Quem passou pela rua Bela Cintra nos últimos tempos, deve ter reparado em uma placa redonda e de fundo branco, com o desenho de uma mulher ruiva e de cabelos esvoaçantes. Pela placa, onde se lê Charlotte Pâtisserie, dá para deduzir que se trata de uma confeitaria comandada por uma jovem chamada Charlotte. “Ela não existe, mas parece um pouco a minha mãe quando jovem”, brinca o confeiteiro francês Romain Coupeaux. Além de Charlotte ser um nome comum na França - a irmã caçula de Coupeaux se chama Ophelie Charlotte -, o termo se refere a uma sobremesa famosa da confeitaria francesa - está aí o motivo do nome.
Com inauguração prevista para esta quinta (5), a Charlotte Pâtisserie ostenta um salão rodeado de paredes azuis e de tijolinhos aparentes. E, das mesinhas redondas, cercadas por poltronas de veludo, é possível avistar a produção diária de doces e folhados franceses realizada por Coupeaux e sua equipe.
De Paris para a Suíça
Nascido em Paris, Coupeaux iniciou a sua carreira na confeitaria ainda na adolescência, aos 16 anos. Depois de um período na Maison Mulot, do chef pâtissier Gérard Mulot, ele ingressou na cozinha dos hotel cinco estrelas Le Meurice (na época, Cédric Grolet, astro das redes sociais, era subchef da confeitaria do hotel). Com passagens pela Ladurée de Paris e de Londres, o confeiteiro francês estagiou também estagiou na cozinha do estrelado Le Bernardin, de Nova York (EUA).
De lá, Coupeaux se mudou para a Suíça, onde trabalhou na confeitaria do hotel Château d’Ouchy até abrir a sua própria loja em sociedade com a sua mãe, Florence, em 2014. Localizada em Lausanne, a confeitaria ia muito bem, até que ele visitou o Brasil pela primeira vez em 2017 - e foi amor à primeira vista. “Aqui me lembra muito Paris. Sempre tem algo acontecendo”, conta ele, que se encantou pelo clima tropical, pela agitação e pela cena gastronômica paulistana.
Depois de vender a sua confeitaria na Suíça, em 2022, Coupeaux deu entrada na documentação para viver e empreender no Brasil. Enquanto o visto não saía, ele aproveitou para estudar português por conta própria e passou um período na confeitaria do hotel cinco estrelas Cheval Blanc Paris, ao lado do chef pâtissier Maxime Frederic. “Recebi quatro propostas dele para ficar por lá, mas estava decidido a vir para o Brasil”, conta Coupeaux. Ele desembarcou na capital paulista em outubro do ano passado e, desde então, se dedicou a encontrar o ponto e desenvolver o projeto da nova Charlotte Pâtisserie.
Doces franceses, com algo a mais
O cardápio elaborado por Coupeaux reúne sobremesas autorais, inspiradas em clássicos franceses. E o objetivo dele é incorporar, ao máximo, os ingredientes locais em suas criações. “O Brasil tem uma variedade incrível de frutas e a manteiga que eu uso é feita aqui”, comenta o confeiteiro francês, que promete renovar a seleção de doces constantemente.
Estética apurada, leveza e dulçor na medida são algumas características das criações de Coupeaux, que podem ser notadas em sobremesas como o paris-são paulo (R$ 38), uma releitura do clássico paris-brest, que combina massa choux, chantilly de avelã e chocolate branco com milho tostado, além de pasta de avelãs (uma versão bem mais delicada que daquela marca famosa) e avelãs tostadas.
Outra sugestão da confeitaria é a saint honorée de chocolate equatoriano 65% e mel de cacau (R$ 38), com base de biscoito de chocolate, massa choux de chocolate, creme de chocolate com mel de cacau e chantilly de chocolate. A versão dele torta de limão (R$ 36) tem como base uma delicada massa sablée breton, que sustenta um recheio de creme e de geleia de limão. A sobremesa é finalizada com gel de limão e merengue, que o confeiteiro acrescentou “para agradar aos brasileiros”, justifica ele.
E não poderia faltar a sobremesa charlotte (R$ 41), que dá nome à confeitaria. Na versão dele, sem glúten, o doce todo cor-de-rosa tem como base musse de framboesa e amêndoas, além de biscoito champagne, creme de framboesa e a fruta vermelha fresca por cima.
Outro destaque da confeitaria fica por conta dos pães doces e folhados franceses. Entre as sugestões, destaque para o tropezienne (R$ 35), com massa de brioche, chantilly de coco, recheio de geleia de maracujá e açúcar perolado por cima. Outra pedida é o kouing amman (R$ 17), com massa de pão doce semi-folhada e enrolada, que tem as camadas e a cobertura besuntadas de calda de açúcar. E do clássico pain au chocolat (R$ 14), Coupeaux faz uma massa folhada de cacau, que envolve dois “batons” (como são chamados aqueles palitos de chocolate que compõem o recheio) de chocolate equatoriano 65%.
Para acompanhar as sobremesas, a pedida é o espresso (R$ 9) da Wolff Café, extraído de grãos catuaí vermelho da fazenda Eldorado, em Ibiraci (MG). Por enquanto, a Charlotte Pâtisserie vai funcionar em esquema de soft open, mas, em breve, o confeiteiro francês deve oferecer quiches e croque monsieur para o almoço. A conferir.
Charlotte Pâtisserie
Rua Bela Cintra, 1333, Jardins.
De terça a sábado, das 8h às 19h. Domingo, das 8h às 16h. Fecha segunda.
Instagram: @charlotte.sampa