Segurança pública
Mazelas brasileiras
Não se corrige mau policial por decreto (Estadão, 28/12, A3). Sim, é verdade. E também não é por decreto que se eliminam, entre outras mazelas, a pobreza, a corrupção, a violência, a ignorância, a falta de ética que nadam de braçada neste país, em todos os seus níveis. O policial daqui não é suíço, e sim brasileiro, num ambiente muito doente, assim como nossos políticos, profissionais e o povo em geral. Tudo isso só se cura com preservação absoluta dos valores e remuneração mais adequada, que é gerada por desenvolvimento e criação de riqueza. Menos Estado, menos ideologia e mais consciência de cidadania e ação.
Severino José da Silva
Rio de Janeiro
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Equilíbrio emocional
O editorial Não se corrige mau policial por decreto está claro e objetivo. Eu sugeriria dar mais destaque ao trabalho e grande risco que fazem parte de um policiamento efetivo, com uma melhoria de remuneração e benefícios compatíveis. E, baseado nos meus quase 12 anos de treinamento em aikido, creio que, como muitas nações, poderíamos tornar obrigatório um treinamento básico de uma arte marcial séria a todos os agentes policiais, antes de saírem para trabalhos externos. As filosofias orientais de defesa pessoal e equilíbrio emocional podem muito ajudar no enfrentamento de situações de risco. Assim, creio que poderíamos tornar mais efetiva nossa segurança, tanto para o público como para aqueles que se arriscam para nos proteger.
Silvano Corrêa
São Paulo
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Educação
Celular na escola
No artigo Celular na escola – um problema mais complexo (28/12, A4), os autores Pedro Chaves e Ronaldo Mota manifestam a preocupação pelo fato de que a lei que regulamenta o uso do aparelho por estudantes, se sancionada, poderá acarretar “resultados nefastos e excludentes em toda uma geração”, esquecendo-se do fato de que essa lei é, na realidade, mais uma tentativa de colocar ordem em salas de aula, pois o buraco é mais embaixo. Aliás, aparentemente sabendo disso, os próprios autores dizem no início do artigo que até no Congresso Nacional inúmeros parlamentares fixam sua atenção nas telas dos seus celulares enquanto um deles discursa. É sabido que o mesmo acontece nas salas de aula do ensino médio, principalmente em escolas públicas. Quem discursa, no caso, é o coitado do professor, principalmente nas aulas de matemática, em que ele é obrigado a ficar de costas junto ao quadro-negro, enquanto conversas paralelas grassam, com ou sem celulares. Aliás, o celular também é usado para jogar, em plena aula, o famigerado Free Fire, um jogo de tiros e sobrevivência, enquanto o professor, inerme, sem autoridade, prossegue a aula do jeito que dá. Os alunos, obviamente, pouco aprendem e, aí sim, se tornarão “excludentes”.
José Eduardo W. de A. Cavalcanti
São Paulo
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Ferramenta de distrações
O artigo sobre a decisão de não permitir os celulares nas escolas nos leva à boa reflexão. Se um baby boomer levasse um gibi ou uma funda para a aula, teria de ser escondido dos pais e professores, caso contrário haveria problemas. Um gibi ou uma funda, recreativos na época, serviam para atividades não pedagógicas. O gibi poderia até servir para a aula se o professor dominasse uma metodologia ativa, não comum na época. Se o celular fosse usado para atividades pedagógicas e uma ferramenta de conhecimento, como a antiga Barsa, seria bem-vindo. O que ocorre é que não é ferramenta de ensino, e sim de distrações (ver relação com TDAH e autismo), e com frequência usado para essa finalidade pelos pais em casa e também pelos professores, que muitas vezes não resistem em verificar se um post obteve likes. É problema de difícil solução.
Carlos Ritter
Caxias do Sul (RS)
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Filosofia
Schopenhauer atual
O ensaio O século 21 visto por Schopenhauer (28/2, C6-C7) é precioso e ao mesmo contundente, apontando que o filósofo, em sua época, sofreu a política do cancelamento, tão em voga em nossos dias, por “resistir a uma sociedade presa ao habitual”. Em um de seus ensaios, afirma que “o mundo civilizado não passaria de um grupo de pessoas mascaradas”. Mais atual, impossível. Mas... feliz ano novo!
Elisabeth Migliavacca
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
A BRIGA DE CADA UM
“Independentes e harmônicos entre si.” Está lá, na Constituição, o texto que fala sobre os Poderes da República. Bela frase, no papel. Hoje o que se vê é cada um com a faca entre os dentes. Agora, é o Congresso Nacional, que teve a suspensão de R$ 4,1 bilhões em emendas bloqueados pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), até que as explique com transparência. E, segundo noticiado, a questão é pessoal. Pessoal? Como assim? Isso não pode nem deve existir, se não a autoridade fica desmoralizada. A decisão do ministro Flávio Dino, nestes moldes, fica prejudicada. A verdade é que, infelizmente, o País convive com isso há anos. É uma prática antiga, eu diria secular. Eles brigando por bilhões de reais e uma expressiva parcela da população brigando com o salário mínimo para que ele chega até o dia15 ou 20 de cada mês.
Panayotis Poulis
Rio de Janeiro
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TRANSPARÊNCIA E RASTREABILIDADE
O que os eleitores desejam saber e acompanhar, em relação às atividades nos Três Poderes da Republica, é que as ações e os recursos públicos nelas investidos tenham total transparência e rastreabilidade. Essas são as palavras do momento, em relação às emendas parlamentares, cujos recursos envolvem R$ 4,6 bilhões, dos R$ 50 bilhões destinados às extraordinárias verbas concedidas aos congressistas nacionais para que agradem seus eleitores e os reelejam. A questão é saber o que acontece com o dinheiro, ao longo do caminho, do Tesouro ao destino final. É isso que o ministro Flávio Dino e os 212 milhões de brasileiros querem saber.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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NÃO É PESSOAL
A decisão do ministro do Supremo Flávio Dino sobre a proibição de liberar emendas parlamentares não retrata a existência de um conflito entre ele e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Trata da obrigatoriedade de haver transparência e lisura no processo. Daí porque o ministro não aceitou as alegações de Lira e deu um exíguo prazo para que ele respondesse às solicitações da Justiça.
Sylvio Belém
Recife
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MONTANHA DE DINHEIRO
É tão difícil assim, sr. Arthur Lira, explicar para onde vai esta montanha de dinheiro das emendas? Muito estranho, não é? Cumprimento o ministro Flávio Dino.
Ariovaldo J. Geraissate
São Paulo
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O DINHEIRO QUE FAZ FALTA
O Orçamento público se transformou numa colcha de retalhos que perdeu sua racionalidade. O custo das aposentadorias está pressionando o caixa, mas Lula não tem coragem de propor uma nova reforma no afã de conseguir se reeleger em 2026. Um dos itens mais sacrificados no Orçamento é o volume de investimentos, que é o mais baixo em muitos anos. Isso faz com que investimentos, por exemplo, na manutenção de pontes e viadutos não sejam realizados e provoquem mortes, como no Tocantins, enquanto nossos congressistas recebem mais de R$ 50 bilhões por ano para asfaltar estradas que levam para as suas fazendas, sem nenhum respeito a um plano estratégico que deveria existir para todo o País. Sem considerar que, com o nível de corrupção que conhecemos de longa data, estão forrando os bolsos de muita gente. Ainda bem que temos alguns, raros, Flávios Dinos que nos protegem.
Aldo Bertolucci
São Paulo
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MISTERIOSAS REUNIÕES
O ministro da Suprema Corte Flávio Dino suspendeu o pagamento das emendas de comissão, no valor de R$ 4 bilhões. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar irregularidades nessas emendas apadrinhadas. Diante da decisão de Dino, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, convocou os líderes partidários para uma reunião extraordinária durante o recesso parlamentar. Os contribuintes brasileiros continuam espantados com tamanho atrevimento dos parlamentares, que já estão se movimentando para retaliar o STF. Para quem paga todas as despesas dos nobres deputados, é evidente que cada centavo do dinheiro público gasto precisa ser totalmente transparente e rastreável, documentado com origem e destino do recurso. Misteriosas reuniões em casa não devem existir, nunca.
José Carlos Saraiva da Costa
Belo Horizonte
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DEGENERAÇÃO INSTITUCIONAL
O editorial Uma chance para o Brasil (27/12, A3) e a reportagem Lira cobra ministros de Lula por acordos sobre emendas e dará resposta ao STF (27/12, A7) me trouxeram à memória um sucesso de Ney Matogrosso no início da década de 80 intitulado É por debaixo dos panos, em que ele cantava: é por debaixo dos panos que a gente pode guardar segredo de tudo que se vê, que a gente esconde tudo e tudo quer fazer, que a gente comete um engano sem ninguém saber, que a gente entra pelo cano sem ninguém ver. Acertadamente, o editorial do Estadão classifica como degeneração institucional o orçamento secreto, cuja origem está na Emenda Constitucional 86 de 15 de março de 2015, que altera os artigos 165, 166 e 198 da Constituição federal, para tornar obrigatória a execução da programação orçamentária que especifica. A debilidade do Executivo de então abriu espaço para que as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal aprovassem o orçamento impositivo e aumentassem o poder e a interferência do Legislativo sobre os recursos públicos. Apesar de ter sido considerado inconstitucional pelo STF em dezembro de 2022, por ferir os princípios de transparência estabelecidos no artigo 37 da Constituição federal, a excrescência do orçamento secreto busca sobreviver através de subterfúgios e acordos próprios de uma república de padrinhos e afilhados que vilipendia a Carta Magna. Em decisão por enquanto monocrática, o ministro Flávio Dino vem se esforçando para cumprir seu papel de guardião da Constituição. Bestializado, o povo aguarda pronunciamento da guardiã Suprema Corte a respeito do vilipêndio, da degeneração institucional e da chance para o Brasil. E agora, José?
João Pedro da Fonseca
São Paulo
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PODER EXECUTIVO – O GABINETE DE JANJA
Causa espécie, indignação e revolta a matéria Janja mantém equipe informal de pelo menos 12 auxiliares no Planalto (Estadão, 27/12, A8), dando conta de que a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja – eleita pelo marido, o presidente Lula da Silva, mas não pelo voto popular –, despacha de uma ampla sala de 25m² no terceiro andar do Palácio do Planalto, tendo à sua inteira disposição e capricho uma equipe de pelo menos uma dúzia de assessores, que custam cerca de R$ 160 mil mensais em salários, fora as despesas com viagens, que consumiram até o presente nada menos que R$ 1,2 milhão aos cofres públicos. Como se tem visto desde a eleição de Lula, a versão tupiniquim de Evita Perón pinta e borda na política nacional, metendo o seu grande bedelho em searas alheias à sua mera condição de primeira-dama, palpitando e influenciando importantes decisões em áreas totalmente fora do alcance de seu expertise como socióloga. Pobre Brasil.
J. S. Decol
São Paulo
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PRIMEIRAS-DAMAS
Sem cargo oficial, com 12 assessores ao custo de R$ 160 mil mensais, Janja da Silva é a notória primeira-dama do nosso pobre país, não sendo questionada em nenhum dos 39 ministérios do atual governo e com alta rejeição entre a população. Se também tiver coleção de vestidos, joias e sapatos, lembrará a famosa Imelda Marcos, primeira-dama das Filipinas, condenada e presa por crimes cometidos.
Carlos Gaspar
São Paulo
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A ÉTICA DA ÉTICA
Comissão de Ética da Presidência formada por Lula pune bolsonaristas e livra petistas (Estadão, 27/12). Como dizia o ex-ministro Marco Aurélio Mello, processo não tem capa.
Vital Romaneli Penha
Jacareí
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SEGURANÇA PÚBLICA – DECRETO INÓCUO
Brilhantes, como sempre, as medidas de segurança pública do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski para acabar com a escalada da violência no País. Para explicar a fuga do presídio de segurança máxima em Mossoró (RN), o ministro fez uma patética confissão de culpa: o presídio estava em reforma, as câmeras não funcionaram, havia um alicate no canteiro de obra, os funcionários estavam “mais relaxados” por causa do carnaval. Agora, por meio de decreto divulgado pelo Ministério da Justiça, pretende regular o uso de armas letais para acabar com a violência policial. Com essa medida, determina o óbvio, ou seja, o que já está em pleno vigor: as armas de fogos só podem ser usadas em último recurso na abordagem policial. Como se essa medida já não fizesse parte dos protocolos e normas de conduta dos agentes de segurança pública.
Deri Lemos Maia
Araçatuba