PUBLICIDADE

Blogs

Uma busca gulosa pelo que há de melhor no mundo

Devorável

Devorável

Como é ficar no hotel que serve a melhor batata frita de Barcelona?

Veja detalhes da hospedagem no hotel que abrigou estúdio de Picasso e tem fritas perfeitas

Ok, você viaja para comer e beber. Ainda assim, um terço da viagem se passa em um hotel, nem sempre memorável. Não basta tacinha de espumante na chegada ou bombozinho de boa noite. Vai além dos fios do lençol e da quantidade de travesseiros sobre a cama. Pensei nisso comendo a melhor batata frita de Barcelona. Pode soar exagero, mas há justificativas!

No alto do Hotel Serras, eleito um dos melhores rooftops da Europa, cada bastãozão – e não palitinho – tinha a mesma coloração dourada. Era crocante e macio na mesma medida. Como faziam aquilo? Para a perfeição, as batatas eram laminadas em mandolina com exato 1 milímetro de espessura. Repousavam, sem se apertarem, sobre papel manteiga untado com o melhor azeite de oliva e um tico de sal. Eram cobertas por mais batata, sem papel, nem azeite ou sal, na direção oposta.

Na quarta camada intercalada do tubérculo, ia mais um tantinho de sal. Na última, geralmente a oitava, o azeite voltava, salpicava-se um salzinho e uma folha de papel acobertava tudo. Cansei só de pensar na trabalheira, mas Carla seguia: “Aí, pressionamos a terrine, marcamos pedaços uniformes de 10 centímetros e cozinhamos no vapor por 21 minutos”.

Rooftop do Serras, em Barcelona, tido como um dos melhores da Europa Foto: Michelle Chaplow

Carla não era cozinheira, tampouco parecia garçonete. Nem sei como se apresentou, só lembro da narrativa apaixonada: “Às vezes, a batata precisa de mais dois minutos. O chef cutuca com um palitinho e sabe direitinho!”.

PUBLICIDADE

Até aí, a fritadeira descansa tranquila: os mil folhas batatescos vão para geladeira por 24 horas sob um peso de 10 quilos para então serem cortados na espessura de 1,2 centímetros. A cada pedido, elas mergulham em óleo pelando de girassol.

A montagem das patatas bravas, ops, da melhor batata frita de Barcelona, é feita diariamente e a fritura, inúmeras vezes. Depois de comer cinco dos seis palitões, quis perguntar sobre o aioli finíssimo e a salsa brava, aquele molho denso, meio doce, meio picante, meio defumado. No entanto, a taça de vinho já tinha acabado e a ideia era seguir pela cidade que hospeda o melhor restaurante e o melhor bar segundo o 50 Best (a saber, o Disfrutar e o Sips, respectivamente).

Qual a importância do hotel numa viagem gastronômica?

Ironicamente, quando se viaja atrás de refeições, quitutes e coquetéis inesquecíveis, mente, coração e paladar se cansam e, pela manhã, poucas coisas são mais reconfortantes do que um café que não exija deslocamento, nem neurônios. A vista da cama e o banho de rainha são complementos ideais, mas negociáveis – não no Serras.

Meio bufê, meio à la carte, o café da manhã no Hotel The Serras, em Barcelona Foto: Michelle Chaplow

PUBLICIDADE

Aliás, um café da manhã um pouco pior, seria melhor. O pão de fermentação natural, o jamón curado e os queijos são irrepreensíveis. Vício da gula, os ovos beneditinos trazem uma hollandaise digna de livro de gastronomia.

Estava na cara que o molho tinha acabado de ser feito e, na cozinha, o cara com a tigela na mão, não parecia um iniciante. Marc Gascons, chef com estrela Michelin, não estava no meu radar, mas era também o culpado pelas melhores batatas fritas de Barcelona, como para sempre as hei de chamar.

Quando se aproximou da porta, foi para cumprimentar a tal da Carla. Perguntei baixinho a quem completava minha xícara: “Ela trabalha no restaurante?”. Carla era a gerente, era proprietária, era uma anfitriã nata. Foi ela que implementou o melhor amenity que já vi em um hotel: um celular com internet e ligações ilimitadas para qualquer lugar do mundo durante a estadia, uma saída prática para ausência de bateria ou roaming.

Carla ainda mostrou o local do primeiro estúdio de Pablo Picasso, onde ele pintou a óleo, aos 16 anos de idade, “Ciencia y Caridad”. Vai parecer uma obsessão, mas foi exatamente no rooftop onde servem as tais das fritas perfeitas...

Por que ficar no Bairro Gótico em Barcelona?

PUBLICIDADE

Exemplo de sustentabilidade, o Gin MG x Paradiso permite ao bar não despediçar 300 garrafas de vidro ao mês Foto: Paradiso

Caminhar pela marina, bem na frente do hotel, para desculpabilizar-se pelo café da manhã não vai mal. Estar a pouquíssimos minutos a pé de bares premiados como o Paradiso e o Florería Atlántico, de restaurantes históricos como o Passadís del Pep (uma espécie de speakeasy gastronômico dedicado a frutos do mar) e da Rambla é de grande serventia.

Só ter que pegar o elevador até o Informal, onde Gascons faz, além das batatinhas, um excelente arroz com lagostins, é mais uma vantagem. Inconvenientes? A noite no Serras não sai por menos de € 500... Um valor alto, embora competitivo dentre os cinco estrelas butique de Barcelona.

Serras Barcelona

Passeig de Colom, 9, Barcelona. Tel. +34 931 69 18 68. Reservas: serrashotel.com

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE