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Cientista político, autor do livro ‘10 Mandamentos – Do brasil que Somos para o País de Queremos’, foi candidato à Presidência da República

Opinião | A grande mentira

Fingimos viver numa economia de mercado, quando na verdade temos um capitalismo de Estado que destrói a competitividade e a produtividade do País

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Na mitologia lulopetista, os dados não podem se sobrepor à ideologia política. Quando os fatos contradizem o lema do governo de que “gasto é vida”, deve-se abolir a matemática e confiar na intuição do presidente Lula da Silva, na cartilha ideológica do PT e na sensibilidade social do governo. Se o preço a pagar é o aumento do rombo fiscal, não hesite em sacrificar as contas públicas para servir ao povo e aos companheiros. Ignore os técnicos, pense nas urnas e nos seus aliados políticos.

Uma breve lista das despesas retrata o custo da insanidade ideológica do governo petista.

1) Rombo do Postalis, o fundo de pensão dos Correios: R$ 15 bilhões. A empresa terá de arcar com metade do valor e a outra metade será paga pelos aposentados dos Correios. Motivo principal do prejuízo: investimento na desastrosa companhia estatal Sete Brasil (que deveria fabricar sondas para a Petrobras) e compra de títulos podres da ditadura venezuelana e do governo peronista da Argentina no governo Dilma Rousseff.

2) Rombo da Previdência em 2024: R$ 400 bilhões. A indexação dos benefícios previdenciários ao salário mínimo catapultou o déficit previdenciário, consumindo metade do esforço da reforma previdenciária de 2019 para estancar o rombo do sistema.

3) Auxilio Gás. A redução do preço do botijão de gás para os mais pobres que ganham até meio salário mínimo parece justo, certo? Errado. O subsídio vai saltar de R$ 3,4 bilhões para R$ 13,6 bilhões em 2026. Para subsidiar o Auxílio Gás, o consumidor vai ter de pagar mais caro pelo botijão.

4) Benefícios tributários: R$ 500 bilhões. As isenções fiscais e regime especial (como a Zona Franca de Manaus) e demais benefícios tributários servem de cordão umbilical para alimentar o corporativismo privado e distorcer a concorrência de mercado.

Como o ajuste fiscal tornou-se uma peça de ficção, o Poder Legislativo não quer perder a festa da gastança pública. O Congresso nos preparou três bombas fiscais. O primeiro é o retrato da imoralidade pública. Anistiou os partidos políticos que deviam R$ 23 bilhões aos cofres públicos, oriundos de multas acumuladas de violações da legislação eleitoral. Segundo, propôs a ajuda imoral aos Estados endividados que custará ao caixa da União em torno de R$ 48 bilhões. Trata-se de um prêmio para maus pagadores e um desincentivo aos Estados que promoveram um grande esforço fiscal a fim de honrar suas obrigações com o Tesouro Nacional. Por fim, o Congresso repetiu a receita do populismo fiscal e garantiu uma extensa lista de subsídio, isenção tributária e regime especial para vários setores da economia na regulamentação da reforma tributária. A conta de todos esses benefícios será alta. Vamos pagar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) mais alto do mundo.

A passividade cívica em aceitar pagar uma das cargas tributárias mais altas do mundo, somada à ânsia dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de torrar os recursos públicos como se fossem um bem infinito, criou um círculo vicioso. O déficit primário desde o governo Dilma obriga o Banco Central a elevar a taxa de juros e mantê-la entre as mais altas do mundo. O resultado é triplamente grave: desincentiva o investimento privado, derruba o investimento público para o nível mais baixo da história do Brasil e aumenta o estoque de dívida pública em relação ao PIB. O reino encantado da gastança pública é o inferno para as gerações futuras. Elas terão de lidar com uma bomba fiscal, estagnação econômica, debilidade institucional e crise social. Como dizia o economista Joseph Schumpeter, “nada mostra mais claramente o caráter de uma sociedade do que a política fiscal que o setor público adota”. O desgoverno, a incompetência e a irresponsabilidade fiscal dos governantes petistas tornaram-se o novo “normal” numa sociedade onde impera a omissão cívica.

Fingimos viver numa economia de mercado, quando na verdade temos um capitalismo de Estado que destrói a competitividade e a produtividade do País. Iludimo-nos com as aparências de uma democracia plena, quando na realidade sentimos a mão pesada do Estado cerceando a liberdade de expressão e impondo sentenças arbitrárias por meio de inquéritos sigilosos que desrespeitam as regras do devido processo legal. Toleramos o charlatanismo demiurgo petista porque parece ser mais palatável que o “golpismo” bolsonarista. Em suma, vivemos uma grande mentira política e econômica que conta com a conivência da sociedade civil – que vai desde o cidadão que luta pela sua sobrevivência e rechaça a política até as elites intelectual e econômica que fazem vista grossa para a corrosão da democracia porque cortejam os favores e as verbas do Estado.

Se continuarmos a aceitar a grande mentira como o “novo normal”, vamos apenas trocar um populista de esquerda por um de direita na eleição de 2026. Por isso, está na hora de rechaçarmos a grande mentira, renunciarmos ao nosso conformismo e nos unirmos para salvar a democracia, a liberdade e a livre economia. Sem elas, o Brasil não terá um futuro promissor.

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CIENTISTA POLÍTICO, AUTOR DO LIVRO ‘10 MANDAMENTOS – DO PAÍS QUE SOMOS PARA O BRASIL QUE QUEREMOS’, FOI CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Opinião por Luiz Felipe D'Avila

Cientista político, autor do livro ‘10 Mandamentos – Do brasil que Somos para o País de Queremos’, foi candidato à Presidência da República

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