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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Um ano de guerra

Mudança de tom

Muito correta, porém bastante estranha, a mudança de tom da nota do Itamaraty sobre um ano do 7 de outubro em Israel. Pela primeira vez o governo brasileiro foi taxativo em afirmar que o Hamas é um grupo terrorista, sem meios termos nem panos quentes e, mais ainda, não condenou a reação de Israel. Será isso reflexo da performance do PT nas urnas e a aversão das ruas ao sempre infalível Lula?

Claudio Juchem

São Paulo

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Eleições 2024

A vitória de Tarcísio

Diversos jornais estampam que em São Paulo o grande vencedor das eleições de 2024 foi o governador Tarcísio de Freitas. Essa também é minha opinião, e creio que também será um fator importante para suas pretensões futuras. Se continuar a fazer uma boa administração, como parece que está fazendo, e se desvincular dos golpistas, em grande parte ligados a Bolsonaro, poderá em 2026, em carreira independente de extremistas de direita e de esquerda, se tornar um potencial candidato a presidente ou mesmo à reeleição paulista. Ele não depende de Bolsonaro nem de Lula para tal.

Éllis A. Oliveira

Cunha

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Jovens lideranças

Analisando o resultado do primeiro turno das eleições, dá para entender alguns recados que as urnas nos mostraram, mesmo para aqueles que não são analistas políticos, como eu. Inegavelmente, muitas lideranças jovens despontaram em várias cidades do País. João Campos, no Recife; João Henrique Caldas (JHC), em Maceió; e Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, ganharam enorme força se reelegendo com porcentuais que chegaram a mais de 80% dos votos válidos, como é o caso de JHC. No caso emblemático da deputada federal Tabata Amaral, até mesmo não vencendo a eleição a articulada deputada se destacou mostrando ideias novas, força e coragem, no meio de tantas raposas velhas na cidade de São Paulo. Mas o que considero o mais importante de domingo foi a constatação de que o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro saíram menores desta eleição, dando-nos a esperança de que a odiosa polarização esquerda x direita, finalmente, cairá num buraco profundo e desaparecerá para sempre.

Abel Pires Rodrigues

Rio de Janeiro

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Política nacional

Nada muda

“A política divorciou-se inteiramente da moral. Governadores e Congresso firmaram entre si pactos reprováveis, esquecidos e desprezados os deveres constitucionais, para se entregarem à gatunagem e à licença, enchendo as algibeiras com o produto dos impostos e afastando os honestos com a perseguição política. (...) Contristador é o espetáculo que, sob o ponto de vista moral e político, nos oferecem o Congresso Federal. Não há mais um vislumbre de dignidade e independência naquela grande corporação. Agachada e humilde como os miseráveis cortesãos do Oriente, rastejando aos pés do governo cujos intuitos procura adivinhar, com medo de desagradar, o Congresso Federal é o símbolo mais perfeito e acabado de nossa profunda decadência moral e política. (...) Afirma-se a todo momento que vivemos no mais puro dos regimes democráticos, que é o regime presidencial o único capaz de fazer nossa prosperidade e nossa grandeza, garantindo a ordem e fomentando o progresso. Nós, porém, o que vemos e o que sentimos com mágoa é que o presidencialismo não é mais do que uma pérfida etiqueta, um rótulo falso, com que se procura impingir ao povo simplista a mais baixa, a mais passiva ditadura política.” O texto citado parece bem atual, mas foi escrito na primeira página do jornal O Estado de S. Paulo em 18 de julho de 1901, quando da presidência de Campos Sales, o quarto presidente no regime republicano. E a mensagem se tornava mais forte para os leitores quando, ao fim do texto, se lia o nome do autor: o jornalista Alberto Sales, irmão do presidente.

Gilberto Ruas

Santos

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Ambiente

Erosão e avanço do mar

A destruição de nossas praias (Estadão, 7/10, A12) é uma tragédia nacional que se estende do Norte ao Sul do País. Além da crise climática, que obrigaria a redobrados cuidados, há uma completa omissão do poder público no que se refere ao avanço criminoso das construções que chegam até a faixa de areia. Com igual força, as ondas que batem nos muros arrastam a areia para dentro do mar. É urgente dar um basta!

Antonio Augusto d’Avila

Porto Alegre

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

BENEFÍCIO

O executivo enviou R$ 1,4 bilhão de verba (janeiro de 2023 a julho de 2024) para cinco municípios (Araraquara, Belford Roxo, Cabo Frio, Diadema e Hortolândia) governados pelo PT ou aliados, sendo que em quatro não conseguiu eleger o seu sucessor, e somente em Diadema vai disputar o segundo turno.

Vital Romaneli Penha

Jacareí

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NOTA DE CRÉDITO

Apesar da surpreendente elevação do rating do Brasil pela agência de classificação de riscos Moody’s, o cenário econômico segue de marcha à ré engatada. Enquanto o superávit comercial do Brasil em 2023 alcançou o recorde de US$ 98,9 bilhões, a previsão da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) é que neste ano o montante sofra uma expressiva queda de quase US$ 29 bilhões (28,9%) e atinja US$ 70,4 bilhões, com exportações da ordem de US$ 335,7 bilhões e importações de US$ 265,3 bilhões. Com efeito, um país com a gigantesca dimensão geográfica e o enorme potencial do Brasil deveria apresentar números muito mais expressivos.

J. S. Decol

São Paulo

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ÍNDIA E BRASIL

Em relação ao artigo Índia em ascensão e o Brasil na contramão (Estadão, 8/10, A6), de Rubens Barbosa, gostaria de tecer os seguintes comentários: infelizmente, o Brasil parece não ter atingido ainda a maturidade necessária para se comportar como nação, e não como um amontoado de grupos díspares concorrendo ferozmente pelos recursos nacionais. Ao contrário da Índia, o que se pode esperar do nosso querido país, que não investe no seu futuro, não consegue sequer defender a contento suas fronteiras, apresenta insegurança jurídica crescente e tem, no máximo, atitudes externas em vez de uma política externa digna do nome? O Brasil de hoje lembra muito a China frágil e multifacetada do período imediatamente anterior às Guerras do Ópio no século XIX. A diferença é que temos diferentes tipos de vícios grassando livremente por aqui, enquanto ficamos perigosamente alheios às mudanças em curso no resto do mundo. Até quando continuaremos nesse torpor? Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

São Paulo

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ELEIÇÕES EM SÃO PAULO

Terminado o pleito para prefeitura em São Paulo, a mídia tradicional só se preocupou em demonizar e desclassificar Pablo Marçal, o terceiro colocado, que numa campanha meteórica chegou a apenas 50 mil votos do segundo colocado, que em números relativos não representam metade de um bairro da cidade. Esqueceram de analisar por que 1/3 da cidade preferiu votar no tal desclassificado pela mídia. Não teria sido mais inteligente tentar analisar quais os anseios desse 1/3 dos paulistanos que preferiram jogar seus votos num candidato relativamente desconhecido, mas que veio com um discurso de mudança? Mudança na forma de governar mudança na forma de aproximação com as verdadeiras necessidades dos cidadãos no dia a dia em detrimento do discurso repetitivo dos dois candidatos que irão concorrer ao segundo turno. Duas figurinhas repetitivas que levarão os votos dados ao Marçal se ousarem sair daquele marasmo e dar propostas coerentes e concretas. Chega de engambelação.

Beatriz Campos

São Paulo

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PT

De um paulista para os paulistanos: Psol não é Psol, é o mesmo que PT. Guilherme Boulos não é Psol, está a serviço do PT. O mesmo PT que foi contra o Plano Real; o mesmo PT que recebeu um país em crescimento, com a inflação sob controle e chamou de herança maldita; o mesmo PT do mensalão; o mesmo PT do petrolão, o maior escândalo de corrupção da história do País; o mesmo PT do segundo pior prefeito que São Paulo já teve, Fernando Haddad (pior do que ele só Celso Pitta); o mesmo PT de Dilma Rousseff, que levou o País a um caos social, político e econômico; o mesmo PT que quase quebrou a gigante Petrobras; o mesmo PT que teve vários dos seus dirigentes presos, acusados de corrupção; o mesmo PT que afaga, endeusa e é conivente com ditaduras e ditadores sanguinários; o mesmo PT que desconhece o que foi o Holocausto, criminaliza Israel e simpatiza com o Hamas e o Hezbollah; o mesmo PT criador do nós contra eles; e o mesmo PT cujo único plano de governo, seja ele municipal, estadual ou federal, é se eternizar no poder. Ricardo Nunes pode não ser a oitava maravilha do mundo, mas do outro lado está o PT.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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‘INELEGÍVEL’

O ex-coach e ex-candidato Pablo Henrique Costa Marçal, controverso e desrespeitoso com os brasileiros, deve ser julgado exemplarmente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e está apreensivo com uma possível prisão. Tentou de todas as maneiras desestabilizar as eleições, além de ofender sistematicamente seus adversários. Na verdade, terminou sua trajetória de maneira ridícula aparecendo no local de votação, cinco minutos antes do encerramento e, descalço, afrontou os eleitores dizendo que os “últimos seriam os primeiros. E acertou. Será o primeiro a ser preso por desacato e descaso com o País, pois só faltou fazer suas necessidades fisiológicas no meio do átrio de votação. Vociferando, disse que será o presidente do Brasil em 2026 e confessou não se tornar inelegível, disse o ex-tudo. Lamentável!

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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ESCOLA MARÇAL

Sobre o editorial É hora de demolir a ‘escola Marçal’ (Estadão, 8/10, A3): sem dúvida.

Albino Bonomi

Ribeirão Preto

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SEGUNDO TURNO EM SP

Dois candidatos irão disputar o segundo turno das eleições na maior cidade da América do Sul. Permaneceram para a disputa do segundo turno Guilherme Boulos e Ricardo Nunes. Na minha modesta opinião, ganhe quem ganhar, entre esses dois candidatos, presumo que os paulistanos poderão se sentir orgulhosos, até porque o lodo ácido – que mesmo tendo uma votação significativa só tumultuou a campanha eleitoral –, os eleitores o mandaram de volta para casa, e queira Deus que não volte nunca mais.

Virgílio Melhado Passoni

Jandaia do Sul (PR)

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EXTREMA DIREITA

Temem a extrema direita no Brasil? Desculpe, mas o que temos são uns tolos tentando se dizer de direita, mas se autodestroem com temas bobos, sexuais e religiosos, incapazes de se manter no poder por tolices sucessivas (vide Jair Bolsonaro), que trouxe Lula de volta por sua estupidez e insistente limitação. Vimos em São Paulo Marçal, que tinha a eleição ganha, derreter por limitação também, expor laudo falso, e pior, sobre um tema que ninguém liga: uso de drogas por candidato. A esquerda no Brasil vai caindo por só servir às causas socialistas, e roubam como ninguém. A economia vai muito mal com a esquerda desde sempre, e a direita com seu chato discurso. Não é a toa que o Centrão explodiu, cresceu mais que bolo com fermento. Meus cumprimentos ao Centrão.

Roberto Moreira da Silva

Cotia

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‘LUFADA DE OXIGÊNIO’

Faltam dois anos para a eleição presidencial de 2026 e já despontam nomes para concorrer com Lula, que tentará a reeleição. A direita tem Tarcísio de Freitas como candidato certo. A esquerda vai de Lula 4. O centro precisa comparecer com um destes campeões de votos da eleição municipal, como o jovem João Campos, reeleito prefeito de Recife, que poderia ter como vice a sua namorada, Tabata Amaral, que recebeu 600 mil votos em São Paulo. Seria uma lufada de oxigênio na política nacional, envenenada pela polarização atual.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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PROJETOS FUTUROS

Passado o primeiro turno das eleições, precisamos pensar nos projetos que precisamos ter. Certamente nossa maior prioridade é a segurança pública nas principais cidades do país, que precisam urgentemente de uma pacificação nas ruas. Para tanto, é necessário não só um policiamento ostensivo, mas também a execução de projetos governamentais que permitam ocupar milhares de desempregados, e, com isso, certamente diminuir – e muito – parte dos que atualmente são levados a praticar delitos e que alteram a nossa segurança. Que assim seja.

José de Anchieta Nobre de Almeida

Rio de Janeiro

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ENSINO SUPERIOR

Dados do Censo de Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), vinculado ao Ministério da Educação, indicam que em 2023 o número total de estudantes dos cursos de ensino superior no Brasil atingiu a marca de quase dez milhões de alunos matriculados, tanto presenciais quanto à distância, com um crescimento da ordem 5,6% na comparação com o ano anterior, o maior registrado em nove anos. Até 2026, esses números surpreenderão positivamente, já que o presidente Lula é obstinado para que todos tenham a chance que ele não teve de estudar numa faculdade.

Jorge de Jesus Longato

Mogi Mirim

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MUNDO SEM PLÁSTICO

Não podemos imaginar o mundo sem o plástico, ele está em quase tudo, da sacola ao automóvel, do avião à escova de dente, da seringa à caixa d’água. Acontece que esse elemento vai sendo descartado e dissolvido em micropartículas ou nanopartículas e já foram descobertos no cérebro humano, no bulbo olfativo. Estamos cheios de plásticos e morreremos por causa deles.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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CRISE CLIMÁTICA

O Brasil precisa rever as barbaridades criminosas aprovadas pela bancada ruralista e que estão destruindo o País: não é possível desmatar 80% do Cerrado, o Brasil está esgotando suas reservas hídricas em um ritmo completamente insustentável. Essa legislação precisa ser mudar. Não é possível desmatar a Amazônia para criar gado, isso é uma imbecilidade atroz mesmo para os padrões de ignorância que imperam no País. Não é possível encher o Pantanal de barragens sem qualquer estudo de impacto ambiental, a maior planície alagável do planeta não alaga há quase uma década e ninguém está preocupado. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, está se mostrando completamente incapaz, seu cargo deveria ser ocupado por alguém com o perfil do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, alguém disposto a peitar a bancada ruralista. Em pouco tempo o Brasil estará enfrentando secas no padrão africano, anos sem chuva, isso vai quebrar o agronegócio, aí vão colocar o exército para erradicar a soja e recuperar o Cerrado.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO

Um grupo de especialistas em teoria dos jogos analisou o confronto direto entre Israel e Irã, destacando a crescente incerteza no Oriente Médio. A teoria dos jogos, que estuda as estratégias adotadas por diferentes jogadores, é uma ferramenta valiosa para prever reações e avaliar os custos e benefícios envolvidos em conflitos. Um confronto direto entre Israel e Irã imporia um pesado fardo sobre os cidadãos de ambos os países e não seria do interesse de nenhum deles. No entanto, é essencial considerar outros fatores. A conclusão dos especialistas é que ambos os lados estão à procura de como restabelecer um nível de dissuasão eficaz. Antes do dia 7 de outubro, havia um certo equilíbrio na região. No entanto, após os atentados, a ameaça representada pelo Eixo da Resistência – que inclui grupos como o Hamas, Hezbollah e, posteriormente, os Houthis – tornou-se mais palpável, forçando Israel a entrar em uma guerra que não estava em seus planos e que acarreta custos muito significativos para o país. Israel conseguiu realizar ataques bem-sucedidos contra o Hamas e o Hezbollah. Em contrapartida, o Irã lançou centenas de mísseis balísticos contra Israel, algo que ainda aguarda uma resposta apropriada. Como resultado, praticamente todas as regras que antes regiam o equilíbrio e o conflito deixaram de ser aplicáveis. Apesar de Israel ser militarmente superior ao Irã, especialmente com o apoio dos Estados Unidos, isso não tem sido suficiente para deter as agressões constantes promovidas pelo Irã e suas milícias. Do lado iraniano, os players também sentem a necessidade de restabelecer uma forma de dissuasão, visando encerrar o atual conflito sem que o mesmo escale para uma guerra total. A resposta esperada do Hezbollah aos ataques israelenses não se materializou, indicando um colapso em sua capacidade de dissuasão. Isso motivou o Irã a lançar a segunda chuva com centenas de mísseis. Ou seja: não está claro para nenhuma das partes como restabelecer um nível de dissuasão adequado que permita retornar ao equilíbrio original e encerrar o ciclo de escalada sem iniciar um conflito direto bem maior. E enquanto não acharem o que procuram, as batalhas continuam.

Jorge Alberto Nurkin

São Paulo