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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Greve em São Paulo

Balela de retrógrados

Com eleições municipais se aproximando (2024) e com o PT na Presidência da República, noto que vem se consumando a retomada de greves insanas, como a que está marcada para esta terça-feira, dos funcionários do Metrô de São Paulo, da CPTM e da Sabesp. O motivo da paralisação é que os líderes sindicais não aceitam as privatizações das linhas metroviárias e da Companhia de Saneamento Básico do Estado, como pretende o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) – um movimento que eu chamaria de balela dos retrógrados ou a cara do petismo. Com estas greves, esses sindicalistas põem em risco a situação de boa parte dos funcionários que não concordam com a paralisação e, pior ainda, demonstram que não estão absolutamente preocupados com o transtorno que vão causar a milhões de pessoas. É uma vergonha!

Paulo Panossian

paulopanossian@hotmail.com

São Carlos

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Indústria brasileira

Resultados de sempre

Sobre a matéria País precisa investir R$ 456 bi ao ano no setor de transformação (Estadão, 2/10), o estudo da Fiesp mostra, com números, o que já se sabe há anos: o modelo industrial brasileiro baseado em subsídios, proteção de mercado e crédito fácil está falido. Há pouco tempo os juros estavam baixos, mas a trajetória de queda da indústria não se modificou. Onde estão as patentes industriais brasileiras? Que resultados concretos esses investimentos em tecnologia estão trazendo? A solução proposta para ajudar a indústria provavelmente será a mesma de sempre: mais recursos públicos, mais protecionismo e mais crédito fácil, com os resultados de sempre. A conclusão inegável é que temos uma indústria pouco competitiva internacionalmente, pouco inovadora e cada vez mais dependente do governo. Sem uma urgente mudança de mentalidade, infelizmente continuaremos assistindo ao enorme desperdício dos cada vez mais escassos recursos públicos em vãs tentativas de ajudar setores escolhidos a dedo, preservando artificialmente as margens de lucro empresariais à custa de toda a sociedade. Até quando? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

fthfmachado@hotmail.com

São Paulo

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Amazonas

A imagem da devastação

A foto de primeira página do Estadão de sábado (30/9) é das que valem por mil palavras. Ela mostra uma vista ampla do outrora caudaloso Rio Amazonas transformado num mero curso d’água e a paisagem do entorno é uma desolação. Não se vê uma árvore sequer até onde a vista alcança. Como chegamos a essa situação? É bom lembrar que, no regime militar, era política de governo desmatar a Amazônia e aculturar os indígenas e integrá-los à sociedade (se a moda tivesse pegado, hoje os indígenas estariam morando nas periferias). Mas isso foi há mais de 50 anos. Muita água já passou sob a ponte e a coisa só piorou. Parece que os governos subsequentes optaram pela omissão. Agora, quem manda na Amazônia é o crime organizado (ver PCC e outras facções ameaçam Amazônia com ‘narcogarimpo’, Estadão, 28/6/2023). Na Assembleia-Geral da ONU, presidentes da República mentem sobre a Amazônia, afirmando em belos discursos que estão trabalhando com afinco por sua preservação, mas os rios amazônicos estão contaminados pelo mercúrio oriundo do garimpo ilegal e o desmatamento está chegando perto do ponto de não retorno. O Brasil é um país desalmado e o povo vive aqui como se estivesse numa pensão: reclama de que o banheiro está fedido, a comida é ruim e de que tem pulgas na cama. Mas a solução desses problemas é lá, com o dono da pensão, não temos nada que ver com isso.

Affonso Maria Lima Morel

affonso.m.morel@hotmail.com

São Paulo

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Democracia

Inconsequência

Sobre o editorial A intolerável intolerância progressista (Estadão, 1/10, A3), muitas boas ideias se tornaram ruins quando levadas ao extremo. Já seria péssimo se fosse somente o caso do progressismo da extrema esquerda brasileira. Infelizmente, este destrutivo emburrecimento coletivo e destruidor dos valores genuinamente democráticos é um fenômeno mundial. A violência da sua retórica está chegando ao nível intolerável e acabará por destruir todos os ganhos que os ideais progressistas poderiam trazer ao mundo. Estão atirando para cima e receberão de volta os frutos da sua inconsequência.

Jose Taragano

jose.taragano@gmail.com

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

LINHA SUCESSÓRIA

Indecente a primeira-dama assumir compromissos do presidente afastado. Linha sucessória é algo sério em todas as democracias do mundo e deve ser respeitada. Que o pedido de explicações feito pela Câmara sirva para inibir novas investidas que, pelo histórico, certamente virão. Lembrando 2004, quando canteiros em formato de estrela com flores vermelhas foram colocados a pedido da esposa do presidente nos jardins do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto, intuo que o problema não esteja nesta primeira-dama, mas no mandatário e seu entorno, notadamente pouco afeitos aos valores republicanos. Definitivamente, não se deve esperar amoras de um cajueiro.

Hamilton Varela

hamiltonvarela@gmail.com

São Carlos

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DEVIDOS LUGARES

O presidente Lula, que durante sua campanha eleitoral falou tanto em democracia e respeito à Constituição, deveria prestar mais atenção e seguir o que manda nossa Carta Magna. Na impossibilidade de ser o representante do poder da República em algum momento, por viagem ou doença, será representado pelo vice-presidente, presidente da Câmara, presidente do Senado ou presidente do STF, nessa ordem. Não lhe compete escolher quem quiser para fazer esse papel. Primeira-dama não faz parte do governo, não exerce qualquer função (ou teria que ter sido aprovada pelo Congresso). Está mais que na hora de colocar as pessoas nos seus devidos lugares e atribuições. Que o excelentíssimo presidente honre o cargo que ocupa e respeite as normas que regem nosso país. Ele não pode fazer o que quer e quando quer.

Lucia Helena Flaquer

lucia.flaquer@gmail.com

São Paulo

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JANJA EM CAMPANHA NACIONAL

Janja, clone de Lula, veio ao Rio Grande do Sul fazer média. JanjaLula está preparando sua candidatura em futura eleição. Para quem acha que já viu tudo em matéria de política no Brasil, ainda verá Janja da Silva x Michelle Bolsonaro, em eleição presidencial caricatural. De Evitas e Isabelitas a América do Sul está cheia em seu inferno austral. Só nos restará pedir asilo político no Paraguai.

Paulo Sergio Arisi

paulo.arisi@gmail.com

Porto Alegre

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ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Em todos os pleitos municipais, há cada quatro anos, A pindaíba nos municípios (28/9, A3) vem à tona e, para o próximo ano, não será diferente. Segundo o excelente editorial, 4 mil das 5.568 cidades “abriram o bico” e seus representantes preparam marcha rumo à Brasília, em outubro, à cata de maiores repasses federais. Um ano antes, obras paradas recomeçam a passos de tartaruga. Unidades Básicas de Saúde, minas de votos, ressuscitam tal qual a fênix. Buracos dentro de buracos das ruas são remendados, novas obras que obedecem rigorosamente ao cronograma são entregues às vésperas das eleições como prova de serviços realizados, e estamos conversados. Infelizmente somos obrigados a assistir a essas reminiscências a cada disputa municipal. Passada a festa da democracia, eleitos ou reeleitos nos mandam um presente como agradecimento. Os carnês do IPTU, corrigidos, alguns por taxas extravagantes, mas com uma dedicatória entusiasta: “O imposto que você paga é o progresso que se vê”.

Sergio Dafré

sergio_dafre@hotmail.com

Jundiaí

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EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

Um leitor sugeriu que políticos submetam-se a um exame de escolaridade de modo a demonstrarem conhecimentos básicos para gerirem este país (Fórum dos Leitores, 2/10). Conversa! Onde se exige grande saber, como no STF, aí, sim, sejamos exigentes. O que os políticos precisam é de, na educação básica de meninos, terem tido orientações seguras sobre deveres e direitos (nesta ordem), serem educados para a cidadania.

Roberto Maciel

rovisa681@gmail.com

Salvador

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ESCOLHO DO PRÓXIMO MINISTRO DO STF

Deputadas pedem a Lula uma mulher negra no STF (2/10, A7). A regra da escolha é de quem indica, e o indicado ou a indicada terá que legislar com a Constituição genérica, determinada por quem indicou, para favorecer claramente quem indicou. Nem o notável saber jurídico é importante.

Arcangelo Sforcin Filho

arcangelosforcin@gmail.com

São Paulo

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ABORTO

Brilhante o artigo desta segunda, no Estadão, de Carlos Alberto Di Franco (Aborto – STF ideológico e politizado, 2/10, A5). Sei que é uma questão de foro íntimo, mais que religiosa, verdadeiramente humana. A isso se junta a questão política e jurídica. Quem pode jurar que cabe ao órgão máximo da Justiça – não obstante provocado, mas sem autolimitar-se como obviamente deveria – autorizar abortos de fetos de até 12 semanas de gestação? Quem tem representatividade democrática para isso é o Poder Legislativo, isso é claro como a luz.

Ademir Valezi

valezi@uol.com.br

São Paulo

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INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

Segundo estudo recente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Brasil precisaria investir anualmente durante sete a dez anos na indústria de transformação a exorbitância de nada menos que R$ 456 bilhões para retomar o mesmo patamar de produtividade da década de 1970. Em contraste com 50 anos atrás, quando a produtividade do País equivalia a 55% da registrada nos EUA, nos dias atuais despencou para cerca de 20%, além de os investimentos na indústria de transformação representarem apenas 2,6% do PIB, ante os 4,6% necessários para recuperar o tempo perdido. Diante do preocupante quadro dos números apurados, cabe lamentar o contínuo e aparentemente irreversível processo de desindustrialização do País, que há apenas algumas décadas atrás, no século 20, chegou a fomentar uma indústria pujante em alguns setores. Como se vê, segue em marcha à ré engatada caminhando, lamentavelmente, para voltar a ser somente um grande produtor de commodities agrícolas e minerais, como o fazendão dos primeiros séculos de sua colonização. Pobre Brasil.

J. S. Decol

decoljs@gmail.com

São Paulo

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BRASIL CENTRAL

O artigo da revista The Economist revela um novo Brasil central que, infelizmente, não conciliou desenvolvimento econômico com aprimoramento social, uma vez que o perfil político mimetizou o retrocesso do “Estado da estrela solitária”, o Texas, com o qual a região é comparada (Estado, 2/10, C6). Com a população em crescimento, sua influência nos destinos do País são notórios, influenciando também a de forma negativa a cultura, haja vista ser o berço do sertanojo.

Adilson Roberto Gonçalves

prodomoarg@gmail.com

Campinas

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CÉU ESCURO EM MANAUS

As notícias sobre as queimadas que escurecem o céu sobre Manaus valem tanto, ou até menos, que a notícia sobre a operação no fêmur de Lula para os noticiários e, em consequência, para os cidadãos leitores e espectadores. Não há alarme.

Harald Hellmuth

hhellmuth@uol.co.br

São Paulo

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AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA

O artigo de Gustavo Máñez e Jay Van Amstel, A promissora Agricultura Urbana e Periurbana (Estado, 30/9, A4) faz-nos crer que uma onda de racionalidade pode florescer na sociedade, urbanizada em que se transformou, gerando ocupação saudável em todos os sentidos. Basta que os “progressistas” não interfiram na “mão de obra”, aquela em que o Estado busca surrupiar, de quem trabalha, o sustento de funcionários burocráticos e sem inteligência que dominam o governo federal atual.

Carlos Leonel Imenes

leonelzucaimenes@gmail.com

São Paulo

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AMAZÔNIA E PANTANAL

Quando Jair Bolsonaro era presidente, se a Amazônia e o Pantanal saíam do “normal” era culpa do fascismo dele. Hoje, o Pantanal está mais seco ainda e a Amazônia está em chamas. A culpa não é de Lula? Triste país de abobados.

Roberto Moreira da Silva

rrobertomsilva@gmail.com

Cotia

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OUTUBRO ROSA

No Outubro Rosa, que nasceu na década de 1990, tem o intuito de estimular a população ao controle do câncer de mama a partir de realização de exames para detecção de anormalidades. Prevenção provoca aumento nas taxas de cura e propõe que mulheres conheçam seus corpos. De nada adianta batizar o mês de Outubro Rosa, com forma de chamar a atenção para o grave problema do câncer de mama, se a rede pública não dispõe de equipamentos para o diagnóstico, nem de remédios para quem precisa.

José Ribamar Pinheiro Filho

pinheirinhoma@hotmail.com

Brasília

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SONZA, EICHMANN E ARENDT

Recentemente a cantora Luísa Sonza postou uma foto com o livro Eichmann em Jerusalém, da pensadora Hanna Arendt. Quase imediatamente houve um furor nas redes sociais. Vínculos entre uma recente fala racista da cantora e alguns textos de Arendt favoráveis à segregação racial nos Estados Unidos foram jogados aos holofotes. Daí ressuscitaram um texto em que a filósofa, ou cientista política, como parecia preferir, foi chamada de supremacista branca. Também resgataram o perdão que ela havia dado ao filósofo Heidegger (seu amante e nazista de carteirinha) para desqualificar todo o pensamento dela. Os fãs de Arendt correram ao seu socorro, a meu ver, sem sucesso. Alegaram que Hanna, sendo judia e repudiando o nazismo, jamais poderia ser racista, que após defender a segregação havia escrito cartas se justificando e se desculpando pela falta da compreensão correta do movimento pelos direitos civis estadunidenses. Afora o que foi mencionado muito en passant, a questão é muito mais complexa e merece uma análise aprofundada. Muitas questões importantes surgem daí e parece que poucas pessoas assim percebem. Primeiro, onde estão os argumentos do debate? Se a postagem fosse das cantoras Iza ou Ludmilla, qual seria a repercussão? E se fosse Tiago Iorc? E se fosse Emicida ou um dos netos de Gil? O que muda na discussão? Ou não haveria discussão? Outro ponto é que desde que a filosofia nasceu temos diversos exemplos de pensadores com manchas em sua biografia. Já citei Heidegger (filiado ao nazismo), mas há também Platão (que tinha críticas à democracia), Nietzsche (muitas vezes misógino), Karl Marx (aparentemente homofóbico), David Hume (racista) e uma lista infindáveis de nomes e adjetivos pouco elogiosos aderindo a seus nomes e obras. Nessa linha, deveríamos descartar toda a obra desses pensadores? O debate sobre a filosofia me parece pobre e empobrecido, seja pela fulanização, seja pelos argumentos de autoridade ou qualquer outra falácia que se impõe perante o que é o ato de filosofar. Ao menos alguém parou para falar de um livro, pena que a grande maioria nem leu.

Marco Machado

marcomachado1@gmail.com

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‘ORDINARY MEN’

O filme Ordinary Men é imperdível, pois desmistifica a lenda de que soldados nazistas foram obrigados a matar inocentes senão sofreriam sérias consequências. Documentos históricos provam que eles puderam escolher, e muitos se negaram a obedecer ordens e nem por isso pereceram. A página mais negra da História moderna ainda sofrerá outros revisionismos. O chocante é constatar que a maldade e o fanatismo venceram o humanitarismo, o bom senso e o dever moral. E a verdade foi escondida.

Elisabeth Migliavacca

São Paulo