Gasta-se menos tempo nos deslocamentos na região metropolitana de São Paulo. A queda não foi grande no período de dez anos, mas a redução do tempo de deslocamento diário ocorreu em todas as modalidades de transportes. É uma indicação de melhora das condições de vida na metrópole. Se as obras necessárias para a melhoria da infraestrutura viária e para a ampliação da oferta de transportes públicos mais eficientes e confortáveis forem feitas nos prazos que vêm sendo anunciados, os ganhos serão mais rápidos.
Estas são algumas conclusões que se podem tirar dos dados preliminares da Pesquisa Origem Destino (OD) 2017 divulgados pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). Essa pesquisa vem sendo feita a cada dez anos desde 1967, com o objetivo de fornecer aos planejadores do setor público, às empresas de transportes, às construtoras e incorporadoras, além do público em geral, informações sobre os deslocamentos feitos pela população da Grande São Paulo. São informações essenciais para o planejamento na área de transporte público e para empresas privadas de diferentes setores de atividade.
O número de passageiros que utilizam o transporte coletivo - trem, metrô, ônibus, inclusive escolar e fretado - cresceu 12% em dez anos. Entre 2007 e 2017, o número de passageiros transportados diariamente pelo metrô passou de 2,2 milhões para 3,4 milhões. Já o número dos que utilizam trem passou de 800 mil para 1,3 milhão. Nesse período, a extensão da malha metroviária passou de 61,3 para 89,8 quilômetros, estações foram inauguradas. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, por sua vez, aumentou o número de trens em operação. Curiosamente, diminuiu o número de viagens por ônibus. É provável que, com o aumento de sua malha, o metrô tenha absorvido parte dos passageiros que faziam de ônibus a parte mais extensa de seus deslocamentos.
O sistema de transporte público da região ainda demanda investimentos para melhorar e ampliar a oferta de assentos. Só assim se poderá alcançar os níveis de atendimento e de satisfação observados em outras grandes concentrações urbanas do mundo. A rede metroviária disponível ainda é insuficiente para atender à demanda, daí o rápido esgotamento da capacidade operacional que se adiciona ao sistema.
É auspicioso que o tempo médio de viagem tenha diminuído em todos os modos. No transporte coletivo, segundo a pesquisa, o tempo médio caiu de 67 para 60 minutos em dez anos. No transporte individual, de 31 para 26 minutos. Até os deslocamentos a pé demandam menos tempo: eram gastos 16 minutos em 2007; no ano passado, o tempo baixou para 12 minutos.
Dados complementares, como a extensão dos deslocamentos - que só serão conhecidos quando toda a pesquisa for divulgada -, poderão oferecer explicações mais detalhadas para essa redução. Desde já podem ser citados alguns fatores que podem ter contribuído para reduzir o tempo médio dos deslocamentos, como a ampliação da malha de faixas exclusivas, que aumentaram a velocidade média dos ônibus, e os aplicativos de navegação, que orientam os motoristas a utilizar rotas menos congestionadas.
Os aplicativos, que vêm mudando hábitos da população, têm forte influência também na utilização de uma modalidade de transporte inexistente quando foi feita a pesquisa anterior. Os serviços oferecidos por aplicativos como Uber, 99 e Cabify já respondem por mais do triplo das viagens feitas por táxis convencionais. São 362,4 mil viagens pelos aplicativos, ante 112,9 mil por táxis. Nem assim, porém, o serviço de táxi foi esmagado pelos aplicativos, como se chegou a prever quando os novos serviços passaram a ser oferecidos à população. O número de viagens de táxi aumentou 25% nos últimos dez anos, de 90,7 mil para 112,9 mil por dia.
Novas políticas de mobilidade urbana, novos aplicativos, nada disso afeta os deslocamentos de boa parte da população. Diariamente 12,8 milhões de viagens são feitas a pé (em 2007, eram 12,6 milhões).