hora de acabar com este desvio desavergonhado das verbas públicas, assim como outras coisas, como embutir nas nossas contas de luz as perdas decorrentes de minas de carvão mineral, o maior emissor dos gases do efeito estufa. Ainda bem que o Poder Judiciário resolveu acabar com essas apropriações indevidas do Orçamento.

Gilberto Pacini

São Paulo

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O TEATRO DAS EMENDAS

Se Shakespeare vivesse hoje no Brasil, dificilmente extrairia alguma peça do teatro político atual em Brasília, tamanha a mesquinharia, a mediocridade e a torpeza de seus atores, que se engalfinham pelos cofres arrombados da infeliz República. Talvez ele pudesse compor alguma comédia; mas esta seria monótona, pela previsibilidade tediosa da repetição das personagens. Talvez Molière se desse melhor; mas mesmo sua burguesia ali figurada não acharia muita graça no espetáculo da avareza explícita, sem sutileza ou charme. De todo modo, Shakespeare e Molière inexistiriam no Brasil de hoje; seriam suplantados por artistas muito mais hábeis em produzir volumosos relatórios burocráticos, com gráficos “matadores” em “pitchings vencedores”, que agradariam muito mais aos detentores do acesso aos cofres arrombados; um bucólico toque “agro” seria mais que bem-vindo, imprescindível, no “design” do projeto cultural. Espelho da mediocridade, mesquinharia e torpeza dos patronos. Um teatro de horrores, de fato, no bastidor do que parece ser um pastelão de quinta, no palco.

Roberto Yokota

São Paulo

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ENXUGANDO GELO

Não adianta editar decreto com regras para disciplinar o uso da força policial, determinando o uso de arma de fogo só como último recurso. Vejam o caso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Duque de Caxias. Enquanto não houver treinamento e punição, é enxugar gelo. Há poucos dias, por exemplo, foram absolvidos agentes do Exército que deram 257 tiros em um músico e um catador de papéis e, segundo a Justiça Militar, não tinham intenção de matar. A falta de punição faz o uso abusivo de força pelas polícias. Se o Brasil fosse um país sério, o diretor da PRF já tinha sido demitido do cargo.

Vital Romaneli Penha

Jacareí

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DECRETO DE GABINETE

Ao cidadão comum não é difícil de imaginar a adrenalina que um policial no exercício de sua função sente ao confrontar com bandidos. Na maioria das vezes, a sensação deve ser de matar ou morrer. O novo decreto de segurança pública assinado pelo presidente Lula da Silva seguindo diretrizes do ministro Ricardo Lewandowski, que nunca saiu de trás de sua escrivaninha, determina que o policial, num confronto, antes de agir, primeiro identifique se o bandido porta arma ou não. Estes heróis saem de casa sem saber se voltam, para defender o cidadão que foi desarmado pelo Estado, e agora precisarão pedir licença ao bandido, perguntar se porta arma, para justificar uma ação? Este é mais um absurdo que norteará as eleições em 2026, porque hoje é o cidadão comum que se sente um sequestrado e fora da lei.

Beatriz Campos

São Paulo

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O JOIO E O TRIGO

Confio nos policiais, ainda que um ou outro cometa excessos e até mesmo crimes. Por causa dos maus policiais, para segurança da população, pretendem colocar câmeras no peito de todos. Confio nas autoridades, nos ministros, senadores, deputados, desembargadores, etc., ainda que sobre alguns haja denúncias de corrupção e até mesmo condenação. O joio se separa do trigo, mas não se fala em câmeras neles, para nos proteger da agressão da corrupção que cometem.

Paulo T. Juvenal Santos

São Paulo

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AINDA A LAVA JATO

A matéria Gilmar anula provas contra Alexandre Baldy em caso da Lava Jato (Estadão, 24/12, A9) mostra que a novela do desmantelamento da Lava Jato pelo entendimento de que os crimes lá apurados eram eleitorais ainda continua. Se a montanha de dinheiro desviada dos cofres públicos tivesse finalidade realmente eleitoral, o atual gigantesco fundo eleitoral seria uma mixaria. A Justiça precisa abrir os olhos.

José Elias Laier

São Carlos

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PARAÍSO DE MALFEITORES

O editorial 26/12 do Estadão intitulado Livre, leve e solto, mostra bem como o Brasil se tornou um paraíso para malfeitores. São inúmeros os casos que comprovam a impunidade reinante. A explicação talvez seja até fácil e simples. Durante todos esses anos do governo do PT as instituições foram, pouco a pouco, sendo aparelhadas. O caso mais explícito foi o do STF, que se tornou uma garantia contra qualquer punição a políticos, principalmente. Sérgio Cabral está aí também, livre, leve e solto, pelas praias do Rio. Zé Dirceu é mais um que se beneficiou da bondade do Supremo, mas não podemos nos esquecer de que ele era apenas um consigliere do PT, pois o verdadeiro chefe da quadrilha era outro.

Nelson Falseti

São Paulo

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PELA DEMOCRACIA

No editorial de 26/12, diz este jornal que “a reabilitação penal e politica de José Dirceu, que agora pode circular como se fosse o mais probo dos homens públicos, escarnece dos cidadãos que acreditaram num Brasil mais decente” e que “quase todos os criminosos envolvidos no petrolão foram exonerados de prestar contas à Justiça e hoje podem posar de inocentes. Dirceu é a face mais conhecida desse tapa na cara do Brasil honesto”. É, pois é, mas, segundo dizem as mais altas cortes do País, é o preço da luta para manter a democracia plena dentro do mais completo Estado Democrático de Direito. Quando se ouve uma arenga dessas, a vontade é de chorar, mas logo passa, dada a impossibilidade de conter o riso.

A.Fernandes

São Paulo

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JOSÉ DIRCEU

Livre, leve e solto (Estadão, 26/12, A3). Pior do que a indulgência de alguns ministros do STF com os políticos condenados por corrupção é eles voltarem ao seu habitat natural, serem honrados por seus atos pelos seus pares e ainda poderem fazer seus herdeiros políticos. O Brasil não vai a lugar nenhum.

Luiz Frid

São Paulo

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CASO DANIEL SILVEIRA

O deputado federal Daniel Silveira é o que podemos chamar de criminoso contumaz. No seu primeiro dia em liberdade condicional já desrespeitou o horário de se recolher à noite e foi engaiolado novamente. Das duas, uma: ou o valentão não acredita mesmo na Justiça brasileira ou, por algum motivo desconhecido, sentiu saudades da cadeia.

Abel Pires Rodrigues

Rio de Janeiro