Eleições municipais
O problema do voto útil
Escrevo antes da apuração dos resultados das eleições municipais ser concluída para fazer algumas considerações. A primeira é que, na minha concepção, as pesquisas eleitorais não deveriam ser divulgadas ao público, mas apenas serem usadas pelos partidos políticos para a definição de suas estratégias. A razão é, notoriamente, simples: elas influenciam no voto do eleitor (com a palavra, o Tribunal Superior Eleitoral). Com isso, tem-se um quadro como o de São Paulo, em que a candidata que venceria qualquer dos adversários num segundo turno não deverá participar dele, porque o voto útil (?) a teria afastado da disputa. Com a agravante de que os demais são os que têm os maiores índices de rejeição. Uma contradição, por conseguinte, e um desserviço à democracia. Segundo, e não menos importante, o voto útil é dado, pela maioria dos eleitores, no candidato “menos ruim”, e não no que gostariam de optar. Ora, essa é outra face da contradição, porque a eleição de dois turnos é exatamente para dar a chance de uma nova escolha. Enfim, mantidas as regras atuais, de a preferência recair no “menos pior”, o Brasil estará cada vez “mais pior”, e é isso o que está acontecendo no nosso país.
José Carlos Lyrio Rocha
Vitória
*
Depois das promessas
Se os políticos eleitos fizessem só 5% daquilo que nos prometem durante as campanhas eleitorais, confesso que ficaríamos satisfeitos.
Virgílio Melhado Passoni
Jandaia do Sul (PR)
*
Fundo Eleitoral
Como dizer que nosso sistema é democrático se nos dói saber que esta campanha eleitoral para o nível municipal consumiu algo em torno de R$ 4,9 bilhões do dinheiro público, quando meios eletrônicos estão ao alcance de todos? Esse montante não deveria ser aplicado em prioridades e carências da população hoje muito mais importantes? Como dizer que nossas eleições são democráticas se, ao votar num candidato, podemos eleger outro do mesmo partido, que de modo algum queríamos ver eleito? Os votos de cada candidato deveriam ser intransferíveis. Só assim a nossa vontade teria valor. Quando nossa democracia significará verdadeiramente um governo eleito pelo povo e para o povo?
Maria Toledo Arruda
Galvão de França
*
Jaú
Envelhecimento do País
Eleições em todo o País, em 5.569 municípios, para escolher o melhor para a nossa cidade, ao custo de quase R$ 5 bilhões do nosso bolso. A única coisa concreta que ouvimos foi se os futuros eleitos são de direita ou de esquerda. Com tantos problemas no Brasil, em todos os debates os candidatos não deram nenhuma atenção ao que fazer com um país que em 2050 estará envelhecido, com 30% de sua população com mais de 60 anos. A única coisa que estão pensando é se em 2028 essa dinheirama vai continuar, para a futura campanha.
Humberto Cícero de Cerqueira
São Paulo
*
PCC na política
PCC se destaca como a sigla mais citada na campanha (Estadão, 6/10, D9). As facções perceberam que, no Brasil, a política é bem mais lucrativa e menos arriscada do que vender drogas.
Celso Francisco Álvares Leite
Limeira
*
Adesivos pela cidade
Parcialmente encerrada a temporada eleitoral, além de recolher a lona – afinal, fechamos o circo –, resta uma última tarefa aos candidatos, eleitos ou não: munam-se de espátulas para remover os adesivos que espalharam pela cidade, até nos cantos mais improváveis. Quem teve a brilhante ideia de utilizar adesivos que demoram centenas de anos para se degradar certamente merece um prêmio.
Renan Pinto
São Paulo
*
Educação
Formação humanística
Uma formação humanística (Um bom profissional pode ser inculto?, 6/10, A6)) é mesmo o caminho para uma vida rica para o indivíduo e para a sociedade. A reflexão depende da amizade da sabedoria (Para começar a pensar, 6/10, C8), da frequentação da literatura, e de fato a experiência internacional indica que o ensino superior ganha muito em qualidade quando acrescenta semestres iniciais de formação geral. Só assim os profissionais poderão contribuir para diminuir as mazelas e desigualdades.
Pedro Paulo A. Funari
Campinas
*
Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
‘ESTADO DE DIREITA’
O Brasil, que já foi uma democracia de Estado de Direito, agora está se transformando em Estado de direita, reacionário e fascista.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
*
POPULARIDADE DO GOVERNO
Cada vez mais fica explícito que a classe mais pobre é a que aprova o governo Lula. De acordo com a pesquisa Quaest, 69% dos nordestinos apoiam o governo Lula. Mais uma comprovação de que o pobre é a matéria-prima deste governo. É preciso deixar essas pessoas reféns de benefícios para ter o voto garantido. Outra parcela está acordando do sono profundo a que foi mergulhada. Diante de tantos impostos, a rejeição vai ficando clara aos que recebem mais de cinco salários mínimos e pagam um absurdo de imposto. Esses estão sentindo na pele o quanto este governo gosta de arrecadar e gastar sem medida.
Izabel Avallone
São Paulo
*
VOO PRESIDENCIAL
Breve cruzando os céus do mundo, o novo Aerolula. Brinquedinho modesto, sem luxo, avaliado, por baixo, em centenas de milhões de reais. Pelo menos o cidadão vai saber onde a grana dele será usada. Áulicos palacianos sugerem uma vaquinha nacional para melhorar o conforto e a segurança do casal presidencial. O atual aviãozinho poderia ser vendido e o dinheiro destinado para algum programa sério que ajude a melhorar a qualidade de vida dos brasileiros mais necessitados. Lula também poderia botar a mão na consciência (consciência? Deus perdoe a blasfêmia) e começar a diminuir gastos brutais nas viagens ao exterior. Usar hotéis mais baratos. Evitar comidas e bebidas mais em conta. A população se sente alvitrada com os abusos de gastos. Outra providência salutar é acabar com os excessos de mordomias das inúteis e numerosas caravanas de vassalos.
Vicente Limongi Netto
Brasília
*
‘DECADÊNCIA’
Com raríssimas exceções pelo Brasil – nestes 34 dias de horário político eleitoral na rádio e na TV, que, felizmente, se findaram no último dia 3 de outubro –, assistimos um vasto e triste espetáculo de mediocridade no qual se encontra o campo político no País. Com candidatos de nível ético até indecente, restaram baixarias, cadeiradas, etc., e total ausência de propostas factíveis de interesse do eleitor. Também esperar o quê, depois de passados quase 24 anos deste século e ter no poder desta República governos como 16 anos de Lula e Dilma Rousseff, e quatro de Jair Bolsonaro? Só a miséria da decadência da classe política brasileira.
Paulo Panossian
São Carlos
*
TRAGÉDIA ANUNCIADA
Para aqueles com idade mais alongada devem se recordar que há 40, 50 anos os cientistas nos alertavam que o excesso de calor proveniente do desmatamento das florestas poderiam causar grande transtorno para a humanidade. Com escassez de água e altas temperaturas. Pois bem, os anos passaram e hoje devemos reconhecer que se ouvíssemos mais os cientistas, poderíamos estar vivendo num mundo melhor.
Virgílio Melhado Passoni
Jandaia do Sul (PR)
*
DESMATAMENTO
Estudos mostram que mais de 90% do desmatamento na Amazônia é feito para a criação de gado. A introdução do gado em áreas queimadas e desmatadas irá impedir completamente a recuperação da floresta, o gado comerá todas as mudas das novas árvores que brotem depois do desmatamento. A Floresta Amazônica pode se recuperar do desmatamento e das queimadas, mas a floresta não vai se recuperar onde houver gado, essas áreas terão apenas vegetação rasteira que cresce muito mais rápido que as árvores. O Brasil precisa proibir o gado nas áreas queimadas e desmatadas por pelo menos dez anos se quiser que a floresta tenha alguma chance de se recuperar. Além disso, o País deveria confiscar todo o gado criado ilegalmente em áreas de preservação ambiental.
Mário Barilá Filho
São Paulo
*
QUALIDADE DE VIDA
Como morador no Jardim Oceânico, Barra da Tijuca, verifiquei que as árvores são cortadas por estarem mortas, o que é correto. Porém, não há o replantio de outras árvores para manter a vegetação do bairro. Assim teremos, no futuro, uma qualidade de vida deplorável.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
*
ORIENTE MÉDIO
“Não é apenas Israel, também são os Estados Unidos que alertaram o Irã de graves consequências se atacar.” [...] “Não tenho certeza se a resposta virá apenas de Israel, e certamente espero que a resposta irá envolver os Estados Unidos e nossos outros aliados que entendam que a única maneira de enfrentar esse problema é conter a agressão iraniana. Os Estados Unidos alertaram que se você atacar Israel, haverá consequências graves. O Irã deu o dedo médio, ignorou seu aviso, e os Estados Unidos agora precisam cumprir sua palavra e devem haver consequências graves. Os líderes fundamentalistas do Irã não podem se safar da guerra de agressão que eles estão travando contra os israelenses. Nos últimos 12 meses, o Irã se escondeu atrás de seus exércitos por procuração. Essa é a única maneira de mudar a dinâmica subjacente no Oriente Médio. Até agora, os líderes do Irã pensam que podem atacar Israel com impunidade. É por isso que tivemos foguetes em sete frentes nos últimos 12 meses. E acho que se o Reino Unido estivesse sob ataque em sete frentes também durante um ano, e o povo da Grã Bretanha passasse a noite inteira em abrigos de foguetes, enquanto o regime iraniano disparasse mais de 200 mísseis em suas cabeças, também iria esperar uma resposta rápida. Porque apaziguamento apenas convida a agressão. Se você virar a outra face, está simplesmente dizendo para nos atacar mais”, disse Eylon Levy no Times Radio na terça-feira passada. Em Israel não se espera que os EUA participem da ofensiva só porque advertiram o Irã que o fariam. Se Joe Biden não tentar se intrometer, já estará de bom tamanho.
Jorge A. Nurkin
São Paulo
*
‘ISCA’
E o Irã – Ali Khamenei – mordeu a isca.
Milton Cordova Junior
Vicente Pires (DF)
*
BETTY FARIA
Vivemos a ditadura da hipocrisia (Estadão, 24/9, C1 e C3). Em certo trecho da entrevista, Betty afirma: “politicamente, não posso dar minhas opiniões porque as pessoas batem em mim”. “Vivemos a ditadura da hipocrisia e das palavras. Não posso dar minha opinião”. Afirmo à atriz, dona de um inegável legado artístico, que apanho diariamente por expressar minhas opiniões e nem por isso paro de lutar. Ao que tudo indica, Betty Faria apanharia se desse sua opinião por medo de ser demitida da Globo e perder a boquinha na emissora parceira do atual governo.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
*
OSCILAÇÃO DE ENERGIA
Breves e seguidos cortes de energia aqui em Pinheiros. Pisca, pisca. Somos clientes ou vítimas da Enel?
Carlos A. Idoeta
São Paulo
*
HOMENAGEM
Um minuto de silêncio em homenagem ao jornalista e apresentador Cid Moreira, recém-falecido aos 97 anos, que apresentou por quase 27 anos consecutivos (citado no Guinness Book) o principal telejornal do País, o Jornal Nacional da TV Globo, e deu o seu marcante “boa noite” cerca de oito mil vezes. Por oportuno, cabe citar sua declaração de 2004: ”A melhor notícia que dei foi o fim da ditadura, quando acabou o Ato Institucional n.º 5”. Viva Cid Moreira.
J. S. Decol
São Paulo
*
ÍCONE DA LOCUÇÃO
Todos nós contemporâneos, ou até posteriores a Cid Moreira, não conseguimos deixar de esquecer o impressionante tom de voz deste ícone da locução nacional, tal a qualidade da sua capacidade vocal, durante décadas que trabalhou nas empresas de comunicação em que passou. Dificilmente poderá surgir outra voz tão dinâmica como a dele, que agora se despede de todos nós.
José de Anchieta Nobre de Almeida
Rio de Janeiro
*
PARTIDA
Que me perdoe o técnico Ramón Diaz do Corinthians, que decretou a derrota do time frente ao Flamengo. Ele cometeu erro fundamental ao escalar o time com Rodrigo Garro e Igor Coronado no meio-campo, que ficou apenas o Ryan (marcador fraco) para enfrentar o meio-campo carioca que deitou e rolou o tempo todo no primeiro tempo. O alvinegro só não foi goleado graças ao goleiro Hugo, que fez defesas sensacionais, apesar de falhar no único gol do Flamengo. Com modificações feitas no segundo tempo, melhorou a marcação do meio-campo sobre Gerson e Giorgian de Arrascaeta, dando mais chances para ir para a frente. Quase empatou a partida. Quanto ao Mengo, numa vitória onde o que mais apareceu foi uma disposição nunca mostrada no tempo do Tite – e visível que o derrubaram porque nunca o aceitaram. O Mengo foi premiado por um Corinthians que entregou o jogo no primeiro tempo e não porque o técnico Filipe Luís montou um esquema de jogo e para isso seus boleiros o apoiaram.
Laércio Zannini
São Paulo