O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, é dado a façanhas. Formou-se no Instituto Militar de Engenharia (IME) não apenas como primeiro colocado, em 2002, mas com a maior média de notas da história do curso centenário. Após quase duas décadas, sua distinção segue sem ser ofuscada.
Como diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) por quase quatro anos, entre 2011 e 2015, conseguiu imprimir rigor técnico, senso ético e espírito público na gestão de um órgão sensível a casos de corrupção. Agora, tem conseguido fazer de sua pasta uma ilha de excelência no conturbado governo de Jair Bolsonaro. Raras são as vozes críticas à sua gestão no Ministério da Infraestrutura, mérito que deve ser dividido com o próprio presidente da República, responsável direto por sua certeira nomeação para gerir um dos setores mais deficientes do País. Ao mesmo tempo, dos mais estratégicos para alavancar o crescimento.
Os resultados de Tarcísio de Freitas à frente do Ministério da Infraestrutura nestes cem dias de governo falam por si sós. Graças à combinação virtuosa da reconhecida capacidade técnica do ministro com sua habilidade política – antes de assumir a pasta atuava como consultor legislativo da Câmara dos Deputados –, Freitas conseguiu dar andamento a obras importantes que estavam paradas ou bastante atrasadas. Engajou o Dnit em trabalhos de reparação de rodovias. Reuniu-se com caminhoneiros e percorreu estradas com eles, verificando in loco as dificuldades enfrentadas pela categoria. Fiscalizou a execução de projetos de infraestrutura viajando por todo o País. Não menos importante, deu prosseguimento às bem-sucedidas rodadas de privatização de aeroportos e ferrovias.
Na mais recente rodada de privatização de aeroportos, a quinta, realizada em meados de março, o governo federal arrecadou R$ 2,4 bilhões com a concessão de 12 aeroportos regionais situados nas Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. O leilão capitaneado pelo ministro Tarcísio de Freitas foi um sucesso, com ágio médio de 986%. “O Brasil tem tamanho, tem escala e tem mercado consumidor. Temos enorme potencial. O primeiro leilão do governo Bolsonaro é um excelente termômetro do novo momento”, disse o ministro, à época. A próxima rodada de leilões de aeroportos está prevista para o ano que vem.
No final de março, a pasta da Infraestrutura também realizou mais um leilão de concessão da Ferrovia Norte-Sul. O trecho central de 1.537 km, que liga Porto Nacional (TO) a Estrela d’Oeste (SP), foi arrematado com um lance de R$ 2,7 bilhões, dado pela Rumo. O ágio foi de 100,92% em relação ao valor mínimo definido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Nem tudo são flores na vida do ministro da Infraestrutura. Se estão bem encaminhadas as concessões dos aeroportos e da Ferrovia Norte-Sul, não se pode dizer o mesmo dos leilões de rodovias. Talvez este seja um dos grandes desafios que ora estão sobre sua mesa de trabalho. Uma reportagem recente do jornal Valor revelou as dificuldades que a pasta tem de enfrentar para destravar processos no Tribunal de Contas da União (TCU), além de uma série de pendências judiciais nas licitações de rodovias realizadas entre 2013 e 2014.
Sem espalhafato, o ministro Tarcísio de Freitas tem atuado com diligência e profissionalismo para reduzir o conhecido déficit de infraestrutura do País. Como ele mesmo dissera há pouco, “o Brasil tem um enorme potencial”. De fato, uma das barreiras que ora se interpõem entre o País de hoje e a potência econômica em que poderá se tornar é justamente o gargalo da infraestrutura.
A missão é dura, mas dados os resultados apresentados até aqui, o ministro Tarcísio de Freitas tem as credenciais para executá-la. Basta que seja apoiado por seu chefe e mantenha aberto o canal de diálogo que tem com diversos setores representativos da sociedade, incluindo o Congresso.