Fazer um bom sorvete de massa em casa é difícil, requer máquinas sorveteiras e um freezer muito potente. Mas com o picolé a história é outra: tudo o que você vai precisar é de alguns palitos de madeira (daqueles achatados, de tamanho médio) e de uma fôrma especial – há diversos modelos em lojas de produtos de cozinha e confeitaria e em até alguns supermercados. Mas se não tiver fôrma é possível fazer picolé em potinhos ou copos de plástico. E até em forminhas de gelo, como se fazia antigamente. A beleza de seu picolé depende da forma, claro, mas a qualidade e o sabor têm de ser garantidos pela escolha de ingredientes: quanto mais frescos e maduros, melhor.
Framboesa com iogurte, chocolate belga com 70% de cacau, frutas vermelhas... Os sabores que você encontra nesta matéria são só o começo da brincadeira. Leia as dicas, teste as receitas uma ou duas vezes, e assim que pegar o jeito, sinta-se livre para inventar combinações para paladares adultos.
Entre os truques que fazem o picolé caseiro dar certo (leia abaixo), ensinados pelos especialistas no assunto, Márcia Garbin, da Gelato Boutique, e Francisco Santana, da Escola do Sorvete, o primeiro – e mais importante – é colocar nas fôrmas os líquidos e as frutas já gelados, o que acelera o processo e garante a textura. Outra dica: capriche no açúcar (sem tirar o equilíbrio da combinação, claro): é ele, e não a gordura, que confere a cremosidade ao picolé.
Quem disse que picolé é coisa de criança?
Ele combina com o clima tropical e pode ser a melhor maneira de aplacar o calor. Mas o picolé foi inventado em pleno inverno norte-americano por um menino de 11 anos, e claro, como tantas outras boas invenções, por puro acaso. Em 1905, num dia qualquer de inverno, o garoto Frank Epperson, de 11 anos, fez um refresco (daqueles em pó), usou um palito para mexer, e esqueceu na varanda de sua casa em São Francisco, na Califórnia, o suco e o palito. A temperatura caiu drasticamente e o suco virou um bloco de gelo colorido. Dizem que foi assim que nasceu o picolé, que o menino teria levado para mostrar aos amigos da escola.
Epperson não seguiu a carreira de sorveteiro, entrou para o ramo imobiliário e apenas em 1923 ele decidiu testar o invento com o público novamente, em um parque de diversões perto de casa. Ele viu o potencial comercial daquela brincadeira depois de perceber o sucesso que o sorvete de palito fazia com a criançada. Em 1924, Epperson patenteou sua invenção batizada de Popsicle. Um ano depois, no entanto, enfrentando dificuldades financeiras, acabou vendendo os direitos sobre o nome para uma companhia novaiorquina. Em 85 anos de história, a marca Popsicle mudou de dono outras vezes, mas continua a ser uma das mais populares no ramo nos Estados Unidos e no Canadá.
Picolé brasileirrísimo
Não é por acaso que o Chicabon aparece em letras de música e até nos textos do dramaturgo Nelson Rodrigues: "É preciso alma até para chupar um Chicabon" e "Sem sorte não se chupa nem um Chicabon, você pode engasgar com o palito ou ser atropelado pela carrocinha". O célebre sorvete de chocolate no palito, que faz sucesso pelas praias brasileiras de Norte a Sul, foi o primeiro picolé lançado no Brasil. Criado pela Kibon, em 1942, era para ter sido chamado de Chica-bon, mas logo facilitaram a escrita.
A empresa garante que, passados 75 anos, a receita segue inalterada até hoje. O que ninguém divulga é a proporção da combinação dos três ingredientes básicos que fazem o brasileiríssimo Chicabom: chocolate, leite e malte.