O que beber em 2025

O que beber em 2025

Publicado por: Marcel Miwa Publicado: 06/01/2025 11:18 Visitas: 124 Comentários: 0

Mais um novo ano pela frente e, ao menos no início do ciclo, florescem as previsões sobre qual será o perfil, estilo, país, uva, safra… da vez.

O tema é oportuno e a calmaria de janeiro permite alguma reflexão. No vinho (ok, não apenas no mercado do vinho) há aquele hiato um pouco mais longo entre o ano novo e o Carnaval em que ficamos em metabolismo basal e a moderação impera, ao menos até os primeiros saldões e bota-fora dos importadores no início do ano. Carnaval em março está entre os termos mais odiados dos que precisam bater metas com garrafas vendidas.

Entre os jovens há também a campanha “dry january”, que convenciona passar o mês de janeiro sem consumir bebidas alcoólicas (e qual seria o mês do open bar?). Assim, enquanto os motores não engrenam, fui levado a discorrer sobre minhas expectativas e resoluções enófilas para 2025 e ainda contei com o precioso apoio dos sommeliers Luís Otávio Álvares Cruz (Emiliano), Leandro Mattiuz (Elevado Bar) e do especialista em inteligência de mercado Rodrigo Lanari (WineXT).

Beber melhor

Há algumas newsletters atrás compartilhamos o resultado de uma pesquisa encomendada pela Diageo sobre o mercado de bebidas e um dos pontos de destaque é que o brasileiro quer consumir melhores produtos. Condensando a apresentação de algumas horas em duas palavras, autoindulgência e socialização formam a moldura do quadro. E no tema beber melhor, entendo que isto não implica obrigatoriamente em vinhos mais caros, mas escolhas mais conscientes, com maior busca por informações e filtros para se escolher uma garrafa. Aqui ganhei o apoio do sommelier Luís Otávio Álvares, do Emiliano (campeão brasileiro de sommelerie 2023): “Apesar do câmbio não ajudar no momento, o consumidor está perdendo a vergonha de buscar o vinho pela faixa de preço. E há uma preferência por vinhos produzidos de forma ambientalmente responsável”.

Boca curiosa

O grande barato do vinho é sua infinidade de expressões. Diferentes regiões e países, uvas, produtores e até safras impactam no sensorial. Em sua recente coluna, nosso Gerosa escreveu sobre os vinhos brasileiros e como as vinícolas estão redefinindo o mapa de produção da bebida, buscando diferentes zonas, variedades e formas de vinificação. Rodrigo Lanari, da WineXT, também vê um amadurecimento das novas vinícolas brasileiras, com restaurantes e lojas assimilando este movimento. “As vinícolas brasileiras também serão beneficiadas pelo câmbio elevado, que deixa a vida dos importados mais difícil”, disse Lanari. O sommelier Luís Otávio faz outra observação neste mesmo sentido: “veja o cenário dos vinhos naturais, mesmo um nicho bem específico tem evoluído. Alguns vinhos com defeito ou que eram apenas exóticos ficaram pelo caminho. O cenário na América do Sul cresceu e se diversificou neste segmento”, citando o exemplo de Matías Riccitelli, que produz vinhos em diversas faixas de preço, com apelo ecológico e consistência altíssima. “E não apenas Malbec! O Sémillon que ele faz na Patagônia está entre os grandes brancos que temos no mercado, vale provar”, comentou Luís Otávio. O próprio mestre Jorge Lucki não cansa de repetir que “a infidelidade, quando falamos de vinhos, deve ser incentivada”.

Foco na bebebilidade

Já falaram de glou-glou, alguns utilizam a expressão vinhos de sede e uma boa adaptação ao saxônico drinkability é a bebebilidade. No léxico do Guia dos Vinhos foi a palavra do ano e basicamente faz referência a um vinho fácil de se beber e nos dá a medida do sucesso dos vinhos brancos neste ano. Leandro Mattiuz, do Elevado Bar, aponta o caminho: “são vinhos mais fáceis de se beber e por isso também funcionam melhor com a comida ao lado”. E Leandro ainda ressalta um natural encontro com hábitos do dia a dia: “nossa alimentação no dia a dia é mais leve, onde vegetais, pescados e carnes brancas são mais presentes que carnes vermelhas gordurosas e molhos concentrados”, um caminho aberto para vinhos mais leves e delicados. Não raro, importadores (pequenos e grandes) viram ruptura de estoque de alguns vinhos brancos (vide o caso de Chablis, quem recebeu logo via os estoques evaporarem - bom problema, não?). Rodrigo Lanari vai além e comenta que já se trata de um movimento consolidado, mais que uma tendência para o ano. Mas vale manter o radar que o termo bebebilidade vai além dos brancos; rosés e tintos leves também têm seu lugar.

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Olhar para os esquecidos

O lema de procurar pelo contra-fluxo também funciona para os vinhos. Enquanto muito se fala da Borgonha, vale voltar aos olhos para Bordeaux, por exemplo. A sequência de boas safras, com menor demanda do mercado deve colocar preços em patamar comportado com boa qualidade. Vale os mesmo para Rioja, e claro que não estamos falando do mítico López de Heredia (Tondonia), mas existem ótimas compras e na atual edição do Guia dos Vinhos comprovamos este bom momento. Leandro Mattiuz, do Elevado, dá outro exemplo: “todos estão olhando para a Borgonha quando falamos dos ícones entre os vinhos brancos, e estando se esquecendo do Vale do Loire, na mesma França”. Sancerre e Pouilly-Fumé são duas das suas apostas. Outro caso, mais pés no chão, é o caso da Argentina. Apesar da new wave que vem do Vale de Uco, há o palco para os estilos mais tradicionais de Mendoza, de vinícolas como Weinert, Carmelo Patti ou Bodegas López, que são vinhos clássicos e complexos, e com preços abordáveis.

Tags: Guia dos Vinhos, 2025, Luís Otávio Álvares, Leandro Mattiu, Rodrigo Lanari

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