Prepare o bolso: o preço do chocolate deve disparar e atingir um patamar nunca visto antes. O motivo disso é a subida vertiginosa do preço do cacau, matéria-prima do chocolate, que atingiu seu maior preço em 40 anos.
Só na última sexta-feira, 15, o preço do cacau subiu mais de US$ 613 por tonelada, encerrando a semana com um valor assustador de US$ 8.018 em Nova York. É o triplo do preço de um ano atrás e 42% acima do recorde anterior, estabelecido em julho de 1977.
“Neste momento, o mercado internacional do cacau está maluco. Custava menos de US$ 3 mil a tonelada e agora já passou dos US$ 8 mil”, diz Alê Costa, presidente e fundador da Cacau Show, ao Estadão, citando o fornecimento de matéria-prima como um desafio.
Os motivos para isso são vários. Pra começar, houve um novo foco de uma doença que devasta plantações de cacau entre 2022 e 2023 -- a monilíase do cacaueiro -- atrapalhando a produção do fruto na América Latina. Com isso, aumenta a dependência da África.
Só que por lá há outro problema: mudanças climáticas, principalmente aquelas provocadas pelo El Niño, atrapalharam a produção de cacau na África. “Basicamente se desenha uma também uma nova doença na Costa do Marfim, enquanto o El Niño diminui a safra”, explica Alê Costa, sobre os motivos por trás do aumento. “Com menos oferta, aumenta o preço”.
Ainda não há números sobre o aumento do valor do chocolate no supermercado. Mas, espera-se que esse aumento seja sentido. Michele Buck, CEO da Hershey, alertou seus investidores em fevereiro que vai haver aumento. “Seguimos comprometidos com nossa estratégia de longo prazo de elevar preços para cobrir a inflação de matérias-primas”, disse.
Não é só o cacau
Vale lembrar que esse aumento vertiginoso não afeta só o cacau. O azeite ainda enfrenta uma temporada de preço nas alturas após uma safra ruim na Espanha, que controla boa parte das oliveiras do mundo, impactando por mais de um ano o preço para o consumidor.
No caso do azeite, o aumento do preço está diretamente ligado ao aquecimento global: para ter uma boa colheita, é preciso de temperaturas baixas. Quando a Espanha passou um ano inteiro no calor, sem ter frio sequer no inverno, muito da colheita de azeitona se perdeu.