Conhecido pelas sobremesas repletas de técnica e com um toque de brasilidade, Diego Lozano (@chefdiegolozano) se interessou pela confeitaria ainda na adolescência. Viajou o mundo ministrando aulas sobre o tema e, por duas vezes, representou o Brasil na final do World Chocolate Masters - considerada a Copa do Mundo dos experts em chocolate. E, depois de um período como responsável pela confeitaria do D.O.M., restaurante duas estrelas Michelin comandado pelo chef Alex Atala na capital paulista, em 2012 ele inaugurou uma escola de confeitaria que leva o seu nome, voltada para profissionais da área. Atualmente, ela ocupa uma sala do Levena, misto de padaria, confeitaria e restaurante que Lozano comanda no bairro de Pinheiros.
E, neste ano, o confeiteiro assumiu um novo desafio, o de fazer parte do júri da primeira edição brasileira do Masterchef Confeitaria, que é a segunda da franquia do reality show no mundo. A primeira foi o Masterchef: Dessert Masters (Mestres da Sobremesa, em tradução livre), que foi ao ar em 2023 na Austrália e tinha como jurado o celebrado confeiteiro e chocolatier franco-suíço Amaury Guichon. “Ter a possibilidade de estar a frente do programa aqui no Brasil era o máximo que eu poderia atingir na minha carreira nesse momento”, celebra Lozano, que é fã do reality desde a sua estreia no Brasil, em 2014.
Mas a história de como ele foi parar no júri da atração é um tanto quanto inusitada. Certo dia, ele estava no Levena quando recebeu a visita da chef Renata Braune, que presta consultoria gastronômica para o Masterchef. “Ela disse que ia ter o Masterchef Confeitaria e que precisava de alguém para produzir os doces que seriam exibidos durante as provas”, lembra ele. Para a surpresa dela, ele negou a proposta de cara. “Eu respondi: ‘você me desculpe, mas não quero fornecer nada. Quero ser jurado.’”, lembra ele. Diante do pedido de Lozano, a chef fez a ponte entre e a diretora do programa, Marisa Mestiço. E, dias depois, ele recebeu uma mensagem dela. “Respondi com duas palavras: ‘sou eu’. Ela perguntou: ‘como assim?’ e eu escrevi: ‘sou eu, o seu novo jurado’ (risos)”.
Reality para confeiteiros
O programa, que fez a sua estreia no dia 19 de novembro, reuniu confeiteiros consagrados do mercado, como Rodrigo Ribeiro, do restaurante especializado em sobremesas Ara, Walkyria Fagundes, do AE! Café & Cozinha, e Ale Sotero, responsável pelas sobremesas do restaurante Mocotó. E, durante a temporada, em que os confeiteiros Cesar Yukio e Luís Jungblu saíram finalistas (a final será exibida nesta quinta, dia 19), os profissionais tiveram que enfrentar provas um tanto quanto desafiadoras, que incluíram desde montagem de esculturas de chocolate até sobremesas empratadas diretamente na mesa. “A produção tinha muita experiência em cozinha quente, mas a confeitaria era algo novo para eles. Eu pude contribuir com o que eu imaginava e a Renata com o que funcionaria para a TV”, conta Lozano, que ajudou a desenhar os desafios.
Embora tenha experiência em competições internacionais, Lozano admite que jamais participaria como competidor do reality show. “Eu sei que eu sou muito bom confeiteiro, mas podem ter situações ali que eu talvez eu não conseguisse lidar por conta do emocional”. O motivo está na pressão das provas, na presença das câmeras e no tempo contado, que faz com que cometam deslizes como o de Veronica Kim, da confeitaria by Kim, que foi eliminada no primeiro episódio porque esqueceu de acrescentar o açúcar no preparo da pavlova. “Essa exposição deles é algo louvável. E faço questão de ressaltar que são confeiteiros incríveis e que é só uma prova. Isso não os define como profissionais”, pondera Lozano.
Lozano também se viu diante de um grande desafio: enfrentar as câmeras. Embora um cenário de TV não chega a ser uma novidade para o confeiteiro, que teve programas no extinto canal Bem Simples, da Fox (atual Star Channel), e no canal pago ChefTV no início da década passada, ele teve certa dificuldade de encontrar o tom no programa. “Nos primeiros episódios, eu estava inseguro. Tanto que pareço um cara marrento, técnico e muito exigente. Demorei algumas gravações para poder me assentar e entender o meu papel ali”, diz ele. Foi com o trio de jurados da atração, formado pelos chefs Henrique Fogaça, Helena Rizzo e Érick Jacquin, que Lozano aprendeu como atuar no palco. “Eu ficava ao lado do Jacquin e, durante a gravação, prestava atenção nos trejeitos dele e no modo como isso se refletia na TV”, lembra o confeiteiro. Quem também deu muitas dicas para Lozano foi a apresentadora Ana Paula Padrão. “Sempre que eu sentei com ela nos bastidores, ela me deu dicas pontuais e muito certeiras”.
Com dois episódios por semana, às terças e quintas-feiras, o Masterchef Confeitaria tem sido um sucesso de audiência. E Lozano acredita que o programa irá impulsionar a confeitaria da mesma forma que o formato original fez com a gastronomia. “É um novo momento da confeitaria. No programa, a gente tem conseguido mostrar todas as habilidades de um confeiteiro, seja ele de boutique, de restaurante ou que participa de competições. Espero que isso ajude a valorizar o mercado como um todo”, acredita ele, que torce por uma segunda temporada do reality show dedicado as sobremesas.
E Lozano também sonha em ter um programa solo. Embora não tenha propostas na mesa, o confeiteiro gostaria de ter uma atração em que, além de ensinar o preparo de sobremesas, também desse voz para os confeiteiros. “Algo que possa mostrar mais o que o Brasil tem de confeitaria, sabe? Acho que falta isso”, acredita ele.