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Bebida

Julia Fraga: a mulher à frente do movimento das cervejas artesanais em São Paulo

Sócia-proprietária do Âmbar e do Tank Brew Pub, há oito anos a empreendedora promove a tendência do 'beber menos e melhor'; confira a entrevista

Julia Fraga, sócia-proprietária do Âmbar e do Tank Brew Pub. Foto: Fábio ComolattiFoto: Fábio Comolatti
Julia Fraga, sócia-proprietária do Âmbar e do Tank Brew Pub Foto: Fábio Comolatti

Julia Fraga já sabia que queria empreender há muito tempo, só não tinha ideia em quê. Oito anos atrás a resposta clareou em sua mente. Começou como uma cliente apaixonada pelo produto até decidir abrir o Âmbar, um bar especializado em cervejas artesanais. Quando ela chegou, ainda era tudo mato. Mas de lá para cá, o mercado só cresceu. Veio, então, o Tank Brew Pub, segundo empreendimento de Julia em sociedade com seu marido.

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"Foi muito legal porque inauguramos o bar com o carinho que a cerveja merece, com a câmara fria. Naquela época não se tratava o chope com tanto carinho. Pegamos bem o início e amadurecimento do mercado", conta a empreendedora. Sempre ligados às tendências do setor, decidiram inaugurar o Tank para incentivar o 'beba local', o comportamento de consumir cerveja no mesmo local em que ela é produzida. E nem a pandemia freou o projeto: o brew pub nasceu em setembro de 2020.

A equipe do Paladar conversou com a empreendedora sobre o cenário atual das cervejas artesanais, as novas opções sem glúten e de baixa caloria e os desafios das mulheres no mercado. Confira abaixo os destaques do bate-papo.

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Vocês abriram ombar há alguns anos e o Tank Brew Pub mais recentemente, durante a pandemia. O que mudou no mercado nesse meio tempo? Quais as tendências no mercado cervejeiro? O que mudou no mercado cervejeiro é que tem sempre víamos muita gente nova e, ultimamente, não sei se pela pandemia, temos visto menos entrantes. Talvez também pela situação econômica do País. A questão do 'beba local' foi se consolidando ao longo do tempo, pensando nisso abrimos o Tank. A gente tem visto, ainda, a utilização de vários lúpulos diferentes. Com o amadurecimento até do consumidor, o entendimento do insumo é maior. A gente falava sobre qual lúpulo vai ser usado em cada cerveja, quais resultados ele vai trazer. O comportamento mudou muito também. Depois da pandemia, a gente não tem a certeza do movimento de cada dia. Meu palpite é que as pessoas estão muito em home office, então mudou o que era uma terça-feira normal ou uma sexta-feira normal – essa inconstância de movimento tenho sentido muito, além de uma flutuação grande dos preços dos insumos.

Você sente que o público das cervejas artesanais tem aumentado? O tal “beber menos e melhor” parece fazer sentido para mais pessoas? 

Com certeza. Costumo dizer que é um caminho sem volta. Depois que você aprende e gosta das artesanais, você abre a cabeça para um mundo muito novo. As pessoas se interessam mais pelo produto, começam a provar uma básica, sem muita complexidade. Depois é muito nítida a escadinha, passando para cervejas mais amargas, até arriscar uma sour. Os clientes mesmo falam que não conseguem mais tomar tanta cerveja mainstream. Claro que uma não substitui a outra, cada uma tem sua ocasião – mas as pessoas estão com o olhar mais assertivo nesse 'beba menos e melhor'. 

Qual dica você daria para alguém que ainda não se encontrou com os sabores e aromas das artesanais?

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A dica é pedir uma 'provinha', igual ao sorvete (risos). Peça orientação aos atendentes, o pessoal é muito treinado para conduzir primeiro para as menos amargas. Outra dica é: não comecem pelas sours (risos). A receita é experimentar, na tentativa e acerto, mas com certeza existe algum sabor com o qual as pessoas vão se identificar.

Qual a sua opinião sobre as cervejas sem álcool, sem glúten, de baixa caloria… tem percebido certa demanda por esse tipo de produtos nos seus bares? Vocês pensam em investir numa receita assim?

Tem crescido bastante a demanda. A gente tem dois rótulos que vendem bem – não sou tão procurados, mas quem procura, consome bem. A gente precisa acompanhar o mercado, então sou muito a favor dessas novas opções. Se os consumidores querem, nós vamos fazer.

Na sua opinião, de acordo com a sua vivência, as mulheres ainda sofrem muito preconceito no mercado cervejeiro? 

Existe bastante ainda. Falando dos meus bares, desde o começo dombar, quando idealizamos tudo, o que menos queríamos é que fosse um bar em que a mulher se sentisse intimidada. Normalmente quando você ia em algum estabelecimento, há oito anos, quando inauguramos o bar, era tudo muito geek, do cervejeiro barbudo que vai te julgar se você não gosta de cervejas amargas. Os pilares que a gente construiu para os negócios é para eles serem democráticos, aconchegantes e acolhedores. E nos bares vemos quase 50/50 homens e mulheres. Ainda vejo estranheza dos clientes me vendo trabalhar – não acho que seja malicioso, mas acho que não é comum para eles (verem uma mulher trabalhando com cerveja), talvez por isso a estranheza. Os bares de cerveja no geral são novos, porque é um mercado novo, então a cabeça é mais aberta.

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Agora a pergunta mais desafiadora: quais são as suas cervejas preferidas? 

Cada hora estou com uma preferida (risos). Tenho a queridinha dombar, a Call me juice, que é amarela, turva e, na boca, fica aveludada, lembra frutas amarelas, tem notas de pêssego e manga. No Tank, nesse momento, é a Flip the suite, uma India Pale Lager, feita com lúpulo Riwaka, que lembra um pouquinho caju, que eu amo.

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