Gastos públicos
Previsão de inflação
De acordo com os analistas consultados pelo Estadão, o conjunto de medidas de contenção de gastos do governo foi considerado tímido, com a pressão política prevalecendo sobre a equipe econômica. Diz o ditado que “a timidez é uma sombra que desaparece na luz da ação”. No entanto, a tão esperada ação ainda não aconteceu. Por isso a previsão de inflação no Brasil tornou-se uma preocupação crescente à medida que nos aproximamos do fim de 2024 e projetamos para 2025. A alta do dólar tem pressionado e continuará a pressionar os preços, afetando diretamente as previsões de inflação. Sem ações concretas do governo e do Banco Central para garantir o cumprimento das metas de inflação, podem ocorrer impactos negativos no crescimento econômico. É isso o que Lula quer para o Brasil?
Jorge Alberto Nurkin
São Paulo
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Anulação mútua
O pacote fiscal, um ato econômico, foi anulado por isenção fiscal, um ato político. Primeiro, deveriam anunciar as medidas de redução de gastos. Em outro dia poderiam anunciar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. As duas medidas juntas se anularam mutuamente.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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É a eleição!
Devemos cumprimentar a equipe econômica do governo: demorou tanto para apresentar o tal pacote de corte de gastos, e acabou demonstrando que a campanha eleitoral continua. Quem não for tolo perceberá que Dilma Rousseff fez escola e caminhamos para uma pandemia fiscal em pouco tempo. A montanha pariu um rato e nada se resolveu quanto ao corte de gastos. Não conseguiram enganar nem os desatentos sabujos de plantão.
Leila Elston
São Paulo
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Dólar a R$ 6
Pacotão de Fernando Taxxad é um presente de grego. Abriu a boca e o dólar passou dos R$ 6.
José A. Muller
Avaré
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Redes sociais
No Judiciário
O julgamento sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet escancara a total falta de liturgia que acomete o Supremo Tribunal Federal (STF). Em vez de discutir juridicamente os temas em julgamento, os ministros transformaram o tribunal em botequim, onde se reclama do mérito da lei por experiências individuais. Este é o verdadeiro escárnio à democracia, em que as diretrizes do Parlamento valem menos que a vontade das autoridades togadas.
Francisco de Godoy Bueno
São Paulo
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Caso Carrefour
Quem não é sério?
Brasil e França entraram em rumo de colisão durante a chamada guerra da lagosta, nos primeiros anos da década de 1960. À época, pesqueiros franceses começaram a encontrar dificuldades de captura do crustáceo ao longo da costa oriental da África, ou pela sua escassez ou pela perda de colônias francesas que estavam ganhando a independência. Tal situação os atraiu para o Nordeste brasileiro. Após reviravoltas diplomáticas e quebras de acordo em relação ao número de embarcações francesas permitidas, a pendenga evoluiu para um início de crise entre os dois governos que culminou com o envio de navios de guerra que chegaram a configurar uma espécie de clima dissuasório, mantendo-se a curta distância uns dos outros, até com emprego de aeronaves. Diz-se que foi ao longo das negociações que o presidente Charles de Gaulle teria dito a célebre frase dando conta de que “o Brasil não é um país sério” – declaração cuja autoria foi depois assumida pelo diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho. Os dois governos voltam hoje a se defrontar, desta vez por questões de importação de carne brasileira pela França com base em argumentações diversionistas ligadas ao meio ambiente. É evidente, no entanto, que a verdadeira motivação reside na pressão dos pecuaristas franceses que lutam, por interesses corporativos, pela rejeição do acordo Mercosul-União Europeia. Será que chegou a vez de desconfiar de que a França não é um país sério?
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro
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Libertadores da América
Botafogo x Atlético-MG
Quis o destino que hoje, 30 de novembro, no Estádio Monumental de Nuñez, na Argentina, terra dos campeões do mundo, duas equipes brasileiras disputassem mais um título da cobiçada Copa Libertadores da América. Por direito, o Hino Nacional deveria ser tocado duas vezes.
Abel Pires Rodrigues
Rio de Janeiro
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
PEC DO ABORTO
Cada vez que leio sobre essa PEC fico estarrecida. Meninas de dez anos, adolescentes e mulheres adultas serão obrigadas a gerar um bebê fruto de violência, independente do risco que correm, independente do impacto que isso causará na vida delas, do bebê e de toda uma família, muitas vezes convivendo com o próprio agressor. Mulheres terão que levar à cabo uma gestação onde é sabido que o feto não sobreviverá, passando por meses de tristeza e um parto sofrido e triste. Isso sem falar nas que correm risco de morte e nem podem decidir o que querem fazer a respeito disso, se se arriscam ou não. Ter um bebê deveria ser uma opção e um direito. Essa opção deveria ser unicamente de quem o gera, pois essa pessoa sabe, melhor do que ninguém, como ele foi gerado e se existem condições razoavelmente dignas para criá-lo. Tenho certeza absoluta que, se fossem os homens os estuprados, os que deveriam levar uma gestação perigosa ou com a certeza de morte do bebê, esse assunto já teria sido resolvido e essa PEC absurda nem existiria. Simples assim.
Gabriela Klink
São Paulo
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ESPAÇO À CONSCIÊNCIA
Talvez para alguns possa parecer inconcebível nas discussões parlamentares e, no caso específico, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara, o uso de argumentos e fundamentos morais e religiosos para sustentar as teses. Discordo de quem pensa assim. Contudo, estou ciente e também louvo o fato de sermos um Estado laico. A liberdade e pluralidade religiosa aqui –teoricamente – têm seu espaço garantido. A laicidade impede que as religiões ou concepções morais ditem as regras ao ordenamento jurídico. Todavia, creio ser muito mais fecundo para o debate público aquilo que o professor de Harvard, Michael Sandel, bem explicitou no livro Justiça. O que é fazer a coisa certa, escreve: “é um erro pensar que é possível derivar e defender princípios de direito e de Justiça que não pressuponham certa concepção do bem […] a tentativa de ser neutro pode ter um efeito prejudicial”. Por mais difícil que seja, é preferível dar espaço à consciência moral do que optar pelo esvaziamento do debate com retóricas abstratas ou meramente emotivas. Somos um Estado laico com a maioria da população religiosa. Nesse contexto, o Parlamento não poderia ser nem casa de oração nem ágora de filósofos.
Luís Fabiano dos Santos Barbosa
Bauru
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ATROCIDADES
Em nome de Deus, a humanidade já cometeu muitas atrocidades. Agora, o nosso parlamento, que se julga acima do bem e do mal, decide votar uma lei que determina que qualquer tipo de aborto é crime. Não seria o caso de, já que são tão preciosos com a vida alheia, de primeiro criar condições de vida, escola e formação para tantas crianças indesejadas que nascerão? O que eles propõem para acabar com a miséria e o desamparo das pessoas menos favorecidas deste País? Por acaso Deus, Pátria e Família resolvem?
Paula de Ribamar e Silva
Cotia
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BOLSONARO NU
Diante das notícias sobre a covarde, antidemocrática e criminosa tentativa de golpe do ex-presidente Bolsonaro et caterva – verdadeira e patética patifaria Tabajara –, não poderia ser mais certeiro o editorial Bolsonaro nu (Estadão, 28/11, A3), que falou de sua folha corrida de quatro longas décadas: “o mau militar saído do Exército em desonra, o mau deputado do baixo clero interessado somente em enriquecer a si mesmo e à família, e o mau presidente negacionista, liberticida de viés fascistoide. Por oportuno, cabe reproduzir seus parágrafos finais: “Nesse sentido, é estarrecedor ainda haver no seio de uma sociedade que se pretende livre e democrática quem admita a presença de alguém como Bolsonaro na vida política. Ou pior, que enxergue como ‘democrata’, ‘patriota’, ‘vítima do sistema’ ou baboseira que o valha um sujeito de quinta categoria que já defendeu o fechamento do Congresso, lamentou o ‘baixo número’ de concidadãos torturados e mortos nos porões da ditadura militar, pregou o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso e trata adversários políticos como inimigos a serem eliminados, inclusive fisicamente. Ademais, Bolsonaro jamais desestimulou as manifestações de teor golpista realizadas em seu nome, como os acampamentos na frente de quartéis País afora. Tudo indica que não o fez para falsear um ‘clamor popular’ pelo golpe e, assim, pressionar as Forças Armadas a apoiá-lo na intentona – o que, para o bem do Brasil, não ocorreu. A Justiça, primeiro, e a História, depois, hão de ser implacáveis com Bolsonaro e todos os que flertaram com a destruição da democracia no Brasil”. Estado Democrático de Direito, sempre, golpe de Estado, nunca mais.
J. S. Decol
São Paulo
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JUIZ PARCIAL
Seria oportuno que o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) estabelecesse de forma clara e inequívoca se Alexandre de Moraes pode ou não continuar a presidir o inquérito no qual ele é vítima também. O Brasil tem hoje 200 milhões de especialistas em direito judiciário e cada um tem a sua opinião sobre o tema. O argumento mais usado pelos que querem o afastamento de Alexandre de Moraes traça um paralelo com o juiz Sergio Moro, que foi declarado parcial porque trocava ideias com o promotor do caso do mensalão, isso levou a anulação de todo o processo. Sem entrar na discussão técnica do tema, não parece razoável que um juiz julgue um caso no qual ele é a vítima, não há como esperar imparcialidade do juiz/vítima. Diante desse cenário, é grande a chance de uma nova lambança do STF: teremos anos de julgamento, condenações e depois a inescapável anulação de todo o processo porque o juiz não foi imparcial.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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STF
STF tipifica ‘bolsonarismo qualificado’ enquanto apaga crimes confessos de corrupção (Estadão, 27/11). Mestre Guzzo, mais uma vez, manifesta coerência e assertividade. “O STF anula em massa crimes confessos das empresas comprovadamente mais corruptas do Brasil, e devolve a cada uma delas o dinheiro que roubaram. Justo agora, quando o mesmo STF diz que continua salvando o País de um golpe militar devastador? Justo agora [...] Um STF apontado, com base nas sentenças que assina, como maior incentivador da corrupção no mundo pode ser levado a sério em alguma coisa?”. Está muito claro que o STF é arbitrário, não oferece credibilidade e não pode ser levado a sério. Se não tem reserva moral para bater em Chico, não pode bater em Francisco.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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EMPOLGANTE EMBATE
Será que Lula da Silva, auto-avaliado como gladiador nacional, auxiliado por seus fiéis escudeiros, visão curta e populismo barato, vencerá o invisível, ao mesmo tempo, furtivo, onipresente e traiçoeiro mercado, conforme ele próprio assegurou? As primeiras escaramuças mostram alguns golpes por ele sofridos, provocando quedas e ferimentos eventuais, dos quais julga poder se recuperar com certa facilidade. Atendem os ataques pelos nomes de câmbio e inflação, além de outras ameaças potenciais. Curiosa e, ao mesmo tempo, apreensiva, a plateia, ou seja, o povo, que, além de mero assistente, também pode receber incômodos respingos do que ocorre na arena, aguarda, sem reagir, por enquanto, o desenrolar e o desfecho do empolgante embate.
Paulo Roberto Gotaç
Rio de Janeiro
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PACOTE DE GASTOS
Depois do fracasso da divulgação do pacote de corte de gastos do governo federal, sugiro a Lula demitir Fernando Haddad, ministro da Fazenda, incompetente. Para melhorar sua imagem e ainda ter alguma chance de se reeleger em 2026, também sugiro a demissão da ministra Simone Tebet e seu vice, Geraldo Alckmin. E quem sabe, dar um chega pra lá na Janja. E para garantir sua reeleição, os incompetentes devem ser substituídos por José Dirceu, Gleisi Hoffmann, João Vaccari Neto e Marcos Valério. Aí sim, o Brasil vai decolar, rumo ao inferno. Rir para não chorar.
Maria Carmen Del Bel Tunes
Americana
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ESQUETE DE HADDAD
Do confuso pronunciamento em rede nacional do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite de 27/11, na mesma linha do chefe 01, bem adequado ao 1.° de Abril, anunciando pacote para frear as contas públicas, com a ampliação da isenção de imposto de renda a partir de 2026, entre tantas medidas que provocaram a disparada do dólar durante todo o dia, ficaram muitas dúvidas. A maior delas: sendo a figura mais caricata e dissimulada que tomou assento naquela pasta, por qual razão, até agora, nenhum humorista apresentou algum quadro ou esquete tendo o ministro Taxadd como farol de seus shows? Pelas ideias, trejeitos, confusas palavras e números mentirosos, farto material há. Talvez a dificuldade esteja na modulação da voz ao biquinho de lacre, formatado em seus lábios, com cara de beijo choroso rejeitado, diretamente proporcional às inseguras mentiras que permeiam as suas entrevistas e pronunciamentos. Divirtam-nos, criativos profissionais da imitação, das charges e caricaturas. Sucesso garantido.
Celso David de Oliveira
Rio de Janeiro
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AUMENTO DO DÓLAR
Super promoção de Black Friday nas lojas Haddad: dólar a R$ 5,99. Aproveitem enquanto durarem os estoques.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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SLOGAN
O slogan do pronunciamento do ministro Fernando Haddad: Brasil mais forte, governo eficiente, País justo. Não seria uma fake news?
Vital Romaneli Penha
Jacareí
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LULA E MACRON
Até ontem, Lula estendia o tapete para Emmanuel Macron, porém, após o imbróglio da carne, disse que o presidente da França não apita nada. O tempo dirá se será assim mesmo. Diga-se de passagem que quem saiu na frente e criticou a decisão do Carrefour foi a frente parlamentar ligada ao agro e a quem coube uma defesa incisiva e enérgica sobre seus produtos. Essa uma forma assertiva de acabar com a fofoca.
Izabel Avallone
São Paulo
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CIRCO DE HORRORES
O Marco Civil da Internet e a responsabilidade das plataformas digitais estão na pauta do noticiário, no dia em que a Austrália proibiu o acesso de menores de 16 anos às redes sociais. Como detesto as redes, que chamo de antissociais, me congratulo com o governo da Austrália. “A Internet deu voz aos idiotas”, observou Umberto Eco. Eu acrescentaria: aos malucos e aos ressentidos. Jovens: fiquem longe deste circo de horrores. Esqueçam as telas viciantes. Vivam a vida real.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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REGULAMENTAÇÃO DAS REDES
O Congresso Nacional, com quase 600 parlamentares, ficou dois anos sem legislar sobre a regulação e responsabilidade das mídias sociais e deixou a solução para os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Este é o Brasil.
Luiz Frid
São Paulo
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TERRA DE NINGUÉM
A regulamentação das redes sociais no País é de competência do Congresso Nacional, mas são eles mesmos que não tem interesse nessa tarefa. São beneficiários da desregulamentação pois se dedicam aos disparos de fake news, disseminação de notícias falsas que visam desinformar o povo brasileiro. Na verdade, o artigo 19 do Marco Civil deverá ser julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, pois não pune e nem responsabiliza as plataformas digitais como um todo, sobre essa excrecência. Como o Congresso não cumpriu com sua obrigação em legislar sobre o assunto, cabe agora ao STF dar um ponto final nessa terra de ninguém onde proliferam perfis falsos, acobertando criminosos de plantão. Afinal, é essencial combater os efeitos da desinformação que, pela demora do Congresso, o STF se viu incumbido em delimitar os direitos e obrigações através do julgamento da competente ação que abarca o negativismo dos congressistas. Será? Quem viver verá.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo