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Dubai reúne 17 estrelas Michelin e sabores do mundo (quase) todo

Paladar, única mídia brasileira na cerimônia, destaca premiados pelo Guia no Emirado

Prato em forma de flor vermelha com kebab em formato de flor coroado com uma rosa. Foto: Kelly Saden | Trèsind StudioFoto: Kelly Saden | Trèsind Studio

No último dia 23, o Guia Michelin distribuiu uma estrela para 11 restaurantes, duas estrelas para três restaurantes, escolheu 17 restaurantes como Bib Gourmand e ainda reconheceu esforços pela sustentabilidade com 3 estrelas verdes. Disse em alto e bom som: Dubai joga na champions league gastronômica. Para valer.

“Não temos dúvidas do potencial e da evolução de Dubai. Com 35% mais restaurantes do que na seleção de 2022, alguns deles alcançando outro patamar e sem downgrades, Dubai está batendo a meta. Hoje temos apenas ótimas notícias para compartilhar”, declarou Gwendal Poullennec, diretor internacional do guia.

Ainda em tom de entusiasmo, emendou: “É impressionante ver como Dubai consegue atrair comensais e talentos de todo o mundo, é um verdadeiro hotspot culinário”. Existem por ali 13.000 restaurantes e cafés, disparado o maior volume de todo o Norte da África e do Oriente Médio. Cinquenta e nove deles integram a segunda edição do Michelin para o destino.

A amostra, mesmo que diminuta, revela uma cidade fervilhante. Se 30% de sua população é indiana, soa até natural o Trèsind Studio ser o único restaurante do mundo dedicado a essa cozinha duplamente estrelado. “Estrelas em Paris ou em dubai têm o mesmo valor”, reforça M. Poullennec.

O chef Himanshu Saini, ainda em choque, admite: “Deve haver milhões de chefs fazendo comida indiana, quando me vejo, penso: é importante fazer algo único. Acho bom e ruim a culinária indiana nunca ter sido documentada, porque ela não pode ser explicada. Como você pode dizer o que é comida indiana? Existem centenas de tipos. A Índia é provavelmente 15 países europeus juntos e é meu dever tentar explicar que ela não é apenas curry e kebab”.

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Seu menu, Tasting India (EAD 850 ou cerca de R$ 1160, sem bebidas), não abre todas as caixas de pandora da culinária que se espalha por 3,28 milhões de quilômetros, mas sobrevoa norte-sul, leste-oeste; cria uma experiência única, teatral e perfumada para cerca de 20 privilegiados por noite.

De fato, Dubai é sobre privilégios. Quem tiver o de se hospedar no hotel que sediou a premiação do Michelin (e pagar no mínimo R$ 2200 a noite), terá acesso facilitado a 8 das 59 referências. A mais desejada? O novato Dinner by Heston Blumenthal.

Filé de Beef Royale com anchova defumada, cenoura e cebola do menu degustação do Dinner by Heston Blumenthal Foto: MARTIN DYRLOV_

Escondido no primeiro andar do tal Atlantis The Royal, ele reproduz o menu do original londrino, abriga a maior adega do emirado e, apesar de apenas quatro meses de funcionamento, já tem uma estrela e o reconhecimento de melhor sommelier (o italiano Arturo Scarmadella). Seu menu degustação sai por R$ 1700 e, não, não inclui golinhos de vinho.

Também estrelado são os vizinhos Ossiano, onde o chef bretão Gregoire Berger já dividiu os fornos com Alex Atala, e o cantonês Hakkasan. Sem o astro, mas igualmente celebrado pelo guia como o melhor serviço, está o peruano La Mar, de Gastón Acurio.

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À sua frente, fica a única mulher a ser chamada ao palco, Ariana Bundy. Autora premiada de livros de receitas e apresentadora de programa de televisão, ela teve seu restaurante persa eleito como a melhor abertura do ano.

O resort de ultra-luxo, como se autodenomina, ainda tem um Nobu para chamar de seu, embaixada do célebre espanhol José Andrés e do grego Costas Spiliadis. Em compensação, duas estrelas, bib gourmand ou estrela verde ainda não estão em cartaz.

Falando nesta última, pode soar paradoxal pensar em sustentabilidade e ecologia nesse oásis high-tech erguido em pleno deserto. Porém, ali, cada esforço conta. O Teible do moldavo-mexicano Carlos de Garza, por exemplo, trava uma batalha diária, com direito a horta exposta aos 40°C recorrentes e um sem-fim de conservas para evitar o desperdício e garantir que mais de 80% de seus ingredientes sejam locais.

Sem ostentação, o chef serve uma cozinha autoral e garante refeições felizes regadas a kombucha (por uma média de R$ 250!). Algo similar ao que se vê no 21 Grams. Este urban balkan bistro foca em receitas comfort da Sérvia, no máximo de produtos regionais (incluindo peixes e camarões do golfo pérsico) e reúne a intelectualidade “dubaiense” para brunches ao longo do dia todo que, perdão à sustentabilidade, podem ser regados a café brasileiro.

Ah, cosmopolitismo à parte, a cozinha brasileira ainda não está representada neste emirado. De acordo com o diretor internacional do Michelin, tampouco tem futuro certeiro nas edições desse guia vermelho que nasceu para vender pneus.

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Serviço

21grams Urban Balkan Bistro - Meyan Mall, 2º piso, Al Thanya St - Umm Suqeim 2. Seg. e ter., das 8h às 17h; qua. a sáb., das 8h às 23h; dom. das 9h às 17h. Tel. +971 50 841 5021

Atlantis The Royal - Crescent Rd, The Palm Jumeirah. De seg. a seg., das 18h35 às 00h. Tel.: +971 4 426 3000

Teible Restaurant - Jameel Arts Center, térreo, Jaddaf Waterfront. De qua. a seg., das 10h às 18h e das 19h às 22h. Tel.: +971 4 243 6683

Trèsind Studio - R002, East Wing Rooftop - near The View), Nakheel Mall - The Palm Jumeirah. De ter. a dom., das 18h às 23h. Tel.: +971 58 895 1272

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