Seja pelo clima tropical ou pelo apreço pelas sobremesas, o fato é que o brasileiro é um apaixonado por sorvete. Segundo levantamento realizado em 2023 pela ABIS (Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes), são produzidos cerca de 1,08 bilhões de litros por ano no Brasil.
De acordo com a entidade, o consumo per capita de picolés, sorvetes de massa e soft (aquele de textura macia, que é tirado da máquina na hora), é de cinco litros por ano. E adivinha qual é o sabor de sorvete preferido dos brasileiros? Chocolate, que é seguido do sorvete de creme e o de morango.
Nas vitrines das sorveterias e nas gôndolas dos supermercados não faltam opções de sorvete de chocolate. Mas existem diferenças entre os que são produzidos de forma artesanal e os industrializados. A começar pela seleção da matéria-prima, que faz toda a diferença no produto final. “Embora alguns fabricantes utilizem chocolate, a maior parte da indústria usa somente cacau em pó”, comenta o expert em sorvete, Francisco Sant’Ana, que comanda a Escola Sorvete, na capital paulista.
Outro aspecto que Sant’Ana ressalta é a escolha da gordura. Enquanto o creme de leite fresco proporciona um agradável sabor lácteo, algumas gorduras de origem vegetal, como o óleo de palma, por exemplo, podem deixar aquela sensação gordurosa na boca. “Isso acaba influenciando tanto na aeração do sorvete quanto no sabor”, complementa o proprietário da Escola Sorvete.
Por isso que, na hora de escolher o sorvete de chocolate no supermercado, vale observar a lista de ingredientes disponíveis no rótulo, além da proporção entre peso e volume. “O ar é um dos responsáveis pela textura do sorvete, mas, em excesso, pode indicar a presença de açúcar em excesso e de outros ingredientes artificiais”, explica o confeiteiro e consultor, Caio Corrêa.
Como o Dia Nacional do Sorvete é comemorado na próxima segunda (23), Paladar testou marcas de sorvete de chocolate. E para descobrir qual é a melhor opção à venda nos supermercados, Paladar reuniu um time de especialistas na Lanchonete da Cidade para provar, às cegas, dez marcas. Participaram do júri o confeiteiro e dono da sorveteria Lumi Creamy, Fabricio Luminato, o gerente de marca e de experiências da Lanchonete da Cidade, Rafael Rigotto, a chef chocolatière Renata Arassiro, o expert em sorvete e dono da Escola Sorvete, Francisco Sant’Ana, e o confeiteiro e consultor, Caio Corrêa.
Como foi realizado o teste?
Em todas as provas realizadas por Paladar, a reportagem faz um levantamento das marcas disponíveis no mercado. E, nos dias anteriores ao teste, as amostras são adquiridas* em grandes redes de supermercado da capital paulista. No caso de produtos artesanais, eles são comprados nas lojas on-line das próprias marcas de forma anônima. Ou seja, em ambos os casos, as marcas não sabem que seus produtos serão submetidos a uma degustação às cegas. O Paladar Testou é uma iniciativa 100% editorial. Além disso, o júri também não tem conhecimento de quais marcas fazem parte da seleção antes do resultado da apuração.
As amostras de sorvete de chocolate foram avaliadas a partir de quatro critérios: aparência, textura, aroma e sabor. Além de aroma e sabor de chocolate, os jurados observaram nas amostras aspectos como coloração, cremosidade, quantidade de gordura na boca, além de dulçor. E o melhor sorvete de chocolate da prova às cegas foi o da marca paulistana Artisano, que é especializada em sorvetes elaborados a partir de técnicas italianas. A textura sedosa e sabor intenso de chocolate são algumas características do produto, que foram apontadas pelo júri durante a prova. A seguir, confira a avaliação** dos sorvetes de chocolate.
Os melhores sorvetes de chocolate
- Artisano
- Freddo Gelateria
- St. Marche
* os valores dos produtos mencionados a seguir são do dia 21 de agosto de 2024.
** as avaliações abaixo são um compilado dos comentários dos jurados ao longo da prova.
O campeão do teste às cegas foi o sorvete de chocolate da marca paulistana. Elaborado com leite tipo A, creme de leite fresco, açúcar orgânico, cacau em pó e chocolates 70% e 54% de cacau, o sorvete da marca tem coloração intensa e textura cremosa, além de um agradável aroma de cacau. Na boca, tem notas lácteas, sabor intenso de chocolate e dulçor na medida (R$ 75, 500 ml, na Casa Santa Luzia).
A rede de sorveterias conta com uma linha chamada Casa, à venda nos supermercados. O sorvete de chocolate da marca tem como base chocolate belga, além de ingredientes como leite integral, creme de leite, baobá em pó, emulsificantes e estabilizantes. Com coloração intensa, o sorvete tem textura arenosa e aroma sutil de chocolate. Além de pouco sabor de chocolate, o sorvete deixa um residual de gordura na boca (R$ 46, 500 ml, na Casa Santa Luzia).
O sorvete de chocolate belga meio amargo da marca paulistana leva ingredientes como açúcar orgânico, creme de leite fresco, além de cacau em pó holandês na formulação. Com textura arenosa e coloração mais pálida, tem aroma artificial. O sorvete tem um tom a mais de dulçor e o sabor de chocolate poderia estar mais presente (R$ 39,99, 500 ml, no St. Marche).
O sorvete de chocolate produzido pela marca de Curitiba (PR) conquistou o segundo lugar na degustação às cegas. Elaborado com ingredientes como cacau em pó, óleo de girassol, chocolate 70% e uma inusitada castanha-de-caju (que não foi identificada no teste às cegas), tem textura cremosa e aroma agradável de cacau. Com dulçor na medida, é um pouco áspero na boca, mas tem equilíbrio de gordura e sabor de chocolate (R$ 45,90, 500 ml, no Mambo).
À base de creme de leite, chocolate belga, gemas, cacau em pó e aroma de baunilha, o sorvete de chocolate da marca norte-americana é entremeado por pedacinhos de chocolate. Com textura arenosa, tem aroma sutil e, na boca, é o dulçor e a gordura que se sobressaem (R$ 61,90, 500 ml, no Pão de Açúcar).
O Chicabon, clássico picolé de chocolate maltado da marca, conta com uma versão cremosa. Cacau em pó e pasta de cacau são alguns dos componentes da fórmula, assim como extrato de malte, gordura vegetal, soro de leite, emulsificantes e aromatizantes. Com aroma maltado, o sorvete de textura cremosa tem notas de baunilha. Com dulçor intenso, é untuoso na boca, mas falta sabor de chocolate (R$ 35,90, 800 ml, no Pão de Açúcar).
Inspirado no Diamante Negro, um dos chocolates que fazem parte do portfólio da marca, o sorvete tem ingredientes como gordura vegetal, leite condensado e cacau em pó na composição. O ponto alto está na aparência, com duas cores -uma mais clara e outra mais escura. Mas, com aroma sutil de cacau, o sorvete tem dulçor em excesso e falta sabor de chocolate (R$ 36,90, 1 L, no Pão de Açúcar).
Produzido pela empresa mineira Easyice, o sorvete da marca própria do supermercado é elaborado com cacau em pó, gordura vegetal de palma, leite e soro de leite em pó, além de emulsificantes e estabilizantes. Com textura aerada e dulçor moderado, o sorvete poderia ter mais sabor de chocolate. E deixa um residual de gordura na boca (R$ 23,90, 1,5 L, no Mambo).
O sorvete de chocolate da marca renovou a fórmula e está “mais cremoso”, segundo informações da embalagem. Cacau em pó, gordura vegetal, leite e soro de leite em pó, emulsificantes e aromatizantes são alguns dos componentes do sorvete, que tem coloração pálida e textura elástica. Com aroma e sabor sutis de chocolate, tem um tom a mais de açúcar e residual de gordura na boca (R$ 24,99, 1,5L, no St. Marche).
O sorvete de chocolate belga da marca própria do supermercado conquistou medalha de bronze no teste às cegas. Produzido pela empresa DaOca, de Sertãozinho (SP), o sorvete elaborado com cacau em pó, leites integral e desnatado em pó, além de estabilizantes, tem coloração intensa e textura sedosa. Na boca, tem dulçor na medida e sabor de cacau, que poderia ser mais presente (R$ 39,90, 490 ml, no St. Marche).