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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
9 min de leitura

Congresso Nacional

Muito barulho por nada

Parlamentares brasileiros adoram Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para se exibirem e, neste outono, organizaram um festival delas: a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas do 8 de Janeiro; a CPI das Lojas Americanas, em Black Friday; a CPI da manipulação no futebol mafioso; e a CPI do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acampados. Muito barulho por nada. As reformas tributária e administrativa ficarão ofuscadas, por não permitirem discursos inflamados e fogueiras das vaidades. Trabalhar pelo bem da Nação fica em segundo plano.

Paulo Sergio Arisi

paulo.arisi@gmail.com

Porto Alegre

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‘Palanque político’

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que gostaria que a CPI do MST, criada na Câmara dos Deputados, não virasse “palanque político” (Estadão, 28/4, A7). Assino embaixo de tudo o que foi dito pelo senhor ministro, porém, com as eleições municipais se aproximando, em outubro de 2024, é líquido e certo que a comissão será usada, antecipadamente, por partidos e candidatos no próximo pleito municipal, como trampolim para outros cargos de maior expressão na esfera federal. Infelizmente, nem bem começou o ano legislativo e, além desta, temos mais quatro CPIs, entre autorizadas e aguardando a leitura de requerimento. O carro-chefe delas, hoje à espera da composição dos cargos, é a CPMI do 8 de Janeiro, que carece de atenção e urgência no início dos trabalhos, por sua complexidade e pelas divergências de opiniões. Vamos torcer para que elas cumpram o prazo das conclusões e que sejam fiéis à verdade.

Sérgio Dafré

Sergio_dafre@hotmail.com

Jundiaí

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Gaveta

Esperamos que a CPMI do 8 de Janeiro não tenha o mesmo destino da CPI da Covid, ou seja, a gaveta.

Robert Haller

São Paulo

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STF

O próximo ministro

Com o pedido do ministro Dias Toffoli para mudar da primeira para a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF), parece estar definido que o presidente Lula já escolheu o causídico Cristiano Zanin para a vaga de Ricardo Lewandowski.

Vital Romaneli Penha

vitalromaneli@gmail.com

Jacareí

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Cristiano Zanin

O sr. Lula da Silva pretende indicar seu advogado, Cristiano Zanin, para o STF para ele legislar em causas do próprio?

Tania Tavares

taniatma@hotmail.com

São Paulo

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ABL

Ricardo Cavaliere

O filólogo Ricardo Cavaliere tem todos os predicados para estar na Academia Brasileira de Letras (ABL) e era o franco favorito na eleição da semana que passou. A candidatura de Mauricio de Sousa é muito bem-vinda, assim como foram as de artistas e indígenas – lembremos que Daniel Munduruku também era visto como um forte candidato –, entre outros grupos até então não representados na ABL. Mas o tom de derrota em que estão sendo dadas as notícias dessa disputa não corresponde à votação havida nem à forma como ocorrem as apresentações e conversas de convencimento dos eleitores. Como a imortalidade dos acadêmicos não é material, espero ver em breve tanto Mauricio de Sousa quanto Daniel Munduruku trajando o fardão.

Adilson Roberto Gonçalves

prodomoarg@gmail.com

Campinas

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Histórias em quadrinhos

Foi por meio dos gibis da Turma da Mônica que adentrei no universo das letras e, com Mauricio de Sousa, descobri duas paixões: desenhar histórias em quadrinhos e o amor pelos livros. Já na universidade, eu me desapaixonei, pelo modo cartesiano como me ofereciam os clássicos da leitura – não houve um convite acolhedor e afetivo. Quero aqui, com esta mensagem, cumprimentar Mauricio de Sousa por sua majestosa candidatura para a Academia Brasileira de Letras. Infelizmente, não foi desta vez que ela foi vitoriosa, mas acendeu uma luz sobre o prestígio e o papel que as histórias em quadrinhos têm na constituição de valores sociais, afetivos e na formação de milhares de leitores brasileiros, além de serem a porta de entrada da alfabetização de muitas crianças, apaixonadas pela nona arte.

Anderson Antonio Vidal

mesttrevidal@gmail.com

Suzano

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

DESINDUSTRIALIZAÇÃO PAULISTA

Conforme divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o outrora forte e dinâmico parque industrial de São Paulo registrou de janeiro a março deste ano três meses seguidos de retração, período em que amargou uma expressiva perda de 4,7% em comparação ao recuo nacional de apenas 0,2%. O setor no Estado operava em fevereiro nada menos que 24,6% abaixo do pico alcançado em março de 2011. Como se vê, o processo de desindustrialização paulista segue em marcha no mais importante, pujante e rico Estado do País e do Hemisfério Sul. Triste, preocupante e lamentável. Pobre São Paulo.

J. S. Decol

decoljs@gmail.com

São Paulo

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JUROS E INFLAÇÃO

Na Argentina a taxa de juros é de 91% e a inflação, de 104%, ou seja, o investidor já começa perdendo 13% do seu poder de compra. No Brasil os juros são 13,75% e a inflação, 4,65%, com isso o investidor ganha 9,1%. Agora a escolha é sua, baixamos os juros e o governo vai gastar para seguir os passos da Argentina ou se mantêm os juros altos com uma moeda forte e sem inflação.

Roberto Solano

robertossolano@gmail.com

Rio de Janeiro

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DERROTAR-SE

O bom jornalismo, creio, é o que detalha e analisa fatos em parte obscuros ou desconhecidos dos leitores. O artigo de Felipe Moura Brasil Negacionista de si próprio (24/4, A8) é exemplar. Pelo menos eu não sabia de tanto cinismo de nosso presidente em entrevista à imprensa de Portugal. Que ele não entenda nem a língua portuguesa não é difícil atinar, mas usar isso para ganhar tempo para achar uma resposta esfarrapada a uma questão clara até que um bajulador qualquer o socorra é realmente espantoso. O que se percebe cada dia mais claramente é que Lula está com uma fase desligada, perdido na maionese de suas trapalhadas. Isso cada vez mais nos envergonha. Só venceu a eleição presidencial porque o outro candidato derrotou-se. Ele agora derrota-se.

Ademir Valezi

valezi@uol.com.br

São Paulo

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MAU JORNALISMO

A conta salgada do mau jornalismo (26/4, A3). Se essa moda pegar no Brasil, a indenização pelo mau jornalismo, seríamos nós, leitores, que teríamos esses direitos. Chega de mentiras e de desinformação. Fim ao mau jornalismo!

Arcangelo Sforcin Filho

despachante2121@gmail.com

São Paulo

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DEFESA DA HONRA

Resolvidos todos os entraves que afligem o País, os ilibados deputados dedicam-se agora a institucionalizar falcatruas. Não admitem nem toleram qualquer observação sobre suas atuações e qualquer reparo é levado aos tribunais para “defesa da honra e do decoro”. Defendido e incensado por eles, içoqueaíestá é o tal “Estado Democrático de Direito”. E uns e outros, sem qualquer resquício de vergonha na cara, ainda esgoelam que “o Brasil voltou”.

A. Fernandes

standyball@hotmail.com

São Paulo

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‘CASA DO POVO’

Pelo menos uma vez por semana acompanho as sessões da Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, e observo que muitas vezes fico ali sozinho, sentado numa das centenas de poltronas das galerias destinadas ao público em geral. É assim há muitos anos. A chamada “casa do povo” nunca teve tradição de aglutinar populares para assistir de perto aos trabalhos legislativos do Parlamento estadual. O desinteresse da população talvez seja porque aquela casa, que a presidência diz ser do povo, nunca foi do povo, e os interesses ali debatidos, em sua maioria, estão muito distantes de questões populares, sociais e democráticas. Se nossos representantes deixassem um pouco de defender interesses pessoais e politiqueiros, e defendessem mais a questão popular e humana de nossa gente paranaense, talvez as frias e vazias galerias da casa tivessem mais cidadãos acompanhando com prazer os trabalhos.

Célio Borba

celioborbacwb@gmail.com

Curitiba

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DIREITO DE DEFESA

Impressionante a facilidade e rapidez com que a mídia julga, condena, lincha e massacra alguém, como fizeram com o treinador Cuca, ex-Corinthians. Sem direito de defesa, presunção de inocência, contraditório, benefício da dúvida, nada. Não importa se a pessoa é culpada ou inocente, se já se passaram 36 anos da data dos fatos e se ele é uma outra pessoa hoje, o que vale é derramar sangue e crucificar o culpado. Parece que voltamos à Idade Média. Acredito que os quatro anos de ódio, pilhagem e destruição deixados por Jair Bolsonaro tenham deixado sérias e nefastas consequências na alma do País e comprometido muito o nosso espírito civilizatório. Hoje, é a vez do Cuca. Amanhã, pode ser qualquer um de nós.

Renato Khair

renatokhair@uol.com.br

São Paulo

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HISTÓRICO DOS JOGADORES

Estou chocada com a história desse ex-técnico do Corinthians, Cuca. O caso ocorreu em 1987, na Suíça, e a vítima tinha apenas 13 anos. Então, o histórico de jogadores brasileiros que se envolvem em estupros no exterior é um fato a ser estudado. Vejam os casos mais recentes, de Robinho e Daniel Alves, isso sem falar nos fatos que não vêm à público. Embora haja episódios piores, como o do goleiro Bruno, assassino de Elisa Salmudio, mãe de seu filho ainda bebê, que arrancou do peito da mãe antes de matá-la e desaparecer com o corpo. É estarrecedor! Agora, assistimos a uma avalanche sem fim de feminicídios no País que não deixa dúvidas, os homens brasileiros são, potencialmente, assassinos de mulheres. Não podemos nos esquecer também dos recentes casos de estupros e gravidez de jovens mulheres Yanomamis, vítimas de garimpeiros invasores do território indígena, e outras mais levadas para aquela parte da floresta que foi destruída pelos criminosos. Como representante do gênero feminino, exijo um estudo sério das autoridades do País, a começar pelo Ministério das Mulheres, para avaliar e tentar pôr fim a esse histórico escabroso dos homens brasileiros. E mais, as mulheres, e os homens civilizados, deveriam boicotar os clubes de futebol e parar de frequentar os estádios como forma de protesto.

Jane Araújo

janeandrade48@gmail.com

Brasília

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LEIS MAIS DURAS

Quem gosta de passado é museu. O que estão fazendo com Cuca, mesmo eu não sendo corintiano, é vergonhoso. Gostaria de ver em especial as jogadoras do Corinthians pedirem não só a condenação do Cuca, mas saírem da mesmice e pedirem leis mais duras em relação aos estupros diários que ocorrem no Brasil e “vida que segue”. Sem isso, é só hipocrisia.

Zureia Baruch Jr.

zureiabaruchjr@bol.com.br

São Paulo

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PAPISA

O Vaticano deveria permitir que as mulheres alcançassem todas as posições dentro da Santa Sé, inclusive podendo concorrer ao papado. Se essa mudança começar hoje, quem sabe em poucos séculos teremos a primeira papisa.

Mário Barilá Filho

mariobarila@yahoo.com.br

São Paulo

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POPULAÇÃO ALFABETIZADA

Em 1870, os EUA, que iniciaram sua colonização 130 depois do Brasil, registraram todas as suas crianças em salas de aula e tinham 70% da população alfabetizada. Em 1900, Austrália e a Nova Zelândia inscreveram todas as suas crianças nas escolas. Em seu primeiro Censo Demográfico, de 1872, o Brasil contava com apenas 5% da população alfabetizada. Diante desse imenso atraso, ainda assim, por que o ensino no Brasil só piora? Penso que houve grande influência da Pedagogia do Oprimido entre os partidos regressistas, dos quais o PT é o ícone. O estabelecimento da aprovação automática no ensino básico, uma pseudoprogressão continuada, indiretamente acabou instalando, figuradamente, o síndico da massa falida do ensino brasileiro.

Lincoln S. Pessoa

lsp.austria@sapo.pt

São Paulo

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FIAÇÃO NAS RUAS

Passando pelas ruas do Rio de Janeiro (acredito que em outras cidades também), vemos uma quantidade enorme de fios inativos entre os postes. Eu faço uma pergunta à prefeitura: não vai remover essa fiação? Não há utilização para reciclagem desse material? Só colocar fiação nova e não remover as antigas é prejudicial para a manutenção e a estabilidade dos postes, além de uma péssima impressão para a cidade.

Roberto Solano

robertossolano@gmail.com

Rio de Janeiro

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PALIATIVOS ELEITORAIS

O acesso ao principal aeroporto do Rio de janeiro, o Tom Jobim, inclui via dominada por facções de bandidos que eventualmente a interditam por tiroteios. Tal situação vem provocando seu gradual esvaziamento, gerando prejuízos que atingem principalmente o turismo, com inúmeros voos internacionais desviados para outras metrópoles. O quadro está levando a empresa responsável pela sua operação à iminência de desistir da aventura. A rede estadual de transporte público por trens, intensamente utilizada pela população, acaba de ser devolvida pelo concessionário em face de prejuízos causados por furtos de cabos elétricos, vandalismos e, certamente, má qualidade de gestão. A alternativa hidroviária, natural para uma cidade debruçada sobre a Baía de Guanabara, também funciona com deficiência e no limiar de desistência pela iniciativa privada. Enfim, trata-se de um panorama que pode convergir para sério apagão da mobilidade, cuja abordagem exige urgência mas não pode depender de iniciativas pontuais e bravateiras de políticos, e sim de upgrade na infraestrutura básica, há muito negligenciada para dar lugar a paliativos eleitorais.

Paulo Roberto Gotaç

pgotac@gmail.com

Rio de Janeiro

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PRIVATIZAÇÃO DA SABESP

Gostaria de manifestar minha indignação a respeito da informação publicada hoje no jornal de que o governador do Estado cogita conceder ou privatizar a Sabesp. Não aguentamos mais isso! Chega! Não é privatizando nossos tesouros que vamos enxugar a máquina administrativa. Um basta a essas barbaridades! Nós vamos para cima! Ele deveria focar na economia solidária, geração de renda e produção. Fortalecer a produção e o emprego no Estado. Desburocratizar o sistema e acabar com a hierarquia dos donos do dinheiro no Estado. Não à concessão do que funciona! O foco é outro.

Raphael Pascoal

rpcsp8uol.com.br

São Paulo

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LINGUIÇA CALABRESA

Como descendente de italiano (meu avô era da província de Udine), uma das comidas mais saborosas que conheci e desfrutei por bom tempo era a linguiça calabresa, que vinha da tradição familiar se feita na cozinha de casa, pendurada em cima do fogão à lenha, que produzia a fumaça e resultava em sua defumação. Para ser chamada de calabresa era feita em pedaços maiores de carne de porco e a toscana, se picada bem fina. Se misturassem alguma quantidade de carne de vaca, era chamada de mista. Hoje, fugindo à tradição a quase totalidade das linguiças fabricada nos grandes frigoríficos, é chamada de “calabresa”, mas basta ler em letrinhas miúdas que contém carne de frango, portanto não é calabresa ou toscana. Perdeu o sabor.

Laércio Zanini

spettro@uol.com.br

Garça