A escolha de um vinho revela a personalidade de um consumidor? Uma pesquisa da French Wine With Style mostrou, por exemplo, que vinhos rosados são para aquelas pessoas mais extrovertidas, que se relacionam facilmente com todos, e que os tintos elaborados com a Cabernet Sauvignon, em geral goles mais encorpados, são para aqueles que gostam de liderar uma conversa, de serem ouvidos. Mas será que dá para traçar um perfil das mães e escolher com quais vinhos presenteá-las no próximo domingo?
Definimos, aqui no Paladar, quatro perfis de mães: aquela mais tradicional, a cuidadora, a moderna e a mais descolada, aventureira até. E partimos do principio que todas gostam de vinho e que querem brindar o dia de sua homenagem com uma garrafa entregue por um dos sistemas de delivery.
Comemorar a data em quarentena faz parte das restrições do coronavírus, mas pelo menos com uma taça na mão e um tim-tim virtual.
Mãe tradicional
A mãe tradicional clama pelos clássicos. Pode ser desde um Chianti, o gostoso vinho da Toscana, ou um Rioja espanhol – se daqueles classificados na categoria reserva, clássico ou um genérico, vai depender do orçamento –, até outros rótulos mais conhecidos, como um Brunello di Montalcino ou um grande Bordeaux.
Nos espumantes, a pedida são as borbulhas da região francesa de Champanhe, outro clássico. Pode ser um Veuve Clicquot (R$ 429,99, no paodeacucar.com.br), a líder de vendas por aqui, ou um Bollinger Special Cuvée, pela classe de Lily Bollinger à frente desta Maison na época do pós-Guerra (R$ 743, na mistral.com.br).
“Para aquela mãe que considera as tradições importantes, eu sugiro vinhos de denominações clássicas”, afirma a a sommelieere Gabriele Frizon. Seu vinho é o Château Croix du Rival, da região de Saint-Émilion, em Bordeaux (R$ 266, na bellecave.com.br).
A sommelieere Maria Emilia Atallah, do restaurante paulistano Evvai, por sua vez, indica um tinto português, de perfil mais tradicional, também elaborado por uma mulher, a enóloga Raquel Santos. É o Casa Cadaval Vinhas Velhas 2016 (R$ 159, na 4u.wine.com). “Ele vem de vinhas velhas, que é até mais tradicional ainda”, acrescenta ela.
Mãe cuidadora
Uma mãe super protetora, muito cuidadosa com seus filhos pede aqueles goles que acolhem, que passam uma sensação de muito carinho. É possível encontrar este acalanto nos chamados vinhos de sobremesa, com açúcar residual de sobra, que traz este conforto. É a mãe que vai gostar de um docinho espumante moscatel, como o brasileiro Casa Perini (R$ 45, no casaperini.com.br).
Nestes rótulos de sobremesa, Maria Emília pensa no Pinot Gris Clos Jebsal Vendage Tardive 2016 da vinícola Zind-Humbrecht, comercializado por R$ 330, a garrafa de 375 ml, na clarets.com.br.
Gabriele encontra este afeto protetor em vinhos elaborados em regiões mais quentes, nas quais a bebida se caracteriza por frutas mais maduras, taninos bem macios e aquele teor alcoólico mais alto que passa uma sensação de doçura. Sua sugestão é o Mâcon Villages Les Mulots, da Domaine Luquet Roger (R$ 165, na animavinum.com.br), um branco mais untuoso.
Mãe moderna
Na mãe moderna, ligada nas novidades, vale aqueles goles que apontam tendências. Tintos elaborados em tanques de concreto (e não nos de inox), ou de uvas colhidas mais cedo, de regiões vitivinícolas menos conhecidas, que são algumas das tendências do mundo de Baco.
Nos espumantes, valem aqueles rótulos elaborados com maior preocupação com a sua identidade, como os da Raventos I Blanc, vinícola que saiu da denominação Cava, como são chamados os espumantes espanhóis, porque ela estava ficando genérica demais (R$ 281, o espumante rosado De Nit, na decanter.com.br).
Gabriele Frizon indica o Dinâmica 2018, um tinto elaborado com a variedade baga, pela enóloga Filipa Pato (R$ 110, na meuvinho.com.br). Seguidora da filosofia biodinâmica, a produtora faz um bom trabalho de redescobrir as qualidades da Bairrada, em Portugal.
Maria Emília indica para este perfil de mãe um Sancerre do produtor Sebastien Riffault, o Les Quarterons, elaborado com a variedade Sauvignon Blanc (R$ 179, no delacroixvinhos.com.br). “É um vinho que parece ser doce, nos aromas, mas é seco e gastronômico no paladar”, diz ela. Moderno, sem dúvida.
Mães descoladas
Mães descoladas tendem a gostar dos chamados vinhos naturais (elaborados sem qualquer intervenção de produtos sintéticos, no vinhedo e na vinícola) e dos rótulos laranja (aqueles brancos de longa maturação junto com as cascas). São brancos e tintos que muitas vezes fogem dos óbvios aromas frutados e florais e trazem muita personalidade na taça.
Gabriele recorre ao tinto Foradori Lezer Teroldego (R$ 135, no vinhomix.com.br). Na região do Alto Adige, no norte da Itália, a vinícola faz um rico trabalho de valorizar variedades autóctones, como a teroldego.
Maria Emília pensa no descompromissado Pét-Nat, o simpático apelido dos pétillant naturel. São espumantes naturais, mais leves, frescos e não raro com uma pontinha de doçura.
Ela sugere o brasileiro Petulante Natural Macerado 2019, da Vinhas do Tempo, a vinícola de Daniel Lopes, que vem conquistando consumidores mais, digamos, aventureiros. Como a vinícola fica no Sul, para a garrafa chegar para domingo é melhor comprar pelo instagram do restaurante Cepa (@restaurante.cepa, por R$ 140).