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A dona do balcão mais musical da cidade

Talitha Barros abriu o restaurante Conceição Discos há nove anos como um lugar de encontros e histórias embaladas pela música

A chef Talitha Barros em seu universo particular no restauranteConceição DiscosFoto:
A chef Talitha Barros em seu universo particular no restauranteConceição Discos 

Cinco minutos de conversa e você já está trocando ideias com a chef Talitha Barros como se ela fosse uma amiga de infância. Dez minutos é o tempo que ela leva para preparar cada um dos pratos à base de arroz servidos em seu restaurante, o simpático Conceição Discos, um dos lugares mais festejados da Vila Buarque, em São Paulo. Há exatos nove anos ela abria as portas do que pode-se classificar como um combo festivo de música e comida.  Para os malabarismos que pratica diariamente com as panelas, ela treina. De verdade. Duas vez por dia ela corre para a academia vizinha ao restaurante para nadar e fazer musculação. “Minha previdência é estar bem preparada para o trabalho a vida inteira”, conta como quem revela um tempero secreto. Antes de abrir seu próprio espaço, a chef passeou por outros balcões, como o do restaurante japonês em que trabalhou com comida pela primeira vez. Viveu temporadas gloriosas em clássicos da cidade como o Le Casserole, trabalhou com Benny Goldenberg no Manggiare, foi cozinheira na casa de Pedro Moreira Sales. Tudo isso antes de estrelar seu próprio reality show na cozinha.

O mix que dá certo no restaurante Conceição Discos, na Vila Buarque: decoração retrô, vinis e comida feita na frente do cliente Foto: Daniel Teixeira

“Percebi que pessoas compram pessoas quando acordei do sonho do querer só cozinhar”, diz. “Fui amadurecendo ao longo do tempo e notei que as pessoas compram também a minha história, não existe só cozinhar, precisei me abrir como pessoa e não só como cozinheira”. Ao cozinhar na frente de clientes dispostos a mais do que um dedinho de prosa, Talitha é indiscutivelmente a figura em destaque em um cenário criado como se fosse sua própria casa. Mas que também aprendeu a ouvir muito mais do que falar.”Tem muita história nesse balcão, pessoas que se conheceram aqui, gente que paquera e namora aqui, crianças que vinham com sete, oito anos e hoje, adultas, vêm tomar uma cerveja”, conta.

A chef Talitha Barros prepara os pratos da casa como se estivesse em um reality show Foto: Daniel Teixeira

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A hospitalidade é serventia da casa. Mas o cardápio pensado com a cabeça de uma antropóloga também tem seu valor. A chef diplomada em Ciências Sociais resolveu escolher o arroz como protagonista em sua cozinha por ele ser um grande símbolo à mesa para os brasileiros. "O arroz agulhinha branco é sinônimo do "aqui tem uma refeição", explica. "Através dele eu consigo passear por sabores e contar uma história bem paulista, essa colcha de retalhos que é São Paulo; o arroz me remete à formação da cidade que, na mesma região da zona cerealista, abrigava anteriormente as plantações de arroz".

O Conceição Discos já nasceu com a idéia de ser um restaurante com jeito de casa e alma musical, aqui a coleção de vinis à venda no restaurante Foto: Daniel Teixeira

Essa volta recorrente ao passado vai além dos dados históricos incluídos no cardápio. Está presente também na decoração do Conceição e na coleção de vinis vendidos na casa. “Só consigo propor o consumo do que eu mesma consumo”, diz. “Tenho orgulho de tudo o que está aqui dentro e costumo dizer que cozinhar é minha vida, mas a música é o amor da minha vida”. Para quem duvidar desse argumento, há provas... Assim que abriu o restaurante, levou pra lá a coleção particular com mais de 800 títulos que foi vendida logo na estreia da casa. Hoje, Talitha faz a curadoria e a compra de todos os vinis disponíveis para os clientes. Uma pessoa tão ligada na trilha sonora do dia-a-dia que é capaz de largar uma panela no fogo para virar o lado de um disco no meio do expediente. Talitha também é uma das idealizadoras, ao lado do amigo saxofonista Thiago França, pelo bloco da Espetacular Charanga do França, que sai todo ano da frente do restaurante e que logo na primeira edição reuniu mais de três mil pessoas. Alma festiva é para quem tem, né amores?

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