Eleições municipais
Reta final em SP
A complicada equação usada por nossos políticos em tempo de eleição é mesmo difícil de entender. Como as nuvens, eles também mudam de posição e de interesse. Ora, Jair Bolsonaro, que havia adotado o prefeito Ricardo Nunes na disputa pela Prefeitura de São Paulo, deixou seu pupilo na mão porque ficou encantado com o perfil indisciplinado e arrogante do paraquedista Pablo Marçal, a quem pretende chamar de seu. Lula também pouco fez em prol de sua cria Guilherme Boulos. Não conseguiu chegar a tempo para apoiá-lo na reta final da campanha porque seu Aerolula teve um problema técnico na volta do México. O que está claro, na verdade, é que a dupla que tem intenção de se alternar no comando do Brasil está em declínio e não fez nenhuma falta para a sorte dos seus candidatos.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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Aerolula
Uma nova aeronave
Foi só o avião presidencial ter um problema técnico que já surgiu a conversa de comprar uma nova aeronave. Este era um sonho de Janja quando Lula voltou ao Palácio do Planalto. Não bastou a troca dos móveis que, depois, foram encontrados? E se realmente foi a colisão com um pássaro que causou o problema técnico no México, o que fazer com os pássaros? Matar todos?
Izabel Avallone
São Paulo
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Prioridade
Recentemente, o governo Lula liberou R$ 500 milhões para o combate às queimadas que estão destruindo o País. Acho pouco. O Brasil estava e ainda está sofrendo uma seca terrível. Agora, o presidente quer gastar valor próximo a este na compra de um novo, maior e mais confortável avião presidencial. Então, essa é a prioridade?
Eleonora Franco
São Paulo
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Planos de saúde
Tiro n’água
As mudanças sugeridas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), descritas em reportagem do Estadão de 3/10 (A15), são mais um tiro n’água e dificilmente terão efeitos positivos no caótico cenário do mercado de saúde suplementar, pois miram nos efeitos, e não nas causas dos problemas. As correções “excepcionais” de mensalidades e as medidas regulatórias propostas, especialmente voltadas para operadoras em dificuldades financeiras, tendem a desorganizar ainda mais o setor, sem trazer benefícios concretos para os consumidores ou melhorar o equilíbrio financeiro das empresas. A criação de mais planos de consultas e exames, por si só, não resolve os problemas da saúde suplementar, especialmente quando o mercado já encontrou alternativas eficazes, como os cartões de descontos. Além disso, essas novas regulamentações impõem mais barreiras e desincentivam novos empreendedores que desejam ingressar no setor. O excesso de regras e a burocracia crescente desestimulam a inovação e a competitividade, fundamentais para melhorar o setor. Menos investimentos levam à estagnação da oferta de serviços e à falta de renovação na qualidade dos planos disponíveis. Os caminhos para uma solução mais eficaz passam pelo resgate de medidas como a Resolução Normativa nº 433 da ANS, suspensa pela ministra Cármen Lúcia em 2018. A resolução permitia a inclusão de franquias e a coparticipação de até 40% em planos de saúde, e tinha o potencial de afetar positivamente a estrutura do setor privado de saúde. A introdução dessas franquias poderia ajudar a evitar abusos e fraudes no uso de consultas, atendimentos ambulatoriais e emergenciais, muitas vezes procurados por pacientes em situações que poderiam ser resolvidas por teleconsultas. Isso contribuiria para a redução do volume de atendimentos desnecessários, que hoje sobrecarregam os prontos-socorros e aumentam os custos dos planos de saúde. Com essa nova dinâmica de pagamento, os usuários seriam incentivados a racionalizar seus gastos, evitando consultas e exames desnecessários, o que afetaria diretamente a sinistralidade das operadoras. Consequentemente, as empresas que pagam pelos planos de saúde de seus funcionários também seriam beneficiadas. Mas essa mudança não agradaria a hospitais e laboratórios, cujas receitas poderiam ser reduzidas, já que esses serviços seriam menos procurados. A proposta original buscava “equilibrar” os custos, incentivando os beneficiários a utilizar os serviços de maneira mais consciente e seletiva. Se bem implementada, a medida poderia reduzir em até 40% os custos dos planos, beneficiando consumidores e operadoras.
Valter Hime
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
‘ESPERANÇA DA DEMOCRACIA’
Após ignorar os autos, alguns ministros do STF estão se pronunciando dando entrevistas a torto e a direito manifestando até suas opiniões à imprensa. Se não bastasse essa anormalidade, outros senhores da Corte resolveram dar novas interpretações à algumas normas, às vezes até as conhecidas cláusulas pétreas que não podem ser alteradas, pois são consideradas o núcleo intangível da nossa Constituição. Também essas, na cabeça de alguns magistrados, podem ser violadas de acordo com seus desejos. É visível a falta de segurança pública que vivemos quando de repente observamos que até o nosso tão importante e respeitável STF de antanho não é mais a nossa esperança de democracia, nos transforma em um povo inseguro, triste e injustiçado, pois não temos mais a quem apelar. Pena que o povo esqueceu o seu lugar importante nas normas de que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição”.
Leila Elston
São Paulo
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NOTA DE CRÉDITO
Como uma boa notícia na terça-feira passada, 1º, a agência de classificação de risco Moody’s subiu a nota do Brasil, de Ba2 para Ba1, e o nosso país fica a um nível para recuperar o grau de investimento que garante o selo de bom pagador e não corre o risco de dar calote na dívida pública. Porém, é bom lembrar que perdemos o grau de investimento durante o desastroso governo de Dilma Rousseff, que, como legado petista, amargamos a maior recessão da nossa história quando entre 2015 e 2016 o tombo do PIB foi de cerca de 3%. Mas, os especialistas em economia e contas públicas não digeriram bem essa alta da nota do País. Mesmo porque, o atual governo, emérito gastador com o que não tem, está longe de ser parceiro ou implacável na busca pelo equilíbrio fiscal. E não por outra razão, que além da alta de inflação, o desequilíbrio nas contas públicas faz o mercado apostar que a taxa Selic dos atuais 10,75% feche o ano em 11,75%. E Lula, que já pensa em reeleição em 2026, e neste momento flerta com a contabilidade criativa, apavorado com a queda da sua avaliação, pode enfiar os pés pelas mãos se utilizando dos gastos improdutivos e elevar ainda mais a dívida pública que em seu governo já subiu para 78,5%, e pode chegar a 80% do PIB. Vamos aguardar se importantes agências de risco como a Fitch Ratings e a Standard and Poor’s também vão ratificar a nota da Moody’s.
Paulo Panossian
São Carlos
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AEROLULA
Será que jornalistas investigativos podem averiguar se há mesmo problemas no avião presidencial, ou essa troca é mais um capricho (desejo) da primeira-dama?
Tania Tavares
São Paulo
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APOSTAS
Lavagem de dinheiro. Faz uns 50 anos que escuto que jogos, cassinos, jogo do bicho e agora jogos online são portas abertas para lavagem de dinheiro. A Receita Federal, com toda a sua expertise, capacitação técnica, nestes 50 anos não teve como regulamentar a jogatina fechando as portas deste ilícito? Ou falta vontade política? Ou tem medo de confrontar poderosos?
Vital Romaneli Penha
Jacareí
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AUSÊNCIA DO GOVERNO
O governo demorou para perceber o problema das “bets”, como se ele não estivesse escancarado nas camisas de todos os times das séries A e B do Brasileirão (menos o Palmeiras), não emprestassem seus nomes às arenas e campeonatos, e não entupissem de comerciais os canais de TV aberta e fechada. Depois, o governo descobriu que o dinheiro do Bolsa Família está sendo usado em apostas, como se ele nunca tivesse sido usado para comprar cigarro, bebidas alcoólicas e quem sabe mais o que. Também não faltou tempo para o governo atual acusar o anterior pelo problema das “bets”, aliás, o que faz constantemente para se fazer de vítima eterna. Em dado momento, o governo, ávido em arrecadar, descobriu nas “bets” uma ótima e expressiva forma de encher os cofres públicos taxando o setor. Agora, o governo quer criar um programa para ajudar aqueles que têm compulsão por apostas. À luz disso tudo, seria providencial o governo decidir quem está mais precisando de tratamento: se os apostadores compulsivos ou se o governo compulsivo por gastar sem medo de ser feliz?
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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PLANOS DE SAÚDE
Mais uma tungada no bolso do cidadão, desta vez no reajuste dos planos de saúde individuais, defendido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A ANS vai por em discussão a possibilidade de os planos poderem fazer reajustes excepcionais acima do limite estabelecido pela própria agência, bastando para isso alegar dificuldade financeira. Alguém acredita que teremos algum plano que não vai alegar problema financeiro? Quando é que a ANS vai considerar a dificuldade financeira do cliente e o péssimo atendimento que são oferecidos pelos convênios? No último ano, planos tiveram reajustes acima de 30%. Interessante que a agência foi criada para proteger o consumidor, mas a proposta indecente mais uma vez visa proteger as empresas de planos de saúde. E o Congresso mais uma vez vai fechar os olhos para os pagantes, pois todos têm excelentes planos, pagos pelo cidadão trabalhador.
Izabel Avallone
São Paulo
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REAJUSTES DE PLANOS
Li com surpresa que a ANS pretende discutir reajustes de planos individuais por desequilíbrio econômico das empresas. Esse ano a carteira individual da Unimed Rio passou para a Unimed Ferj e a ANS concedeu um reajuste extra de 13%. Acumulando com o reajuste anual chegou a 21%.
Antônio Carlos
São Paulo
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TEMPORADA DE QUEIMADAS
Alguém precisa avisar o presidente Lula e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que faltam poucos meses para o início da temporada de queimadas de 2025. O Brasil e o mundo querem saber quais serão as novas medidas que irão evitar que o País inteiro seja incendiado de novo por um bando de criminosos, os mesmos que provocaram os incêndios criminosos deste ano. Com a palavra, Lula e Marina Silva.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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ELEIÇÕES MUNICIPAIS
A excrecência do Fundo Eleitoral deveria ser eliminada e os candidatos honestos que queiram participar do certame que usem seus próprios recursos e não os do honesto povo paulistano. Apavorada, a politicalha de plantão – leia Ricardo Nunes e Guilherme Boulos – agora estão se dedicando ao tal do voto útil para não perder a boquinha. Só que não. A deputada federal por São Paulo, Tabata Amaral, tem todas as condições para mudar tudo o que até hoje vivemos. Afinal, está apta para gerir a megalópole paulistana, pois tem raros atributos não encontrados nos demais candidatos; tem empatia com os mais vulneráveis; dialoga em todos os níveis; tem coragem para enfrentar riscos e obstáculos; é graduada em matemática, astrofísica e ciência política, entre vários outros atributos que sem dúvida a colocam em superioridade. Na verdade, ela é a mais gabaritada para colocar a cidade no rumo correto. São Paulo não merece perder essa chance.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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ESQUECER IDEOLOGIAS
Temos uma ótima oportunidade de votar esquecendo a ideologia, principalmente aquela que prega o ódio aos adversários. Domingo podemos escolher pelo currículo e pelas propostas, dá para entender ou preciso desenhar umas 40 vezes?
José Renato Nascimento
São Paulo
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VÉSPERA DE ELEIÇÃO
Com o décimo primeiro debate ocorrido na quinta-feira passada, a sorte está lançada. No dia 6 de outubro, o encontro do eleitor com a urna eletrônica vai determinar quem continua na disputa da cadeira de prefeita ou prefeito da maior cidade do País e da América Latina. Enquanto se cumpre o rito da celebrada democracia representativa, é inevitável que se indague sobre a qualidade da campanha eleitoral e seu impacto sobre a qualidade do voto. Ao refletir sobre o texto do escritor e jornalista Flávio Tavares, Da cadeirada de agora ao Cacareco de ontem (Estadão, 4/10, A4) me entristece a constatação da “mediocridade da campanha eleitoral”, aplicada tanto à de 1959 quanto à de 2024. Me entristece mais ainda a pergunta “será que estamos aprendendo com o desastre ou continuamos na inércia?”. Na antevéspera da eleição paulistana, a pergunta que precisa ser respondida é se entendemos o seu real significado do voto, e me reporto ao artigo Eleições 2024 – cenário e elenco (Estadão, 7/9, A4) de Bolívar Lamounier e sua referência aos desinteressados e indiferentes e constata: “Assim, permanecemos onde sempre estivemos”. Incorrigível otimista e esperançoso que sou, entretanto, não de abato opto por um trecho otimista de Lamounier: ”Ficaríamos aliviados se, pelo menos uma vez na vida, os indiferentes se enchessem de brios e cogitassem apoiar o lado mais promissor. Quando, em vez de se dirigirem aos cidadãos com maus modos e impropérios, discorressem sobre propostas e projetos minimamente consistentes”. Sonhos? Utopia? Esperança? Crença na política? Sim, na política e na educação. Prefiro tudo isso à desesperança e recorro ao educador Paulo Freire, que escreveu na página dez do seu livro Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido: “Como programa, a desesperança nos imobiliza e nos faz sucumbir no fatalismo onde não é possível juntar as forças indispensáveis ao embate recriador do mundo”.
João Pedro da Fonseca
São Paulo
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REPERCUSSÃO
Mulher inteligente vota tanto em mulher como em homem, só não deve votar em ignorante, misógino e machista metido à besta.
J. S. Decol
São Paulo
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PIOR CASTIGO
A guerra é o pior castigo que o ser humano faz com o próprio ser humano: fora as mortes e destruições, tudo fica dificílimo para sobreviver (custo de vida, água, energia elétrica, etc.), uma outra guerra dentro da guerra. Rezemos.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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ORIENTE MÉDIO
Um dos aspectos menos conhecidos do conflito árabe-israelense é o papel das comunidades judaicas que viviam em países árabes. Antes da criação do Estado de Israel em 1948, grandes populações judaicas viviam em países como Iraque, Iêmen, Egito, Marrocos e Síria. Após a guerra de independência de Israel e as tensões subsequentes, muitas dessas comunidades enfrentaram perseguições, expulsões ou pressão para emigrar, resultando no deslocamento de cerca de 850 mil judeus entre 1948 e 1970. Esses judeus, conhecidos como judeus do mundo árab” ou mizrahim, formaram uma parte significativa da população de Israel e contribuíram culturalmente para o país, embora muitas vezes enfrentassem dificuldades de integração e discriminação ao lado dos judeus europeus (ashkenazim). A narrativa desses refugiados é menos debatida, mas é uma peça importante para entender a complexidade do conflito, especialmente em termos de identidade e a questão dos refugiados em ambos os lados.
Luciano de Oliveira e Silva
São Paulo
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CID MOREIRA
Memorável e marcante presença de Cid Moreira no Jornal Nacional. Em 1994, leu ao vivo, na íntegra, o direito de resposta do governador Leonel Brizola repudiando a TV Globo e traçando o perfil, nada edificante, do jornalista Roberto Marinho.
Vicente Limongi Netto
Brasília