São histórias deliciosas, como a da comida da mãe, que preparava o frango ensopado sem rival, que dá nome ao livro. E que ela, “o terror dos galinheiros por quase um século”, sabia o momento exato de colocar a água na panela pelo som do frigir, não pelo aspecto do frango ou pelo tempo.
Algumas crônicas são impagáveis como Guardanapos, que começa assim: “Todos pensam que François Vatel (1631-71) se suicidou por causa de uns peixes que atrasaram para uma festa, mas a verdade é bem outra. Foi por causa dos guardanapos”. E ela vai contando casos hilários sobre o paninho.
Também é de chorar de rir a versão de Nina sobre o episódio em que “Cabral, nos trópicos, convida os índios e se mete numa fatiota nova, escura, de lã fina ou baeta grossa. E os índios nem aí, donos das matas e praias, singelamente nus”. Tem crônica sobre produtos, costumes, viagens, ficção, cotidiano. E para quem faz questão de receitas, tem sim, algumas que trazem receitas. Quer saber, deixe o livro sempre à mão e de vez em quando dê uma olhada.
O frango ensopado da minha mãe – crônicas de comidaAutor: Nina HortaEditora: Companhia das Letras (151 págs)Preço: R$ 44,90