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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Eleições na França

Perpétua polarização

Se, num primeiro momento, a vitória da Nova Frente Popular – aliança da esquerda francesa constituída às pressas para combater a vitória da extrema direita que se avizinhava no segundo turno das eleições parlamentares da França – foi auspiciosa, uma análise mais profunda coloca em foco o preço a pagar pela conquista da maioria das cadeiras. Pois o maior partido da aliança vitoriosa é nada menos que o França Insubmissa, conhecido por suas propostas radicais e incendiárias, e cujo líder e fundador, Jean-Luc Mélenchon, é também acusado de antissemitismo. Ou seja, para se livrar de um extremo, a França escolheu o outro, dando continuidade ao fenômeno da polarização que há tempo assola os EUA, a Europa e a América do Sul e não dá sinais de arrefecimento. Desanimador. O mundo carece mesmo é de um fundamentalismo de centro.

Luciano Harary

São Paulo

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Meio ambiente

‘Sem respeito pela natureza’

Durante os incêndios na Amazônia e no Pantanal que ocorreram em 2020, portanto no governo anterior, Lula da Silva afirmou que o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, era “um cidadão sem caráter e sem respeito pela natureza”. Seguindo o seu raciocínio, agora que o Pantanal está em chamas de novo, Lula é “um cidadão sem caráter e sem respeito pela natureza”. Pau que dá em Chico, dá em Francisco. No editorial O DNA oposicionista de Lula (8/7, A3), Lula é tachado de divisionista (criador do “nós contra eles”), irresponsável, decepcionante (seu governo), pretenso salvador do planeta, megalomaníaco e incompetente. Belo currículo.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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Educação

Finalidade da universidade

Discordo das premissas e da conclusão propostas por Marcos Lopes acerca da relação entre compromisso social e a finalidade acadêmica das universidades (O dogma da justiça social, 8/7, A4). A busca pela verdade não deveria estar desconexa do contexto vital do sujeito pensante. Aliás, são exatamente os enigmas e desafios vitais da humanidade que nos instigam a pesquisar. Pensar uma formação universitária cuja finalidade última fosse a abstração da verdade poderia transformar a universidade numa fábrica de “demiurgos”, isto é, seres divinos preocupados em organizar o universo a partir das ideias perfeitas do mundo inteligível, diria Platão. Se há um dogma a ser rejeitado por todos os cidadãos brasileiros na diversidade e desigualdade de suas existências, então, seria aquele que sustenta a universidade e a verdade como fins em si mesmas, descomprometidas com o mundo real. Peço licença aos leitores crentes e não crentes para parafrasear Irineu de Lião (século 2º), um pensador cristão dogmático que escreveu contra as heresias: “O esplendor da verdade é a vida do ser humano. A vida do ser humano é o esplendor verdade”.

Luís Fabiano dos Santos Barbosa

Bauru

Revolução de 1932

Os poetas de 32

Há 55 anos, em 11 de julho de 1969, Guilherme de Almeida, o “poeta da revolução de 32″, ele próprio combatente constitucionalista, nos deixou. Cinquenta anos depois, em 7 de julho de 2019, foi a vez da partida de Paulo Bomfim, seu discípulo e irmão espiritual, que pode ser considerado “o poeta da memória de 32″. Grandes vates versificaram a epopeia paulista, como Martins Fontes e Menotti Del Picchia. Todavia, Guilherme de Almeida e Paulo Bomfim são poetas perenes, que afloram na memória afetiva daqueles que ainda mantêm a chama constitucionalista acesa dentro de si. Durante anos, Guilherme de Almeida abria os desfiles de Nove de Julho lendo sua arrebatadora Oração ante a última trincheira. Com a ausência permanente do amigo, Paulo Bomfim assumiu o comovente encargo e o fez nos quase 40 anos seguintes. Quis o destino, capcioso, que ambos fossem para a academia celestial de letras no mês de julho. Contudo, as musas constitucionalistas atuaram para que esses fatos lutuosos não ocorressem no dia 9 de julho, evitando, assim, agregar a melancolia dessas irreparáveis perdas a uma data tão festiva. Eram de Paulo Bomfim estes dizeres: “Trinta e dois não foi uma revolução, foi uma paixão! Vida, paixão e glória de São Paulo!”.

José D’Amico Bauab, membro do Instituto Histórico e

Geográfico de São Paulo

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

‘GOVERNANTES COM DEFEITO’

O excelente editorial O DNA oposicionista de Lula (Estadão, 8/7, A3) demonstra com muita clareza como Lula da Silva, com sua retórica vazia e irresponsável, no poder, não só decepciona a sua clientela preferencial, como aprofunda o abismo que separa o Lula da oposição e o Lula da presidência. Mas o mundo civilizado tem mecanismos democráticos para lidar com políticos que traem seus eleitores: o recall. E Lula 3 está pior: sem rumo, perdido e com claros problemas cognitivos, ele compete em ruindade com a Dilma Rousseff 2. Consequência: a Bolsa cai, o dólar sobe, a direita extremada se fortalece e o brasileiro empreendedor busca no exterior um porto seguro para suas economias. Sem nenhuma perspectivas no horizonte, a única esperança do brasileiro é deparar com alguma iniciativa racional do Congresso Nacional, como a adoção do recall para se revogar o mandato de governantes com defeito. Um jabuti redentor seria incluir no alcance do recall até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) com disfunção. Enquanto não vem um mecanismo como este existente em países mais avançados, que se aplique por isonomia com o governo de Dilma 2, o impeachment. Motivos, em ambos casos – Supremo e Presidência da República – é que não falta.

Nilson Otávio de Oliveira

São Paulo

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‘NÃO ENGANA’

Mesmo antes de Lula 1 e 2, quando dirigente sindical, Lula da Silva sempre gritou e vociferou, atacando medidas e posições. Sempre foi um teórico do protesto e um pragmático da crítica. Mesmo governando, Lula nunca desceu do palanque porque este é a sua grande tábua de salvação: atacar, criticar, mas fugir sempre das ações que requerem resultado assumido. Em O DNA oposicionista de Lula (Estadão, 8/7, A3), está descrito o retrato completo de Lula da Silva, líder incontestável do PT, falador incorrigível e prometedor inveterado. Lula e seu partido político, o PT, sempre tiveram o lema de classificar o bem e o mal na política, arrebanhando para eles sempre o bom e deixando os males para os demais da República. Assim, o demiurgo consegue, mesmo na atualidade, decepcionar seus adeptos ou sua clientela, mas mantendo sempre a retórica vazia e o vezo de transferir responsabilidades aos outros. Mas não engana mais; nem mesmo os seus.

José Carlos de Carvalho Carneiro

Rio Claro

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PLANO REAL

Em meio às celebrações dos 30 anos do Plano Real, detive-me especialmente nas lições que podemos e devemos aprender deste momento de nossa história econômica, política e social. Trinta anos depois, o editorial O silêncio é de ouro (Estadão, 4/7, A3) me faz lembrar que o Plano Real só aconteceu porque combinou liderança e trabalho de equipe, que só pode acontecer em ambiente de debate de ideias, concentração, reflexão, conhecimento especializado, equilíbrio, foco, colaboração e comedimento. Muito estudo, competência técnica, habilidade política e comunicação tornaram possível a concretização do Plano. Um olhar sobre o momento político, econômico e social atual mostra um ambiente tumultuado, ruidoso, medíocre, superficial, com incertezas, intolerâncias, desconfianças e confrontos. Faz bem o editorial ao invocar o ditado popular de que a palavra é de prata e o silêncio é de ouro. Acrescento o de que em boca fechada não entra mosquito e o de que quem fala demais se arrisca a dar bom dia para cavalo. A novidade que a imprensa vem alertando é que a economia, o dólar principalmente, podem sofrer impacto quando os agentes econômicos e políticos descambam para a língua solta, falação, verborragia, incontinência verbal, confrontos e disputa de egos inflados. Pra continuar nos ditados populares, gosto daquele que diz: “cada macaco no seu galho”. Se cada um cumprir sua função com competência, responsabilidade, simplicidade, humildade, espírito público e cooperação entre os pares, ao invés de ficar contemplando o próprio umbigo, podemos contribuir para um ambiente saudável em que as virtudes se oponham aos vícios, como propunha São Francisco de Assis no século 18.

João Pedro da Fonseca

São Paulo

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LULA DA SILVA

Quem lê e acompanha a politica brasileira percebe o quanto Lula fica incomodado de não poder intervir na Vale, Eletrobras e Banco Central. Esse último teve sua independência aprovada pelo Congresso. Essa decisão visa impedir que o chefe de Estado, ou de governo, decida intervir direta ou indiretamente na condução da política monetária. Já a sofrida Petrobras é espoliada e Lula é useiro e veleiro de seus recursos. Faz o que bem entende. Essa é a raiva de Lula: não fazer o mesmo no BC. Vaidoso como é, quer ter todos sob sua espada. Simplesmente ridícula a sugestão de mudar o mandato do presidente do BC para um ano. Lula bate em Roberto Campos Neto e escalou várias línguas de aluguel para dizerem o mesmo. E o Congresso, quando vai resolver essa situação?

Izabel Avallone

São Paulo

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‘MARCO NA HISTÓRIA’

Os 30 anos do Plano Real, completados neste mês de julho, merecem ser lembrados e comemorados. É um marco da nossa história. Foi a semente do nosso futuro lançada na terra por Fernando Henrique Cardoso, que rendeu muitos frutos. Pena que não teve continuidade. Os governos petistas somente ceifaram. Nada semearam e hoje não se tem o que colher. Falta-lhes visão de futuro, são imediatas, só pensam na reeleição. A pergunta é: qual projeto relevante que Lula deixará ao País? Seu legado histórico é a corrupção, disso já sabemos. E ousou dizer que recebeu uma herança maldita de FHC. Imagina a sua.

Deri Lemos Maia

Araçatuba

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CPAC BRASIL

No encontro do sábado passado, 6/7, entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o mandatário argentino Javier Milei em Balneário Camboriú (SC), por ocasião da realização da quinta edição da Conferência de Política Ação e Conservadora (CPAC Brasil), que reuniu lideranças de extrema direita do continente, Milei foi agraciado com a medalha bolsonarista 3is: imorrível, imbrochável e incomível. No palco, ao recebê-la abraçado a Jair Bolsonaro, gritou em alto e bom som: Viva la libertad, carajo. Francamente, é de rir para não chorar, pois não?

J. S. Decol

São Paulo

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JAVIER MILEI

No festival de insanidades que dominou o encontro da extrema direita em Santa Catarina, uma se destacou por seu caráter vergonhoso: a entrega por Jair Bolsonaro a Javier Milei de sua medalha dos is: imbrochável, incomível e imorrível. Faltou apenas um: inelegível.

Sylvio Belém

Recife

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‘NÃO MENTIU’

Corrupto, ladrão e comunista: relembres o que Javier Milei já falou sobre Lula (Estadão, 7/7). Lamentavelmente, as declarações do fanfarrão histriônico Javier Milei são verdadeiras. Lula da Silva foi condenado em três instâncias a 12 anos de prisão por corrupção e roubalheira, entre outras acusações, e, segundo ele mesmo, gosta de ser chamado de comunista, sendo que os vídeos que comprovam sua declaração estão disponíveis em redes sociais. Portanto, infelizmente, o Brasil tem um presidente “corrupto, ladrão e comunista”, e Javier Milei não mentiu.

Maurilio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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LIBERDADE DE EXPRESSÃO

O presidente da Argentina veio ao Brasil e diz ver riscos à liberdade de expressão no País. Com essa frase absurda, o excêntrico “cavaleiro da motosserra” viaja, em caráter particular, para ofender nosso país e nosso presidente, além de “prestigiar” nosso ex-presidente, que responde a inúmeros processos. Espero que o Itamaraty se pronuncie com todo o rigor à diplomacia argentina, sobre o atrevimento da triste figura de vir até aqui, criticando a nossa democracia. Também seria interessante declarar Javier Milei como “persona non grata”, pois sei que cortar relações com a Argentina não interessa à nossa economia.

Gilberto Pacini

São Paulo

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‘INTELIGÊNCIA SOCIAL’

A esquerda viu que para não perder tem que abrir a mente, largar a ignorância de ser o dono da verdade. Falta muito ainda. Aprendam a respeitar a direita, ela é muito boa e útil para salvar os países de crises graves, coisa que a esquerda não pode por ser comprometida com tudo. Outra coisa, parem de chamar qualquer linha de pensamento que não seja a esquerda de fascista, é a mesma ignorância de quem chama qualquer esquerda de comunista, e isso incentiva a pior das tragédias: a intolerância pelo diferente. Portanto, um pouco de inteligência social salva um país.

Roberto Moreira da Silva

Cotia

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ELEIÇÕES FRANCESAS

Não houve formação de maioria absoluta após a realização das eleições legislativas para a Assembleia Nacional na França. O antagonismo político, a rejeição ideológica e o personalismo de três grandes atores públicos levaram ao bloqueio recíproco dos três blocos do espectro político: Jean-Luc Mélenchon (esquerda), Emmanuel Macron (centro) e Marine Le Pen (direita). Existe um impasse para a formação do novo governo, pois as três coabitações anteriores ocorreram sempre com maioria absoluta. O atual cenário político é o mais complexo e desafiador desde a fundação da 5.ª República (1958), quando o general Charles de Gaulle indicou Michel Debré para governar com uma maioria relativa de apenas 189 deputados. O premiê teve que fazer acordos pontuais ao longo de pouco mais de três anos (janeiro de 1959 até abril de 1962), com os outros grupos parlamentares. Em outubro de 1962, o novo primeiro-ministro, Georges Pompidou, terminou sendo derrubado por uma moção de censura após a aprovação da proposta do chefe de Estado do referendo que instituía a eleição direta para o cargo de presidente da República. Houve a dissolução da Assembleia Nacional, a vitória gaullista com maioria absoluta que permitiu o retorno do premiê ao poder e garantiu a estabilidade do nascente regime político. Em 2024, o país enfrenta uma situação oposta e vai depender da estatura política do atual mandatário para conduzir a França até as eleições presidenciais de 2027.

Luiz Roberto da Costa Jr.

Campinas

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MUDANÇAS POLÍTICAS

A impressionante alteração da política na Europa, variando da direita para esquerda em curto tempo, faz parte desta nova realidade que estamos vivendo em grande parte do planeta. Esta variação ideológica certamente é em razão da situação que grande parte das nações estão atravessando, em que tais variações fazem parte e há a necessidade de tais mudanças, no sentido de que a população tenha uma qualidade de vida o mais tranquila possível.

José de Anchieta Nobre de Almeida

Rio de Janeiro

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VITÓRIA NA EUROPA

A vitória do Partido Trabalhista na Inglaterra e da esquerda na França foi uma importante resposta ao avanço da direita na Europa e nas Américas. Espera-se que o Partido Social-Democrata continue liderando o governo na Alemanha. O mundo ocidental agradece. Em 5 de novembro saberemos para onde caminha os Estados Unidos. A imprensa ignorou Jean-Luc Mélanchon, o vencedor, da Nova Frente Popular, em favor de Macron e Marine Le Pen, os perdedores da eleição francesa.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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JUSTIÇA

A Rússia lança mísseis sobre um hospital pediátrico em Kiev, na Ucrânia; o massacre continua na Faixa de Gaza e eu me pergunto: há crime de guerra? Quem será punido? Acho que não há justiça neste mundo.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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ELEIÇÕES AMERICANAS

A substituição do candidato democrata na eleição americana não significa a derrota de Donald Trump. Para o americano que pensa que o mundo se resume aos Estados Unidos, e são milhões, Trump é o salvador. A ascensão de Trump iniciou quando Hillary Clinton se candidatou e pensou que já havia vencido. Quem pariu Mateus que o embale.

João Israel Neiva

Cabo Frio (RJ)