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Dia da Mulher Negra: chefes superam racismo na gastronomia

Contra preconceito de raça e gênero, Samanta Luz e Camila Botelho dão show de sabores na cozinha

Samanta Luz e Camila Botelho. Foto: Ana Morbiolo/Acervo pessoalFoto: Ana Morbiolo/Acervo pessoal
Chef Samanta Luz e Chef Camila Botelho Foto: Ana Morbiolo/Acervo pessoal

Neste 25 de julho, comemora-se o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Aqui no Brasil, a data marca o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder do Quilombo Quariterê e responsável por comandar a maior comunidade de libertação de negros e indígenas escravizados do atual estado do Mato Grosso.

Em homenagem à data, Paladar conversou com duas mulheres, negras, chefs e especialistas em gastronomia vegana, que superam o preconceito de gênero e raça com muito sabor.

Samanta Luz

Chef Samanta Luz trabalha na gastronomia vegana desde 2012 Foto: Ana Morbiolo

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Chef, comunicóloga e pesquisadora, Samanta Luz chegou à gastronomia por acaso. Em 2012, ela teve o primeiro contato com a culinária vegetal, quando precisou mudar a própria alimentação e o estilo de vida por uma questão de saúde. “Eu comecei a me interessar muito por passar isso para as pessoas, para que elas também pudessem ter os benefícios que eu tive com uma alimentação básica, barata e saudável”, conta a chef.

Por meio de cursos e receitas publicadas na internet, Samanta começou a compartilhar com outras pessoas aquilo que aprendia nos estudos. “Eu acabei migrando para a área da gastronomia, principalmente, para passar informações sobre a saúde, que ainda é o que me faz continuar com o meu trabalho”, explica.

A saúde é o que inspira Samanta Luz na cozinha. Fazer um prato que seja saudável e nutritivo - além de bonito e saboroso - é o objetivo da chef ao criar novas receitas. “Eu acho que os vegetais me inspiram muito. Eu vejo os vegetais e na hora já consigo criar várias coisas”, diz a chef.

Apesar de ter descoberto os vários benefícios da alimentação vegetal, a chef Samanta Luz conta que se deparou com mais racismo dentro da gastronomia vegana do que na gastronomia tradicional. “Eu percebi que os eventos veganos não incluem as pessoas negras”.

Na contramão desse preconceito, Samanta trabalha para tornar o veganismo possível e acessível para as pessoas negras por meio do uso de ingredientes baratos e de receitas simples, como o curry de banana-da-terra, uma receita que, para a chef, remete à sua ancestralidade. “É um prato que traz um pouco da Bahia, a minha família toda é de lá. Eu coloco o leite de coco e o azeite de dendê, que me trazem essa coisa ancestral, além da banana-da-terra, que, na Bahia, é super fácil de encontrar”, compartilha.

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Camila Botelho

Chef Camila Botelho, criadora do jantar às cegas vegano Foto: Acervo pessoal

A entrada de Camila Botelho na gastronomia foi parecida. Há 10 anos, a chef deu início à vida na cozinha com um espaço de delivery em São Paulo, focado no preparo de pratos para pessoas com intolerâncias e alergias a certos tipos de alimentos. A demanda cresceu e Ca Botelho decidiu estudar mais sobre o assunto. Foi quando se deparou com a alimentação plant based.

“A alimentação à base de plantas é apaixonante a partir do momento que você descobre a versatilidade de um vegetal, que inhame pode virar um brigadeiro, o feijão pode virar um brownie e a abobrinha pode virar um bolo de chocolate. O mundo vegetal me encanta e me surpreende sempre”, diz.

Essa paixão fez com que Ca Botelho inovasse ao criar o jantar às cegas vegano. O projeto promove uma experiência sensorial aos convidados ao mesmo tempo em que leva a culinária à base de plantas para mais pessoas e ajuda projetos sociais, já que parte do valor é arrecadado para diversas causas. “O jantar com vendas já existia, mas trazer isso para o universo à base de plantas foi totalmente novo”, comenta Ca Botelho.

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Os jantares são divididos em cinco tempos. Os convidados são vendados para que os pratos sejam servidos. Para uma experiência sensorial completa, a chef indica se a degustação deve ser feita com as mãos ou com talheres. A última edição aconteceu na Itália e reuniu 50 convidados. Parte da renda foi doada para famílias vítimas das chuvas e inundações que afetaram a cidade de Cesena.

Mas para chegar ao exterior o caminho não foi simples. Enquanto mulher negra, Ca Botelho diz que ainda é difícil ser vista como autoridade, principalmente ao falar sobre o veganismo. “Acham que preto não tem direito a uma boa alimentação e a escolhas alimentares saudáveis”, diz a chef.

Entre os diversos pratos servidos por Ca Botelho durante os jantares às cegas, está o bolinho de jaca com caramelo de vinho, um delicioso aperitivo agridoce para receber amigos e familiares em casa.

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