Bolsonaro x STF
Cortina de fumaça
Quer dizer que o presidente de plantão quer abrir processos contra os ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que, segundo ele, estariam atuando fora das quatro linhas da Constituição? Já se manifestaram contrários os presidentes da Câmara e do Senado e 14 governadores. O presidente está soltando mais uma cortina de fumaça, provavelmente advinda de algum daqueles tanques que desfilaram em Brasília, no intuito de encobrir os fatos investigados na CPI da Covid e que estão a cair no colo dele e de sua turma. O que o presidente, na realidade, deseja é dar um golpe e fazer eclodir uma guerra civil com o armamento desenfreado da população, atuando de maneira semelhante ao seu ídolo Donald Trump. Mas, como Trump, vai cair do cavalo, ou melhor, da moto. É cada vez mais reduzido o número de apoiadores que aplaudem as besteiras ditas por esse indivíduo que se acha dono do Brasil. Tenham certeza, não vai se reeleger em 2022.
BORIS BECKER BORISBECKER@UOL.COM.BR
PRAIA GRANDE
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‘Nec plus ultra’
Brada aos céus o clamor dos homens de bem, em especial dos cultores do Direito, a decretação da prisão preventiva do ex-deputado Roberto Jefferson pelo ministro Alexandre de Moraes, no bojo de inquérito instaurado no STF em sequência a medidas precedentes, que afetaram jornalista e deputado federal, em quadro de teratologia jurídica. No inquérito natimorto, insustentável à luz das normas constitucionais e dos preceitos processuais penais, com afronta ao princípio do juiz natural, configurou-se excrescência jurídica, eis que a ninguém é dado o poder concentrado de acusador, vítima e julgador, por mais excelso que seja o pretório a que pertence. No templo guardião da Constituição, que todos respeitamos, foi praticado ato atentatório à justiça, sem similar na história do tribunal, com ofensa ao princípio da liberdade de expressão, cuja usurpação só poderia ser aferida no processo competente, no caso concreto. Não se apoia a virulência dos ataques, cujos excessos merecem repulsa. Mas não se pode silenciar sobre a quebra de regras constitucionais e legais, sob pena de conformismo com a vulneração de premissas essenciais ao Estado de Direito. Com todo o respeito, é tempo de lembrar: nec plus ultra. E de conclamar os demais integrantes da Suprema Corte a corrigir o desvio, na firme defesa dos postulados democráticos.
MÁRCIO M. BONILHA, ex-presidente do TJSP
SÃO PAULO
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Economia
Concorrência predatória
Brasília hoje está cheia de roliços “patriotas”, alimentados com caríssimas picanhas regadas a cerveja premium, tudo pago pela Pátria amada, claro. Verdadeiros patriotas se rebelariam contra as maciças e indiscriminadas importações da China, com as quais a indústria nacional não consegue competir, massacrada por impostos absurdos e altos encargos sociais. As indústrias do País estão prontas para gerar milhões de empregos, e impostos, mas isso é impossível na atual situação. E o ministro Paulo Guedes, da Economia, preocupa-se com o assunto? Nem um pouco, pois não sabe o calvário que é ser empresário no Brasil.
LAURO BECKER, empresário BYBECKER@GMAIL.COM
INDAIATUBA
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Assistencialismo eleitoreiro
Lamentável a situação dos que precisam de Bolsa Família. E na sua ânsia de reeleição o capitão quer aumentá-la para R$ 400, mais um empurrão na tática de comprar votos. Para atingir essa meta ele está destruindo nossa infraestrutura na saúde, no meio ambiente, no turismo, na educação, os precatórios e sabe Deus o que mais. Ou seja, preocupação zero com o País e foco total e único na reeleição, que tomara não se concretize.
SYDNEY BRATT SYDNEY@GOURMAND.COM.BR
SÃO PAULO
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Congresso Nacional
Sangria
A página A8 do Estado de ontem estampa a manchete Congresso está há 20 anos sem julgar contas presidenciais, esclarecendo que a “última análise foi no governo FHC”. A reportagem informa que o comitê do Congresso que deveria acompanhar e fiscalizar o andamento dos programas financiados por verbas federais está parado, nunca funcionou, apesar de nestes 20 anos terem ocorrido os dois maiores episódios de corrupção já vistos no Brasil: o mensalão e o petrolão. E por que não funcionou? Porque não interessou à malta que habitava o Congresso Nacional nesse período – e ainda habita. Imagine-se a enorme “hemorragia” de recursos públicos no debilitado organismo nacional (nós, o povo).
JOSÉ CLAUDIO MARMO RIZZO JCMRIZZO@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
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Pacotão trabalhista
Para não variar, quanto pior (para a maioria que precisa de direitos), melhor (para o governo e os empresários).
ALICE A. C. DE PAULA ALICEARRUDA@GMAIL.COM
SÃO PAULO
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Reforma política
Com 30 e tantos partidos, políticos profissionais com décadas de mandatos, corrupção endêmica e assalto ao erário, não nos resta esperança.
ANTÔNIO ACORSI ACORSI.ANTONIO@GMAIL.COM
BRIGHTON, INGLATERRA
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Violência e criminalidade
Balas perdidas
No Rio de Janeiro, a violência já se tornou uma verdadeira guerra civil. Os tiroteios dentro das favelas são incessantes. São facções criminosas, fortemente armadas, em disputa por territórios, usando uma população apavorada como escudo, no meio do fogo cruzado. Os moradores das comunidades jamais se atrevem, por medo de represálias, a denunciar o poder paralelo pelas chamadas balas perdidas. O tiro a esmo é praticado pelos meliantes como estratégia perversa para enfraquecer e dificultar o trabalho dos agentes da lei e incitar a população contra eles.
MARCELO DE LIMA ARAÚJO MARCELODELIMAARAUJO@YAHOO.COM.BR
RIO DE JANEIRO
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
ERRO FATAL
Presencia-se o primeiro fatal erro estratégico do presidente Joe Biden, ao determinar a retirada meio que intempestiva das forças americanas do Afeganistão, o que deixou o sofrido país à mercê da furiosa milícia terrorista Taleban, que imediatamente tomou o poder, que certamente virá marcado por imprevisível e radical influência muçulmana. O mais grave talvez seja o fato de que a China e outras potências com interesses estratégicos que se chocam com os objetivos ocidentais, ávidas por aumento de protagonismo na região, provavelmente serão expeditas em reconhecer o novo modelo, visando a lançar âncora no país, sob o pretexto de socorrer os revolucionários em hora sem dúvida muito crítica para eles. Embora Biden afirme enfaticamente que a motivação principal da decisão tenha sido a de terminar “a mais longa guerra dos Estados Unidos” (sic), tal retirada deveria ser realizada de modo gradual, a fim de resguardar os interesses americanos na conturbada e importante área. O que acontecerá em seguida nem o mais bem informado dos analistas internacionais será capaz de delinear.
Paulo Roberto Gotaç prgotac@hotmail.com
Rio de Janeiro
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SEM SURPRESAS
Ou as agências de inteligência norte-americanas não são tão inteligentes assim – o que não parece ser o caso – ou o governo Biden sabia exatamente o que iria acontecer no Afeganistão tão logo as tropas americanas pusessem o pé para fora de lá. Fato é que, historicamente, o que sempre determinou a ocupação de um país estrangeiro pelos EUA foram interesses próprios e de alguns poucos aliados. Finda a importância política, o que acontece depois é problema de cada um. Não há surpresa.
Luciano Harary lharary@hotmail.com
São Paulo
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IMAGENS, SEMPRE ELAS
A foto de um avião de carga da força aérea americana cercado por populares absolutamente desesperados no Afeganistão – para não falar daquela que mostra pessoas caindo do mesmo avião em voo – marcará de forma indelével o que foi a intervenção americana naquele país, da mesma forma que as imagens de helicóptero resgatando americanos do telhado de um abrigo na embaixada americana e dos helicópteros sendo lançados ao mar de porta-avião marcaram a retirada americana do Vietnã. O que não ficará claro para a população em geral são as danosas e graves consequências geopolíticas de curto, médio e longo prazos dessa decisão política. Quando a poeira abaixar, Biden certamente será colocado ao lado de Jimmy Carter como um dos piores presidentes americanos do último meio século.
Oscar Thompson oscarthompson@hotmail.com
Santana de Parnaíba
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DO VIETNÃ AO TALEBAN
Impressionante que após 20 anos o grupo Taleban volta ao poder no Afeganistão. Os historiadores comparam tal acontecimento ao acontecido no Vietnã, quando as tropas de ocupação americanas se retiraram de Saigon, numa clara demonstração de derrota. Os efeitos geopolíticos e econômicos do que vai acontecer agora só serão conhecidos usando uma ampulheta temporal da História, que nos permita verificar num futuro próximo os resultados práticos dessa repetição.
José de A. Nobre de Almeida josedalmeida@globo.com
Rio de Janeiro
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ARMADILHA
Biden caiu na armadilha da vaidade e vai pagar caro pelo ônus histórico. Os militares americanos terão uma vitória moral ao mostrar que, sem eles, o país será um inferno.
André Coutinho arcouti@uol.com.br
Campinas
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CULPA
Não há por que culpar Joe Biden pela confusão em curso no Afeganistão. Não foi ele que decidiu há 20 anos optar pela invasão desse país, naquilo que após tanto tempo está sendo equiparado ao que significou a invasão do Vietnã, de triste memória. Antes de culpar Biden, seus críticos deveriam indagar se é factível a tentativa, hodiernamente, da catequese de um povo tão arraigado a seus costumes e crendices como esse país islâmico, a moda do que foi feito durante as cruzadas, e ainda se tenta fazer em alguns países africanos, sempre à custa da vida de inocentes. E, também, a desculpa de punir o terrorismo não justifica tal solução, ineficaz como se constata 20 anos depois.
Lairton Costa lairton.costa@yahoo.com
São Paulo
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ALERTA
O que acontece no Afeganistão deveria servir como alerta em relação a ameaças de uso da força em outros países, como Cuba e Venezuela, com a costumeira alegação de “restaurar a democracia“. Qual seria o resultado? Transformar aqueles países num novo Afeganistão, com previsível efeito-cascata na efervescente Latino-América? A propósito, ante a volta ao poder do regime Taleban, qual será o destino dos ainda prisioneiros na base estadunidense em Guantánamo?
Patricia Porto da Silva portodasilva@terra.com.br
Rio de Janeiro
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CADA NAÇÃO SEU TALEBAN
Qual a diferença dos talibãs de turbante, armados e mal encarados, na mesa da presidência do Afeganistão e os trumpistas republicanos, armados e mal encarados tomando de assalto o Capitólio, em Washington DC, capital dos Estados Unidos da América, ou a tropa de choque do clã presidencial, de arruaceiros, armados e mal encarados, motoqueiros, de farda ou milicianos, na capital do Brasil? De golpes ou eleições chegam ao poder, com seus mulás, pastores ou gurus, em nome de um deus e de uma causa perversa para destruir e matar a liberdade e o que resta de humanidade dos povos e suas nações.
Paulo Sergio Arisi paulo.arisi@gmail.com
Porto Alegre
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TENSÃO MÁXIMA
A situação do presidente Jair Cloroquina Bolsonaro é delicada. Tem cinco processos na justiça, quatro no STF e uma no TSE sobre fake news. As chocantes revelações da CPI não ajudam: decisões desastrosas no combate da pandemia, misturadas com tentativas de golpes bilionários para a compra de vacina não reconhecida pela Anvisa (Covaxin) ou que não é disponível para intermediários (AstraZeneca). Por último, o desemprego somente aumenta, e o Brasil tornou-se pária devido ao comportamento ambiental delinquente de seu governo. Tudo o que o capitão conseguiu fazer é aumentar o caos e a instabilidade na sociedade, insistindo em temas que não têm a menor importância (voto impresso) ou atacando tudo e todos (instituições republicanas e pessoas). Há tempo este seu comportamento deixou de ser bizarro, porque está nos prejudicando diretamente: mais de 570 mil óbitos pelo vírus da pandemia, tensão social e institucional, inflação com estagnação econômica, desemprego, e por aí vai. Já que não sai impeachment, devemos apoiar os que estão tentando parar esta loucura até as eleições de 2022, quando devemos aposentar o capitão da vida pública para sempre. Certamente, o truculento Trump terá o máximo prazer em recebê-lo de braços abertos.
Omar El Seoud elseoud.usp@gmail.com
São Paulo
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A ARITMÉTICA DE PAULO GUEDES
Na sua entrevista ao Valor, Sua Excelência apresenta uma proposta bizarra. Ele pretende diminuir a carga de tributos das empresas em 10 pontos porcentuais (entre IR e CSLL) e compensar essa bondade com a taxação de dividendos em 20%. Deixando de lado o fato de essa taxação afetar os dividendos que a União recebe, há um obstáculo aritmético. As empresas distribuem 25% do seu lucro líquido (algumas são mais generosas). 20% disso representam 5%. Como estes 5% compensarão a diminuição de 10% ele não explica. Estimular as empresas a reinvestir o lucro pressupõe que elas consigam projetos com contribuição marginal positiva. Se isso se concretizar, o “buraco” entre a arrecadação via impostos e a tributação de menos dividendos – que pela lei das SAs é obrigatória – aumentará mais ainda. O senhor ministro poderia explicar melhor sua matemágica?
Alexandru Solomon alex_sol@terra.com.br
São Paulo
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IR SOBRE DIVIDENDOS
Pagar 20% de Imposto de Renda (IR) sobre dividendos é bitributação. Todo lucro empresarial é passível de IR e só depois é que, do lucro, após deduzir as despesas e impostos, é calculado e pagos os 20% de dividendos aos acionistas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, colocou o bode na sala. Se ninguém chiar, serão mantidos os 20% de imposto sobre os dividendos, senão tende a reduzir o porcentual do IR ou aliviar integralmente. Aumentar a carga tributária é fácil, difícil é reduzir significativamente a onerosa máquina pública e seus inúmeros penduricalhos/mordomias para poder investir e melhorar a contrapartida aos contribuintes.
Humberto Schuwartz Soares h-s-s@uol.com.br
Vila Velha (ES)
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FALTA DE VERGONHA TRIBUTÁRIA
O Brasil, diversamente do que ocorre nos países desenvolvidos, é refém em matéria tributária da incompetência pública associada ao egoísmo privado. É ocioso insistir que tributos se destinam a custear as obrigações do Estado, aqui um valor sempre insuficiente, apesar da alta carga tributária, desconhecido pelo descompromisso com a coisa pública e onde não vale a máxima de quem pode mais paga mais. Para isso contribuem um modelo disfuncional de gestão pública, o aparelhamento, o empreguismo, a baixa qualificação, os programas mal desenhados e sem metas, a esperteza das contribuições não partilhadas com outros entes federativos, as renúncias fiscais sem compromissos, etc., etc., que compõem um ralo por onde escoam os recursos retirados dos cidadãos na prestação de serviços de má qualidade. Para se financiar, os governos se apoiam na orientação fiscalista dos setores de arrecadação que apenas visam à efetividade, jamais à justiça social, optando pelo caminho mais fácil da tributação indireta sobre o consumo e a produção, formas regressivas por gravarem indistintamente os diferentes níveis sociais, enquanto a tributação direta sobre renda e propriedade é minimizada ou, se muito, sobre as PJs, mais fáceis de arrecadar e menos dolorida para bolsos dos mais providos, notável egoísmo no País campeão do diferencial de renda, assim como sempre, no baronato da Corte.
Alberto Mac Dowell de Figueiredo amdfigueiredo@terra.com.br
São Carlos
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CONGRESSO DISFUNCIONAL
Congresso deixa de fiscalizar Orçamento e não julga contas presidenciais há 20 anos (Estado, 17/8). Em gritante desvio das atribuições do Legislativo, uma parcela significativa de nossos parlamentares, associados a um presidente com mania de perseguição, se locupletam em abocanhar grandes fatias do Orçamento, enquanto se omitem na função primordial deste poder: fiscalizar as contas do Executivo. Na vida real, fora dos palácios nababescos desses oportunistas travestidos de representantes, os 211 milhões de brasileiros se perguntam: até quando vamos continuar à mercê de um presidente belicista e tresloucado e de um Congresso disfuncional?
Honyldo Roberto Pereira Pinto honyldo@gmail.com
Ribeirão Preto
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MAIS COMITÊ
Posso estar enganado, mas creio que pouquíssimos cidadãos já tenham ouvido falar no tal Comitê de Avaliação, Fiscalização e Controle da Execução Orçamentária da Comissão Mista do Orçamento (CMO), que pelo jeito nada faz. Cabe a pergunta: quantos inúteis comitês como este existem e para quê?
Guto Pacheco jam.pacheco@uol.com.br
São Paulo
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‘DEFICIENTES ATRAPALHAM’
Como são hábeis e capazes os governos autoritários na manipulação da linguagem, desvirtuando palavras e expressões que não correspondam a seus interesses. O mais recente exemplo vem de Milton Ribeiro, ministro da Educação, ao denominar como “inclusivismo” as políticas de inclusão de alunos com “deficiência”, como se referiu. O termo tem sentido religioso, mas possivelmente a inspiração do ministro foi outra – os ismos que nas ciências médicas designam diversas patologias. Políticas inclusivas não são patologias, ainda que possam assim ser consideradas pelo autoritarismo que não tolera a interação das diferenças.
Válter Vicente Sales Filho valtersaopaulo@yahoo.com
São Paulo
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INADEQUADO
O ministro da Educação faz mais uma declaração inadequada, ao dizer que crianças com deficiência atrapalham o aprendizado de outras crianças. Ele deveria indicar programas de apoio. Um posicionamento inadequado para quem ocupa este cargo, por certo.
Uriel Villas Boas urielvillasboas@yahoo.com.br
Santos
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IMPEACHMENT, FERRAMENTA DE DESGASTE E CRISE
O momento é delicado. Jair Bolsonaro anuncia pedido de impeachment dos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por crimes de responsabilidade. O cantor e ex-deputado Sérgio Reis reuniu-se com lideranças do agronegócio e dos transportadores, tratando de paralisação para 7 de setembro, e promete ir ao presidente do Senado “exigir” o afastamento, em 72 horas, de “todos” os ministros do STF. Alexandre de Moraes prendeu o ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, num inquérito aberto pelo próprio STF e contra parecer do Ministério Público Federal. Jefferson contra-atacou com novas e ácidas críticas à Corte e a seus membros. Especula-se que Sérgio Reis também poderá ter sua prisão decretada. Propor o afastamento de autoridades não é crime. Está regulamentado na Lei n.º 1.079, de 1950, a chamada Lei do Impeachment, que estabelece rito e formas do processo, mas que não é observada pelos presidentes da Câmara e do Senado, que preferem, em vez de tramitar, engavetar os pedidos de afastamento. A falta de solução encoraja os pedidos oportunistas, em que os autores buscam apenas prejudicar os alvos e conseguir seus cinco minutos de notoriedade. Este ativismo tem potencializado a crise, que agora ganha dimensões institucionais porque contrapõe dirigentes dos Poderes da República. O quadro exige responsabilidade e compromisso com a Nação. Inclusive o cuidado de evitar que extremistas possam – independentemente da ideologia – se infiltrar e, em vez de resolver, aumentar a crise.
Dirceu Cardoso Gonçalves aspomilpm@terra.com.br
São Paulo
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O INSENSATO SÉRGIO REIS
As redes sociais poderiam ser usadas para a transmissão de conhecimentos das diversas áreas da ciência, mas recebemos diariamente mensagens criadas por verdadeiros dementes e alienados. Nos últimos dias, circulou pela internet uma comunicação do cantor Sérgio Reis, ameaçando o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Parece inacreditável, mas é verdade tamanha negligência. Como se não bastasse, o cantor ameaçou bloquear as estradas, com a ajuda dos caminhoneiros. A insensatez de prejudicar o agronegócio brasileiro, o transporte de alimentos, medicamentos e diversos outros produtos é, no mínimo, uma ignorância. A imundície dessas mensagens se espalha numa rapidez inédita, agradando os imprudentes. Essas celebridades impulsivas deveriam ser punidas com todo o rigor da lei, pois desorientam os mais obtusos. Redirecionar a atenção da população parece que é a ordem do dia, encorajando a confusão e a selvageria.
José Carlos Saraiva da Costa jcsdc@uol.com.br
Belo Horizonte
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CÉREBRO DE PAPEL
Parece que Sérgio Reis não tem só o coração de papel. Tem o cérebro também.
Marcos Prado Vlela vmarcosprado@gmail.com
Vila Velha (ES)
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TOCANDO EM FRENTE
Sou do tempo em que as famílias possuíam apenas um automóvel e este ficava na posse do pai, que se locomovia por meio dele; a esposa e os filhos deslocavam-se em transporte público, os ônibus coletivos (aqui, em Campinas, preponderavam as empresas permissionárias CCTC e Rápido Luxo). O único carro da família só era utilizado por todos os membros do clã aos fins de semana, para as compras de supermercados e viagens de férias. O tempo passou... O relatado acima se refere às décadas de 1970 e 1980. Não obstante isso, os mais “antigos” outrora relatavam que durante as décadas de 1960 e 1970, por exemplo, só eram proprietárias de carros as pessoas consideradas ricas. Sim, este bem material era acessível tão somente à elite; as classes média e pobre nem sequer pensavam em adquirir este bem de consumo, tão distante era o seu poder aquisitivo em relação aos veículos. O modelo familiar permitia isso. A grande maioria das mães era “do lar”, isto é, trabalhava “apenas” em casa. Cuidava dos filhos, das roupas (lavavam e passavam), cozinhava e tinha de dar atenção ao marido quando este chegava exausto de seu trabalho. Como as cidades eram menores, com população reduzida, tudo era mais fácil e, por isso, na maioria das vezes os filhos estudavam perto de sua residência; às mães cabia o papel de levar os filhos e buscá-los nas escolas. Com o passar do tempo, surgiram as peruas escolares, que facilitaram um pouco a vida das mães; também, à medida que os filhos cresciam, iam para a escola em transporte público (fazia-se aquisição do famoso passe escolar, mais barato). Quem se lembra? Recordo-me de que as famílias de classe média passaram a possuir dois carros na década de 1980, se eu não me engano em sua segunda metade. É que nessa época o estilo de vida de grande parte das famílias começou a dar uma guinada, tendo em vista que as mulheres iniciavam sua trajetória de independência profissional e de colaboradoras não só nos afazeres domésticos, como também na questão econômico-financeira, adentrando o mercado de trabalho. Mesmo as mulheres que permaneciam em casa na qualidade de “rainhas do lar” se animaram em “tirar carta”, na medida em que a vida já estava se tornando cada vez mais acelerada, com aumento de responsabilidades e afazeres, tanto para os genitores quanto para os filhos, mediante a necessidade de, a partir de então, além de estudarem, cursarem idiomas, aulas de canto, de instrumentos musicais, aulas de esportes, etc. De fato, o cotidiano das famílias foi se modificando de tal forma que era necessária a existência de dois veículos na família. Com o decorrer dos anos e décadas, e devido às profundas transformações sociais, os automotores, além de seu significado de status, tornaram-se de real importância e necessidade, principalmente nas metrópoles brasileiras. O que se vê, hodiernamente, em boa parte das famílias de classe média (parte considerável composta por pai, mãe e dois filhos), são quatro carros na garagem; toda vez que um filho completa 18 anos, já se matricula numa autoescola para habilitar-se a dirigir, e os pais presenteiam seus filhos com um carro. Na atualidade, ante a maior facilidade de obtenção de crédito, financiam-se veículos com parcelas a perder de vista... Toda essa transformação aqueceu o mercado automobilístico. Numa família onde havia apenas um carro na garagem, hoje visualizamos quatro ou até mais veículos estacionados. Basta caminharmos por bairros de classes média-alta e darmos uma espiadinha nas garagens. Isso é muito bom, gera empregos, dinamiza a economia, mas, por outro lado, somos sabedores de seus deletérios efeitos ao meio ambiente. Penso que seria apto a inibir pelo menos durante os dias úteis o uso excessivo e indiscriminado de carros (em grande parte apenas com o motorista e os outros quatro lugares desocupados), se investirmos em transportes públicos de qualidade (ônibus, metrô, BLT, etc.), como fazem os países desenvolvidos. Nestes países as pessoas optam por se locomoverem no dia a dia através destes meios, mais baratos e mais rápidos, inclusive. Seus carros destinam-se a passeios aos fins de semana e/ou para viagens. Algumas pessoas até deixam de adquirir carro em função do alto custo de manutenção, comparado ao custo do transporte público de excelência posto à disposição do usuário. As fabricantes de veículos, os governos e a sociedade como um todo têm a missão de debater estas questões, tomando como base o crescimento sustentável atrelado ao bem-estar e ao desenvolvimento da tecnologia e da ciência. O mundo vive em constante mutação, em constante evolução e alterações de costumes, de anseios, enfim, como dizia o poeta contemporâneo Cazuza: “O tempo não para...”, coadunando e arrematando com a frase do grande cancioneiro Almir Sater: “Penso que a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente...”, mas tocando em frente com responsabilidade, em prol de nossas futuras gerações.
Armando Bergo Neto bergoneto@terra.com.br
São Paulo
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GERD MULLER
Os amantes do futebol de todo o mundo prestam as suas sinceras homenagens ao grande Gerd Muller (1945-2021), um dos maiores goleadores da história do futebol alemão, europeu e mundial de todos os tempos. Gerd Muller ganhou tudo pelo Bayern München e pela seleção alemã. Ele é o maior artilheiro do futebol alemão e tem a incrível marca de ter feito mais gols do que jogos nas Copas do Mundo de 1970/1974. Um gigante que jamais será esquecido.
Renato Khair renatokhair@uol.com.br
São Paulo