Já te contamos que a torta holandesa foi criada aqui no Brasil, e, dessa vez, vamos te falar um pouco mais sobre Silvia Maria Espírito Santo, a inventora do doce, que, para ganhar o reconhecimento que tem hoje, teve que passar por diversos desafios e se reinventar inúmeras vezes.
Como a torta holandesa foi criada
Antes de ter a ideia da torta holandesa, Silvia tinha uma cafeteria chamada Café Bruges em Campinas, onde vendia doces e bolos, e foi lá onde tudo começou. A empresária, em 1990, decidiu criar uma torta usando manteiga, açúcar, ovos, creme de leite, leite, achocolatado em pó tipo Nescau e biscoito maria.
A partir deste momento, a história da torta holandesa e da Silvia Maria se uniram. Ela foi ganhando reconhecimento dos clientes e depois da cidade. Depois de um tempo, sofreu um acidente em que perdeu um ente querido e se machucou bastante, ficando com o emocional abalado. Então, para esquecer um pouco dos problemas, decidiu ir para a Inglaterra para passar uma temporada.
Um dos objetivos era aprender a falar inglês em 30 dias, mas percebeu que era uma tarefa impossível ter domínio da linguagem quando ainda se sabia muito pouco. “Achava que em um mês de curso, eu iria sair falando”, relembrou. Por isso, precisou trabalhar em alguns lugares e um deles a levou para a casa de uma família holandesa, onde ela recebeu muita ajuda e se sentiu acolhida.
Quando voltou ao Brasil, estava namorando com quem seria o futuro pai de sua filha, Renata. Este foi o instante de registrar a torta, que estava começando a ficar famosa: “Ele me ligou e queria o nome da torta doce e estava com pressa. E aí eu acho que tive tanta gratidão a ele e ainda estava recente que, do nada, como uma homenagem, falei ‘torta holandesa’”.
Os desafios
Assim como você provavelmente deve ter se chocado quando descobriu que a torta holandesa é brasileira, os colegas de infância de Renata não acreditavam quando ela dizia que sua mãe era a inventora do doce, ainda gozavam da menina: “Ah é? Se sua mãe criou a torta holandesa, a minha fez o primeiro brigadeiro”. Então, para provar, ela começou a colher evidências e juntar em uma pastinha para provar por A + B que Silvia realmente era a pioneira.
Os desafios já estavam começando, porque as pessoas copiavam o doce para vender e isso a impossibilitou de patentear o doce em seu nome, já que caiu em domínio público. O baque maior veio quando uma marca muito grande quis comprar o doce e a proibiu de participar do mundo da confeitaria por 10 anos, época em que ela estava trabalhando com o creme holandês e criando diversas sobremesas, além da torta holandesa. Assim, ela abriu duas lojas da Kopenhagen e focou na área do empreendedorismo.
Mudança de planos
O prazo de 10 anos se passou, e, finalmente, Silvia podia voltar a falar sobre sua criação. Com isso, passou a receber convites de canais de TV e veículos, ela até fez o doce para celebrar o aniversário de Campinas em 2021. E, o que antes, as pessoas que conviviam com a primogênita duvidavam, os amigos passaram a pedir a verdadeira torta holandesa nas comemorações e em qualquer oportunidade que tinham.
Silvia, com o tempo, já não queria tanto mais estar atrelada a esse mundo e, de repente, ela recebeu um recado em um dia de chuva. Sua casa inundou e ela perdeu muito, inclusive de seu material. “Tinha livros de culinária, aparelhos, e inclusive a pasta de provas da filha. Inundou e perdi tudo, mas acho que foi como pude sentir que era a hora, a água levou o que eu já estava querendo me desgrudar a um tempo, mas era muito doloroso, então eu só adiava”, contou.
Planos para o futuro
Apesar de ter deixado o passado para trás, com a curiosidade das pessoas e o fato de que a torta holandesa não está registrada em lugar algum, ela está pensando em tornar isso realidade e tem planos para o ano que vem: “Eu mesma, com a ajuda de uma editora, estou escrevendo um livro sobre minha vida e a torta holandesa. Nele, vai ter a receita que eu criei, as histórias que vivi com o doce e minhas conquistas”.