Testamos 10 azeites de supermercado: veja como eles se saíram
Selecionamos azeites extravirgens importados com preços de até R$ 35, reunimos especialistas e avaliamos como andam produtos que fazem parte do nosso dia a dia
Existe uma ampla oferta de azeites nos supermercados paulistanos e não é por acaso – o produto faz parte do dia a dia na cozinha e na mesa. E, apesar de o Brasil já ter uma produção de azeite extravirgem de qualidade notável (porém ainda em pequena escala), os azeites mais consumidos pelos brasileiros (o 11º país entre os maiores consumidores de azeite) vêm da Europa, especialmente de Portugal, Espanha e Itália.
Paladar resolveu avaliar a qualidade dos azeites disponíveis nos supermercados e montou uma cuidadosa estratégia, que começou com a lista de compras e terminou com uma prova às cegas.
A seleção incluiu dez rótulos de nacionalidades variadas, de preços até R$ 35, a maioria entre os mais vendidos em supermercados da cidade. A prova foi feita às cegas, isto é, nenhum dos participantes sabia quais azeites estava provando. O ranking – que avaliou características como aromas, sabores e as sensações de picância e amargor – revelou os melhores azeites nesta ordem: 1º) Deleyda, 2º) Herdade do Esporão, 3º) De Cecco, 4º) Olitalia, 5º) YBarra, 6º) Gallo, 7º) Carbonell, 8º) Borges, 9º) Portucale e 10º) Andorinha. Na galeria de fotos abaixo, você confere as qualidades e/ou os defeitos de cada um.
Os melhores e piores azeites de até R$ 35
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Os melhores e piores azeites de até R$ 35
Um azeite doce, parece fermentado, o que é um defeito de aroma; na boca, tem nota láctea e de ranço, desagradáveis; amargor alto.Origem:Espanha; envas... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Não é ruim no nariz, com notasmaduras agradáveis, que lembram tomate; mas na boca tem picância muito perceptível e alta adstringência, com residual am... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
O Paladaravaliou, ao lado de especialistas, dez azeites extravirgens importadoscom preços de até R$ 35. As marcas escolhidas para participar da degust... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Aroma artificial que lembra essência, tem uma nota doce de coisa madura demais, passada. Parece blend de mais de um azeite ou produto velho. Ruim.Orig... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Nota aromática de fermentação, que é um defeito; pouca intensidade tanto de picância quanto de amargor resulta em um azeite“plano”, excessivamente sua... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Nota metálica, defeito que pode ter sido originado em equipamentos; é apenas picante, sem conter amargor ou aromas e sabores de fruta.Origem:Espanha; ... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Promete no nariz algo que não entrega à boca; notas leves de ranço, um defeito; é um azeite “plano”, sem personalidade.Origem:Espanha; envasadoem feve... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Toque de amargor e picância,é um azeite arredondado; temaroma adocicado, mas não chega a ser desagradável ou enjoativo.Origem:Itália; envasado em agos... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Notas herbáceas aparecem no nariz, parece fresco, não tem aromas de defeito; na boca, a picância mais alta do que o amargor faz dele um azeite interes... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Bem equilibrado, de picância leve, tem notas herbáceas (lembra grama recém-cortada no nariz), remete a alcachofra; sabor persistente.Origem:Portugal; ... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Campestre, tem o herbáceo bem marcado, notas de azeite fresco; na boca, lembra tomate, tem sabor; bom equilíbrio entre picância e amargor; um azeite c... Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Para entendercomo foi feita a degustação e saber mais sobre o mercado de azeites no Brasil, leia areportagem completa aqui. Foto: Ana Paula Boni/Estadão
O grupo de degustação reuniu dois profissionais, o degustador de azeites Paulo Freitas e o empresário Arnaldo Comin (dono da Rua do Alecrim, empório especializado em azeites brasileiros), além do chef espanhol Oscar Bosch, do restaurante Tanit, a editora do Paladar, Patrícia Ferraz, a colunista de vinhos Isabelle Moreira Lima e a repórter Renata Mesquita.
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A avaliação confirmou a tese de que os azeites envasados pelo próprio produtor (caso de Deleyda e Herdade) saem-se melhor porque, com curto intervalo entre colheita e processamento, correm menos risco de serem adulterados, diz Paulo Freitas. Além disso, as empresas que só são envasadoras compram azeite de vários produtores e podem fazer blends, além de poderem envasar azeites já velhos (e quanto mais jovem o azeite, melhor).
A legislação brasileira não ajuda, já que não obriga a indicação da safra no rótulo – só a data de envase e validade. Assim, o envasador indica que o produto foi engarrafado em agosto deste ano, por exemplo, mas não quer dizer que tenha sido colhido na última safra. Na Europa, onde estão os maiores produtores de azeite do mundo (o primeiro é a Espanha), a safra de azeitonas vai de outubro a novembro; já no Brasil, a colheita é de março a abril.
Muito além da acidez – que deve ser de até 0,5% nos azeites extravirgens e que por anos guiou consumidores em busca de “bons” azeites – outros atributos definem a qualidade: aromas e sabores (notas de frutas, legumes e ervas, como tomate, maçã, lavanda), picância (não o ardor típico da pimenta, mas a picância que pega no fundo da garganta) e amargor (sim, todo azeite extravirgem deve ter um toque amargo; é a adstringência trazida pela presença de polifenóis).
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São esses atributos que vão guiar a harmonização de um azeite com pratos. Não adianta querer colocar azeite suave em um prato muito condimentado. “Pratos como paella e moqueca pedem azeite intenso, com pungência. Já uma salada leve vai bem com um azeite pouco amargo e pouco picante”, diz Paulo.
Azeite: atributos positivos e negativos
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Azeite: atributos positivos e negativos
Quais características fazem do azeite um bom azeite? Alguns aromas, sabores e sensações apontam o caminho do que é bom e do que é ruim. Notas de tomat... Foto: Marcelo del Pozo/Reuters
Aromas e/ou sabores de tomate verde, alcachofra, banana verde, tomate maduro, abacate, chá verde, ervas, hortelã. Foto: Evan Sung/The New York Times
Aromas e/ou sabores de pinhão, amêndoa e pinhões torrados. Foto: Marco Pomarico/Estadão
Aromas e/ou sabores de leite azedo, bolor de sapato guardado muito tempo. Foto: Anindito Mukherjee/Reuters
A sensação de picância na boca é algo a se procurar num azeite extravirgem. Não é aquela picância da pimenta, que arde a boca, mas a que pega no fundo... Foto: Enny Nuraheni/Reuters
O amargor à boca também é algo a ser buscado num bom azeite, assim como a picância, em menor ou maior escala de acordo com o tipo de azeite que se que... Foto: Edgard Garrido/Reuters
São aromas ou sabores de rama de tomate, ervas, urtiga, maçã verde, kiwi, feijão verde, folha de figo. Pode vir à mente também grama recém-cortada. É ... Foto: Niels Ackermann/The New York Times
Sabores e/ou aromas de frutas cítricas, maçã, banana, goiaba e frutos tropicais, entre outros. Foto: Nacho Doce/Reuters
Sabores e/ou aromas de pétalas de rosa, flores cítricas e lavanda. Foto: Rafael Marchante/Reuters
Aromas e/ou sabores de especiarias como cardamomo epimenta. Foto: Fabrizio Bensch/Reuters
Aromas e/ou sabores de vinagre, vinho que passou, solvente e esmalte. Foto: Alex Silva/Estadão
Aromas e/ou sabores de óleo usado, velho, óleo de soja, gordura. Foto: Felipe Rau/Estadão
Aromas e/ou sabores de feno bolorento, cogumelo, papelão molhado. Foto: Fred R. Conrad/The New York Times
Aromas e/ou sabores de estábulo de cavalos, salame, toucinho defumado, leite fétido, parmesão, queijo azul. Foto: Marcio Fernandes/Estadão