Ingá, pitomba, murici, tucumã… Há uma infinidade desses e de outros frutos de nomes pouco conhecidos pelo Sudeste na banca de dona Rosa, como é conhecida Rosa Oliveira, 51 anos, em Manaus. Às margens da rodovia que sai do aeroporto da capital amazonense, sua banca de frutas fica aberta o dia todo - e ela dorme lá dentro quando não está na sua casa, num assentamento na comunidade do Pau Rosa, a uns 30 km dali.
A banca é sua casa também, corrige dona Rosa, já que ela frequenta o lugar desde os 7 anos de idade. Ali, não só vende frutos inteiros, cortados ou descascados, como também cozinha e vende conservas, como a de murici, um fruto amarelo redondo e pequeno, bastante ácido.
Tem coisa ali que nem manauaras encontram facilmente em feiras dentro da cidade, e por isso dona Rosa acabou ficando tão conhecida entre cozinheiros. Foi recomendada ao Paladar tanto pelo chef Felipe Schaedler, do restaurante Banzeiro, quanto pelo pesquisador Valdely Kinupp, autor do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs) do Brasil (Instituto Plantarum).
Num dia de muito calor, durante uma visita da reportagem à cidade, ela mostrou tudo o que tinha, deu pedaços, cortou, descascou, explicou uma infinidade de frutos. Na galeria de fotos abaixo, selecionamos os mais típicos da região, ao lado de outros ingredientes e peixes encontrados no Mercado Municipal Adolpho Lisboa e na Feira Manaus Moderna.
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Os sabores da Amazônia
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Os sabores da Amazônia
Dona Rosa Oliveira, 51 anos, e sua banca de frutas, conhecida entre os cozinheirosde Manaus por vender frutos amazônicos e conservas variadas. OPalada... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
É ofrutinho da palmeira cujo caule rende o palmito pupunha. Do fruto seco se faz farinha, que pode ir em massa de pão ou bolo. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Depois de cozida, a pupunha lembra - na textura e no sabor - o pinhão. Come-se ela pura, mas vai bem em doces.A barra da dona Rosa, o quilo da pupunha... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Um comprido bastão verde guarda o ingá, fruto que tem um caroço marrom escuro envolvido por uma polpa branca. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Do ingá, usa-se a sua polpa branca, de sabor leve e adocicado. Dependendo do tamanho do "pau"do ingá, paga-se R$ 5 ou R$ 7. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Tem um formato que lembra um cacau gigante, mas apolpa é alaranjada e doce. Dona Rosa vende ele já em cubinhos num pote por R$ 8. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Fruta fácil de se achar em várias cidade do Norte e do Nordeste do Brasil. Após tirar essa casca marrom, come-se roendo a polpa que envolve o caroço, ... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Dentro de um ouriço (espécie de coco), encontram-se de 10 a 16 castanhas:“sempre número par”, explicadona Rosa. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
O murici, quando guardado com água na geladeira, dura mais de um ano:a casca fina é comida junto com a polpa, que tem sabor ácido e de um salgadinho q... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Dona Rosa frequenta a banca de frutasdesde os 7 anos de idade. Hoje, passa umas semanas morando ali e outras em sua casa num assentamento a cerca de 3... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
A azeitona regional, preta ou roxa, tem a casca amarga e a polpa azedinha (as duas sãoroxas também por dentro). Foto: Alberto César Araújo/Estadão
De polpa amarela firme, o tucumã tem sabor neutro tendendo para o salgado -lembra banana-verde, massem adstringência. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Popular em Manaus, a polpa do tucumã vai no sanduíche X-caboquinho, junto com queijo de coalho. Também costuma-se comê-lo puro com farinha de mandioca... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Vista da seção de peixes do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, no centro de Manaus, que também guarda ingredientes preciososda região. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
O peixeiro Augusto de Lima Sampaio mostra peixes vendidos na sua banca no Adolpho Lisboa. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Os peixes são dispostos sem gelo, prática comum em bancas de pescados e carnes em feiras da cidade. Entre os peixes acima, da esquerda para a direita:... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Isopor com o peixe jaraqui, peixe comum na região e apreciado pelos manauaras, Diz o ditado que “quem come jaraqui não sai mais daqui”. Augusto vende ... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
A peixeira Vânia Sampaio tira as escamas do jaraqui antes de vendê-lo;depois, tem de “ticar”:fazer cortes na pele para quebrar as espinhas por dentro.... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Peixe de carne rosada e suave, o tucunaré (R$ 8 o quilo) évendido em forma de sashimino restaurante Shin Suzuran, em Manaus. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Como a logística para vender esse grande peixe de rioainda fresco é complicada, ele muitas vezes já é salgado próximo do seu leito de origem e chega a... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
A poucos metros do Mercado Municipal Adolpho Lisboa está a Feira Manaus Moderna, onde vegetais e legumes em geral são encontrados. Entre eles, a pimen... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Já a pimenta ova de aruanã, amarela, é mais “ardosa”, como dizem os locais sobre algo muito picante (R$ 2 o copo). Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Farinhas de mandioca de todos os jeitos são encontradas em qualquer feira:amarela, branca, fina, grossa, granulada, flocada, pubada ou não; Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Uma das mais apreciadas é a farinha de Uarini, também conhecida como ovinha, cujos grânulos são formados com a massa de mandioca fermentada (pubada) s... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
A chicória-do-norte édiferente da chicória que encontramos no Sudeste. NoNorte é largamente consumida refogada em várias receitas, principalmente com ... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
O tucupi é um caldo feito a partir da raiz da mandioca-brava ralada. Olíquido descansa, fermenta e depois é cozido com temperos. Foto: Alberto César Araújo/Estadão
Folha verde que causa dormência na boca e vai em vários preparos típicos do Norte, como o tacacá. Aflor do jambu, amarela, é muito usada na decoração ... Foto: Alberto César Araújo/Estadão
* A repórter viajou a convite da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Amazonas (Abrasel-AM).