Um brinde (com vinho) à Olimpíada de Paris
O consumo de vinho – e outras bebidas alcoólicas - não será permitido durante os eventos em estádios dos Jogos Olímpicos de 2024. A regra é clara. Mas é para todos? Óbvio que não. Os torcedores que estiverem em camarotes VIPs terão acesso à bebida. A restrição obedece a lei Evin, promulgada em janeiro de 1991, que restringe a venda de bebidas alcoólicas em estádios no território francês. Os mais privilegiados que forem convidados para eventos oficias, no entanto, poderão se refestelar com o champanhe oficial da Olimpíada de Paris, a Moët Chandon Brut Impérial, da gigante das marcas de luxo LVMH.
Mas você que está lendo este texto não está em Paris, n’est pas? Muito menos estará presente em algum desses eventos onde será servido o champagne ícone da Moët Chandon. Se não há privilégios, porém não há restrições. Que tal, então, acompanhar os jogos com uma tacinha de vinho ou uma tulipa de espumante? Doce vingança, né? Nesta maratona de 15 dias no sofá diante da TV podemos juntar o útil ao palatável, torcendo entre um gole e outro. Afinal, quem tem de suar a camisa – com a devida exceção dos esportes aquáticos (ai, ai, ai) – são os atletas. Os melhores do mundo vão se esfalfar para garantir medalhas em um dos 329 eventos divididos em 48 modalidades. E nós vamos nos divertir.
O Guia dos vinhos adotou como regra relacionar cada rótulo a uma ocasião. Pode ser tanto uma harmonização com comida como um momento de vida. Parece meio óbvio que uma Olimpíada realizada em Paris convide a provar vinhos “locais”. Uma harmonização por similaridade, não de comida, mas de país. E que país para o vinho...
Vamos de vinho Francês, então?
Para quem procura boas sugestões de rótulos franceses para brindar a festa olímpica o Guia pode ser uma mão na roda. Foram provados e pontuados 80 rótulos franceses das mais variadas regiões na edição 2023/2024. Fáceis de pesquisar no site (para facilitar basta clicar nos links que acompanham este texto) ou mesmo na edição impressa – onde os rótulos são divididos por faixa de preço e país – há uma seleção de 32 tintos, 24 brancos, 16 rosés e 7 espumantes franceses para cada momento esportivo. Ou para o seu momento.
É. Nós inventamos qualquer desculpa para desarrolhar uma garrafa e descobrir novos sabores ou revisitar antigos conhecidos. E como defendemos a harmonização pela ocasião como uma modalidade livre, muitas combinações são possíveis.
Sugerimos abaixo rótulos para algumas modalidades em que o Brasil tem maiores chances de medalha. E, antes que nos acusem de falta de patriotismo (só rótulo francês, désolé!), incluímos um espumante nacional para brindar medalhas verde-amarelas, venham de onde vier.
Ginástica Artística
Destaque: Rebeca Andrade
Zind-Humbrecht Riesling Roche Roulee 2019
Para este esporte que alterna leveza, graça e intensidade de movimentos, um branco da Alsácia com toques minerais, fruta fresca branca, com uma sensação salgado e ácido e final longo e elegante, como um duplo carpado.
Vôlei de praia
Destaque: Ana Patrícia e Duda
Château du Cèdre Blandine Le Blanc 2020
Sempre promessa de medalha em Jogos Olímpicos, o vôlei de praia remete ao mar – apesar de as quadras em Paris estarem montadas em frente à Torre Eiffel. Portanto a indicação aqui é de um branco que se destaca pelo frescor e que combina com peixes grelhados. Um vin blanc avec du poisson, s’il vous plaît
Canoagem
Destaque: Isaquias Queiroz
Espumante Louis Bouillot Blanc De Noirs Brut
A canoagem tem o potencial de tornar Isaquias Queiroz no maior medalhista olímpico brasileiro. Por isso merece uma comemoração explosiva. Um espumante feito na Borgonha pelo método tradicional com borbulhas finas e bastante intensas.
Atletismo
Destaque: Alisson dos Santos "Piu"
Château du Petit Thouars Les Georges 2020
Para enfrentar uma prova de corridas com barreiras, especialidade de Alisson, é preciso força, rapidez e equilíbrio. Estre cabernet franc do Loire mostra força, personalidade e complexidade com nariz com frutas negras frescas e maduras e boca com toque terroso e taninos bastante firmes.
Judô
Destaque: Beatriz Ferreira
Domaine du Coulet Petit Ours 2021
Para um esporte que une força, concentração e pegada um tinto potente do Rhône da uva syrah. O vinho é bom de briga: tem no primeiro ataque a picância do álcool, mas a boa acidez e taninos austeros aparecem como contraponto em seu ajuste de boca.
Skate
Destaque: Rayssa Leal
Domaines Paul Mas Rosé Claude Val 2022
Um rosé leve, fresco e jovem, para beber sem compromisso, pode ser o parceiro ideal para assistir as manobras radicais de Rayssa Leal. Frutas vermelhas ácidas, como morango, trazem a descontração do esporte na taça.
Surfe
Destaque: Gabriel Medina
Domaine La Grange Tiphaine Bel Air 2021
O surfe e a natureza se confundem. Para um esporte que tem as ondas como o principal desafio a sugestão é um vinho com preocupação ambiental e ecológica, elaborado seguindo preceitos biodinâmicos. Uma interpretação fresca da chenin blanc, sem passagem por madeira.
Para qualquer medalha do Brasil
Um espumante nacional para acompanhar o hino idem na hora do pódio! As borbulhas são intensas e finas, com perlage adequada para a comemoração do ouro, prata ou bronze. Muito rico, traz um nariz de brioche, bolo de frutas, maçã e pera. A boca é marcada pelo frescor e equilíbrio da fruta e das leveduras. Allez le Brésil! Ops, perdão: Vai, Brasil!