Eleição nos EUA
A vitória de Trump
Pois é, Donald Trump foi eleito presidente dos EUA. Antes de culpar os “antidemocráticos” que votaram nele, vamos aos possíveis reais motivos dessa escolha. Em primeiro lugar, o desastre da administração do democrata Joe Biden, que, entre outros desacertos, levou a inflação a níveis não condizentes com a força da economia americana. Biden também levou um passeio, na gíria futebolística, de Xi Jinping e Vladimir Putin, com uma política externa claudicante. Em segundo lugar, a fragilidade da candidata Kamala Harris – que, diga-se, não tem nada que ver com o fato de ser mulher –, que não conseguiu empolgar nem a comunidade negra nem os imigrantes, mesmo ela sendo negra e filha de mãe indiana e pai jamaicano. Impressiona como os democratas não encontraram um nome de peso para concorrer com Donald Trump. Parece que lá, como aqui, no Brasil, faltam lideranças capazes e respeitadas, que pensem o país sem radicalismos e populismos.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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Mudança de rumo
Donald Trump está de volta ao cenário político dos EUA, e para muitos isso significa um ajuste necessário após o que consideram um erro em 2020. A eleição de Joe Biden, marcada por promessas de estabilidade e retomada econômica, acabou frustrando expectativas. Dificuldades na economia, inflação crescente e uma gestão que muitos americanos julgaram ineficaz foram motivos que contribuíram para a busca de uma nova liderança. Os eleitores americanos parecem ter decidido corrigir o rumo, e para eles Trump representa esse retorno a um caminho mais forte e assertivo. Essa dinâmica política pode lembrar os brasileiros de sua própria situação. Em 2022 o País voltou a eleger Luiz Inácio Lula da Silva, com esperanças de que ele entregasse uma liderança sólida e eficiente. Contudo, seu governo tem enfrentado críticas intensas, seja pela percepção de ineficácia econômica, pelas dificuldades na gestão de políticas públicas ou pela divisão política que perdura no País. E, diferentemente dos EUA, onde Trump teve a chance de se candidatar novamente, no Brasil Jair Bolsonaro foi impedido de concorrer, portanto não poderá haver uma reviravolta eleitoral similar. Ao ver a vitória de Trump, muitos brasileiros se perguntam se o País também conseguirá, em algum momento, corrigir o próprio rumo. Nos EUA, a democracia permitiu uma nova escolha. A política americana oferece, assim, uma lição sobre a força de uma democracia que, ao fim, permite que a população ajuste seus próprios caminhos.
Reinner Carlos de Oliveira
Araçatuba
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Uvas verdes
Os eleitores americanos elegeram o truculento Trump e, ainda, deram aos republicanos o controle do Congresso dos EUA. O problema está no que Trump entende por “fazer a América grande outra vez”. É aumentar as taxas de importação sobre tudo, para favorecer os produtores americanos? É deixar o mundo se virar quando o problema não atinge diretamente os EUA, como o que está acontecendo na Ucrânia, em Gaza e no Líbano? É aumentar a venda das armas para o delírio do chamado “complexo militar industrial”, que ganha muito dinheiro com as guerras, como alertou o ex-presidente Dwight Eisenhower, dos EUA, em 1961? Infelizmente, os eleitores americanos comeram as uvas verdes, mas são os dentes dos outros que se vão embotar.
Omar El Seoud
São Paulo
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Sonho americano
Com a eleição de Donald Trump na madrugada do dia 6/11, o sonho americano, que já estava bastante perturbado, se transforma num verdadeiro pesadelo, que inevitavelmente vai contaminar o mundo inteiro.
Abel Pires Rodrigues
Rio de Janeiro
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Direita vitoriosa
Donald Trump retorna à Casa Branca e os EUA voltam a liderar a nova direita mundial. Uma péssima notícia para o Brasil e o futuro da social-democracia nas Américas. A democracia elegendo antidemocratas num mundo confuso de países que perderam sua identidade histórica.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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Nada a comemorar
A vitória de Trump representa um retrocesso moral do povo americano que votou nele. Foi a vitória da misoginia, da truculência, do racismo, da impunidade e da prepotência. O mundo ficou mais perigoso e mais sombrio. Nada a comemorar.
Elisabeth Migliavacca
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA
Em relação ao editorial intitulado O soluço da indústria (Estadão, 06/11, B10), gostaria de tecer os seguintes comentários: o melhor desempenho da indústria nacional parece ter mais a ver com uma economia muito fechada ao exterior, e artificialmente aquecida por ações do governo visando as eleições, do que por mérito próprio. O setor está recebendo uma enorme injeção de crédito do BNDES, além dos subsídios, isenções e proteção de mercado que caracterizam há décadas a declinante indústria brasileira. De que adianta dar R$ 9 bilhões para inovação e não cobrar, por parte de quem recebe, a apresentação de novas patentes, melhores produtos e benefícios concretos em termos de melhora da produtividade e competitividade internacional? As autoridades oficiais não devem explicações sobre os resultados efetivos dessas promessas bombásticas, como a reativação do problemático setor naval, e de planos grandiosos no nome, como o Nova Indústria Brasil, que sempre são acompanhados de vultosos recursos públicos gastos e que, até agora, trouxeram resultados pífios? Em que medida essas ações estão efetivamente contribuindo para a melhora da nossa inovação, produtividade e competitividade industrial perante o resto do mundo? Que resultados concretos trouxeram em aumento do comércio exterior e na reversão do aparentemente inexorável declínio industrial nacional? Estarão apenas seguindo o modelo obsoleto e fracassado de crédito fácil, isenções, subsídios e proteção de mercado, que fatalmente trarão os resultados esperados de sempre? Enfim, será que não estamos novamente perdendo um tempo precioso enquanto o resto do mundo continua a avançar? Tristes trópicos.
Fernando T. H. F. Machado
São Paulo
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PL APROVADO
Sobre o projeto de Lei das emendas dos parlamentares na Câmara dos Deputados federais: os 513 deputados voltaram ao trabalho tão somente para confirmar o que é proibido pela nossa Constituição no seu artigo 37, transparência nos gastos). Com a palavra, o nosso ministro Flávio Dino. O que fizeram nesta segunda-feira, 5/11, é pior do que estava. O Pix vai continuar, com depósito em conta corrente, sem saber quem vai receber, vendo o dinheiro indo para ralo. Priorizaram o atendimento pessoal de parlamentares.
Humberto Cícero de Cerqueira
São Paulo
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PAÍS DO FAZ DE CONTA
O combate à corrupção pegou a elite de surpresa. Muitos, após confissão, foram punidos, e parte do butim (bilhões de reais) foi recuperado. Houve condenações em profusão, mas até sentenças em três instâncias foram desfeitas; não foi pela falta de provas, mas pelas condenações em sede incorreta. Um deles, em vez do estágio na Papuda, desfrutou de um spa. Aos poucos, os inocentados, abençoados pelos deuses agradecidos, retornam às atividades originais; um deles, sobrepujando até a Lei da Ficha Limpa (peneira da área política), como rotulou um político adversário, que depois virou parceiro: volta ao local do crime, foi eleito ao mais elevado cargo político. No país do faz de conta, corrupção e impunidade têm vez.
Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)
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INQUÉRITO DO 8/1
Heleno, um general recluso e ensimesmado em seu apartamento (Estadão, 6/11, A12). Apontado como um dos cabeças do fracassado golpe de Estado, o general reformado do Exército Brasileiro, Augusto Heleno, deve ser indiciado pela Polícia Federal, julgado e condenado pela Justiça brasileira para que tentativas iguais nunca mais se repitam em nosso País.
Jorge de Jesus Longato
Mogi Mirim
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REDUÇÃO DE DESPESAS
Ministro Fernando Haddad, V. Exa. está encontrando dificuldades no corte de gastos públicos e precisa responder logo para seus amigos apoiadores da Faria Lima e da Febraban? Aqui vão algumas sugestões de onde reduzir as astronômicas despesas: Judiciário, Legislativo e Bolsa “bets” Família.
Moyses Cheid Junior
São Paulo
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CORTE DE GASTOS
Se o mundo estava focado no pleito que se encerrou nesta quarta-feira, 6/11, que vai definir o nome vitorioso para presidir os Estados Unidos nos próximos quatro anos, no Brasil, os olhos estão voltados até com certa agonia por um pacote de cortes de gastos que não sai. Mas, depois de autorizar, em meio a grande desconfiança do mercado, a viagem fora de hora ao exterior do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula, sob imensa pressão, volta atrás pedindo que Haddad não viaje e seja definido e comunicado ao Paí, o conteúdo deste pacote. Independente se será robusto, viável e eficiente ou não, o mercado, demonstrando um fio de confiança, fez com que o dólar e juros futuros caíssem e a bolsa terminasse o dia na estabilidade. Ou seja, tudo que o Planalto deveria aprender é que o mercado vive de expectativa. Oxalá Lula agilize a divulgação desse pacote de cortes de gastos e deixe o setor privado fazer o que mais gosta. É capaz, como de produzir, criar empregos e tornar o País próspero.
Paulo Panossian
São Carlos
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MAPA VERMELHO
Hoje o mapa americano amanheceu vermelho. O vermelho deles é o nosso azul. Convém refletir, as pesquisas erraram? Donald Trump não só conquistou a presidência, conquistou o Congresso e a Suprema Corte. Tudo no voto. Diferente do Brasil, que para ter as forças ao seu governo é preciso comprá-las. E pior, com nosso dinheiro. Nunca é demais lembrar: o voto americano é facultativo e em papel. As pessoas foram às urnas e rapidamente se tem o resultado. God save America, onde a verdadeira democracia impera.
Izabel Avallone
São Paulo
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KAMALA HARRIS
Nunca torci tanto por uma mulher como torci por Kamala Harris. E vê-la descendo as escadas do avião em seu terninho azul, cercada pelo aparato masculino, deveria dar um orgulho enorme a todas as mulheres do mundo. Sim, ela chegou lá, no pódio, vencendo ou não. Respeito e reverência é o mínimo que ela merece, e ter um opositor estulto como Trump a abrilhanta ainda mais.
Elisabeth Migliavacca
São Paulo
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CANDIDATURA CATASTRÓFICA
A candidatura de uma mulher negra estrangeira se provou catastrófica para os democratas. Donald Trump era o proverbial candidato pato manco, com um monte de questões legais gravíssimas que ainda podem fazer com que ele governe o país da cadeia. Os Estados Unidos se orgulham de serem WASP, brancos, anglo-saxões e protestantes, da sigla em inglês. Aos democratas, bastava apresentar um candidato homem branco. Não era hora de apostar todas as fichas nas diversidades de Kamala Harris, bastava um John Smith.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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EDUARDO BOLSONARO
O zero dois Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, que lá atrás quase foi guindado para a Embaixada nos EUA, visto suas habilidades em fritar hambúrgueres, como disse na ocasião, agora se refugiou no QG Trumpista para acompanhar a vitória de seu ídolo. Na Flórida, onde reside Donald Trump, se sentiu entusiasmado com a vitória após a derrota frustrante do bolsonarismo nas prefeituras do País. Talvez não saiba, mas Trump está Johnnie Walker e Activia para ele, ou seja, traduzindo: andando e soltando o intestino para Eduardo Bolsonaro. Deixa de ser ridículo.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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INIMIGOS
Os maiores inimigos dos que desejam imigrar para os EUA são seus compatriotas que já adquiriram seu green card. O eleito presidente Trump é contra a imigração e esqueceu que Elon Musk é um imigrante.
Tania Tavares
São Paulo
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VITÓRIA DE TRUMP
Eles já sabiam há muito que venceriam apenas pela propaganda deles: Trump/Vance. É uma vitória contra a podridão do modelo woke. Vitória do trabalho, da competência e da vontade de se construir algo para a sociedade. Os americanos vão retomar as rédeas de seu país, que é uma verdadeira nação. Enquanto isso, numa republiqueta do Sul, o deep state continuará a reinar por algum tempo, tristemente. Será que os habitantes dessas terras algum dia acordarão?
Ary Braga Pacheco Filho
Brasília
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DE VOLTA AO PASSADO
Os Estados Unidos em ordem unida: direita, volver. De volta ao passado com Donald Trump e sua turba de ricos republicanos, eleitos pelo pobres que abandonaram o inatingível sonho americano, um ideal que não mais existe, na miragem de uma América Grande novamente só como slogan de campanha política.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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MELHOR AMIGO
Tem uma população de rua muito leal e fiel até o fim, talvez por não conhecer dinheiro: os cachorros que não tem voz para reclamar de direitos fundamentais como uma casinha com ração e água. Muitos cães têm esse direito. Todavia, quando ficam doentes ou velhos são tratados como muitos pais, jogados como lixo que um dia serviu, afinal, estamos falando da raça mais sem raça, a raça humana sem humanidade. A maioria da classe política em todos os níveis ficam debatendo ideologias e groselhas e não se importando com o que é importante. Bastaria uma lei que obrigasse a todo dono de comércio de animais colocar um chip com o CPF do comprador para controlar quem abandona animais nos semáforos da vida em noites frias e chuvosas. No Brasil, há 30 milhões de cachorros sem casinha e sem ração; quando for dormir e ouvir um latido de cachorro, imagine que pode ser um cão com fome. Neste país de desigualdade abissal, esperar algo de bom para os animais é delírio porque junto desses cachorros também tem muitas pessoas. Se as pessoas fossem iguais aos animais, o mundo seria mais humano.
Manoel José Rodrigues
Paraná
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TRÍADE EMBLEMÁTICA
Dizem que coincidências não existem, mas em um mesmo dia morreram três expoentes culturais emblemáticos. Agnaldo Rayol cantou e encantou multidões; Quincy Jones produziu o que de melhor se ouviu; e Evandro Teixeira registrou o que todos viam, mas não havia palavras que pudessem expressar. Tiveram vez e voz. Se a arte perde, também ganha na morte. Muita obra é relembrada na morte, mesmo que em vida tenha sido esquecida. Não é o caso, felizmente, dessa tríade.
Adilson Roberto Gonçalves
Campinas