Pobreza no Brasil
Senso de humanidade
Gostei bastante do artigo de Eliane Cantanhêde no Estadão de 6/12 (Para o mercado, tudo é um desastre; na vida real, milhões saem da miséria) e estou muito feliz com a notícia de que o Brasil conseguiu diminuir a taxa de pobreza e miséria da população para os menores índices da série histórica. Esse tipo de notícia precisa evocar um senso de humanidade muito profundo. Há várias coisas erradas no País, não resta dúvida, mas algo de certo nós estamos conseguindo fazer. O tema do déficit das contas públicas é central, é um compromisso básico de respeito com o País de médio e de longo prazos. Contudo, a saúde das finanças do País não é um fim em si mesma, mas um meio, uma parte necessária do processo para alcançarmos outros patamares de desenvolvimento. Que envolvem, por exemplo, diminuir as taxas de pobreza e miséria. Diminuir as taxas de pobreza e miséria é um fim em si mesmo.
Felipe Eduardo Lázaro Braga
São Paulo
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A política econômica
Interessante a coluna de Eliane Cantanhêde de ontem, criticando as reações do tão temido mercado e alegando a saída de milhões da miséria como um alento ao atual governo. Ela se baseia nos dados do IBGE, agora comandado por Márcio Pochmann. Considerando esses números totalmente fidedignos, como não concluir que são resultado da estabilidade econômica dos últimos anos? Não creio que podemos relacioná-los com a atual política econômica do governo Lula e seu cobrador de impostos Fernando Haddad.
Rafael A. R. do Amaral
Campinas
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O relógio não para
No curto prazo, milhões saem da miséria com uma política econômica irresponsável, como a do atual governo. Contudo, o relógio não para. No longo prazo, as consequências econômicas e sociais do descontrole das contas públicas costumam ser desastrosas para o Brasil.
César Jacob
São Paulo
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Ainda preocupante
Parece uma boa notícia a de que “a pobreza cai no País”, mas a realidade visível não a confirma. Uma caminhada pelas ruas do Rio de Janeiro, por exemplo, mostra que a miséria segue preocupante, dramática e desanimadora, pela quantidade de pessoas revirando latas de lixo, dormindo no chão, pedindo comida e com sinais de doença. Ademais, parâmetros adotados para caracterizar a condição de miséria variam entre países e encerram parcela de arbitrariedade. É falsa a impressão positiva de que “a pobreza cai no País”, se ainda 59 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 22 por dia, de acordo com o IBGE (Estadão, 5/12).
Patricia Porto da Silva
Rio de Janeiro
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Comemoração
Convenhamos, comemorar que 8,7 milhões de pessoas no País em 2023 deixaram a linha da pobreza, como divulgado pelo IBGE, e que o contingente de pessoas na extrema pobreza pela primeira vez desde 2012 ficou abaixo dos 5% da população é não enxergar que, infelizmente, continuamos sendo mal governados. Afinal, ainda há no Brasil 59 milhões de pessoas pobres, que vivem com menos de R$ 22 por dia. Enquanto não fizermos reformas estruturais e não acabarmos com os muitos privilégios desaforados, vamos continuar a comemorar misérias...
Paulo Panossian
São Carlos
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Inflação
Está acontecendo de novo
Parece que estamos revivendo a época de Sarney. Naquele tempo, para ludibriar o congelamento de preços as fábricas alteravam as embalagens dos produtos, diminuindo a sua quantidade, para vender no preço tabelado. Hoje não temos o congelamento, mas a inflação anda solta no setor de supermercados. Com isso, para manter os preços estáveis, a saída é novamente mexer no tamanho das embalagens. Assim, a dúzia de ovos agora é uma caixa com dez. O papel higiênico, de 30 metros, passou para 20 metros. Os azeites de 500 ml passaram a ter 400 ml. Os biscoitos, de pacotes de 200 g, passaram a ser encontrados em embalagens com 170 g, 150 g, 130 g, de acordo com a conveniência de cada fabricante. Sabendo que uma parcela da população não é muito instruída e que outra é desatenta aos rótulos, como esperar que os consumidores façam cálculos no meio dos corredores de um supermercado? Está cada vez mais difícil de comparar os preços dos produtos para ter certeza de que estamos fazendo uma escolha vantajosa. Não está na hora de padronizar de novo o tamanho das embalagens?
Donato Prota
Santos
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
BANHEIROS EM CASA
Inacreditável que o presidente Lula só ficou sabendo pela televisão que quatro milhões de famílias não têm banheiro em casa. E completou: eu não quis acreditar. Pode crer senhor presidente, é daí para mais, e, pedir ao ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, estudos para fazer rapidinho puxadinhos sanitários é pura demagogia. Para elucidar, uma região que talvez conheça é precariamente atendida no quesito saneamento básico. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA) de 2013 a 2022, o Nordeste é a região que mais sofre com a falta desse primordial recurso. À época da pesquisa, cerca de 841 mil habitações, só naquela região, penavam com a privação de banheiros. Como se nota, o ditado popular “santo de casa não faz milagres”, pode não ser verídico, porém, por aqui, é uma realidade.
Sergio Dafré
Jundiaí
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INDECÊNCIA
“Lula fala em criar programa para construir banheiros em casas, e diz que não é gasto e sim decência”. Ora, senhor presidente, indecência é o senhor, com seu populismo barato, achar que os dejetos dos vasos sanitários vão evaporar nas ruas sem rede de esgoto. É melhor não falar M para não piorar o inexiste saneamento básico da população carente.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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JANJA DA SILVA
Passados dois anos, está claro que quem manda no Palácio do Planalto é a influencer Janja da Silva. Tudo orbita em seu entorno. Indica e nomeia servidores e até ministros, e também os veta, conforme sua avaliação. Dizem seus seguidores que ela não interfere em nada, desde que cumpram suas vontades. Opinou e Lula seguiu sua ordem contrária ao decreto da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na quebradeira de 8 de janeiro. Apoia, cada vez mais, que sejam nomeadas mulheres no governo Lula, e tem se saído bem em mais essa exigência. Também tem como inspiradora e referência de força, Evita Péron, com aquele slogan: Perón cumpre, Evita Perón tambien. Aliás, disse aquela senhorinha de Taubaté: Lula, pela sua ineficiência, cuidado com quem você está dormindo.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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FALTA DE TRANSPARÊNCIA
As emendas do nosso Parlamento possui dois culpados em toda essa situação: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Em novembro, o Congresso tentou fazer o País de tolo ao aprovar a Lei Complementar (LC) 210, conforme pontua o editorial Esperteza demais come o dono (Estadão, 4/12, A3), sem nenhuma transparência. Apenas no período entre 2019 e 2024, os recursos públicos foram de R$ 186,3 bilhões. Isso sem contar as verbas do fundo partidário de R$ 5 bilhões nas últimas eleições. É uma pena que aqui não tem o voto distrital para eleger o deputado. Aí eles teriam de prestar contas aos seus eleitores ou procurar outra profissão.
Humberto Cícero de Cerqueira
São Paulo
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REDES SOCIAIS
O Supremo Tribunal Federal (STF) decide se as plataformas digitais são responsáveis pelo conteúdo postado nas redes sociais. Alguém precisa ser responsabilizado pelo o que circula neste mundo digital, em que 8 bilhões de pessoas estão focadas. No Brasil, casa da mãe Joana, vale tudo. Umberto Eco já disse que a internet deu voz aos imbecis. E aos destrambelhados e odiosos de sempre.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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SEGURANÇA PÚBLICA
Indica Secretário de Segurança de SP quem pode: governador Tarcísio de Freitas. Demite Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite quem tem juízo.
Tania Tavares
São Paulo
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POLÍCIA PAULISTA
A imprensa noticiou com estardalhaço crimes praticados pela polícia paulista, criticando o governador Tarcísio de Freitas e o secretário Derrite, da Segurança Pública. Sem dúvida, os excessos da violência policial tem de ser divulgados e os responsáveis punidos. O que causa estranheza é o assassinato de policiais, sem a mesma cobertura jornalística. A grande maioria dos policiais cumprem sua missão de defender a sociedade dentro dos parâmetros legais, e, é salutar lembrar que não existe bandido bonzinho.
Jose Alcides Muller
Avaré
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VIOLÊNCIA POLICIAL
Conforme dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, a Polícia Militar (SP) matou nada menos que 496 pessoas entre janeiro e setembro deste ano, o maior número desde 2020. Causa espécie, revolta e indignação o noticiário das últimas semanas, que mostrou maus policiais da Polícia Militar praticando à luz do dia tiro ao alvo em pessoas, arremesso de alguém do alto de uma ponte para um córrego, entre outras desmedidas, condenáveis e abomináveis barbaridades daqueles que deveriam estar nas ruas para proteger a população e enfrentar o crime organizado. Certamente, há algo de podre no reino da PM, em que casos que deveriam ser quando muito exceção, se tornaram lamentáveis e inexplicáveis cenas diárias. Triste Estado em que saímos às ruas temendo não apenas bandidos, mas também policiais fardados. PM agora virou sinônimo de Polícia Mata. A que ponto chegamos. Vergonha.
J. S. Decol
São Paulo
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TERRENO MOVEDIÇO
Importantes reflexões foram colocadas em texto assinado por Nicolau da Rocha Cavalcanti, sob o título A dificuldade de tratar inquérito como inquérito (Estadão, 4/12, A4). Pena que textos analíticos acabam sendo de leitura restrita a uma minoria consciente. Como se costuma dizer, acabam sendo pregação para convertidos. Ao que parece, estamos avançando para um terreno movediço, deixando cair no esquecimento princípios do respeito não somente ao Estado Democrático de Direito, mas à própria dignidade humana. Como o de que “todo homem é inocente até que se prove o contrário”, premissa das mais belas e edificantes formadoras do rejunto do tecido social. Sem isso, há risco de regredir a uma época de trevas, como quando Pôncio Pilatos entregava à multidão enfurecida o poder de decidir quem seria crucificado.
Patricia Porto da Silva
Rio de Janeiro
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NOVO PRESIDENTE
Para quem tem suas contas de concessionárias aumentando, compras em supermercados diminuindo, juros do cartão de crédito explodindo e, para piorar mais, vê o governo gastando o que não tem. Nessas situações não adianta trocar o presidente do Banco Central, precisa trocar o presidente de República.
Carlos Gaspar
São Paulo
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PIB BRASILEIRO
O PIB brasileiro subiu 0,9% no último trimestre, maior percentual do mundo e igual ao da China, graças ao aumento de investimentos e consumo das famílias. E o insaciável mercado, como age, mostra seu habitual nervosismo quando os indicativos são favoráveis ao Brasil e seu povo, ou simplesmente trata como coisa de somenos importância?
Sylvio Belém
Recife
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CENÁRIO ATUAL
Deveríamos comemorar a divulgação do IBGE, DE que o PIB do terceiro trimestre deste ano cresceu 0,9%, e, em 12 meses acumula alta de 3,1%, podendo até chegar aos 3,5%. Também como uma boa notícia, o consumo das famílias nesse terceiro trimestre teve alta de 1,5%, e os investimentos 2,1%. O Brasil, entre os 52 países que divulgaram seus resultados neste período, está em 11.º lugar entre os melhores PIBs. Tudo muito bonito. Porém, esse crescimento, infelizmente, vem pelo abuso e à custa da piora da situação fiscal, já que os exagerados gastos do governo Lula demonstram desprezo ao equilíbrio fiscal. Item esse primordial nas regras econômicas, promovidos por governos austeros e responsáveis, que ao priorizarem o equilíbrio nas constas públicas, mantém um crescimento econômico sustentável. Mas, no caso brasileiro, se lixando pelas boas condutas econômicas, entrega hoje um dólar recorde histórico acima dos R$ 6,00. A alta inflação que corrói o Orçamento das empresas e das famílias, já quebrou o teto da meta de 4,5% e vai em direção aos 5%. A confiança neste governo ruiu, a taxa Selic deve fechar o ano em 11,75%, e até maio de 2025 pode chegar a 14%. Mesmo porque, o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo decepcionou. E ainda fora de hora, como jabuti para distrair a população deste fracasso do pacote, prometeram isenção no Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Só que não se sabe se o Congresso vai aprovar, e tampouco será para o ano que vem, pois penas entraria em vigor 2026.
Paulo Panossian
São Carlos
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BIOTECNOLOGIA
O futuro sustentável passa pela biotecnologia (Estadão, 3/12, A5). O artigo publicado pelo Estadão, pelo economista e ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung e do embaixador José Carlos da Fonseca Jr., é mais um entre tantos que vem apontar as nossas vantagens naturais para liderarmos a transformação global. Entretanto, o que me incomoda é a teimosia do presidente Lula em se prender ao passado, ainda se apegando ao petróleo, que nos trouxe até aqui, em termos de evolução técnica. Porém, a troco de um perigo terrível para a nossa sobrevivência como espécie, que é o aquecimento global. Embora eleito, não pelo PT, Lula insiste em se posicionar apenas pelas posições do seu partido, que nas atuais circunstâncias estão ultrapassadas em vista do aquecimento global e das reações do nosso planeta, em busca do seu novo equilíbrio. O que enfrentamos no Rio Grande do Sul e, mais recentemente, com a tempestade na cidade espanhola de Valência, com a morte de 205 pessoas e uma destruição enorme, foram apenas as demonstrações iniciais da maneira que o planeta irá em busca do seu novo equilíbrio, de acordo com as leis da termodinâmica, que é o capítulo da física que trata dos sistemas termodinâmicos fechados, como o nosso planeta. Não é assunto para qualquer político tomar decisões, e sim cientistas da área de climatologia, como o nosso Dr. Carlos Nobre. Em nosso caso, seria ele que deveria estar assessorando a ministra Marina Silva, que entende da sua área, e o presidente Lula, jamais companheiras e companheiros ignaros em um assunto tão sério. Para demovê-lo, por exemplo, em buscar petróleo na Foz do Rio Amazonas, o que é uma decisão insana. Ao mesmo tempo, em lugar de incentivar e apoiar os veículos elétricos, aumentou os impostos sobre eles, como se fossem produtos de gula. E pensar que o engenheiro Gurgel produziu, em 1975, o Itaipu E150, um projeto pioneiro de veículo elétrico, que só não foi adiante por falta de incentivo. E agora, ficamos para trás na produção de carros elétricos, apenas para privilegiar os veículos dependentes do petróleo.
Gilberto Pacini
São Paulo
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AUSÊNCIA DE PLANOS
O governo deveria ser questionado sobre questões importantes que simplesmente não entram na pauta, nunca: onde está o plano de combate à corrupção que vai tirar o Brasil da lista de países mais corruptos do mundo? O agronegócio brasileiro é insustentável, está esgotando rapidamente todos os recursos hídricos do País, onde estão as propostas de mudança para substituir a soja e o gado? Qual é o plano para tirar o Brasil do terceiro mundo? Até quando o Brasil pretende exportar matéria-prima, grãos e assistir a formação de riqueza nos outros países?
Mário Barilá Filho
São Paulo
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DUPLA RESIDÊNCIA
A dupla residência de filhos de pais divorciados apresenta desafios que merecem atenção. No plano factual, essa alternância pode gerar instabilidade emocional, comprometendo o desenvolvimento psíquico da criança. A ausência de um núcleo estável desfavorece o enraizamento afetivo, essencial para a formação de sua identidade. No plano axiológico, tal prática pode conflitar com os valores do melhor interesse da criança, base principiológica do Direito de Família. A supervalorização da igualdade entre os genitores, quando desprovida de análise concreta das necessidades do menor, relativiza a sua proteção. Já no plano normativo, surge o risco de aplicação indiscriminada de decisões judiciais que privilegiam a alternância sem considerar as particularidades do caso concreto, violando a personalização que o Direito contemporâneo exige. Assim, a análise cautelosa e contextual é imperativa para evitar efeitos deletérios.
Luciano de Oliveira e Silva
São Paulo